Algo sobre o sofrimento psicológico dos sobreviventes dos Games.

Escrevi isso hoje e não fiz uma revista minuciosa. Erros são prováveis.

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Um gole de vinho, um copo de Vodka, uma garrafa de alguma-coisa-que-eu-esqueci-o-quê.

Quanto daquele dinheiro tinha sobrado? Pelo tempo em que sobrevivesse, precisaria de mais álcool; ele distorce, entorpece, rende noites de péssimo sono, mas privadas dos pesadelos.

A imagem de Maysille tendo o pescoço perfurado torna-se embaçada. Não parece que é ele que ali está, de volta. Os restos dos corpos carbonizados devido ao derramamento de lava logo somem, assim como os mutilados ou arroxeados, no caso das vítimas envenenadas. Os aerobarcos poderiam funcionar naquela época como funcionam nos atuais Games. Logo vêm e logo vão.

Naquele Quarter Quell e pelos próximos cinco anos os corpos ficariam à mercê por pelo menos dez horas. Uma "volta" pela arena para presenciar cenas grotescas. Muitas vezes produzidas por você mesmo. Haymitch continua em frente - a carranca sempre estampada; não era covarde, não tinha o que temer - mas ainda assim, tremia. Os pelos dos braços e pernas se eriçavam, o corpo evidenciando o contrário do que a mente pregava. Você prometeu que voltaria para casa. Estava tão certo de que podia e queria.

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"Eu não temo." Então por que treme?

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"Então, Haymitch, o que você acha dos Games terem cem por cento mais competidores que o normal?" Caesar perguntara.

Encolheu os ombros. "Não vejo em que isso faça a diferença. Ainda vai ter cem por cento de estupidez como o normal, então imagino que as chances serão as mesmas."

A estupidez foi sua, a de ter sobrevivido. Brindou aos mortos que descansavam em paz, entornando o copo preenchido com líquido transparente. Estes não precisavam de alguma arma empunhada a fim de pregar os olhos (porque você ainda estava na arena, eles iriam voltar pra te pegar; você tinha de estar preparado para cortar quantas gargantas pudesse).

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"Eu sou Meg." "Meu nome é James."

"Eu sou Haymitch. Sobrevivi ano passado e neste serei seu tutor."

Oh, como tentara naquele ano. Ajudou ambos, esquecendo que apenas um tinha real chance. Mas eles se foram, e rápido; os games passados então voltaram à sua mente de uma maneira que fazia meses que não acontecia. Passou e ter pesadelos diariamente, passou a dormir armado.

Houve a tentativa ao longo dos anos de manter vivos ainda 14 tributos, até desistir do distrito 12. No 7 havia lenhadores; desde cedo empunhavam machados. No 4 eram pescadores e não passavam fome. O 11 conhecia as plantas venenosas. Seria inútil citar os profissionais.

Amanhã seria realizada a nova colheita, a 74ª. Amanhã mais uma dupla sortuda livrar-se-ia da tortura psicológica provocada pela sobrevivência.

Começou a beber. Não queria gravar os rostos deles. Contente, constatou que esquecera dos tributos dos últimos três Games. Que continuasse assim, que aceitassem a morte logo e morressem sem traumas.

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N.A: E... Bem, sei lá. Estava há um tempo querendo escrever sobre o pós da vitória, pensando que no fim é melhor morrer mesmo. õ_o Puro otimismo.

Reviewzem, bitches, e me façam feliz com críticas ou elogios. (E xinguem aqueles que depois da estória toda só conseguem verbalizar coisas como "Sou do team Peeta" Foda-se, porra, tem gente morrendo num jogo grotesco!) Beijos no bumbum.