Oiiiii ! Olha eu aqui !
Chegando com mais uma estória linda!
Meu tempo anda meio curto, assim não conseguirei postar com muita frequência.
Mas sempre que me sobrar um tempinho estarei aqui atualizando a fic.
Não queria começar a postar sem ter tempo, mas tenho recebidos mensagens pedindo mais estórias.
Então terão que ser compreensivas, porque a princípio só poderei postar uma vez por semana, Ok?
Agora bora ler e conhecer essa menina determinada que vai aprontar todas para conquistar o homem que ama.
Beijão grande e boa leitura.
EDWARD CULLEN separava em pilhas a montanha de papéis de trabalho que a secretária deixou sobre sua mesa para que ele analisasse. Resmungando xingamentos, atirava cartas para a direita e a esquerda. Quando surgia alguma que merecia mais que um olhar superficial, ela era atirada na pilha de assuntos que demandavam sua atenção. Outras tinham como destino a lata de lixo, que se encontrava ao lado de seu pé.
Assumir os escritórios de Nova York não fora um processo tranquilo. Após a descoberta de que um dos membros da equipe da empresa estava vendendo os projetos de um hotel da Cullen para um concorrente, Edward e os irmãos fizeram uma faxina corporativa e reformaram o quadro de funcionários. A criminosa, a ex-assistente de Emmett, fora presa após um acordo judicial.
Por conta do ocorrido, os irmãos Cullen se tornaram receosos em permitir acesso ilimitado às informações confidenciais da empresa a outro funcionário. Mas, por fim, Edward optara por trazer a própria secretária do seu escritório em Londres. Era uma mulher mais velha, responsável e – o mais importante – leal. Embora nenhum dos irmãos Cullen estivesse disposto a confiar totalmente em outro funcionário, após o fiasco com Roslyn.
Ao chegar de Londres, Edward foi recebido com uma pilha de documentos, contratos, mensagens e e-mails. Dois dias depois, ele ainda tentava decifrar aquela bagunça. E pensar que a secretária já dera conta da maior parte daquela desordem!
Edward estacou diante de uma carta endereçada a Emmett e quase a atirou no lixo; mas se deteve quando viu o que estava escrito. Linhas profundas lhe vincavam a testa ao esticar a outra mão para o telefone.
Sem se importar com a diferença de fuso horário e com a possibilidade de acordar o irmão, digitou o número e esperou, impaciente, que a ligação se completasse. Sentiu uma pontada de remorso pela probabilidade de acordar Rose, a esposa de Emmett, mas tinha esperança de que ele atendesse antes que isso acontecesse.
– É melhor ter uma boa razão para telefonar a esta hora – rosnou Emmett com voz sonolenta.
Edward não perdeu tempo com saudações.
– Quem diabos é Isabella? – perguntou.
– Isabella? – Não havia dúvidas quanto à surpresa na voz de Emmett. – Está ligando a esta hora para perguntar sobre uma mulher?
– Diga-me… – Edward fez um movimento negativo com a cabeça. Não, Emmett não seria infiel a Rose. O que quer que aquela mulher representasse na vida do irmão, deveria ter sido antes de ele conhecer a esposa. – Diga-me apenas o que preciso saber para me livrar dela – acrescentou Edward, quase irritado. – Estou diante de uma carta na qual ela o informa de seu progresso, seja lá o que isso signifique, e que se formou com sucesso. – Seus lábios se contraíram em uma expressão desgostosa. – Theos, Emmett. Essa mulher não é muito nova para estar envolvida com você?
Emmett explodiu em uma torrente de xingamentos em grego que fez Edward afastar o fone do ouvido até que o irmão se acalmasse.
– Não estou gostando de sua insinuação, irmãozinho – disse Emmett em um tom de voz frio. – Estou casado. Claro que não estou envolvido com essa Isabella.
E então Edward ouviu o irmão ofegar do outro lado da linha.
– Bella! Claro – murmurou ele. – Não estou conseguindo pensar com clareza a esta hora da noite.
– E eu repito: quem é Bella? – Edward sentia a paciência se esvair.
– Swan. Isabella Swan. Certamente você lembra.
– A pequena Isabella? – perguntou Edward, surpreso. Edward não se lembrara dela até Emmett mencionar o sobrenome. A imagem de uma pré- adolescente desengonçada, de rabo de cavalo e aparelho dentário lhe espocou na mente. Desde então, a encontrara algumas vezes, mas para ser sincero, não conseguia conjurar a imagem de Isabella mais velha. Lembrava-se de que ela era tímida e modesta, sempre procurando passar despercebida. Isabella comparecera ao funeral de seu pai, mas, focado na própria dor, Edward não prestara atenção à jovem. Que idade ela teria naquela época?
Emmett soltou uma risada abafada.
– Ela não está tão pequena agora. Isabella deve ter acabado de se formar. Estava indo muito bem na faculdade. Menina inteligente…
– Mas por que está recebendo notícias dela? – quis saber Edward. – Pelo amor de Deus, achei que ela fosse uma ex-amante sua, e a última coisa que eu queria era vê-la causando problemas a Rose.
– Embora sua devoção à minha esposa seja louvável, não é necessária – retrucou Emmett sem rodeios. Em seguida, deixou escapar um suspiro. – Nosso dever para com Bella sumiu da minha mente. De uns tempos para cá tenho estado focado em Rose e nosso filho.
– Que dever? – Edward se surpreendeu. – E por que nunca ouvi esta história antes?
– Nossos pais foram amigos e sócios nos negócios por muito tempo. O pai de Isabella fez o nosso prometer que, se lhe acontecesse alguma coisa, cuidaríamos da menina. Nosso pai morreu antes do pai dela, portanto assumi a responsabilidade pelo bem-estar de Isabella quando ela ficou órfã.
– Nesse caso, você deveria saber que, de acordo com esta carta, ela irá para Nova York daqui a dois dias – disse Edward.
Emmett soltou um xingamento.
– Não posso deixar Rose agora.
– Claro que não. – Edward meneou a cabeça, impaciente. – Cuidarei disso. Mas preciso dos detalhes. A última coisa de que você necessita agora é de outra preocupação. O escritório de Nova York é responsabilidade minha. Vou creditar isso na conta de problemas que herdei quando trocamos de filial.
– Bella não será problema algum. É uma doce menina. Tudo que tem de fazer é ajudá-la a resolver seus assuntos e providenciar o que ela necessita. Isabella só terá total controle sobre sua herança quando fizer 25 anos, ou quando se casar; o que acontecer primeiro. Portanto, nesse meio-tempo, o grupo Cullen International atua como seu curador. Como agora é você o representante da Cullen em Nova York, isso o torna uma espécie de tutor de Isabella.
Edward gemeu.
– Eu sabia que devia ter obrigado Jasper a assumir o escritório de Nova York.
Emmett soltou uma risada.
– Isso será moleza, irmãozinho. Não levará muito tempo para que a acomode e providencie o que ela precisa.
Assim que Isabella Swan passou pelo controle de segurança do aeroporto, avistou um homem com uniforme de chofer segurando uma placa na qual estava escrito seu nome. No mesmo instante, ela ergueu a mão, acenando enquanto se aproximava. Para sua surpresa, outros dois homens se adiantaram para ladeá-la. A expressão confusa de Isabella devia ser evidente, porque o chofer sorriu e disse:
– Seja bem-vinda a Nova York, srta. Swan. Sou Henry, seu motorista por hoje, e esses cavalheiros são membros da equipe de segurança do sr. Cullen.
– Uh… olá – cumprimentou Isabella.
– Providenciei para que alguém recolhesse sua mala no terminal de bagagens – informou Henry, enquanto a guiava na direção da saída. – Será entregue no hotel muito em breve.
Do lado de fora, um dos homens da segurança abriu a porta da limusine para Isabella e se sentou ao lado dela, enquanto o outro se acomodava no banco da frente, ao lado do chofer. Privacidade estava fora de questão, e tudo que Isabella desejava era se deitar e relaxar naquele assento.
Quando o veículo se pôs em movimento, ela se recostou. A limusine deixou a área de desembarque em direção ao Imperial Park, o hotel dos irmãos Cullen. Emmett sempre lhe providenciava uma suíte quando ela visitava Nova York, o que não ocorria com muita frequência.
Aquela viagem fora planejada como uma breve parada em seu caminho para a Europa, fato que informara a Emmett na carta que lhe enviara. Mas tudo mudou no instante em que recebeu uma mensagem concisa de Edward Cullen, informando-a de que agora seria ele quem cuidaria de seus assuntos, e a encontraria em Nova York para providenciar tudo de que ela necessitasse para sua viagem ao exterior.
Edward ainda não sabia, mas a viagem de Isabella se tornara algo do passado. Ela ficaria em Nova York… indefinidamente.
A limusine parou em frente ao hotel. A porta do passageiro se abriu, e o segurança que sentara no banco da frente estendeu a mão para ajudá-la a sair. Quando adentraram o saguão, Isabella foi encaminhada imediatamente à própria suíte, passando direto pela recepção.
Dentro de dez minutos, a bagagem foi entregue em seu quarto, com um buquê de flores e uma cesta recheada de todo tipo de sortimento de petiscos e frutas. Como se isso não bastasse, quando Isabella havia acabado de se sentar no sofá e retirar os sapatos, ouviu outra batida na porta.
Resmungando baixo, encaminhou-se para atender, e deparou com outro funcionário do hotel à soleira. O homem lhe estendeu um envelope cor de creme.
– Uma mensagem do sr. Cullen.
Isabella ergueu as sobrancelhas.
– Qual dos srs. Cullen?
O jovem pareceu envergonhado.
– Edward.
Isabella sorriu, agradeceu e fechou a porta outra vez.
Em seguida, girou o envelope e escorregou os dedos suavemente pelas letras escritas à mão:
"Isabella Swan." Seria a letra de Edward? Permitindo-se um instante de tolice, ela encostou o envelope no nariz, esperando sentir a fragrância daquele homem. E lá estava. Suave, mas inegável, a fragrância de Edward. Lembrava-se daquela colônia como se fosse ontem. Era óbvio que Edward ainda usava a mesma.
Isabella rasgou o selo e retirou o cartão do envelope.
