TALLER CHILDREN


5.
Rose dormia assim que a mãe começasse uma história, não tinha muita paciência para elas, vivia para acordar e correr no gramado. Não havia nada como acordar nos finais de semana, com a luz espalhada pelo quarto, o cheiro de algo familiar vindo da cozinha e a câmera do pai só para si lá fora. Nesses dias, ela sorria diretamente para Ron, era imortalizada nele e no filme.

"Você está crescendo, Rosie!," ele dizia, e o mundo existia para o sorriso dela.

18.
Horas depois de a filha retirar seus pertences do antigo quarto e dizer várias vezes que voltaria para o almoço no final de semana, Ron encheu o quarto com caixas de sapato. Abriu cada uma com reverência, suspendeu o passado estático nas paredes e fechou a porta. Uma vida lá dentro, agora ele devia ficar do outro lado.

Não sabia mais viver sem a câmera, ou sem Rose.

0.
Antes que Rose completasse três semanas de idade, a velha câmera fotográfica do senhor Weasley foi trazida do sótão. As fotos estavam em todos os cantos: fiapos de cabelos castanhos nas paredes da cozinha, dedos dos pés e das mãos na sala, olhos pequenos e atentos acima da lareira, uma expressão calma e sonolenta por todo o quarto.

A casa sempre teria a marca dela.

11.
Ela decidiu, justamente naqueles últimos meses antes de Hogwarts, que não gostava mais de tirar fotografias. "Pai," reclamava, e era bem verdade que Ron muitas vezes exagerava, mas não notava que o pai acompanhava os riscos de sua altura na porta e as fotos porque sabia que não teria mais tanto dela em breve. A culpa era da câmera, que se recusava a descansar.

Gastou um filme inteiro com a imagem do trem fazendo a curva.

25.
No aniversário de Rose, ela apareceu com uma máquina fotográfica. Era nova, brilhante e diferente; Ron não tinha mais motivos para apreciar. Mas então ela segurou o braço do pai e disse que precisava de uma foto com ele.

Seus sorrisos e olhos saíram idênticos na foto, um sinal de que seria para sempre.