Capítulo 1: Enfim
Elizabeth Turner acordou com um pulo quando o sol da madrugada brilhou pela janela da sua pequena mas confortável casa. Ela mal pregou os olhos na noite anterior. Dez anos. Havia dez anos desde o dia em que ela foi forçada a ver o amor de sua vida navegar para longe no Holandês Voador, dez anos desde que ela viu seu sorriso apaixonado, dez anos desde que ela pode beijar seus lábios ou tê-lo segurando-a em seus braços fortes. Ela não sabia se o tempo passava mais rapidamente num mundo além deste, mas de qualquer forma, dez anos era um longo tempo.
Ela lentamente saiu da cama e olhou para a vista de sua janela que dava para o mar, e o lugar onde ela havia se despedido do Will. O Empress estava atracado lá, suas velas vermelhas tremulavam ao vento. Tai Huang e a tripulação haviam deixado-o para ela logo após a partida de Will. Eles haviam voltado para Singapura, mas disseram-na para ficar com o navio, porque no final das contas, ela ainda era a capitã e Rei dos Piratas. Ela abriu a janela e ouviu os barulhos dos movimentos matinais da pequena cidade que ela morava. Ela pensou em voltar a Port Royal, mas ela simplesmente não podia fazer tal coisa. Ela precisava de Will ao seu lado antes de enfrentar todas essas memórias; memórias do tempo dela e de Will juntos, memórias de seu pai, memórias de James e memórias de uma vida que ela mal podia acreditar que existiu. Por ser uma mulher de alta educação, ela conseguiu emprego como governanta para conseguir dinheiro. Ela vestiu seu robe e seguiu pelo corredor e lentamente abriu a porta do quarto do outro ocupante da casa; aquele do filho dela e de Will, William Turner Terceiro, ou como ela o chamava, Willy. Ela olhou para ele, seu coração abarrotado de amor ao vê-lo dormindo.
Ele era perfeito em todas as maneiras para ela, e se parecia muito com seu pai nessa idade. Elizabeth simplesmente adorava ser uma mãe, e ter seu filho ao seu lado nesses últimos anos a ajudou a passar por tudo isso. Willy era uma lembrança viva do amor que ela e Will partilhavam. Lágrimas vieram aos seus olhos quando ela lembrou o quanto Will havia perdido; ele havia perdido os primeiros passos de Willy, sua primeira palavra, ele aprendendo a ler. Ele até havia perdido ensiná-lo a música dos piratas. Não era justo. Nem era justo que ele teve de partir menos de 24 horas depois de terem se casado. O destino podia ser cruel, ela pensou, enquanto limpava as lágrimas. Mas poderia ter sido pior, ela disse para si mesma. Se Jack Sparrow não tivesse ajudado Will a apunhalar o coração e se tornar capitão do Holandês, então ela estaria perdida dele para sempre. Com a morte como uma alternativa, ela pegaria os dez anos.
"Willy," ela disse suavemente ao beter de leve em seu ombro. "Hora de acordar"
Os olhos castanhos escuro do garoto abriram instantaneamente. Ele sabia que dia era hoje e parecia que ele também não havia dormido muito. Elizabeth havia contado a Willy a história de seu pai pelo menos um milhão de vezes em seus nove anos, mas ela nunca havia se cansado. Ela adorava falar de Will para o filho deles, e ele sempre pedia para ouvir histórias dele antes de ir para a cama. Willy foi uma criança feliz, mas Elizabeth sabia que ele nunca seria completo até ele conhecer seu pai, e houve várias noites onde ela enxugou as lágrimas de seu garotinho por sentir falta do pai que ele ainda iria conhecer.
"Bom dia mamãe," ele disse, sentando na cama com um bocejo, seu cabelo castanho claro desgrenhado pela dormida. "O papai está vindo hoje? Você disse que ele estaria aqui hoje, no pôr-do-sol."
Elizabeth sorriu, puxando seu filho num abraço. "Ele estará aqui Willy, eu posso sentir."
"Eu espero," Willy disse, respondendo o abraço. "Eu quero conhecê-lo mais que tudo. Ele é mesmo capitão de um navio?"
"Sim, ele é," Elizabeth disse num tom brincalhão que ela frequentemente adotava quando contava as histórias ao seu filho. "William Turner, capitão do Holandês Voador."