Em uma caligrafia obviamente masculina, ele escrevera as instruções para que ela fosse ao seu escritório na manhã seguinte. Um sorriso divertido curvou os lábios de Isabella. Arrogante como sempre. Dando-lhe ordens como se ela fosse uma criança desobediente. Ao menos Emmett passara em sua suíte para ver como estava, na última vez em que ela estivera ali. Mas naquela época, Isabella estava com apenas 18 anos, e ele providenciara uma autêntica babá para acompanhá-la em sua visita à cidade. Estava mais que satisfeita por aquele encontro se dar nos termos de Edward. Assim, seria mais prazeroso deixá-lo atônito. O que motivara sua viagem à Europa fora o fato de Edward morar lá. Ou ter morado. Quando Emmett se casara, ele e a esposa se mudaram definitivamente para uma ilha de sua propriedade na Grécia. O que significava que Edward ficara bem mais próximo dela. Finalmente. A viagem à Europa estava cancelada. E seu plano para seduzir Edward entrara em ação. Isabella se deixou afundar no sofá e pousou os pés sobre a mesa de centro. As unhas pintadas de um vermelho vibrante lhe atraíram o olhar, enquanto agitava os pés. A tornozeleira delicada faiscou com o movimento. Edward havia se tornado ainda mais deslumbrante ao longo dos últimos anos. A beleza jovial fora substituída pela masculinidade sensual. Enquanto ela esperava crescer para reivindicá-lo, Edward se tornara ainda mais desejável. Mais irresistível. O que a fizera se apaixonar ainda mais. Não seria fácil. Isabella não esperava que ele se atirasse em seus braços. Os irmãos Cullen eram difíceis. Podiam ter a mulher que quisessem. Eram implacáveis nos negócios, mas também eram leais, e a honra era tudo.
O telefone tocou, arrancando-lhe um suspiro exasperado. O aparelho se encontrava do outro lado da sala, e Isabella se achava tão confortável no sofá… Após se forçar a levantar, cambaleou para atendê-lo.
– Alô?
Seguiu-se um breve silêncio.
– Srta. Swan… Isabella.
No mesmo instante, ela reconheceu o sotaque inglês, e um arrepio de prazer lhe percorreu a espinha. Não era a voz de Emmett e, como Jasper estava fora do país e nunca tivera sequer uma conversa com ela, só podia ser Edward.
– Sim – respondeu, rouca, esperando não deixar transparecer o nervosismo.
– É Edward Cullen. Estou telefonando para saber se fez boa viagem e se foi acomodada sem nenhum inconveniente.
– Obrigada. Está tudo ótimo.
– A suíte está a seu gosto?
– Sim, claro. Foi muita gentileza sua reservá-la para mim.
– Eu não a reservei – retrucou ele, impaciente. – Essa é minha suíte particular. Isabella olhou ao redor com renovado interesse. Saber que ficaria onde Edward passava muito do seu tempo lhe causou uma emoção eletrizante. – Então onde você está? – perguntou, curiosa. – Por que abriu mão de sua suíte?
– O hotel está passando por reformas. A única suíte disponível era… a minha. Estou ocupando temporariamente outro quarto.
Isabella soltou uma risada.
– Eu poderia ter ficado em outro quarto. Não havia necessidade de sair de sua suíte por minha causa.
– Alguns dias não farão diferença alguma – afirmou ele. – É bom que tenha uma estada confortável, antes de viajar para a Europa.
Isabella engoliu em seco a negativa de que iria para a Europa. Era inútil deixá-lo em alerta de imediato. Haveria muito tempo para lhe comunicar sua mudança de planos. Ainda mais quando Edward não tinha a menor chance de convencê-la a mudar de ideia. Um sorriso malicioso curvou os lábios de Isabella.
– Recebi suas ordens.
Edward deixou escapar uma exclamação de surpresa que lhe soou suspeitosamente como um xingamento.
– Tenho certeza de que não soei tão autocrático, srta. Swan.
– Por favor, chame-me de Isabella. Ou de Bella. Deve se lembrar do tempo em que não éramos tão formais… Sei que se passaram alguns anos, mas eu não esqueci nenhum detalhe sobre você.
Seguiu-se um silêncio constrangedor.
– Está bem, Isabella.
– Bella, por favor.
– Está bem… Bella – concedeu Edward, deixando escapar em seguida um som exasperado, antes de acrescentar: – O que estávamos falando mesmo?
Edward parecia distraído e, embora fosse um homem educadíssimo, Isabella percebeu que ele queria se livrar dela o mais rápido possível. Um sorriso lhe curvou os lábios. Se ele ao menos soubesse…
– Estávamos discutindo suas ordens autocráticas para que eu comparecesse ao seu escritório amanhã.
– Foi um pedido, Bella. – Ele começava a ficar impaciente.
– E claro que o atenderei. Podemos combinar às dez horas? Estou um pouco cansada e gostaria de dormir até mais tarde.
– Claro. Faça como for melhor para você. Solicite o serviço de quarto para o jantar. Suas despesas serão pagas. Lógico.
Ela não esperava nada menos que isso, e sabia que não adiantaria argumentar. Os irmãos Cullen eram a personificação da eficiência. E levavam muito a sério o que achavam ser seus deveres.
– Vejo-o amanhã, então – disse Isabella. Edward se despediu de maneira formal, e ela desligou o telefone. Um sorriso lhe curvou os cantos dos lábios ao abraçar o próprio corpo, extasiada. Oh, pretendia lhe fazer uma visita no dia seguinte, sem dúvida.
EDWARD SE inclinou para trás na cadeira e observou a linha do horizonte através da janela do escritório. Após uma manhã agitada de trabalho com reuniões e telefonemas, conseguira finalmente alguns minutos para respirar. Relanceou o olhar ao relógio de pulso e fez uma careta ao se lembrar de que Isabella Swan deveria chegar dentro de cinco minutos. Sentia-se como uma porta giratória. Isabella entraria e sairia para sua viagem à Europa, enquanto Alice chegaria da Grécia dentro de uma semana. Ainda bem que poderia se livrar rápido de sua obrigação para com Isabella. Providenciaria para que ela tivesse tudo que necessitava, solicitaria a alguém da Cullen International que a encontrasse em Londres e arranjaria uma equipe de segurança para protegê-la durante sua estada naquele país. Por outro lado, Alice… Um sorriso tristonho lhe curvou os lábios. Esse era um assunto seu. Edward e Alice tinham o que poderia ser considerado uma amizade íntima. Talvez um acordo fosse o termo mais exato, embora ele estivesse aberto a aprofundar aquele relacionamento. Sabia que teria de levar uma vida mais regrada agora que assumira o escritório de Nova York. Algo que discutira amigavelmente com Alice, semanas antes. Os dois formavam um belo casal e se entendiam muito bem. Ela era proveniente de uma família grega íntegra. Velhos amigos de seu pai. O pai de Alice era dono de uma empresa transportadora. Ela e Edward tinham muito em comum, portanto, era natural que acabassem por se unir. Alice lhe proporcionaria uma relação de amizade e lhe daria filhos. E ele lhe daria segurança e proteção. Sim, estava na hora de se casar. Sua mudança para Nova York tinha toda a probabilidade de ser permanente, visto que Rose não desejava se mudar da ilha que ela e Emmett haviam transformado em um lar. E se pretendia morar definitivamente ali, parecia-lhe natural encontrar uma esposa e formar uma família. Os pensamentos de Edward foram interrompidos por uma batida na porta. Franzindo a testa, ele ergueu a cabeça, autorizando a pessoa a entrar.
– Senhor, a srta. Swan está aqui para vê-lo – Sue, a secretária, disse ao mesmo tempo que enfiava a cabeça pelo vão da porta.
– Faça-a entrar – retrucou ele, brusco.
Edward, aguardando, aprumou a coluna, sentando-se ereto, e tamborilou com os dedos sobre o tampo, em um gesto distraído. Tentou pescar em suas lembranças a imagem daquela moça, mas tudo que conseguia visualizar era uma menina de olhos grandes, pernas desengonçadas e aparelho nos dentes. Não tinha certeza nem mesmo da idade que ela teria agora. Sabia apenas que Isabella se formara. Isso significaria que estaria com mais ou menos 22 anos? Conjurou um sorriso gentil quando a porta se escancarou. Não era necessário assustá-la. Edward se erguera e caminhava na direção da porta para cumprimentá-la, quando estacou por um segundo,
sentindo todo o ar se esvair dos pulmões.
Diante dele não se encontrava uma menina, mas uma mulher estonteantemente bela. Uma garra invisível parecia lhe esmagar a garganta até fazê-lo mexer o pescoço para aliviar o desconforto. Isabella exibiu um sorriso hesitante que o fez sentir aquele gesto até a ponta dos pés. Por um longo instante, tudo que Edward conseguiu fazer foi observá-la como um adolescente cheio de espinhas que experimentasse sua primeira descarga de hormônios. Ela vestia um jeans justo de cintura baixa. A blusa, se é que aquilo poderia se chamar de blusa, se ajustava às curvas generosas de seu corpo tão confortavelmente quanto as mãos de um homem fariam. A bainha acabava acima do umbigo, e isso, junto com a cintura baixa da calça comprida, expunha aquela faixa de pele à sua visão. O olhar de Edward foi atraído para aquele ponto e para o brilho prateado no umbigo de Isabella. Ele franziu a testa. Ela havia colocado um piercing no umbigo? Edward piscou, envergonhado do fato de ter sido pego em flagrante secando-a com o olhar. E então, seus olhos se fixaram naquele rosto deslumbrante. O cabelo longo e castanho cascateava até abaixo dos ombros. Os cílios longos emolduravam olhos chocolates faiscantes. Uma insinuação de sorriso lhe curvava os lábios carnudos, e os dentes brancos quase lhe ofuscaram a visão. Duas covinhas se formaram no rosto delicado, quando o sorriso de Isabella se alargou. Aquele não era o tipo de mulher que pudesse passar despercebido. Os últimos anos operaram mudanças radicais em Isabella. E pensar que se lembrava dela como alguém que costumava desparecer no ambiente em que estivesse presente. Um homem teria de ser cego, surdo e mudo para não notá-la.
