:Loyalty or love:
:Cap1:
Minhas tristes recordações
"E quando a chuva caía
Eu apenas olhava pela janela"
Kelly Clarkson-Breakaway
O quarto de hotel estava triste. As cores brancas dos lençóis davam ainda mais um ar de melancolia. Impecáveis cortinas de veludo vermelho fechavam o ambiente mal iluminado pela pouca luz do anoitecer. No canto do quarto, uma mulher se encontrava deitada na cama de casal.
Belos cabelos azuis na altura dos ombros, rosto frio e angelical. Uma pequena flor branca de origami enfeitando as melenas. Essa era Konan.
Tinha os olhos transbordados de lágrimas e o rosto aflito. A escuridão presente no quarto do hotel a confortava com um abraço, um abraço da solidão. Tudo tão vazio,e por dentro ela sentia como se um pedaço dela tivesse se partido.
Deitada ali, se lembrava de cada passo dado em sua vida. Alguns certos, outros dos quais se arrependia amargamente.
Mas essa era a primeira vez que chorava desde que tinha escolhido virar uma criminosa Rank-S.
Tudo era simples e ao mesmo tempo complicado.
-Você precisava me dizer essas coisas?! -sussurou ela para si.
Se virou mais uma vez na cama, atormentada pelas lembranças.
FLASH BACK ON
"Konan aceitou o pedido de Pain para entrar para a Akatsuki. E agora era sua parceira. Era assim desde sua infância, os dois juntos, lutando lado a lado, como dois grandes amigos.
Mas o tipo de amor que ela sentia pelo portador do Rinnegan era diferente. Não era aquele amor de Philia, de amizade. Era um amor de homem e mulher. De Eros.
Mas sentia-se satisfeita em ser apenas sua parceira, aquela que o conhece melhor do que ninguém na Akatsuki. Assim, dia após dia, alimentava sua esperança e seu amor.
Mas uma regra em especial fez seus sonhos e esperanças desaparecerem em segundos.
Madara,Konan e Pain estavam sentados num barzinho sujo, conversando. Pain e Konan estavam sentados a frente de Madara. Não vestiam a roupa da Akatsuki ainda.
-Você vai ser o líder Pain. -disse Madara num tom sério de voz.
-Já sabemos disso. -Pain disse em tom impaciente.
Konan bebia seu chá,prestando atenção nos movimentos e conversas dos dois. Não precisava estar ali, mas a confiança que Pain devotava a ela fizeram-no desejar sua presença naquela reunião.
-E também teremos regras. Nada funciona sem elas. Como líder, você será o responsável por repassa-las aos outros membros.
-Quais são as regras? -Pain estava ficando impaciente.
-Vocês saberão em breve.
O breve demorou vários anos. Nesse meio tempo, Orochimaru abandonara a organização e Sasori havia morrido.Tudo corria em perfeita desordem e criminalidade.
Porém, nma noite tranquila como as de todos os dias, tudo mudou.
Konan voltava da casa onde ela e Pain moravam na vila da Chuva, depois de mais ou menos uma hora de compras no mercado.
Não encontrou Pain em qualquer canto da casa. Pensou um pouco e, hesitante, subiu em direção ao quarto de Pain. A medida que subia um degrau seu coração acelerava.Sabia que ele não gostava de ser incomodado quando se trancava no quarto.
O metal da kunai em seu bolso parecia com a resposta que provavelmente receberia dele por ter ousado subir até lá: fria. Mas nem por isso deixou de subir as escadas.
Chegou à porta do quarto. Era agora ou nunca. Bateu três vezes na porta.
Pain não saiu do quarto. Mas ela pode ouvir a voz dele vinda de dentro do aposento.
-Konan, vá embora! -Pain disse sério.
-O que houve? - ela perguntou. Não era normal ele trancar-se assim e não dizer nada.
- Apenas obedeça.
-Hai. -ela começou a descer as escadas tristemente.
Porém, quando pisava no terceiro degrau, pode ouvir a porta do quarto se abrindo e, para sua surpresa, uma mulher, enrolada em uma toalha, saiu do aposento.
Olhou de relance para dentro do quarto que a mesma abandonara e pode ver Pain, enrolado em um lençol.
Os olhos dos dois se cruzaram. Konan rapidamente desviou o olhar e começou a descer a escada rapidamente. Sentia o coração apertado, como se uma garra invisível estivesse pressionando-o.
Mas antes que pudesse fugir, uma mão forte segurou-a pelo braço. Pain.