"Mas ele não vai partir de novo, vai?" Willy perguntou preocupado, seus olhos arregalados. "Eu não quero que ele parta. Eu sei que ele tinha que ir e fazer o serviço que você contou antes, mas ele vai poder ficar agora, não é?"
Uma mistura de lágrimas de felicidade e de tristeza encheram os olhos de Elizabeth de novo. "Não meu querido, ele não vai partir de novo. Ele pode ficar. Pra sempre."
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Capitão William Turner permanecia no convés do Holandês Voador inquieto, mal sabendo o que fazer consigo mesmo. Fazia dez anos desde que ele viu sua amada esposa, e isso quase o levou à loucura. Se não fosse pela companhia de seu pai, ele provavelmente teria ido além do limite. Era quase nascer-do-sol nesse mundo, o que significava que era quase pôr-do-sol no mundo mortal e quase o momento do flash verde aparecer, e para ele se reunir com Elizabeth; finalmente o momento chegou. Memórias do último encontro deles passou por sua cabeça; o abalava o fato de que ele teve de partir menos de vinte e quatro horas depois de terem se casado. Ele imaginou o que ela havia feito nesses dez anos. Talvez ela tenha navegado no Empress? Ele sorriu. Sua esposa era o rei dos piratas. Ele sentiu uma gentil mas desgastada mão no seu ombro.
"Will," disse a voz do seu pai, do homem a qual ele se aproximou na última década. "Você está pronto?"
Will sorriu. Ele ficou tão próximo do seu pai nos últimos anos e sentiu um laço muito forte com ele. "Eu estou pronto desde quando eu parti," Will disse verdadeiramente. "Mas eu só estou um pouco nervoso. E se, por alguma razão, a maldição permanecer e eu estiver condenado a isso para sempre?"
"Você não estará," seu pai disse seriamente. "Elizabeth estará lá esperando por você. Você sabe disso."
"Eu sei disso no meu coração," Will admitiu. "Mas e se Calypso aparecer e me dizer que eu tenho de manter o meu trabalho? E se não tiver um capitão?"
"Terá," Bootstrap disse num tom importante. "Eu tenho certeza que Calypso já tem alguém em mente."
Will ia responder quando Calypso apareceu subitamente no convés, na forma de Tia Dalma.
"Eu tenho alguém em mente," ela respondeu naquela voz peculiar. "Mas o seu tempo no Holandês está acabado William Turner. Eu observei sua mulher de longe, e ela se manteve de fato fiel a você. Mas por agora," ela disse num tom secreto, "você já se despediu do seu pai."
Will se virou, chocado, ao ver o homem que acabou por importar tanto para ele, aquele que foi seu amigo e confidente durante essa longa década. "Eu pensei que você fosse vir à praia comigo?"
Bootstrap deu um sorriso triste e feliz. "Filho, a vida tem sido dura pra mim; eu já fui um morto-vivo, jogado para o fundo do oceano num canhão e quase me transformei numa craca nesse mesmo navio. Fui amaldiçoado duas vezes, sem mencionar que fui um pirata, o que não é muito fácil nesse corpo."
"Mas..." Will protestou. "Porque você não pode vir?"
"Calypso me contou que era a hora de eu ir," Bootstrap disse. "E verdade seja dita, eu sabia antes dela ter me dito. Minha morte foi meramente atrasada por estar no mundo imortal com você. Eu não trocaria esses últimos anos com você por nada Will," ele disse sinceramente. "Mas agora é minha hora de ir. Quando você for para a praia eu vou voltar para o outro lado e ver o que me espera lá. Eu posso ter ajudado a transportar os mortos durante os últimos anos, mas eu não tenho ideia do que existe naquele lado. Sempre esteve no meu sangue morrer no mar."
Apesar dele mesmo Will sentiu lágrimas arderem seus olhos. Bootstrap o abraçou. "Eu vou sentir sua falta pai. Mas eu espero vê-lo no outro lado algum dia."
"Não tão cedo, eu espero," Bootstrap respondeu, com um riso abafado.
"Vocês se verão," Calypso disse em seu estranho sotaque. "Todos estarão reunidos no outro lado algum dia."