– Que diabo são esses trajes que está usando? – perguntou ele, antes que pudesse se conter. Isabella arqueou uma das sobrancelhas escuras, os olhos chocolates não conseguindo disfarçar o divertimento. Em seguida, baixou o olhar às próprias vestes, ao mesmo tempo que deslizava as mãos pelos quadris.
– Acredito que seja o que costumam chamar de roupas – afirmou ela com voz rouca.
As linhas que vincavam a testa de Edward se aprofundaram diante do tom sarcástico na voz de Isabella.
– Esse é o tipo de coisa que Emmett permitia que usasse na presença dele?
Isabella soltou uma risada baixa, e o som fez uma corrente elétrica subir pela nuca de Edward, eriçando-lhe o cabelo naquela região. Era um som quente e vibrante, e lhe proporcionou tanto prazer que ele se viu desejando ouvi-lo outra vez.
– Emmett não tem direito de opinar sobre minha maneira de vestir.
– Ele era… seu tutor – disse Edward. – Como sou agora.
– Não pela lei – argumentou Bella. – Está fazendo um favor ao meu pai e é seu executor testamentário no que se refere à minha herança até que eu me case, mas está longe de ser meu tutor. Tenho cuidado muito bem de mim mesma com uma mínima interferência de Emmett. Edward se recostou à mesa e estudou a jovem tão segura de si à sua frente.
– Casar? Nos termos do testamento de seu pai reza que você só terá controle sobre sua herança quando fizer 25 anos.
– Ou me casar – corrigiu Isabella, suave. – Planejo estar casada antes dos 25 anos.
Edward se pôs em alerta, contemplando toda sorte de cenários medonhos.
– Quem é ele? Quero-o muito bem investigado. Tem de ser muito cuidadosa em sua posição, Isabella. O patrimônio que herdou atrairia uma horda de pretendentes indesejados que a querem apenas por seu dinheiro.
Outro sorriso curvou um dos cantos dos lábios carnudos.
– É um prazer revê-lo também, Edward. Fiz uma ótima viagem. A suíte é maravilhosa. Faz algum tempo que não o vejo, mas o reconheceria em qualquer lugar.
A repreensão de Isabella o irritou exatamente por ser mais do que adequada. Estava sendo rude. Nem a cumprimentara da maneira correta.
– Peço-lhe desculpas. – Ele deu um passo à frente, pousando as mãos em seus ombros e se inclinando para lhe beijar o rosto. – Fico feliz em saber que fez uma boa viagem e que aprovou a suíte. Posso lhe providenciar algo para beber, enquanto discutimos os preparativos de sua viagem?
Isabella sorriu e fez um movimento negativo com a cabeça. Em seguida, passou por ele, encaminhando-se à janela. Os quadris ondulavam, e as nádegas realçadas pelo jeans muito apertado se moviam de maneira sedutora. Edward se forçou a erguer o olhar para não parecer que cobiçava aquela parte da anatomia de Isabella. Foi então que um lampejo colorido na altura da cintura fina lhe chamou a atenção. Edward pestanejou e voltou a fixar o olhar naquele ponto, certo de que havia se enganado. Quando Isabella estacou diante da janela, a bainha da blusa se moveu, revelando uma pequena faixa de pele tatuada. Os olhos de Edward não conseguiam se afastar daquele ponto, durante a tentativa dele de decifrar o desenho. Uma tatuagem? Era óbvio que Emmett fora um fiasco como tutor daquela menina. Em que tipo de encrenca ela se metera? Tatuagens? Intenção de se casar? Edward fechou os olhos e prendeu o nariz entre o polegar e o indicador, sentindo o início de uma dor de cabeça.
– Tem uma vista maravilhosa daqui – disse ela, ao girar para encará-lo.
Após limpar a garganta, Edward lhe sustentou o olhar. Qualquer coisa que o impedisse de se ater àqueles seios realçados pela camiseta de tecido fino. Theos!, aquela mulher era uma bomba atômica ambulante.
– Já providenciou os preparativos para sua viagem ou prefere que eu cuide deles? – perguntou ele, em tom educado.
Ela enfiou os dedos nos bolsos do jeans, enquanto Edward se perguntava como Bella conseguira fazer isso, e se recostou à janela.
– Não irei para a Europa.
Edward pestanejou várias vezes.
– Como disse? Mais uma vez um sorriso curvou aqueles lábios sedutores, revelando as duas covinhas.
– Decidi não passar o verão na Europa.
Edward levou a mão à testa e a massageou para aliviar a tensão. Maldito fosse Emmett por seguir com a própria vida e o atrelar a Isabella Swan.
– Teria isso algo a ver com seu repentino desejo de se casar? – perguntou ele, exausto. – Ainda não respondeu à minha pergunta sobre seu suposto noivo.
– Porque ainda não tenho nenhum – afirmou ela, com malícia. – Não mencionei ter alguém em vista, apenas que pretendo me casar antes de completar 25 anos. Tenho três anos pela frente, portanto não há necessidade de você sair dando ordens para vasculhar o passado de ninguém.
– Sendo assim, por que não vai para a Europa? Era esse seu plano até a semana passada, segundo a carta que enviou para Emmett.
– Não escrevi nada disso para Emmett – protestou Isabella com suavidade. – O homem que seu irmão contratou para supervisionar meus estudos informou a Emmett sobre minha viagem à Europa. Simplesmente mudei de ideia.
Edward escorregou a mão para a nuca, sentindo uma enxaqueca ameaçar aflorar com toda a força.
– Então, o que pretende fazer? – Ele quase temia a resposta que teria.
Um sorriso largo se estampou no rosto de Isabella, iluminando-lhe todo o semblante.
– Vou alugar um apartamento aqui na cidade.
Edward quase engasgou. Em seguida, cerrou as pálpebras, de repente sentindo o colarinho apertado demais. Se Isabella se estabelecesse em Nova York, ele se veria obrigado a supervisionar os assuntos relacionados a ela e a manter constante vigilância sobre aquela jovem. De repente, a ideia de um casamento iminente para Isabella não o irritou mais. Ela estava com 22 anos. Muito jovem para se casar nos dias atuais, mas de modo algum fora da faixa etária adequada. Talvez o melhor que pudesse fazer por ela fosse apresentá-la a um homem que possuísse recursos para lhe proporcionar segurança e estabilidade. O pensamento começava a tomar forma em sua mente, ganhando corpo, quando Isabella voltou a falar.
– Desculpe… – disse Edward, quando se deu conta de que não captara uma só palavra do que ela dissera.
– Eu apenas afirmei que agora que nos livramos dos preparativos de minha viagem, tenho de ir. Preciso encontrar um apartamento.
Alarmes soaram na mente de Edward diante da ideia de Isabella vagando por uma cidade à qual não estava acostumada, sozinha e vulnerável. Diabos! Poderia acabar escolhendo um bairro inadequado. E depois, havia a questão da segurança de Isabella. Agora que ela permaneceria em Nova York em vez de viajar para a Europa, teria de providenciar uma equipe de guarda-costas. A última coisa que precisava era que aquela jovem fosse sequestrada como acontecera com Rose.
– Acho que isso não é o tipo de coisa que deva fazer sozinha – afirmou ele.
A expressão de Isabella se iluminou.
– Que gentil de sua parte se oferecer para me acompanhar. Tenho de admitir que não estava muito animada a fazer isso sozinha, e você conhece a cidade melhor que eu.
Edward abriu a boca para negar a ideia de que se voluntariara para fazer qualquer coisa com ela, mas a gratidão genuína estampada no rosto de Isabella o fez tornar a fechá-la. Em seguida, deixou escapar um suspiro ao constatar que estava realmente em apuros.
– Claro que a acompanharei. Não permitirei que se estabeleça em um lugar qualquer. Pedirei à minha secretária que selecione alguns bairros adequados para você e depois começaremos a procurar. Talvez amanhã pela manhã. Pode usar a suíte pelo tempo que for necessário.
Isabella franziu a testa.
– Mas detesto a ideia de o desalojar.
Edward fez um gesto negativo com a cabeça.
– Não é incômodo algum. Emmett ainda possui a cobertura, e posso utilizá-la. Também tenho de procurar um lugar para morar, agora que ficarei nesta cidade definitivamente.
Por um instante, os olhos chocolates faiscaram, mas logo a expressão de Isabella se tornou neutra.
– Nesse caso, agradeço sua oferta, e vou adorar procurar apartamento com você amanhã. Podemos almoçar juntos também? – perguntou com ar inocente.
– Claro que lhe pagarei um almoço – concordou ele com um grunhido.
Por que se sentia como se tivesse passado por um rolo compressor? A ideia daquela menina que mal saíra da adolescência ter imposto sua vontade sem considerar sua opinião o fazia se sentir manipulado, mas não havia nada além de genuína apreciação e alívio na expressão de Isabella.
Em um impulso, ela se precipitou para a frente e lhe envolveu o pescoço com os braços, colidindo contra o peito musculoso. Edward teve de firmar os pés com força no chão para não cambalear para trás.
– Obrigada – disse ela ao ouvido de Edward enquanto lhe dava um abraço apertado.
Quando ele permitiu que os braços a envolvessem, retribuindo o gesto, percebeu o corpo de Isabella se moldar ao seu, e sentiu todas aquelas curvas que notara havia pouco. A mão longa tocou a porção de pele que ficava exposta nas costas macias, e mais uma vez Edward refletiu sobre a tatuagem que vira lá. O fato de não saber do que se tratava o desenho o enlouquecia. Gesticulando a cabeça negativamente, Edward se afastou com delicadeza de Isabella.
– Deixe-me chamar o chofer para levá-la de volta ao hotel.
Isabella lhe deu um beijo no rosto e girou na direção da porta.
– Obrigada. Vejo-o amanhã de manhã.
