Muito obrigada, querida Tequila. – Kuran Yuuki
Em uma noite de sábado, conversava animadamente com alguns amigos enquanto bebia no mesmo bar que vou todos os finais de semanas. Como é comum, um homem entrou no estabelecimento. Mas diferente do ato, o homem não tinha nada de comum.
Seus cabelos eram pratas, curtos e lisos. O rosto era digno de um deus, com seus traços perfeitos, uma boca levemente corada e olhos lilases hipnotizantes. Mesmo com tudo isso, o que realmente me encantou foram os dentes. Não sei por que, mas tenho um complexo por dentes, para mim, homem bonito é homem de dentes bonitos. E esse homem tinha os dentes mais belos que já vi. Não pense que vi poucos dentes bonitos em minha vida, afinal, meu irmão Kaname e seus amigos Takuma, Hanabusa, Akatsuki e Shiki possuem os dentes mais perfeitos que qualquer um gostaria de ter para si.
Enquanto o olhava, ele sentou-se em um dos bancos próximos ao balcão e pediu nada mais nada menos que tequila. Sim, tequila, o mesmo que eu bebia. Até hoje não sei se foi pura coincidência ou algo planejado, mas adorei saber que tínhamos gostos parecidos ao menos para a bebida. Mesmo quando eu tentava concentrar-me na conversa com meus amigos eu sentia seu intenso olhar sobre mim. Aos poucos, todos se dirigiram para suas casas. Quando isso aconteceu, aproximei-me do balcão pedindo que enchessem meu caballito.
- Não acha que bebeu demais? – as palavras não soaram preocupadas ou algo semelhante, mas com um quê de divertimento. Mesmo assim jamais esquecerei o som daquela voz, inconfundivelmente masculina, imponente e inexplicavelmente provocante.
- Não. Acho apenas que você poderia me acompanhar no próximo – respondi alegremente dando uma piscadela.
Essa foi a deixa perfeita para fazer-se abrir um sorriso naquele rosto divino, algo controlado e discreto, mas realmente belo. Depois de minutos de conversa, ele perguntou meu nome.
- Kuran Yuuki, prazer. – senti que o desagradou a menção de meu sobrenome, estranhei – O que tem com o Kuran? Não gostou do nome?
- Como é curiosa essa mulher. Com o que trabalha, jornalismo? – perguntou cínico.
- Isso foi golpe baixo – comentei fazendo beicinho – E qual é o seu nome, senhor respostas evasivas? – revidei.
- Kiryuu Zero, mas pode me chamar de Zero-kun – dessa vez foi ele quem deu uma piscadela. Território perigoso, sinto que esse homem tem o poder de enlouquecer qualquer uma no momento que ele bem desejar.
- Prefiro chamar de Kiryuu-sama.
- Isso é uma lástima – ele colou sua boca a minha orelha, dizendo suavemente – Adoraria ouvi-la chamar-me intimamente.
Nem preciso dizer que me arrepiei toda, certo? Espero que não. A cada segundo que passava Zero estendia seu poder sobre mim. É inegável que ele possuía uma frieza, tornando seu pensamento algo inimaginável, mas com toda a certeza ele era perfeito.
Na hora de ir embora, ao tentar levantar-me acabei perdendo o equilíbrio e caindo na direção de Zero, que me segurou em seus fortes braços. Tentei por inúmeras vezes manter-me de pé sem sua ajuda, mas aparentemente o álcool havia sobressaído-se a minha força. Em meio a uma dessas tentativas acabei por desabar, sem consciência alguma.
Acordei com dor de cabeça e tortura, mas tentei ao máximo ignorar a ressaca. Levantei, andei vagarosa e desajeitadamente por um quarto desconhecido até encontrar a porta. Cheguei a uma sala onde pude ver alguém alto, com costas largas e musculosas, e cabelos prata.
- Eu sei que está com raiva, estressado e principalmente preocupado com sua irmã, mas por Yuuki será melhor que se controle. Ela está bem e dormindo, quando acordar eu a levarei para casa, apenas espere um pouco Kuran.
Nossa. Zero está falando com Kaname. Bem, acho que o melhor a fazer é conversar com Kaname, ele vai querer me matar depois disso.
- Kiryuu, deixe-me falar com ele – disse indicando o telefone que Zero segurava.
Ele nada disse, apenas entregou-me o telefone, com uma careta de desgosto.
- Kana… - não pude pensar ou dizer nada, pois fui bombardeada com um discurso que pregava o moralismo e o cuidado.
Depois disso meu irmão não confiou em mim, e mesmo eu tendo mais de vinte anos Kaname impedia-me de beber ou sair. Fiquei irada com tais atitudes, queria muito que ele parasse de portar-se como carrasco. Porém sabia que desrespeitá-lo ou contrariá-lo eram ideias incogitáveis, levando em conta o fato de meu irmão cuidar de mim desde a morte de nossos pais, o que aconteceu muito cedo. Apesar das proibições, Zero nunca deixou de encontrar-me. Em pouco tempo começamos a namorar, mas a rixa entre Zero e meu irmão certamente atrapalhava.
Depois de um período sem brigas 'testosteronadas', o que era realmente inacreditável, Kaname e Zero me surpreenderam com uma festa. O problema, não era festa de aniversário, mas festa de NOIVADO. Quem era o noivo? Fiquei triste por descobrir que era ele, o perfeito KIRYUU ZERO. Quem era noiva? Meu coração parou e uma felicidade imensa me preencheu, essa era EU, KURAN YUUKI.
Aquela foi definitivamente a época mais feliz da minha vida. Meu irmão fazia de tudo por mim e se preocupava comigo. Meu noivo me amava e era o homem mais quente, sexy, gostoso e 'bom de cama' que eu já conheci. E eu devia tudo isso a ela, minha melhor amiga, Tequila, uma aguardente mexicana, que me permitiu encontrar Zero.