Apenas alguns minutos depois o flash verde apareceu e Will se encontrou no mundo mortal outra vez. Então ele sentiu uma estranha sensação em seu peito que ele não sentia em 10 anos; seu coração estava batendo. Ele sorriu; ele conseguia ver Elizabeth daqui. Ele estava sentindo tanto neste momento que era impossível nomear qualquer coisa e ele mal conseguia acreditar que isto estava realmente acontecendo. Próximo a Elizabeth contudo, ele viu outra figura.
"Quem é aquele?" ele perguntou.
"Bem," seu pai disse. "Eu tenho que dizer que ele se parece muito com você Will, mesmo daqui. Eu acho que aquele é o seu filho," ele disse, ao gentilmente colocar sua mão no ombro de Will.
O queixo de Will caiu, e seu coração congelou, o que ainda foi estranho. Seu filho? Poderia ser possível? Ele não tinha tempo para considerar esse ideia, porque o Holandês estava quase em terra. Ele se virou para o seu pai uma última vez.
"Eu te amo, pai," ele disse abruptamente, sabendo que agora não havia tempo de se conter.
"Eu também te amo filho," Bootstrap respondeu, ao dar um último abraço em seu filho, lágrimas correndo por suas bochechas. "E nunca esqueça o quão orgulhoso eu estou de você. Dê meu amor para Elizabeth e para meu neto," ele disse suavemente.
"Eu irei," Will respondeu ao abraçar seu pai fortemente.
"Vá e fique com sua família Will," Bootstrap falou. "Você esperou o bastante. Eu te vejo no outro lado algum dia."
"No outro lado," Will disse acenando com a cabeça.
"Adeus William Turner," Calypso disse, aquele sorriso estranho ainda no seu rosto. "Eu agradeço por cumprir seu dever apropriadamente."
Will acenou com a cabeça e deu um pequeno sorriso a ela. Finalmente seu pé atingiu a areia. Ele estava livre do Holandês para sempre.
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As horas passaram muito devagar para Elizabeth e Willy. Eles seguiram o dia, tentando fazer coisas que ajudassem o tempo a passar mais rápido e diminuar a apreensão, mas não funcionou. Finalmente, o momento chegou, e quando era quase pôr-do-sol eles fizeram o caminho para a praia. Willy andou um pouco a frente de Elizabeth, cantando.
"We extort, we pilfer we filch we sack, drink up me hearties yo ho. We kidnap and ravage and don't give a hoot, drink up me hearties yo ho. Yo ho, yo ho, a pirate's life for me…" ele parou de cantar, parando na borda da colina e encarando o horizonte.
Elizabeth parou ao seu lado, colocando seu braço em volta de seus magros ombros. Ele olhou esperançoso para ela, e ela tentou dar-lhe uma expressão tranquilizadora. A verdade era que ela mal podia respirar e seu coração estava esmagado em seu peito, o que a fez olhar para o baú perto dela que continha o coração de Will. À medida que o sol descia, ela ainda conseguia escutar o coração bater. Finalmente o coração foi para atrás do horizonte e sua respiração parou na sua garganta. Ela sentiu Willy movendo-se para perto dela, esperando. Então ali estava; o flash verde. De repente ela não conseguia ouvir o coração de Will batendo no baú.
Poderia estar realmente acontecendo? Era realmente verdade que ele estava voltando para sua família para sempre? E então ela viu; velas no horizonte. O Holandês estava navegando para a praia e no topo do mastro ela viu uma figura com uma bandana e uma camisa branca, sorrindo; Will. Ela arfou, um sorriso aparecendo em seu rosto quando Willy olhou para ela mais uma vez, um sorriso incerto em seu rosto adorável.
"Mamãe aquele é o papai?" ele perguntou animado. "É realmente ele?"
"Sim, é sim Willy," ela respondeu, lágrimas de felicidade correndo por suas bochechas. "É ele"
"Vamos!" ele disse ao pegar a mão dela e a guiar até a praia. "Vamos lá conhecer ele!"
Elizabeth correu com ele, e notou uma figura estranha aparecer no Holandês ao atracar; era Tia Dalma, ou como eles a conheciam agora, Calypso. Ela lançou um triste mas misterioso sorriso, e Will acenou para ela com a cabeça ao descer do navio. Ela notou que Bootstrap estava no convés também. Ele acenou com a cabeça e sorriu gentilmente. Ela estava muito distraída para imaginar qual seria seu destino agora. No minuto que os pés de Will tocaram a terra, o Holandês e Calypso desapareceram, com o intuito de achar um novo capitão. Tudo estava silencioso por um momento e Will e Elizabeth se olharam nos olhos, ainda metros de distância um do outro. Eles permaneceram por um momento, aproveitando a visão um do outro. Elizabeth notou que Will rapidamente olhou para Willy, um sorriso surpreso mas feliz em seu rosto. O silêncio logo foi quebrado.