E o deixou esfregando o local onde os lábios carnudos lhe tocaram o rosto, segundos atrás. Em seguida, ele soltou um xingamento e contornou a mesa para se sentar. Fora tão rápido em condenar Emmett por se envolver com uma mulher tão jovem, e lá estava ele desejando uma ainda mais nova. Patético. Era óbvio que aquilo se devia ao fato de fazer um bom tempo que não se relacionava intimamente com uma mulher. Apertou o botão do interfone para chamar a secretária, e lhe deu rápidas instruções para encontrar três ou quatro opções de apartamentos. Se nenhum a agradasse, podia ceder a cobertura de Emmett para que ela a utilizasse. Após falar com Sue, Edward ergueu o telefone para providenciar a equipe que faria a segurança de Isabella. Quando desligou, lembrou-se de que Alice retornaria dentro de uma semana, e gemeu. Contava não ter de se ocupar mais de Isabella quando sua futura noiva chegasse. Uma mulher era mais que suficiente, e ter de dividir sua atenção entre duas era uma receita infalível de desastre. Mas talvez Alice tivesse algumas ideias no que se relacionava a Isabella. Talvez os dois pudessem apresentá-la a rapazes qualificados que deviam estar à altura de suas exigências. Decidindo que aquela era mais uma tarefa para Sue, chamou a secretária e lhe pediu para providenciar uma lista de solteiros qualificados, com os passados verificados e com os prós e contras de cada um. Sue pareceu achar graça naquele pedido, mas não o questionou. Edward se recostou para trás na cadeira e cruzou as mãos na nuca. Aquilo não lhe tomaria muito tempo. Encontraria um apartamento e um marido para Isabella, e então se concentraria nas próprias núpcias.
– ISABELLA! – GRITOU Victória, escancarando a porta de seu apartamento.
Isabella se viu envolta no abraço da amiga, o qual retribuiu com igual intensidade.
– Entre. Entre. É muito bom voltar a vê-la! – exclamou Victória, fazendo-a entrar.
As duas se sentaram na pequena sala de estar, e Victória não perdeu tempo para indagar:
– E então? Você o encontrou?
Isabella sorriu.
– Acabei de sair do escritório dele.
– E…?
Isabella deu de ombros.
– Eu desisti de ir para a Europa, e vou procurar um apartamento na cidade. Edward me ajudará – acrescentou com um breve sorriso.
– Ele recebeu bem a notícia? Victória atirou uma mecha do longo cabelo ruivo de sobre o ombro, deixando as belas feições em evidência. Um ano mais velha que Isabella, graduara-se um período antes, e se mudara para Nova York para tentar uma carreira na Broadway.
– Eu não diria que recebeu bem – respondeu Isabella, divertida. – Acho que Edward ficou pensando que diabos iria fazer comigo. Os irmãos Cullen levam suas responsabilidades muito a sério. Afinal, são gregos. E eu sou uma grande responsabilidade da qual Edward quer se livrar. Tenho certeza de que estava ansioso por me enfiar em um avião para a Europa o mais rápido possível.
– Muito bem, então conte-me todos os pormenores – estimulou Victória, ansiosa. – Qual é o seu plano?
Isabella fez uma careta.
– Não sei ao certo. Planejei viajar para a Europa para fazer marcação cerrada sobre Edward lá. Mas de repente, ele se fixou em Nova York, e tive de mudar todos os meus planos. A boa notícia é que vamos almoçar amanhã, depois de procurarmos um apartamento. Acho que a partir daí verei que rumo as coisas tomarão.
– Como ele reagiu quando a viu? – quis saber Victória. – Quanto tempo fazia desde a última vez em que a viu? Quatro anos?
– Argh! Sim. Graças a Deus, meu corpo está mais curvilíneo agora.
– E então? Ele se encantou com seu charme feminino? – Victória esboçou um sorriso largo.
– Tenho certeza de que ele notou, mas acho que sentiu uma mistura de interesse e espanto. Você tem de entender que Edward é um homem muito… uh… tradicional. – Isabella deixou escapar um suspiro e se recostou para trás no sofá. – Mas se eu tivesse aparecido vestida como uma jovem grega recatada, ele não teria me dedicado um segundo olhar. Teria sido relegada ao status de irmã caçula, como Emmett me vê, e não haveria como mudar isso.
– Ah, então é melhor lançar o desafio desde o início. – Victória compreendeu, por fim.
– Exatamente – murmurou Isabella. – Se ele nunca me vir como um ser inofensivo, será muito difícil me ignorar.
Victória soltou uma risada e segurou a mão de Isabella.
– Estou muito feliz por reencontrá-la. Fazia muito tempo que não nos víamos, e estava com saudade.
– Sim, fazia. Agora, chega de falar de mim. Quero ouvir todas as novidades sobre sua carreira na Broadway. Conte-me, conseguiu algum papel?
Victória retorceu os lábios em uma expressão tristonha.
– Poucos e espaçados, mas não desisti. Por falar nisso, tenho um teste na semana que vem. Isabella franziu a testa.
– Está conseguindo se sustentar?
– Tenho um emprego. Poucas horas. Apenas algumas noites por semana. Pagam muito bem, mas exigem uma aparência estonteante – afirmou Victória, ousada. – Mas servirá até que eu consiga meu grande papel.
Isabella observou a amiga com desconfiança.
– Que tipo de emprego é esse?
Victória exibiu um sorriso furtivo, o olhar faiscando de malícia.
– É num clube masculino. Muito elegante e exclusivo.
O queixo de Isabella pendeu.
– Está trabalhando como stripper?
– Nem sempre tiro a roupa – retrucou Victória. – Não é uma exigência, porém ganho gorjetas mais polpudas quando o faço – acrescentou com um sorriso largo.
Isabella a observou por um longo instante e, em seguida, soltou uma risada.
– Eu poderia ter umas aulas com você. Edward seria obrigado a me notar se eu me despisse na frente dele.
Victória também explodiu em uma gargalhada, e as duas riram até seus rostos estarem molhados de lágrimas.
– Se ele não a percebeu, então está morto.
Em um impulso, Isabella se inclinou para a frente a abraçou a amiga.
– É tão bom estar aqui! Senti sua falta. Estou tendo um bom pressentimento sobre minha estada em Nova York. Como se isso fosse dar certo e eu pudesse fazer Edward se apaixonar por mim. Victória retribuiu o abraço de Isabella e, em seguida, se soltou, com um sorriso gentil estampado no rosto.
– Tenho total certeza de que Edward se apaixonará perdidamente por você. Mas se isso não acontecer… Você é jovem e linda. Pode escolher qualquer homem.
– Só Edward me interessa – retrucou Bella, com suavidade. – Eu o amo há tanto tempo!
– Muito bem, nesse caso precisamos pensar em uma forma de fisgá-lo, certo? – Victória piscou, com um sorriso.
– Alice – EDWARD a cumprimentou com voz suave. – Creio que esteja tudo bem com você.
Do outro lado da linha soou a saudação polida, de alguma forma distante e reservada; mas ele não esperava nada mais que isso. Alice vivia em seu mundo de decoro, e jamais ofereceria um cumprimento mais efusivo. Aquele simplesmente não era seu estilo.
– Providenciei para que o jato da Cullen a transporte da Grécia para Nova York daqui a uma semana. Sua mãe a acompanhará na viagem? Aquela era uma pergunta retórica, mais para demonstrar educação do que obter a informação. Afinal, Edward sabia muito bem que a família de Alice jamais permitiria que ela viajasse desacompanhada para visitar um homem solteiro.
– Eu a esperarei ansioso – continuou ele. – Fiz reserva para uma ópera logo após a sua chegada.
Se tudo desse certo, pediria para falar a sós com Alice e lhe proporia casamento. Depois, as duas famílias poderiam partir para os preparativos da festa e da cerimônia. Claro que teria de informar os irmãos de suas intenções. Depois que interrompeu a ligação, fitou o telefone por um longo instante. Tinha certeza de que Emmett, enlevado em seu recém-descoberto amor, se mostraria relutante em encorajá-lo a entrar em um casamento desprovido daquele sentimento. Por outro lado, Jasper daria de ombros e diria que aquela era sua vida e, se desejava estragá-la, que fosse adiante. Com o tempo, ele poderia aprender a amar Alice. Gostava dela e a respeitava, o que era mais do que sentia pela maioria das mulheres que conhecia. Não era ingênuo a ponto de esperar que uma mulher o amasse com a mesma intensidade que Rose amava Emmett. Mas lhe agradava o pensamento de ser amigo de sua futura esposa e apreciar sua companhia sobre e fora da cama. Franziu a testa ao imaginar Alice nua na cama, sob seu corpo. Baixou o olhar à virilha como se esperasse alguma resposta. E se decepcionou. Alice… ela parecia fria e extremamente rígida. Mas não podia culpá-la por isso. Com toda a certeza, era virgem e seria sua função fazer brotar a paixão nela. Era sua obrigação como marido.
Com um suspiro, conferiu a hora no relógio de pulso, e tamborilou os dedos sobre a mesa. Sue lhe fornecera três opções de apartamentos, todos em excelentes áreas e próximos ao Imperial Park Hotel. Mas a secretária ainda não havia lhe apresentado a lista dos solteiros qualificados. Não importava. A primeira providência era acomodar Isabella. Quanto antes, melhor. Depois, se preocuparia em lhe arranjar um marido.
Quando Edward ouviu a porta do escritório se abrir, ergueu o olhar, perplexo. Em seguida, franziu a testa quando viu Isabella entrar. Naquele exato instante, o interfone tocou, e a voz de Sue anunciou em um tom seco que Isabella estava entrando.
– Bom dia – ela o cumprimentou cantarolando quando parou diante da ampla mesa. Edward engoliu em seco e estreitou o olhar ao observar os trajes de Isabella. Não eram exatamente
indecentes e, portanto, não poderia reclamar. Conseguiam cobri-la. Quase. Sentiu a boca ressecada quando ela espalmou as mãos sobre o tampo da mesa e se inclinou para a frente. Os seios se avolumavam muito próximos do decote da camiseta, permitindo que ele visse os bojos rendados do sutiã meia taça que os suspendiam. Edward soltou um xingamento em seu íntimo e se forçou a erguer o olhar.
– Bom dia, Isabella.
– Bella, por favor. A não ser que me chamar assim o incomode, de alguma forma.
Não era o caso, embora o apelido soasse mais íntimo; ainda mais quando se pensava no significado italiano daquele nome: bela. Exatamente o que ela era. Estonteantemente bela. Diferente dos tipos sofisticados de mulheres que gravitavam ao redor dele, mas sem dúvida, linda. Havia algo indômito e selvagem naquela jovem um tanto atrevida. Edward rilhou os dentes e mudou de posição na cadeira. Embora sua masculinidade não tivesse reagido à lembrança de Alice, voltara à vida, de uma forma dolorosa, no instante em que Isabella adentrara o escritório.
