Conjunções
por B. Wendy
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Conjunção é uma palavra invariável que liga duas orações, indicando as relações existentes entre elas, ou dois termos semelhantes de uma oração. Amizade é um sentimento variável que liga duas ou mais pessoas, indicando suas semelhanças e fazendo aceitar suas diferenças, sem obrigatoriamente torná-los semelhantes, mas unindo-os.
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Ele sempre sentiu-se inseguro quanto a Hogwarts. E não era aquele nervosismo comum que qualquer um sentia. Ele foi até a estação com a certeza de que seu melhor amigo ali seria algum dos quadros, e de vez em quando essa idéia era até um pouco confortadora. Quando Harry Potter se sentou com ele no trem, esse nervosismo aumentou subitamente, para em seguida cessar por completo, com um sorriso do garoto. Nunca precisaram falar muito sobre amizade, simplesmente aconteceu.
E sempre que passava por algum dos quadros de Hogwarts, Ron se lembrava que eles poderiam ter sido seus únicos amigos, e tentava dar alguma atenção a eles. Mas nunca conseguia, pois tinha a Harry e Hermione, e não era como se eles lhe deixassem só por tempo o suficiente para que se tornasse amigo de um quadro. Era melhor assim.
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Ron sempre achou engraçado o fato de que quando um amigo é muito querido nós o chamamos de irmão, e quando um irmão é querido igual, nós dizemos que não é apenas um irmão, mas sim um amigo. Harry era um irmão pra ele, mas ele não poderia dizer que nenhum de seus irmãos era um amigo. Quando se tem seis irmãos de idades tão diferentes é difícil ser amigo verdadeiramente de todos.
Mas uma madrugada de insônia pode mudar muito. Naquele feriado frio de Natal, ele não esperava encontrar ninguém acordado, na sala. Pretendia ficar sentado na poltrona próxima à lareira até que o sono viesse, mas não foi o que aconteceu. Percy já estava ali. E depois de "insônia também?", "sim", eles não trocaram nenhuma palavra por alguns minutos. Até que o silêncio pesou demais, "quer jogar xadrez?", "não, estou cansado", "só porque eu sempre ganho", e risos. "Na verdade, sim".
E eles continuaram conversando, primeiro o tempo, depois Hogwarts, depois quadribol, e tantas, tantas, coisas, mais do que já haviam conversado durante os doze anos de Ron. E o tempo parecia não passar. Ron olhou no relógio e ainda eram duas e quarenta e oito. E ele ainda estava com insônia. Conversaram mais e mais e mais, ainda duas e quarenta e oito, mas ele não percebeu. E Percy devia estar sem relógio. E eles continuaram conversando.
O sol nasceu, e ainda eram duas e quarenta e oito. Porém, algo havia mudado.
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Era aquele tipo de pessoa que sabe todas as verdades do mundo, todas as belezas da vida e que quer que todos saibam também. Quando a viu pela primeira vez, Ron se perguntou que tipo de pessoa gostava tanto de pergaminho, e a achou estranha. Quando a conheceu, soube que ela não gostava dos pergaminhos ("porque eu gostaria de pergaminhos, Ron?"), mas sim das letras. Todas elas em grandes quantidades de palavras. E ele a achou mais estranha ainda, mas começou a gostar um pouquinho mais dos pergaminhos.
E, oito anos depois, quando Hermione disse "sim", ele só conseguia pensar que se não fosse um pergaminho e uma amizade, ele não entenderia o porquê de algumas palavras trazerem tanta felicidade. E Hermione percebeu que podia, além de gostar de muitas letras em várias palavras, gostar apenas de três, em uma palavra tão simples.
N/A: Ficlet escrita para o VII Challenge Relâmpago (é, eu sempre escrevo xD), mestrado pela Pam. Dedicada ao Leuh, amiguinho , hahaha.
