Just Kiss Me
Disclaimer - Os personagens de InuYasha não me pertencem, mas continuarei brincando com eles!
N.A. – Pré-história de Just Hold Me, se você não conhece e se interessar, procure no meu profile e leia :D
Não é necessário ler JHM para entender este fic.
Obrigada Mitz por revisar.
Presente de aniversário para a Res P.D. Bla-chi.
Parte I
Encontro Sob a Chuva
Haruka saiu do elevador, caminhando rapidamente para a saída do prédio. Franziu o cenho para o relógio ao perceber que havia se atrasado, o que provavelmente lhe renderia alguns minutos de drama do amigo quando chegasse ao restaurante.
Ignorou a expressão enfadada do porteiro quando passou por ele, saindo para a área coberta pelo toldo na frente do prédio. A luz se apagou às suas costas no mesmo momento em que ela ergueu os olhos para a rua movimentada. Parou na porta, observando a calçada molhada quase surpresa.
Como não notara a chuva antes?
'Provavelmente porque estive ocupada demais com o trabalho para prestar atenção em coisas banais como o tempo.'
Suspirou, tentando encontrar algum táxi parado próximo o suficiente para que não se molhasse muito no percurso. Não precisava acrescentar seu descuido com a aparência ao sermão de atraso que ouviria.
Nada.
Respirou fundo, batendo o pé no chão enquanto tentava decidir o que fazer. Poderia tentar chamar o porteiro e tentar convencê-lo a deixá-la entra enquanto esperava por um táxi, ou se molhar um pouco enquanto procurava por um. A luz externa se apagou, e ela soube que não importava quanto tentasse chamar a atenção do funcionário ele a ignoraria.
Balançou a cabeça, apertando a bolsa contra o corpo antes de sair da proteção do toldo para a fina garoa que caia. Não conseguiu conter as palavras grosseiras que deixaram seus lábios quando um carro passou próximo demais da calçada e jogou um pouco de água em suas pernas e pés.
Aquele estava sendo realmente um dia horrível.
Caminhou até um local mais movimentado, encostando-se a parede de uma loja em uma tentativa de se proteger da chuva. Podia sentir os fios negros encharcando-se com a chuva e colocando em seu rosto. Até mesmo o tecido grosso do casaco escuro que usava começava a ficar mais pesado, logo não impediria mais que a chuva encharcasse suas roupas.
Estava começando a pensar que a melhor opção seria ligar para Jakotsu, desmarcando o compromisso, e ir direto para casa… fechou os olhos, sorrindo. Quase podia ouvi-lo dizer que 'muito trabalho e nenhuma paixão' a deixariam doente.
Não eram poucas as vezes que inveja o comportamento de Jakotsu, tão sincero e destemido em enfrentar um relacionamento atrás do outro enquanto procurava por alguém que realmente amasse… e ficasse a seu lado por mais que algumas semanas.
– Está passando bem?
Haruka abriu os olhos lentamente, a resposta mal-criada pronta a deixar seus lábios. Qual o problema com os homens que não podiam ver uma mulher sozinha sem pensar que era uma presa fácil?
Piscou, fitando o rapaz a sua frente. Olhos de um incomum tom quase dourado a observavam em uma mistura de preocupação e indiferença, longas mechas prateadas que destoavam da aparência séria que o terno negro bem cortado lhe dava. Próximo o suficiente para que não precisasse fazer muito esforço para tocá-lo… próximo demais na verdade!
– Pode se afastar um pouco? – A garota falou sem esconder a irritação.
– Claro, se você prefere se molhar. – A voz profunda respondeu indiferente.
Haruka piscou quando o rapaz deu um passo para trás, e as gotas frias tocaram seu rosto. Só então percebeu que ele só tinha se aproximado tanto para poder cobri-la com o guarda-chuva que segurava.
'Ótimo, isso é tudo que precisava…' Endireitou o corpo, tentando não demonstrar vergonha por seu engano. 'Um cara tenta me ajudar e eu quase o chamo de tarado.'
– Está esperando alguém?
– Não, – Ela respondeu lentamente, agradecendo silenciosamente por ele não provocá-la com aquele pequeno deslize. ´Jakotsu não deixaria passar a chance de me envergonhar…' – alguém está esperando por mim.
– Por que está parada na chuva?
– Para me molhar.
– Resposta óbvia.
– Pergunta óbvia.
Haruka virou-se para fitar o rapaz parado a seu lado, coisa que estivera evitando fazer, quando ouviu o som baixo que parecia um riso. Arqueou uma sobrancelha, esperando que ele dissesse algo.
– Desculpe-me. – O rapaz falou depois de alguns segundos. Sua voz continuava inexpressiva, fazendo-a pensar que o som de riso que ouvira não passara de uma peça de sua imaginação. – Não acha que vai assustar seu encontro?