Era o tutor daquela jovem, alguém que tinha de cuidar de seu bem-estar, e lá estava ele fantasiando tê-la. Uma onda de desgosto o invadiu. Aquilo não só era desrespeitoso com Isabella, mas também com Alice. Nenhuma mulher merecia que o futuro noivo morresse de desejo por outra.
– Bella – repetiu ele, aceitando a sugestão de utilizar o apelido.
Combinava com ela. Suave e linda. Edward se ergueu da cadeira e contornou a mesa.
Isabella o observou com olhar curioso, e ele se descobriu perguntando por quê.
– Está vestido de maneira informal hoje – comentou ela depois de soltar uma risada. – Estou tão acostumada a vê-lo apenas com ternos e gravatas.
– Quando você me viu? – perguntou ele, surpreso.
Edward pensou nas ocasiões em que ela poderia tê-lo visto e, embora provavelmente estivesse usando um terno, aquilo não poderia servir de base para tal suposição. Isabella corou, e ele observou, fascinado, o rubor se espalhar pelo belo rosto de traços perfeitos.
Bella baixou a cabeça, e o movimento fez o cabelo escorregar sobre os ombros.
– Em fotos. Há sempre fotos suas nos jornais.
– E você consegue todos esses jornais na Califórnia? – questionou Edward.
– Sim. Gosto de estar a par da vida de quem cuida de meu bem-estar financeiro.
– Faz muito bem – afirmou Edward, em tom de aprovação. – Pronta para ir? Tenho uma lista com opções de apartamentos. Tomei a liberdade de restringir as possibilidades às regiões mais adequadas para uma jovem morar sozinha.
E então, percebeu que tirara uma conclusão precipitada. Não havia nenhuma razão para acreditar que uma mulher tão bonita e vibrante quanto ela fosse viver sozinha. Porém, Edward se recusou a voltar atrás na afirmação ou perguntar se, no momento, ela se achava envolvida com alguém. Mas era necessário saber, porque se Isabella estivesse em um relacionamento, ele teria de abandonar o projeto de apresentá-la a maridos em potencial.
– Sim, se você estiver – respondeu ela, presenteando-o com um sorriso afetuoso. Encaminhavam-se para fora do prédio que abrigava o centro de operações da Cullen, quando ele pousou a mão nas costas de Isabella, fazendo-a sentir aquele toque mesmo através da camiseta. O contato parecia lhe queimar a pele, e ela poderia jurar que, se fosse ver, encontraria os contornos daqueles dedos longos marcados a ferro em brasa em sua carne. Após nutrir aquele amor platônico durante tantos anos, Isabella se preparara para o
desapontamento, para a possibilidade de o homem que Edward se tornara não corresponder ao dos seus sonhos. Estivera tão distante da verdade que a realidade quase a sufocava. Aquele homem era mais, muito mais do que imaginara. Os sentimentos por ele não se dissiparam ao revê-lo. Ao contrário, haviam se consolidado.
Isabella sentou-se ao lado dele no banco traseiro da limusine. Além do motorista, Henry, havia um membro da equipe de segurança de Edward sentado no banco da frente. Quando estacionaram diante do primeiro prédio de apartamentos, ela percebeu que outro carro pequeno parou atrás da limusine, de onde dois homens saltaram para escanear cuidadosamente as redondezas.
– Não me recordo de uma segurança tão exagerada na última vez em que estive aqui – murmurou Bella, ao se encaminharem para a entrada.
Edward enrijeceu.
– É um mal necessário.
Isabella esperou que ele acrescentasse alguma coisa, mas nenhuma informação adicional lhe foi dada.
Três horas mais tarde, os dois haviam visitado todos os apartamentos que constavam da lista, sendo que os dois primeiros Edward vetou antes que ela emitisse qualquer opinião. Nada disse sobre o terceiro, mas lhe ofereceu a escolha entre aquele e o último. Isabella suprimiu uma risada e o informou em tom sério que gostou do quarto.
Edward anuiu em aprovação e deu início ao processo de garanti-lo para ela.
– Pretende transportar sua mobília para o apartamento? – perguntou ele, quando retornavam à limusine.
Isabella fez que não.
– Pretendo comprar tudo que preciso aqui e mandar entregar lá. Será muito divertido!
Edward rosnou algo entre os dentes, mas quando os olhos chocolates se fixaram nele, questionadores, se limitou a comprimir os lábios.
– Providenciarei alguém para levá-la às compras – disse, de má vontade.
Isabella arqueou uma das sobrancelhas.
– Posso lhe garantir que não preciso de babá. Emmett me atrelou a uma quatro anos atrás, porém agora não tenho mais necessidade disso.
– Não permitirei que perambule pela cidade, sozinha – retrucou ele, resoluto.
Isabella deu de ombros e lhe dirigiu um sorriso frouxo.
– Você poderia ir comigo.
Edward a encarou, surpreso.
– Não? Você parece a escolha lógica, já que não conheço mais ninguém na cidade. – Ela omitiu Victória de propósito. Não havia razão para Edward saber sobre Victória, mesmo porque não aprovaria aquela amizade se soubesse que ela trabalhava em um clube de striptease. E era certo que descobriria. No instante em que Isabella o informasse sobre alguém de suas relações, Edward levantaria todo o passado daquela pessoa, e certamente a proibiria de continuar encontrando a amiga. Não que ela fosse obedecê-lo, mas pretendia que aquele relacionamento começasse da melhor forma possível. O desejo era suficiente por ora, mas queria que Edward se apaixonasse por ela. Queria que ele necessitasse dela.
– Sim, tem razão – concordou ele com expressão contrariada. – Esqueci que você vivia na Califórnia e esteve aqui apenas de visita.
Isabella escorregou para o banco da limusine e o presenteou com um sorriso quando ele se
acomodou ao seu lado.
– Isso significa que fará compras comigo?
Edward resmungou algo incompreensível, e ela não conseguiu mais conter a risada. Os olhos de Edward se arregalaram, e ele os fixou nela, como se achasse aquele som encantador. Isabella perdeu o fôlego quando reconheceu, por um breve instante, o desejo refletido naquele olhar. Mas tão rápido quanto o deixou transparecer, Edward pestanejou para encobri-lo.
– Terei de verificar se minha agenda permite isso – retrucou, tenso.
– Aonde vai me levar para almoçar? – questionou Isabella, mais para lembrá-lo daquele compromisso do que por mera curiosidade sobre o restaurante. Não se importava como o local onde comeriam. Queria apenas passar algum tempo ao lado dele.
– Temos um excelente restaurante no hotel – disse Edward. – Tenho uma mesa sempre disponível para mim. Pensei em almoçarmos lá, e depois você poderá se recolher à sua suíte para descansar.
Isabella resistiu ao impulso de revirar os olhos. Ele era escorregadio. Planejando a forma mais fácil de se livrar dela. Mas não podia culpá-lo. Sabia que era um fardo inesperado, e Edward era um homem ocupado. Isabella mordeu o lábio inferior e desviou o olhar para o tráfego que fluía além da janela do carro, imaginando como fazê-lo enxergá-la não como uma inconveniência, mas como a mulher que o amava e o desejava desesperadamente.
– Algo errado, Bella?
Ao girar, deparou com o olhar preocupado de Edward.
Ela sorriu e negou com a cabeça.
– Apenas um pouco cansada. E excitada.
Edward franziu a testa.
– Talvez seja melhor permitir que eu providencie a mobília para o seu apartamento. Se anotar todas as suas preferências, posso contratar um projetista para trabalhar com você, e dessa forma não necessitaria ir comprar tudo que precisa.
– Oh, não, isso será muito divertido. Mal posso esperar para escolher tudo para o apartamento. Eu o achei deslumbrante.
– Quais são seus planos, Bella? – quis saber Edward.
Isabella pestanejou, confusa.
– Planos?
– Sim. Planos. Agora que se formou, quais são seus planos profissionais?
– Oh! Bem, planejo tirar um verãode férias. No outono, eu me concentrarei no futuro.
Edward nada disse, mas ela podia sentir que aquilo o incomodara. Isabella sorriu em seu íntimo. Tal atitude devia lhe causar urticária. Ele e os irmãos tendiam a uma atitude implacável no que dizia respeito aos negócios. Não era à toa que possuíam a empresa hoteleira mais bem-sucedida do mundo.
Quando chegaram ao hotel, Edward a guiou, apressado, para dentro, enquanto a equipe de segurança os cercava por todos os lados. Aquilo era estranho e um tanto surreal; como se fizessem parte da realeza. Alguns minutos depois, foram guiados à mesa de Edward no restaurante, que ficava situada em um canto tranquilo, quase excluída das demais. Edward a acomodou na cadeira e, em seguida, contornou a mesa para se sentar no lado oposto. Depois de deixar o corpo alto e esbelto afundar na cadeira, ele a observou preguiçosamente.
– O que gostaria de comer, pethi mou? Isabella se encolheu em seu íntimo diante do tratamento carinhoso. Era o mesmo que Edward usava quando ela estava com 13 anos. Minha pequena. Aquilo a fez trincar os dentes. Não era algo que evocava imagens dos dois enroscados na cama. – O que sugere? – perguntou ela, estudando os lábios de Edward, a curvatura firme e sensual da boca e a sombra escura da insinuação da barba que já lhe cobria a mandíbula. Sentiu-se tentada. Extremamente tentada a esticar a mão e escorregar a ponta dos dedos ao longo daquela aspereza e, em seguida, sobre a maciez dos lábios de Edward. Como seria beijá-lo? Beijara vários rapazes na faculdade. Rapazes, porque comparados a Edward, não passavam disso. Alguns eram muito bons, outros, desajeitados e "agradáveis". Mas Edward… Beijá-lo seria como perseguir uma tempestade. Quente. Excitante. Ofegante. A pulsação de Isabella acelerou, ao imaginar o roçar quente daquela língua na sua.
– Bella?