"Elizabeth!" Will exclamou numa voz sufocada ao correrem em direção ao outro.
"Will!" Elizabeth exclamou de volta, ao também correr.
Eles finalmente se encontraram e colidiram nos braços do outro, ambos seus rostos molhados com as lágrimas. Will a puxou, apertando-a, como se estivessem desesperadamente receosos de que ele seria levado sem aviso. Elizabeth encostou sua cabeça em seu peito, ouvindo seu coração batendo dentro de seu peito de novo.
"Will," ela disse num quase soluço. "Will, você está aqui, você finalmente está aqui. Como eu senti sua falta"
"Eu estou aqui," ele disse naquela doce e profunda voz que ela sentiu tanta falta. "Eu nunca deixarei vocês de novo. Nunca," sua voz tremeu, mas Elizabeth sabia que ele nunca havia pronunciado um estado que significava mais para ele. Eles se beijaram, e foi o mais apaixonante, mais carinhoso beijo que eles partilharam, por eles terem sido forçados a esperar tanto para tê-lo. "Eu senti tanto a sua falta, minha Elizabeth"
Elizabeth sorriu enquanto Will mexia em seu cabelo. "Will," ela disse gentilmente quando eles se distanciaram, incapazes de tirar os olhos um do outro, como se fosse bom demais para ser verdade. "Tem alguém que quer te conhecer. Willy," ela disse delicadamente, estendendo sua mão para ele. "Venha cá e conheça seu pai"
Will olhou para sua esposa e então para o pequeno garoto ao seu lado. Ele parecia ter pouco mais de nove anos, e lembrava muito a si mesmo. "Este é o nosso filho?" ele perguntou, lágrimas frescas aparecendo de seus olhos cor de café. "Este é o nosso filho?" ele perguntou de novo, dificilmente capaz de acreditar.
"Sim," Elizabeth confirmou num tom sincero. "Este é o nosso filho, William Turner terceiro. Ou como eu o chamo, Willy"
Will pegou o garoto em seus braços, apertando-o forte contra seu peito. "Willy -" ele disse, seus olhos fechados ao abraçá-lo ainda mais. "Meu garoto. Minha bênção. Eu nunca partirei novamente. Eu te prometo com todo o meu coração. Eu sonhei que você estivesse aqui," ele disse, lágrimas de felicidade correndo por suas bochechas.
"Papai," Willy respondeu numa voz suave. "Oh papai, eu te amo," ele disse ao colocar seus braçinhos em volta do pescoço de Will e o apertar.
"Eu também te amo meu filho," Will disse, a palavra soando estrangeira, mas bem vinda em sua língua. "Eu te amo tanto"
Will colocou o pequeno Willy de volta no chão, e Elizabeth não podia deixar de notar que nenhum dos dois podia parar de sorrir, ambos com os olhos marejados.
"Papai, papai!" exclamou Willy quando seus pés atingiram o chão. "Você me leva nas costas? Por favor!" ele implorou, fazendo um biquinho, uma tática que sempre funcionava com sua mãe.
"É claro Willy," Will respondeu, num tom amável enquanto levantava seu filho até seus ombros. "Aqui vamos nós!" Willy riu assim que seu pai começou a andar.
Elizabeth sorriu. Will pegou sua mão e a apertou bem forte, enquanto mantinha uma mão no pé de Willy para ele não cair. "Estou em casa," Will sussurrou tão exultante que não sabia o que fazer.
"Sim," Elizabeth disse, sentindo sua alma viva com ele ao seu lado. "Você está em casa. Para sempre"
Neste momento, Willy começou a cantar a canção pirata de novo, pedindo para que seus pais se juntassem a ele. Então eles fizeram. Os Turners andaram juntos para sua casa cantando com a força de seus pulmões.
"Yo ho, yo ho. A pirate's life for me!"
A/N: Bem, essa história não é minha. Estou apenas traduzindo. Os trechos da música eu deixei em inglês porque a letra é estranha em português. Espero que tenham gostado do capítulo. Reviews por favor!