– Hum? – A garota piscou, virando-se para fitar seu reflexo na vitrine da loja. Fechou os olhos, desejando que um buraco se abrisse sob seus pés e a engolisse. A chuva não apenas encharcara seu cabelo, como também borrara parte da maquiagem.
– Não está tão assustador assim.
– Você pode… por favor… – Haruka parou, respirando fundo antes de reabrir os olhos lentamente para o reflexo. – Simplesmente ir embora?
– Posso.
– Ótimo. – Murmurou, dando-lhe as costas.
A garota suspirou, abrindo a bolsa e procurando pelo pequeno espelho que costumava carregar na bolsa e um lenço de papel. Não importava o quanto esfregasse a pele, as manchas provocas pelo rímel continuavam marcando a área embaixo dos olhos.
'Não imagino o que possa ter feito para merecer isso…'
Suspirou desanimada, guardando o espelho na bolsa novamente. Estava começando a ficar realmente deprimida com aquela situação. As coisas simplesmente continuavam a dar errado, não importa o que fizesse.
Gemeu angustiada ao notar que o rapaz continuava parado no mesmo lugar de antes. 'Por quêêê??'
– Você não disse que ia embora?
– Não. – O rapaz respondeu calmamente. – Você perguntou se eu podia ir embora e eu disse que sim… – Virou-se para ela, fitando-a diretamente pela primeira vez desde que se afastara. – Não que iria.
– Por quê?
– Não posso deixar uma mulher sozinha em uma rua vazia e escura.
– Eu não… – Haruka parou de falar quando ouviu o celular tocar dentro da bolsa. Com um suspiro desanimado, sem precisar conferir quem era, ela apanhou o aparelho e o atendeu. – Eu sei que estou atrasada, Jakotsu.
– Muito atrasada. – O rapaz enfatizou – Você sabe que o cara foi embora?
– Que cara?
– O encontro que eu marquei para você.
– Não estou sabendo de nenhum encontro. – Ela falou lentamente, franzindo o cenho enquanto sentia a cabeça começar a latejar. – Você marcou um encontro sem me informar?
– Ah, Akai-chan, seu eu não fizer nada você vai morrer solteirona.
– Pare de me chamar assim. – A garota disse, quase choramingando.
– Eu só quero ajudar, e você sempre acaba com meus planos. – O rapaz continuou, ignorando o protesto da amiga. – Sabia que Yuki pensou que eu estava paquerando ele?
– Quem é Yuki?
– Seu encontro. – Jakotsu falou rapidamente. – Rapaz presunçoso. Talvez tenha sido melhor você não aparecer mesmo.
Haruka suspirou, lançando um rápido olhar na direção do rapaz que parecia estar prestando atenção na rua e ignorando sua conversa.
– Conversamos sobre isso depois, preciso ir para casa.
– Por quê?
– Está chovendo, seu maníaco! – Haruka suspirou. – Estou molhada, com frio e não preciso mais encontrar você hoje.
– Mas eu ainda não comi!
– E eu com isso?
– Estava esperando você chegar aqui e—
– Não me interessa!
– Você é sempre tão má, Akaiiii. – O rapaz choramingou.
– Pare de falar meu nome assim…
– Estou com fome.
– Não estou te impedindo de comer.
– Não quero comer sozinho, Akai-chan.
– … – Haruka respirou fundo, contando até dez mentalmente antes de voltar a falar. – Você vai continuara me alugar por quanto tempo?
– Até você mudar de idéia.
– Isso não vai acontecer.
– Posso comprar comida e levar para sua casa?
– … – A garota suspirou desanimada. – Vejo você mais tarde. – Foi a última coisa que disse antes de desligar.
– Mudança de planos?
– Sim. – Ela respondeu entre dentes. – Obrigada por me proteger. – Completou, sem esconder o sarcasmo e começou a se afastar.
– Espere.
– O que foi agora?
– Acho que vai precisar disso mais do que eu. – O rapaz empurrou o guarda-chuva para as mãos da garota e correu para o carro estacionado na frente da loja. – Você pode fechar a boca agora.
– Não posso ficar com—
– Bobagem, é só um guarda-chuva. – O rapaz sorriu pela primeira vez antes de entrar no carro. – Espero encontrá-la novamente… Akai.
A garota piscou, a pergunta em sua mente demorando muito para chegar a seus lábios. Antes que percebesse o carro havia se afastado, deixando-a parada no meio da calçada.
Balançou a cabeça, aproximando-se do meio fio e fazendo sinal para o táxi que se aproximava. 'Como ele descobriu meu nome?' Antes que pudesse desperdiçar mais tempo nessa dúvida, o celular voltou a tocar e ela se lembrou da voz estridente de Jakotsu choramingando seu nome naquela estúpida discussão.
'Idiota…' Pensou enquanto entrava no veículo. 'Sempre me causando problemas.'
Ajeitou-se no banco, falando o endereço para o motorista rapidamente antes de atender a ligação.