Isabella pestanejou várias vezes, sacudindo a cabeça quando percebeu que ele a chamava fazia alguns segundos.
– Desculpe… Perdida em pensamentos.
– Estava sugerindo que experimentasse o salmão – disse Edward.
Isabella anuiu e girou a cabeça na direção do garçom que se encontrava parado ao lado da mesa.
– Vou querer o que ele sugeriu – afirmou com voz rouca.
Edward fez os pedidos de maneira sucinta, e o garçom se apressou em partir logo em seguida.
– Agora, Bella – começou ele, inclinando-se para trás na cadeira. Parecia à vontade, enquanto deixava o olhar vagar por suas feições, fazendo com que cada terminação nervosa do corpo de Isabella entrasse em combustão espontânea. – Talvez possamos conversar sobre o seu futuro.
Isabella não conseguiu conter o nervosismo.
– Meu futuro? – Ela soltou uma risada leve na tentativa de tranquilizar as batidas desgovernadas do coração. Se dependesse dela, seu futuro estaria inexoravelmente ligado ao dele.
– Isso mesmo. Sobre o seu futuro. Imagino que em algum momento parou para pensar nele. Edward falava com sarcasmo, impaciente com alguém que não tivesse um plano incontestável. Se ao menos ele soubesse! Aquilo fora tudo que ela fizera nos últimos anos: planejar seu futuro. Com ele.
– Pensei muito sobre meu futuro, sem dúvida.
– Você mencionou casamento. Está mesmo pretendendo se casar antes de completar 25 anos?
– Estou contando com isso.
Edward anuiu como se aprovasse, e Bella quase deixou escapar uma risada. Será que Edward se mostraria tão favorável àquela ideia se soubesse que ele era o noivo escolhido? Isabella suspirou. Sentia-se tão perniciosa. Como se estivesse planejando um assassinato em vez de uma sedução.
– Isso é bom. – Edward meneou a cabeça. – Tomei a liberdade de fazer uma lista de possíveis candidatos.
A testa de Isabella se enrugou enquanto ela o observava, perplexa.
– Candidatos? A quê?
– Casamento, Bella. Pretendo ajudá-la a encontrar um marido.
ISABELLA O observou, desconfiada, imaginando se de repente ele desenvolvera um senso de humor.
– Pretende fazer o quê? – perguntou ela, mais uma vez.
– Você está procurando um marido. Após minha apreensão inicial, acabei achando uma boa ideia. Uma mulher em sua posição social deve ser muito cuidadosa. – Edward prosseguiu, obviamente se empolgando com o assunto: – Portanto, tomei a liberdade de elaborar uma lista de candidatos qualificados.
Isabella soltou uma sonora gargalhada. Não conseguiu se conter. Dentre todos os absurdos que já escutara, aquele era, sem dúvida, a cereja do bolo.
Edward pestanejou, com expressão surpresa. Em seguida, franziu a testa, vendo-a continuando a rir.
– O que acha tão engraçado?
Isabella fez um movimento negativo com a cabeça, com um sorriso ainda lhe curvando os lábios
. – Estou nesta cidade há dois dias e você já planeja me casar. E diga-me: o que quer dizer com "uma mulher na minha posição deve ser muito cuidadosa"?
– Você é rica, jovem e bonita – retrucou ele, sem rodeios. – Todos os homens entre 20 e 80 anos estarão dispostos a se casar com você e levá-la para a cama; não necessariamente nessa ordem.
Isabella se recostou para trás, fingindo surpresa.
– Uau! E nenhuma menção à minha inteligência, esperteza e charme. Fico feliz em saber que não planejo me casar por razões superficiais.
Edward adotou uma expressão séria, esticou o braço sobre a mesa e lhe segurou a mão. Um calor intenso se espalhou pelo braço de Isabella quando os dedos longos lhe acariciaram a palma.
– Por isso mesmo acho que devo me envolver em sua procura por um marido. Haverá homens que tentarão se aproveitar de você, fingindo ser o que não são. Os caça-dotes fingirão desconhecer sua fortuna. Fingirão ter sido seduzidos por sua meiguice e generosidade. É importante que qualquer homem que permitamos que se aproxime de você seja minuciosamente avaliado por mim.
Os lábios de Isabella tremeram, mas ela não ousou soltar outra risada. Ele estava muito sério, e tinha de admitir que toda aquela preocupação era lisonjeira. Seria até mesmo adorável se ele não estivesse tão empenhado em casá-la com outro homem.
– Não fique desanimada, pethi mou – disse ele em tom tranquilizador. – Há muitos homens que lhe dariam o mundo. É apenas uma questão de encontrar o certo.
Isabella teve de se esforçar para não se encolher na cadeira. Aquele era o discurso mais doloroso que já escutara.
– Tem razão, claro – murmurou.
O que mais poderia dizer? O que desejava de fato era se inclinar para a frente e lhe perguntar se não poderia ser ele aquele homem. Mas Isabella já sabia a resposta. Edward não poderia ser aquele homem. Pelo menos, por ora. Não até que tivesse tempo para se acostumar à ideia.
Edward sorriu em aprovação e lhe soltou a mão, antes de se inclinar para trás na cadeira. Ela baixou o olhar à própria mão, lamentando a perda daquele contato.
– Então, diga-me, quais são suas exigências em relação a um marido? – perguntou Edward, indulgente.
Isabella fixou um olhar pensativo nele, a mente reunindo todos os aspectos que mais apreciava em Edward. E então, começou a contar as qualidades nos dedos.
– Vejamos. Gostaria que ele fosse alto e bonito.
Edward revirou os olhos.
– Descreveu o desejo de metade da população feminina.
– Gostaria também que fosse gentil e responsável. Como prefiro não ter filhos de imediato, seria importante que ele concordasse com isso.
– Não quer ter filhos?
Edward pareceu surpreso. Devia pensar que todas as mulheres ansiavam por dar à luz uma extensa prole tão logo lhe colocavam uma aliança no dedo.
– Não disse que não queria ter filhos – respondeu Isabella, calma. – Deixe-me adivinhar: você os quer imediatamente.
Edward arqueou uma sobrancelha.
– Não estamos discutindo sobre mim, mas sim, não vejo razão para esperar.
– Isso porque não é você quem os terá – retrucou ela.
Por um instante, Bella pensou que Edward fosse soltar uma risada, mas em seguida, ele gesticulou para que Isabella continuasse a listar as características de seu pretendente. Antes de responder, ela fingiu pensar sobre o assunto.
– Quero que ele seja mais rico que eu para que minha fortuna não seja um problema. Edward meneou a cabeça, concordando. Em seguida, Isabella baixou o tom de voz e se inclinou para a frente: – Quero que ele anseie por mim, que não seja capaz de passar um dia sem me tocar, me abraçar, me acariciar. Terá de ser um excelente amante. Quero um homem que saiba me dar prazer – concluiu, rouca e com a voz cheia de desejo.
Os olhos de Edward lhe varreram a pele exposta e, por um instante, ela imaginou ver a paixão em resposta às suas palavras.
– Não concorda que eu deveria esperar isso de um homem? – perguntou Bella, de um modo suave, enquanto o estudava.
Edward limpou a garganta e desviou o olhar por um breve instante. Ela o estaria afetando ou seria ele completamente imune? Não, havia algo naquele olhar. Todo o corpo de Edward emanava uma intensa energia sexual. Isabella podia ser jovem, mas não era ingênua, e certamente não era tola no que se referia aos homens. Tivera sua parcela de rapazes interessados. Era capaz de identificar um flerte inocente; e, mais tarde, vivenciou também a intensidade obscura e taciturna de um homem cujas paixões fervilhavam profunda e intensamente. Nunca antes Isabella sentira o intenso magnetismo que existia entre ela e Edward. Passara anos à procura de algo que ao menos se assemelhasse àquela paixão que florescera em sua adolescência. Tivera algumas experiências com os namorados. Beijos, apalpadelas desajeitadas que a fizeram colocar o rapaz porta afora. Houve apenas um que quase a seduzira a se entregar por inteiro. Por fim, fora ele a lhe dar um beijo suave e lhe dizer que ficava muito honrado com a possibilidade de ser seu primeiro homem, mas que ela deveria resguardar sua inocência para alguém que ocupasse um lugar especial em seu coração.
Na época, Isabella interpretara aquilo como a desculpa de um homem fugindo de uma mulher que obviamente ligava o sexo ao compromisso, ou pelo menos a um relacionamento sério. Agora, sentia- se agradecida por não ter entregado de bom grado sua inocência. Travis tinha razão. Sua virgindade era algo precioso, e devia entregá-la apenas a um homem especial.
Mais uma vez, Isabella pestanejou ao perceber que Edward falava com ela.
– Acho que tem razão em dar ênfase a essas… qualidades – concordou ele, sem conseguir disfarçar o constrangimento. – É evidente que não seria adequado um homem que a negligenciasse em qualquer aspecto. E é natural que queira alguém que compartilhe de sua visão sobre casamento e família.
– Mas não acha que estou certa em desejar um bom amante? – insistiu ela, com uma das sobrancelhas erguidas.
Os olhos de Edward faiscavam com o reflexo da vela situada no centro da mesa. A respiração de Isabel ficou presa em algum ponto de seu peito, e a garganta começou a se fechar. Ela engoliu em seco diante da força primitiva que irradiava de Edward em um zunido baixo e sensual.
– Seria uma lástima se um homem não tivesse ideia do que fazer com uma mulher como você, Bella.
Edward ergueu o olhar, aliviado com a aparição do garçom que trazia os pedidos.
Por outro lado, ela praguejou contra tal interrupção. Porém, após o garçom se retirar, Edward a surpreendeu murmurando com aquele sotaque sexy:
– Sua mãe morreu quando você ainda era criança, certo? Houve alguém com que você pudesse conversar sobre… os homens?
Isabella o encarou, atônita. Edward pensava mesmo que ela chegara à idade de 22 anos sem nunca ter ouvido a história da cegonha? Não sabia dizer quem estava mais horrorizado, se ela ou Edward. Ele parecia constrangido e, diabos, ela também.
