Noxious Instinct - Prólogo
Beta: Cristal Samejima
Agradecimentos à Blanxe pelas idéias e pelo título :D -rindo- destruidoooora! JSOJAOPJSOP
Gostaria de deixar bem claro desde já que esta não é uma deathfic.
Sorriu suavemente. Juntou as roupas que ele havia deixado espalhadas pelo quarto devido à pressa, guardando-as em seu lugar. Ficara triste ao saber que ele viajaria tão subitamente, não dando tempo nem de se despedirem direito, porém sabia que era necessário; a companhia em que ele trabalhava havia acabado de receber uma proposta de fusão e, como representante financeiro, era seu papel tomar a frente das negociações. Ele havia prometido ligar todas as noites para que não se sentisse sozinho... e aquela lembrança o fez sorrir ainda mais.
Estavam juntos há pouco mais de um ano em um relacionamento estável e apaixonado, e Duo achava que a decisão de morarem juntos havia sido a melhor decisão que poderiam tomar. Gostava de partilhar sua intimidade com ele, de vê-lo acordar todos os dias de manhã e ralhar consigo por ter devorado todo o sorvete da casa. Era como se, daquela forma, estivesse completo e, pela primeira vez em sua vida, realmente feliz.
O telefone tocou, tirando-o de seus pensamentos e fazendo-o se precipitar para atendê-lo. E, ao ouvir a voz grossa de seu amante, Duo sentiu seu coração acelerar, fazendo seu sorriso se alargar consideravelmente.
- Atendeu rápido. Já está com saudades? – Ele brincou, fazendo Duo rir.
- Você sabe que sim! Onde você está? – Perguntou, curioso.
- Trânsito. Acho que vou me atrasar.
Duo suspirou alto, vencido.
- O jatinho da empresa vai te esperar, fica tranqüilo. – Disse, tentando despreocupar o amante.
- Eu não estou preocupado, na verdade eu queria estar com você. – Ele disse, com a voz levemente rouca, fazendo com que um arrepio corresse pelo corpo de Duo.
Foi uma pena não poder levá-lo para o aeroporto para que se despedissem devidamente por lá, mas não dirigia carros e seu namorado não poderia embarcar com os cabelos e as roupas desalinhadas pela carona de sua moto, por isso decidira dirigir e deixar o carro no estacionamento do aeroporto.
- Queria é? Fazendo o quê? – Duo instigou com a voz manhosa, ouvindo o amante suspirar do outro lado da linha.
- Primeiro, eu gostaria de te deitar na nossa cama e tirar cada peça da sua roupa vagarosamente enquanto te beijo... – Ele explicou naquele tom de voz pausado e sedutor que Duo tanto gostava.
- Hm... parece bom. E depois?
- Depois eu beijaria cada parte do seu corpo e amarraria seus braços na cabeceira da cama. – O amante o instigou, fazendo Duo sentir suas calças começarem a se apertar.
- Não é justo... você sabe o quanto eu gosto de te tocar... – Resmungou, acariciando o próprio corpo instintivamente.
- Eu também gosto do seu toque, mas hoje minha vontade era apenas tocar você.
Duo mordeu o lábio, fechando os olhos e tentando imaginá-lo consigo.
- Isso é tortura... eu quero você aqui. – Murmurou, sentindo realmente falta do namorado.
- Eu também queria estar com você... queria estar despindo você, beijando você e, principalmente, fazendo amor com você, Duo. – A voz rouca fez com que gemesse, acariciando seu membro já excitado por cima da calça enquanto se lembrava de como era fazer amor com ele.
- E o que mais?
- Eu acho que o resto vai ficar para quando eu voltar. O trânsito voltou a fluir. – Ele disse, demonstrando divertimento em sua voz.
- Isso não é justo, Zechs! Admite que você ligou só pra me provocar! – Duo grunhiu, querendo bater no namorado por tê-lo deixado naquele estado.
Zechs riu ruidosamente, aquela risada arrogante que Duo amava e odiava ao mesmo tempo.
