Capítulo 1: Prólogo
Japão, 1795:
Chovia na Terra naquela noite. A camuflagem perfeita que ele precisava. Era necessária velocidade para chegar a ela, sua preocupação era palpável, pois sabia que aquele momento sua preciosa precisava dele. Ele tinha prometido estar ao seu lado quando acontecesse e sabia que a hora era aquela. Ela estava dando à luz a seu filho.
Rapidamente pousou a nave longe dos olhos do vilarejo e correu para a cabana de sua amada, ficava um pouco isolada das outras, na mata. Ouviu os gritos de agonia, estava atrasado afinal. Entrou com um estrondo dentro do recinto perguntando por ela. Uma mulher – a irmã – pediu para ficasse quieto e esperasse do lado de fora. Ele esperou.
Quando achou que não ia mais aguentar, ouve o choro. O bebê! Finalmente o tormento acabou, ele pensa. A mesma mulher que o acalmou pede para que ele entre. Sem perder um segundo sequer, ele entra no pequeno quarto.
- Está bem, Izayoi? – Ela sente a preocupação em sua voz, mas sorri docemente para o homem.
- Nosso filho, ele parece com você. – Sua voz demonstrava sua fraqueza, mas tudo que importava era ela segurando seu bebê no colo – Venha vê-lo, meu amor.
Ao se aproximar da amada então ele percebe a semelhança e ri. Afinal, era seu. As orelhas no topo da cabeça não negavam, eram caninas. Pegou-o em seus braços e beijou seus dois tesouros.
E então a dor o atingiu pelas costas. Não precisou se virar para saber o que estava acontecendo, segurou o bebê que recomeçara a chorar com mais firmeza, o protegendo com o próprio corpo. Ali estavam seus perseguidores, antes companheiros. Ele virou o olhar para sua amada e percebeu – tarde demais – que ela também foi atingida.
O horror lhe marca a expressão, seguido de ódio. O rosto antes belo se transforma, seus olhos ficam vermelhos, os caninos alongam. Segurando a herança de Izayoi nos braços, ele ataca.
Kikyou ajudou a irmã no parto, sendo ela a única que sabia o segredo da mais velha. Quando acabou, ela se dirigiu aos fundos para lavar as mãos e a tesoura usada no parto. Foi quando ouviu. Os estrondos, as luzes e o rugido do cunhado. Sem pensar duas vezes ela correu em direção a cabana.
A cena que viu quando chegou a horrorizou, sua bela irmã morta na cama, sangue fluindo de sua barriga. E aqueles monstros, todos mortos em poças dos seus próprios sangues. Em meio a eles, ela viu Inu no Taisho ferido e sem forças, segurando seu sobrinho. Então ele falou:
- Devo ir. Vou levá-lo em segurança. Não achei que eles me achariam, Kikyou... Não teria vindo... – Lágrimas escorriam de seus olhos sem que ele percebesse – Vou voltar à nave. Tenho que voltar...
Ela o apoiou durante todo o caminho. Ambos choravam pela perda, juntos, abraçados. Ela sabia que não podia ficar com o bebê. Ele seria rejeitado, não era sequer desse planeta. Sua irmã havia explicado quando disse que estava grávida, ela iria com o seu amante para o seu planeta. Na época, Kikyou não entendia o significado de planetas e universo, mas aprendeu rápido. Entendeu.
- Qual será o nome dele? – Ela pergunta, ajudando os dois a entrarem, segurando o bebê uma última em despedida.
- Inuyasha. Seu nome é Inuyasha.
