Hamish & Willian
by Noah Black
Sherlock estava realmente se esforçando e colocando o máximo de si naquela tarefa: descobrir o segundo nome de John. Era um nome bobo? Feminino? Uma tradição patética de sua família? Era apenas pelo jogo porque ele mesmo não tinha contado até então para John seu próprio primeiro nome - e, verdade seja dita, seu companheiro também nunca desenvolveu a curiosidade acerca disso.
Fora-lhe dito Sherlock e ele o aceitou assim em que foram apresentados.
Embora o mundo inteiro também tenha assumido tal condição e, agora com a visibilidade que a dupla possuía diante da mídia, tenha se tornado um nome comum dito por todas as bocas - e mentes ordinárias -, de alguma forma, ele se tornou pop. Sherlock (mais o nome do que a pessoa em si) era domínio da cultura popular inglesa. Mas ele não podia dar a importância que tal situação requeria. Todos clamavam seu nome como se fosse a última oração com uma fé que ele não compreendia.
Claro que Sherlock podia entender as razões pelas quais a fé faz-se importante para a sociedade e suas implicações, mas não era tangível àquela mente brilhante a necessidade dos olhos quando batiam em sua porta na expectativa de que seus casos fossem aceitados pelo Grande Sherlock Holmes. E estava tudo bem, na verdade; afinal, Sherlock também tinha seus próprios e ocultos interesses: estava ali pelo quebra-cabeça, pela caçada, o enigma que tinha uma resposta biológica em seu cérebro que proporcionava a mais bem sucedida injeção de adrenalina produzida pelo seu próprio organismo.
A matemática que se fecha em si mesma.
No entanto, não havia nada na carreira do detetive consultor que era mais apreciada do que a forma como seu segundo nome soava na voz de John. Existia ali fé - mas era uma fé diferente em que havia apenas a crença pura e a urgência de dar a Sherlock alguma humanidade. John precisava ver - tocar - o ser humano além da pele e mente.
E era disso que Sherlock mais gostava: o modo como seu brilhantismo era nada para John porque ele se importava mais com o homem. Toda vez em que John chamava por Sherlock não era pelo raciocínio dedutivo ou pela mente magnífica, mas pelo seu amigo.
Saber o segundo nome de John era apenas parte do jogo de trazer John o mais perto possível e permiti-lo lembrar a Sherlock que ambos estavam juntos esperando nada além da companhia um do outro.