- Espere por mim, meu pequeno. Eu garanto que não estou em melhor estado que você. – Ele explicou, compreensivamente. – Espere por mim.
- Eu não sei se vou agüentar esperar... – Duo resmungou, suspirando em seguida. – Três dias, não é?
- Três dias.
- Eu vou tentar me segurar... mas fique sabendo, Zechs Marquise, que quando o senhor voltar, não vamos sair dessa cama por um final de semana inteiro! – Intimou, ouvindo o namorado rir novamente.
- Acho uma ótima idéia. Até mais tarde, meu pequeno. Ligo quando chegar lá.
- Até... eu te amo. – Duo declarou, suavemente.
- Eu também te amo.
Dito isso, Duo ouviu o telefone ficar mudo, suspirando alto e o colocando no gancho. Estava excitado, não ia negar, mas não buscaria alívio com suas próprias mãos; prometera a Zechs esperar e era isso o que faria. Ou pelo menos, se empenharia em fazer.
Após algumas horas, estava imensamente entediado. Sentia falta de Zechs, de sua voz grave ressoando pelo apartamento, de seu cheiro... mas teria de se conformar, pelo menos por alguns poucos dias. Parecia que, nos dois meses em que haviam decidido morarem juntos, Duo havia se tornado viciado no namorado, querendo estar perto dele o tempo todo. Só esperava que a empresa não o sugasse por mais tempo do que o planejado, o que o faria sucumbir ao desejo que sentia pelo outro homem e se tocar fantasiando-o. Sabia que Zechs não o recriminaria por isso, mas gostava de pensar que a espera só aumentaria o prazer que sentiria quando estivesse novamente nos braços de seu namorado.
Conheceram-se, ocasionalmente, na festa de um amigo em comum. Não foram sequer apresentados mas, por um descuido, Duo acabou tropeçando e derrubando sua bebida na fina roupa de Zechs. Aqueles belos olhos azuis claro, frios, o haviam cativado desde o começo. Zechs, ao invés de repreendê-lo, apenas sorrira suavemente, dizendo que não havia qualquer problema e puxara um assunto qualquer em seguida, para a total surpresa de Duo. Conversaram durante toda a noite, concordando em sair juntos mais vezes e se conhecerem melhor, acabando por se envolverem pouco tempo depois.
Aquelas lembranças trouxeram novamente um sorriso para o rosto de Duo, enquanto ele mudava os canais da televisão compulsivamente, parando no telejornal. Não estava nem um pouco afim de assisti-lo, mas era a melhor coisa que havia para ver naquele momento. Resolveu ir para a cozinha preparar algo rápido para comer, enquanto o telejornal encontrava-se em intervalo. Esquentou a comida que preparara no almoço, pegando uma lata de refrigerante na geladeira e voltando para o quarto. Acabou por adormecer pouco tempo depois de acabar sua refeição e levar a louça para a pia, resmungando, em seu estado sonolento, que estava farto de ver notícias trágicas. Mas foi acordado em poucas horas, quando o telefone tocou insistentemente, revelando a voz de seu amado e o fazendo despertar de uma vez. Conversaram por horas, até Zechs ser obrigado a desligar e desejar-lhe boa noite, prometendo ligar no dia seguinte.
Duo voltou a adormecer em seguida, tomado pela exaustão e se lembrando que teria de acordar cedo porque amanhã era dia de faxina.
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A campainha tocou, acordando-o num susto. Franziu o cenho, levantando-se da cama e dirigiu-se até a porta, perguntando-se se Quatre havia esquecido a chave. O faxineiro costumava ser bastante responsável e esquecer a chave seria um episódio inédito para o loiro. Suspirou, olhando no olho mágico e sorrindo largamente ao ver que não se tratava de Quatre.
- Que surpresa! – Disse, abrindo a porta e esperando o outro entrar. – O que você está fazendo aqui há essa hora? – Perguntou, trancando a porta em seguida.
Nada foi dito pelo homem, que simplesmente atingiu seu estômago com um soco, fazendo-o cair.