Erguendo o garfo, Isabella cortou um pedaço do delicioso peixe. Quando o sentiu em sua língua, quase suspirou de prazer. Estava maravilhoso, e ela se encontrava faminta. Era óbvio que Edward esperava por sua resposta. Aquela pergunta ridícula estava mais apropriada a uma adolescente de 14 anos, com o rosto cheio de espinhas, do que a uma mulher de 22.
– Se eu responder que não, você se oferecerá a se incumbir de minha educação nesse sentido? – perguntou ela com um lampejo de sorriso.
Edward a encarou com expressão exasperada.
– Suponho que isso seja um "sim". Alguém conversou com você sobre essas questões.
– Só falta você se oferecer para comprar artigos femininos para mim – resmungou Bella. Edward engasgou com o gole do vinho que engolia e se apressou a pousar a taça na mesa.
– Sua diabinha! Não é educado fazer alguém rir quando está bebendo.
– Devo lembrá-lo de que foi você quem começou esta conversa – rebateu ela.
Isabella o observou ingerir uma garfada da comida e limpar a boca com o guardanapo. Aquele homem tinha de fato lábios estonteantes. Perfeitos para beijar.
– Tem razão. – Edward deu de ombros. – Apenas estava imaginando se você teria conversado com outra mulher sobre homens, maridos, e, claro, que tipos de homens se revelariam os melhores maridos.
– E amantes – acrescentou Isabella.
– Sim, claro – concedeu Edward, resignado. Isabella se inclinou para trás na cadeira com uma expressão desafiadora estampada no semblante.
– Não quer que sua futura esposa seja uma boa amante?
Edward lhe dirigiu o que ela podia classificar como olhar horrorizado.
– Não, claro que não espero que minha futura esposa seja uma boa amante. É meu dever… – Ele se calou, com a voz estrangulada. – Não estamos discutindo minha futura esposa – acrescentou com aspereza.
Mas a curiosidade de Isabella fora despertada. Inclinando-se para a frente, ela pousou o queixo em uma das palmas, esquecendo-se da comida.
– O que é seu dever?
– Esse não é o tipo de conversa adequada para nós – respondeu ele, tenso.
Isabella deixou escapar um suspiro, e quase revirou os olhos. Ele, pelo visto, não se incomodava em fazer o papel de tutor quando lhe convinha, e a última coisa que ela desejava era semear qualquer tipo de instinto paterno no cérebro de Edward. Porém, queria desesperadamente ouvir o que ele considerava ser seu dever para com a mulher que compartilharia sua cama.
– Você é meu tutor. Com quem mais posso conversar sobre estas questões?
Edward deixou escapar um suspiro longo e desolado, antes de tomar outro gole do vinho.
– Não espero que minha esposa seja sexualmente experiente quando se deitar comigo. É meu dever lhe despertar a paixão e lhe ensinar tudo que ela precisa saber sobre… fazer amor.
Isabella enrugou o nariz.
– Isso parece muito medieval. Nunca pensou na possibilidade de ela lhe ensinar uma ou duas coisas?
Edward pousou a taça, com o ultraje estampado no rosto. Era óbvio que nunca lhe ocorrera que alguma mulher pudesse lhe ensinar o que quer que fosse no que se referia ao sexo.
Então, Edward se considerava um bom amante. Isabella teve de se esforçar para conter um tremor que lhe varou todo o corpo. Desejava desesperadamente aquelas mãos longas e elegantes sobre cada centímetro de sua pele. Estava mais que disposta a ser uma pupila aplicada sob a tutela daquele homem.
– Posso lhe assegurar que há muito pouco que uma mulher possa ensinar que eu já não conheça muito bem – respondeu ele, com uma leve entonação arrogante.
– Tão experiente assim?
Edward fez uma careta.
– Não sei por que nossa conversa desceu a este nível, mas de modo algum é apropriada entre um tutor e sua tutela.
E lá estava a barreira outra vez. Ao menos ele se esforçava para erguê-la a um patamar não ameaçador, o que significava que aquela era a opinião de Edward sobre ela: uma ameaça. Isabella se concentrou em terminar a refeição, deixando que o silêncio os envolvesse. Edward a observou, e ela permitiu, tomando cuidado para não erguer o olhar e encontrar o dele. Havia curiosidade nos olhos de Edward, mas também interesse, e não do tipo platônico. Ele podia estar lutando com unhas e dentes contra aquele sentimento, mas o olhar não mentia.
Quando terminaram a refeição, ele a questionou sobre qual o próximo passo em relação ao apartamento.
– Vou precisar de móveis, claro. Sem mencionar comida e itens básicos.
– Faça uma lista de gêneros alimentícios e quaisquer itens domésticos de que necessite. Mandarei entregar no apartamento para que você não precise comprar. Se puder ficar mais alguns dias na suíte do hotel, verei se consigo encaixar uma ida a alguma loja de móveis em minha agenda, mais para o final da semana.
– Oh, preciso de tudo – respondeu ela, animada. – Toalhas, pratos, roupas de cama…
Edward ergueu uma das mãos e sorriu.
– Faça uma lista detalhada. Farei com que seja providenciada. – Edward atirou o guardanapo sobre a mesa e gesticulou para o garçom, antes de voltar a encará-la. – Pronta para retornar à sua suíte?
Isabella não estava, mas também sabia que não podia monopolizar toda a manhã de Edward. Afinal, ele era um homem ocupado. Portanto, anuiu e se levantou da cadeira. Eles se encontraram ao contornarem a mesa. Mais uma vez, Edward lhe pousou a mão nas costas, na altura da cintura, enquanto a guiava para a saída.
– Vou acompanhá-la até seus aposentos – disse ele, quando saíram para o saguão.
As portas do elevador deslizaram para se abrir, e os dois entraram. Mesmo antes de se fecharem completamente, ela se voltou para Edward. Estavam tão próximos. O calor que dele irradiava a envolvia como um casulo. Podia sentir a fragrância cítrica da colônia masculina que Edward usava.
– Obrigada por esta manhã – murmurou Isabella. Ela esticou a mão para segurar a dele, sabendo que Edward se inclinaria e lhe daria um beijo em cada face.
O elevador se aproximava da cobertura.
– Não há o que agradecer, pethi mou. Pedirei à minha secretária que entre em contato com você sobre o apartamento e nossa ida à loja de móveis.
Assim como Bella previa, Edward se inclinou para lhe depositar um beijo rápido no rosto. Porém, ela encostou o corpo no dele e, antes que ele pudesse esboçar qualquer reação, envolveu-lhe o pescoço com os braços no mesmo instante em que os lábios quentes lhe roçavam o lateral do rosto. Isabella girou a cabeça de modo que as bocas dos dois se encontrassem. A atmosfera pareceu explodir ao redor deles. Os lábios se fundiram, e uma descarga elétrica gravitou entre eles com uma potência equivalente aos raios de uma tempestade. A princípio, Edward ficou imóvel, enquanto ela o beijava de maneira ousada. Em seguida, com um gemido rouco emergindo da garganta, ele assumiu o controle. Puxando-a contra o corpo até que não houvesse nenhum espaço entre ambos, Edward lhe envolveu o corpo com os braços, escorregando uma das mãos pelas costas delgadas e espalmando as nádegas firmes através do tecido da calça. Isabella se encontrava ciente de cada toque. Os dedos que a acariciavam eram como ferro em brasa contra sua pele, queimando-a mesmo através do jeans. Ele enterrou a outra mão no cabelo longo e macio, resvalando no couro cabeludo, antes de fechá-la nas mechas espessas e sedosas. Não era um simples beijo ou carícias efetuosas trocadas entre duas pessoas que estavam se conhecendo. Era um beijo de dois amantes, famintos um pelo outro. Não havia hesitação ou espera por permissão. Era como se tivessem estado separados por muito tempo e, por fim, conseguissem se encontrar. Duas pessoas que se conheciam intimamente. O atrito quente da língua de Edward a induzia a abrir ainda mais a boca para lhe facilitar o acesso. E então ele a invadiu, travando uma batalha frenética com a língua de Isabella, convidando-a a corresponder com igual intensidade. O que ela não se negou a fazer, provando-o e testando os contornos daquela boca sensual. A mão que se encontrava espalmada na curva de sua nádega rumou para cima, escorregando sob a blusa e lhe pressionando a cintura com força até que Isabella se encontrasse esmagada contra a rigidez daquele corpo musculoso. Perdendo o fôlego, ela ofegou quando a mão de Edward fez aquele primeiro contato com sua pele. Os seios intumesceram e latejaram contra o peito largo. Isabella não ousava emitir nenhum som, temendo que, se o fizesse, aquele momento estaria perdido. Edward se lembraria de que a estava beijando. Em vez disso, focou a energia em fazer aquele contato durar o máximo possível.
Quando os lábios de Edward deixaram os dela para escorregar por sua mandíbula e pescoço, ela gemeu, incapaz de se conter. Um tremor lhe varou o corpo, todos os sentidos despertando após um longo inverno. Nunca sentira algo parecido com os lábios de Edward, sussurrando suavemente contra a pele sensível abaixo do lóbulo de sua orelha. Isabella sentiu os joelhos cederem e teve de se agarrar a ele.
De repente, aquela boca macia e quente a abandonou, e um xingamento baixo escapou dos lábios de Edward. Ela fechou os olhos, sabendo que aquele momento estava perdido. Edward a afastou, segurando-a com força pelos braços. Os olhos verdes queimavam, com partes iguais de raiva, autocondenação e… desejo.
Isabella o encarou, impotente, incapaz de dizer ao menos uma palavra. Praguejando mais uma vez em grego, ele fez um movimento negativo com a cabeça, antes de puxá- la para fora do elevador até a porta da suíte, que abriu inserindo o cartão com toda a força na fechadura. Em seguida, escancarou a porta com uma das mãos. Isabella entrou devagar. Quando girou para dizer alguma coisa, Edward já estava soltando a porta para que se fechasse. Antes de ouvir o clique da fechadura, ela escutou os passos apressados se afastando no corredor.
Isabella recostou as costas na porta, fechou os olhos e abraçou o próprio corpo, enquanto revivia aqueles momentos preciosos nos braços de Edward. A paixão entre eles fora instantânea. A química que compartilharam, um combustível avassalador. O último enigma havia sido descoberto. Em todos os outros aspectos, Edward provara ser o par perfeito para ela. A única coisa que lhe restara saber era se havia compatibilidade sexual entre os dois. Não que Isabella tivesse tido alguma dúvida naquele aspecto, e agora, durante aqueles momentos ardentes no confinamento do elevador, a última peça do quebra-cabeça se encaixara. De todo modo, tudo que lhe restava era fazê-lo ver isso.