– O que você quer agora?
– Esqueci de perguntar o que você quer comer.
– Qualquer coisa, não estou com fome.
Haruka pôde ouvir o rapaz fazendo o pedido do outro lado da linha e suspirou, observando a rua pela janela do carro.
– Ainda está aí, Akai?
– Sim…
– Parece desanimada.
– Apenas cansada.
– Não está doente, está?
– Não… ainda. – A garota suspirou, baixando os olhos para o guarda-chuva a seu lado.
– Ainda acho que seria mais feliz se tivesse mais paixão em sua vida.
– Acredito que haja paixão em sua vida suficiente para nós dois.
– Talvez… – Jakotsu riu. – Mas isso não quer dizer que você possa viver sem nenhuma.
– Claro que não… – Haruka sorriu, apertando o cabo do guarda-chuva. – Você acredita em destino, Jak-chan?
– Claro, por quê?
– Nada… – Ela respirou fundo, pagando ao motorista antes de sair do carro. – Você sabe se tem alguma firma de advogados no nosso prédio?
– Não, mas ouvi dizer que… – Jakotsu parou de falar, e ela quase pôde vê-lo sorrir. – Por quê?
– Conhece alguém com cabelos prateados e olhos dourados?
– Não, mas, por favor, me apresente!
A garota não conseguiu conter o riso enquanto caminhava para o elevador.
– Hum… não.
– Você conheceu alguém! – O rapaz falou um pouco surpreso. – E está empolgada!
– Pare com isso.
– Não ficarei surpreso se cantar de felicidade!
– Pare.
– Estou tão orgulhoso de você, Akai-chan.
– Jakotsu… – A garota suspirou quando o rapaz, surgindo do nada, a abraçou por trás. – Está me envergonhando novamente. – Desligou o celular com dificuldade por não ter espaço o suficiente para se mover.
– Estou feliz por você, sua pequena ingrata!
– Quente…
– Hum?
– Está me queimando com o jantar!
O rapaz a soltou rapidamente, e sorriu em um pedido mudo de desculpas.
– Você estava mesmo precisando de algo quente. – Jakotsu continuou sorrindo maliciosamente enquanto a seguia para o elevador. – O bonitão que você descreveu não foi o suficiente?
– Eu nem sei o nome dele. – Haruka deu de ombros, apertando o botão do terceiro andar.
– Você é mesmo lenta… – Jakotsu empurrou o pacote de comida para os braços da garota e apanhou o guarda-chuva de suas mãos. – O que é isso?
– Preciso mesmo responder?
– Você olhou com atenção?
– Não, por quê?
Jakotsu sorriu, aproximando o cabo do rosto da garota e apontando para o local onde podia-se ler 'Sesshoumaru Akuma' gravado no couro.
– Isso que chamo de destino. – O rapaz continuou sorrindo enquanto a puxava para fora do elevador. – Fez bem em roubar o guarda-chuva dele!
Haruka piscou antes de fitar o amigo, irritada.
– Eu não roubei nada! – Enfiou a mão direita dentro da bolsa, procurando pelas chaves enquanto equilibrava o pacote com a outra mão. – Ele me deu.
– Oh… – Jakotsu sorriu, passando um braço sobre os ombros da garota. – Parece que alguém quer ser encontrado…
A garota apenas girou os olhos, entrando no apartamento. Por mais que quisesse ignorar aquele dia horrível, algo bom parecia ter acontecido no final. Deixou o pacote sobre a mesa, sem conseguir evitar que um pequeno sorriso se formasse em seus lábios enquanto fitava o guarda-chuva.
'Se ele quer ser encontrado… eu vou encontrá-lo.'
– Tão bom assim?
– O que?
– Para fazer você sorrir desse modo… – Jakotsu piscou. – O cara deve mesmo ser demais… – Sentou-se, apontando para a cadeira a seu lado. – Conte-me tudo! Não poupe detalhes!
Haruka estreitou os olhos, tentando inutilmente desencorajá-lo. Depois de algum tempo, deu-lhe as costas, marchando para o quarto.
– Aonde vai?
– Trocar de roupa, estou com frio.
Jakotsu ergueu-se, seguindo a garota. Parou na porta do quarto esperando enquanto ela trocava de roupa.
– Akai?
– O quê?
– Vai me contar o que aconteceu?
– Hum… – Haruka sorriu, aparecendo na porta do quarto. – Talvez.
– Sério? – Jakotsu perguntou animado.
– Claro! – A garota respondeu, antes de desaparecer novamente dentro do quarto. – Por que não coloca a mesa enquanto me troco?
Haruka sorriu ao ouvi-lo se afastar. Apanhou uma toalha, secando os cabelos enquanto imaginava a reação do amigo ao saber que nada demais havia acontecido.
'Isso vai ensiná-lo a não bisbilhotar a vida alheia.'
Continua...