- O que... – Duo babulciou, sendo calado por um chute em seu queixo, seguido de vários outros por seu corpo. Não entendia o que estava acontecendo, muito menos o motivo daquilo, mas sabia que, com a força daquele homem e a obstinação que via em seu olhar, estava perdido.
Foi erguido do chão quando ele puxou sua trança, fazendo-o gemer dolorosamente, enquanto seu corpo era levado de encontro ao dele e seus lábios tocavam-lhe o ouvido.
- Ele foi avisado. E quem sofre as conseqüências é você. – O homem sussurrou, jogando-o em seguida de contra a parede, fazendo com que o ar lhe faltasse nos pulmões de Duo. Não sabia do que ele estava falando, mas tinha a certeza de que era sobre Zechs. O que seu amante havia feito, afinal? O que estava acontecendo ali?!
Um novo soco atingiu-lhe o rosto, fazendo com que um filete de sangue escorresse por seus lábios e Duo sentiu que sua mandíbula havia se deslocado. Passado o choque pelo ataque súbito, Duo revidou com um no estomago do homem, fazendo-o gemer e se afastar, curvado em dor. Aproveitou a baixa de sua guarda para retribuir o soco que havia levado anteriormente, levando o homem ao chão enquanto o chutava com força. Seu corpo queimava em raiva e mágoa, mas não poderia deixar que sua razão fosse cega por aquilo, senão acabaria por sucumbir.
- O que você pensa que está fazendo, idiota? – Gritou, tentando esclarecer o motivo daquela violência gratuita. – Está com algum problema comigo?
Não esperava que o homem se recuperasse tão rápido, segurando seu pé e tirando seu equilíbrio, fazendo com que caísse desconfortavelmente no chão. A dor em sua coluna fora tão grande que Duo se viu imóvel por alguns segundos, o suficiente para que ele pousasse o antebraço em seu pescoço e tentasse estrangulá-lo.
- Meu problema não é com você. – O homem respondeu, a respiração ofegante. – Meu problema é você. E vai ser ainda mais doloroso se você resistir, Duo.
O ar estava lhe faltando, mas, com esforço, conseguiu empurrá-lo para longe de si, enquanto tentava se levantar. Mas seu braço foi capturado e puxado quando estava de joelhos, fazendo com que Duo voltasse a cair, desajeitadamente. Socou o rosto a sua frente quando o homem, sem querer, deixou a guarda aberta novamente, mas a joelhada que recebeu em seu estomago o fez se curvar diante da dor. Estava perdido, mas esperava conseguir ganhar tempo o suficiente para que Quatre chegasse.
Recuperando-se mais rápido do que esperava, Duo tentou novamente tirar o homem de cima de si, levando as mãos até sua traquéia e a apertando firmemente, fazendo com que o outro grunhisse e o soltasse num gesto inconsciente. Isso foi o suficiente para que rastejasse para longe e se levantasse, correndo em direção ao quarto, mas parando subitamente ao sentir algo atingir seu ombro esquerdo, sabendo ser uma bala. E aquilo foi o que o homem precisou para mirar e atingir sua cabeça por trás, fazendo-o cair ruidosamente no chão, completamente inconsciente, enquanto uma poça de sangue começava a se fazer presente no local onde seu rosto repousava.
O homem sorriu, caminhando até o corpo para ter certeza de que seu trabalho havia sido efetivado. Porém, quando se encontrava a poucos passos deste, o barulho da chave abrindo a porta do apartamento fez com que estancasse, correndo para se esconder no local mais próximo ao notar a entrada de um jovem loiro que não conhecia.
- Duo, cheguei! – O jovem declarou, sorrindo. – Você ainda está dormindo, é? Vou começar pela sala então!
Cuidadosamente, o homem abriu a janela do quarto de Duo, após deixar uma pequena nota em cima da cama, e deslizou até a saída de incêndio, sequer pensando em fechá-la enquanto fugia rapidamente. Tinha quase certeza de que sua missão havia sido cumprida, por isso não havia com o que se preocupar.