EDWARD PRENDEU o nariz entre o dedo polegar e o indicador, soltando um xingamento grosseiro e longo. Tinha a impressão de que alguém havia martelado sua cabeça. Estava cansado, e não conseguira dormir mais que uma hora durante toda a noite. Sue lhe lançara olhares durante toda a manhã, como se achasse que ele havia perdido a cabeça, e talvez estivesse certa. Esquecera-se de duas reuniões e dispensara três telefonemas, um dos quais do irmão Jasper. Tudo que lhe ocupava a mente era uma jovem atrevida de cabelo longo e olhos chocolates tentadores. Theos mou! Não conseguia esquecer aquele beijo, a sensação dos lábios macios nos seus, as curvas perfeitas moldadas ao seu corpo como se fossem feitas sob medida para lhe pertencer.
Era o tutor de Isabella. Responsável por seu bem-estar. E, ainda assim, quase a arrastara para o quarto da suíte e fizera sexo com ela. O corpo ainda ansiava por fazer exatamente aquilo. Pelo que parecia ser a centésima vez desde que chegara ao escritório naquela manhã, Edward fez que não com a cabeça. Não importava o que fizesse, não conseguia se livrar da imagem de Isabella. Da fragrância envolvente. Aquela mulher estava destinada a enlouquecê-lo.
Impaciente e um tanto agitado, Edward apertou o botão do interfone. A voz calma de Sue se fez ouvir, perguntando o que ele desejava.
– Fez aquela lista que lhe pedi?
– De qual delas está falando?
– À lista de homens solteiros qualificados que solicitei. Aqueles que pretendo apresentar a Bella. – Ah, aquela… Sim, fiz.
– Então traga-a para mim – ordenou ele.
Instantes depois, Sue transpôs a soleira, segurando uma folha de papel. Edward gesticulou para que a secretária se sentasse na cadeira em frente à mesa.
– Leia os nomes para mim – disse ele, inclinando-se para trás na cadeira.
– Dormiu bem esta noite? – perguntou Sue, estreitando o olhar observador.
Edward resmungou algo e cerrou as pálpebras, esperando que ela desistisse e fizesse o que ele pedira.
– Reginald Hollister.
No mesmo instante, Edward fez um movimento negativo com a cabeça.
– Trata-se de um idiota imaturo. Muito mimado pelos pais. Bella precisa de alguém mais… independente.
Sue riscou o primeiro nome com um movimento teatral.
– Muito bem, então. Que tal Charles McFadden?
Edward franziu a testa.
– Há rumores de que ele agredia a primeira esposa.
– Bradley Covington?
– Um chato – retrucou Edward.
Sue deixou escapar um suspiro, e apressou-se a riscar aquele também.
– Tad Whitley. – Não é rico o suficiente.
– Garth Moser?
– Não gosto dele.
– Paul Hedgeworth.
Edward franziu a testa mais uma vez e tentou imaginar uma razão para desconsiderar Paul.
– Ahá! – exclamou Sue quando nenhum comentário foi feito, fazendo um enorme círculo em volta daquele nome. – Posso convidá-lo para o coquetel que o senhor oferecerá na noite de quinta- feira?
Edward resmungou uma afirmativa. Sue sorriu.
– Ótimo, assim Isabella ficará satisfeita. – A secretária baixou o olhar à lista e voltou a fixá-lo em Edward. – Acho que deveríamos incluir Mike Newton e Sam Uley também. Ambos são homens solteiros, belos e não estão namorando ninguém no momento.
Edward fez um gesto de rendição com a mão. Era melhor deixar aquele assunto por conta de Sue. Ela devia saber o que agradava Isabella melhor que ele.
Os dois foram interrompidos quando a porta se escancarou e Isabella entrou, apressada, com um sorriso luminoso estampado no rosto.
– Desculpe-me pela entrada intempestiva – disse ela com voz ofegante. – Não vi Sue… Aí está você – acrescentou quando se deu conta da presença da secretária.
Sue se ergueu e sorriu para Isabella.
– Não tem problema, minha querida. Eu estava mesmo de saída. Tenho certeza de que o sr. Cullen tem algum tempo para você. Ao que parece, ele cancelou todos os seus compromissos da manhã.
Edward olhou para Sue com expressão severa. Não que aquilo parecesse intimidá-la. Ela deu palmadas leves no braço de Isabella em seu caminho em direção à porta. Quando lá chegou, estacou e girou.
– Vou suspender suas ligações e anotar os recados.
– Isso não será… Mas a secretária já havia se retirado, e ele foi deixado a sós com Isabella.
O olhar de Edward a varreu de cima a baixo, para constatar que ela usava um short. Curto. Que lhe deixava as pernas longas e bronzeadas à mostra. Uma tornozeleira dourada pendia frouxa sobre o pé. As sandálias lhe deixavam expostas as unhas pintadas de rosa. À medida que o olhar subia, Edward percebeu que a camiseta era curta e lhe revelava o abdome, bem como o piercing no umbigo. E se moldava aos seios firmes de uma forma que o fazia lembrar dos concursos de camiseta molhada. Não conseguiria sobreviver àquilo.
Edward limpou a garganta e gesticulou para a cadeira que Sue deixara vaga.
– Fico feliz que tenha vindo. Precisamos conversar.
Isabella girou por um instante, concedendo-lhe a visão da tatuagem que tinha nas costas. O desenho quase faiscava. Parecia ser uma fada ou uma borboleta. Ele não sabia dizer, e aquilo o estava deixando maluco. Tinha vontade de se aproximar e lhe arrancar aquele short para ver o desenho.
Uma tatuagem. Edward se descobriu a ponto de balançar a cabeça negativamente outra vez. O que estava pensando? Se Isabella fosse sua, jamais teria feito uma bobagem como aquela. Não havia sentido em macular aquele corpo. Theos! Ali estava ele, sentado, imaginando o que permitiria ou não que ela fizesse se lhe pertencesse. Mas Isabella não lhe pertencia. Nunca pertenceria. Não devia sequer acalentar tal pensamento.
Isabella se acomodou na cadeira de frente para ele, o que deixava os seios perfeitos em sua linha de visão. Não podia acusá-la de usar um decote muito profundo e revelador. A camiseta os cobria muito bem, mas se colava aos volumes arredondados, realçando cada curva e elevação. Era muito mais excitante que um decote generoso.
– Sobre o que quer conversar? – perguntou ela.
Edward se encontrava a ponto de perder a cabeça e o controle, enquanto Isabella o encarava com semblante calmo, como se estivessem prestes a discutir o tempo. Ele teve vontade de bater com a cabeça no tampo da mesa. Esfregando o rosto com as mãos, Edward resolveu se concentrar na questão presente.
– Sobre ontem… – começou.
Isabella ergueu uma das mãos, e a surpresa o fez silenciar.
– Não estrague tudo – disse ela com voz rouca.
Edward pestanejou várias vezes, confuso.
– Estragar o quê?
– O beijo. Não estrague o que aconteceu, se desculpando.
– Aquilo não deveria ter acontecido – retrucou ele, tenso.
Isabella suspirou.
– Você está estragando tudo. Pedi para não fazer isto.
Edward a encarou, boquiaberto. Como diabos poderia fazer o sermão que planejara com tanto cuidado se Isabella se mostrava desapontada com o fato de ele ter tocado no assunto?
– Se você se arrependeu, gostaria muito que o fizesse em silêncio – disse ela, antes que Edward pudesse acrescentar qualquer coisa. – Você tem o direito de esquecer o que houve, de se arrepender e de jurar por tudo que é mais sagrado que nunca mais se repetirá. Mas não espere que eu faça o mesmo; e gostaria que não assumisse uma atitude paternalista, minimizando o que aconteceu. No que se refere a beijos, achei que foi próximo da perfeição. O fato de você afirmar o contrário não depreciará o que se deu em minha mente.
Edward se viu sem palavras. Uma novidade. Logo ele, que sempre tinha algo a dizer. Era o diplomata da família, sempre o mais sensato e, ainda assim, aquela mulher irritante o reduzira a um idiota apalermado.
Isabella cruzou as pernas e juntou as mãos sobre o colo.
– Agora, se isso era tudo que tinha em mente, acho que poderíamos finalizar os preparativos para o apartamento e planejar nossas compras. Providenciei para que os papéis que necessitam de minha assinatura fossem enviados por fax para cá, já que tenho certeza de que você desejará analisá-los antes. Então era isso?
Isabella era capaz de varrer facilmente da mente o que acontecera na véspera, enquanto ele se consumira durante toda a manhã? A lembrança não só o consumira como torturara. Até mesmo naquele momento, quando olhava para aqueles lábios carnudos, revivia a sensação de tê-los nos seus. Podia recordar o sabor e a fragrância daquela mulher. A pulsação em sua masculinidade se intensificou ao imaginá-la nua, em sua cama, enquanto ele se movia dentro dela.
Mais uma vez, Edward praguejou em seu íntimo e forçou a mente a se concentrar nas questões presentes.
– Veja se Sue está com o contrato. Pedirei para meu advogado analisá-lo se você quiser. Quanto às compras, Sue está com minha agenda da semana. Quando sair, veja se ela pode encaixar algumas horas para escolhermos sua mobília.
O sorriso de Isabella lhe aqueceu partes do corpo que não ousaria mencionar. Atirando o longo cabelo para trás, ela se ergueu, muito graciosa. Em seguida, acenou com a mão para se despedir e se encaminhou na direção da porta.
Uma fada.
A tatuagem era o desenho de uma fada envolta em poeira dourada faiscante.
Combinava com ela.
Mas aquilo suscitou outro pensamento muito intrigante.
Haveria outras tatuagens? Talvez uma ou duas que só poderiam ser vistas se ela estivesse nua?
O pensamento de sair em uma caçada às tatuagens, tendo aquele corpo como mapa, o fez experimentar uma descarga elétrica.
Beijos e até.
