Capítulo 01- Eu nunca vou esquecer daquele dia
...Daquelas palavras...
Na época tinha apenas 10 anos e já estava noiva dele.
Ficou muito feliz quando Kikuchiyo aceitou a sua proposta...
Eram jovens... Isso, um dia antes de partirem.
–Se Goro-san estivesse aqui ele diria algumas palavras para valorizar nossa futura missão -disse Shichiroji
–Pode deixar que eu digo! "Morrer por uma causa é o seu maior instinto!'' -Naquele momento ela começou a chorar, fazendo com que a única coisa que o samurai conseguisse dizer fosse apenas um
" hã?!" de surpresa.
–Oque aconteceu Komachi?
-perguntava sua irmã preocupada.
–Eu não quero que o tio morra!-após dizer isso, Kikuchiyo pulou do veículo e começou a lhe consolar.
–Ei ei! Isso que eu disse agora...
Foi como uma auto afirmação no coração de um homem! Acha que eu vou morrer e te deixar?
–É- é verdade? -dizia entre soluços enquanto usava suas mãozinhas para enxugar seu pequeno rosto.
–Vamos fazer assim... Guarde meu tesouro, pois é a prova de que eu sou um samurai! -A árvore genealógica! Ela pensou consigo mesma –Você foi a primeira a me reconhecer como samurai,por isso quero que você guarde a minha prova disso. Voltarei para pega-lo. Isso é uma promessa!
–Entendi!... Então faça outra promessa comigo também!
–Claro, pode falar!
–Tio, quando eu crescer, torne-se marido. -ela nunca havia visto tantas pessoas surpresas como naquele dia.
–Mas eu tenho esse corpo! -ele disse decepcionado. – Não sou capaz de plantar nem de colher!
–Eu gosto muito de você, tio!
–Vou chorar!! ... Ei, me aceita mesmo desse jeito?
–Claro!
Ele não quis, nem tentou esconder sua alegria. A colocou sobre seus ombros e começou a correr de um lado para o outro.
–Então cresça logo Komachi! ... Vou ser seu marido! Eu sou o cara mais felizardo do mundo!
–Felizardo! – ela dizia contente.
Mal sabia que aquela seria a última vez que iriam se ver.
--*--
No dia seguinte acordou no colo de Sanae. Começou a olhar em volta e percebeu que todos os samurais tinham os deixado.
–E o tio? -perguntou aflita enquanto segurava o choro.
–Ele já partiu-ela explicou
–Mas eu nem disse "vá com cuidado" para ele.
–Sua irmã não permitiu que o fizesse.
Ela não podia culpa-la, afinal já tinha se machucado. Mesmo assim, no meio de tudo isso, ainda tinha esperança que Kikuchiyo acabasse com os Nobuseris e voltasse para casa, são e salvo. Claro, mesmo sendo uma criança, uma parte de si dizia que, naquela parte de guerra, talvez já não houvesse volta.