-Konan! Não é...
-Não me interessa a sua vida pessoal - cortou ela, sem se virar para encara-lo. – Você não me deve satisfações.
-Não. – diante dessa resposta, ela, que tentara manter-se fria, sentiu que lágrimas queriam rolar. Segurou-as, e foi com a voz enfurecida que disse:
-Não adianta falar com pessoas como você, que não vêem nada ao seu redor! – olhou por cima do ombro dele e viu a moça retornando ao quarto dele. – Você só vê seu umbigo. Vai lá, a garota está esperando.
Ela se desvencilhou do aperto dele e dirigiu-se ao seu quarto, deixando Pain estático no meio da escada.
Assim que fechou a porta do quarto, Konan deslizou para o chão. Abraçou os joelhos e deixou lágrimas quentes rolarem pelo seu rosto.
Gritou. Tentava liberar toda tristeza presente em seu coração. Seus sentimentos misturavam mágoa, tristeza e desespero. Era como se algo nela não estivesse no lugar. O quarto azul acinzentado, e os lençóis vermelhos pareciam não ser animadores.
Só podia ouvir os gemidos vindos do andar de cima. A cabeça latejava a cada ruído da cama batendo contra a parede.
Uma hora depois pegou no sono.
--'''--
Pain estava sentado sobre sua cama; a mulher já havia ido embora. Deitou impaciente. Era sempre assim, ele dormia com mulheres e se sentia vazio, nada além daquele momento; nada na sua vida tinha sentido. Sentimentos eram coisas que ele desprezava; mas não queria mais se sentir sem vida. As coisas seriam sempre assim, vazias e sem amor?
Uma chuva fina começou a cair. Levantou-se, começou a caminhar em direção ao quarto de Konan. Chegou a frente da porta e sentiu um frio tomar conta de sua barriga. Que estranho...
Bateu várias vezes.
Logo ouviu ela se levantar da cama. A moça abriu a porta, ficando a frente dele.
-Quero falar com você! - disse Pain, nervoso. – E-eu só queria conversar.
-Sobre o que?
-A Akatsuki. -disse ele friamente.
-Amanhã. – já ia fechar a porta, mas ele segurou-a.
-Konan... sobre hoje . . .
-Não precisa falar nada. Por favor, pare de me machucar com suas mentiras.
-Konan,vamos conversar.
-Não.
-Te espero na sala.
Ele saiu em direção a sala sem escutar a resposta. Konan não fechou a porta. Deveria acreditar que seria diferente, que a conversa daria um rumo a sua vida. Seu futuro e suas esperanças dependiam do que seria dito. Não poderia mais esperar, chegara a um ponto crítico.
Desceu lentamente, mas não encontrou Pain na sala.
Ele estava fora da casa, molhado pela chuva tão fria quanto os sentimentos dele. A moça aproximou-se dele.
-Fale.
-Eu quero saber por que eu sou vazio?! –Perguntou, encarando-a.
-Como assim?
Ele lentamente se aproximou dela, até encosta-la na parede atrás dela. A chuva tinha molhado o corpo dele, que parecia mais frio a cada hora. Konan se sentia assustada com tal reação, mas Pain não sentia nada.
-Por que eu deito com mulheres e não sinto nada?Por que eu mato os outros e não me importo?Por que eu odeio a alegria e inocência das crianças?POR QUE EU NÃO ME IMPORTO COM NINGUÉM, KONAN?POR QUE EU NÃO SINTO NADA? -ele abaixou a cabeça. -Eu sou um monstro? -ele sussurou,tristemente.
-Não.
-Então por que?
-Você apenas não sabe quem ama ou quer proteger.
-Konan, eu não conheço alguém que eu amo! - a cabeça baixa de Pain estava quase encostando em Konan.
Konan não falou nada; as palavras dele faziam-na se sentir triste. Abraçou-o.
-Não fale. - sussurou ela.
-Konan...
O Ruivo estava se sentindo bem com o abraço dela. Parecia que eles se encaixavam.
--'''--
Um ano se passou depois do ocorrido. Konan estava na porta da casa, esperando Madara chegar. Estava um pouco mais tranqüila depois daquela conversa, mas nem por isso alegre.
Assim que a pessoa esperada chegou, com aquela mascará infantil, ela o encaminhou até onde Pain estava: Na sala.
Era tão sombrio e acinzentado, tudo fazia o clima e os sentimentos se exaltarem. Pain estava em pé, ao lado de Konan. Madara a frente dos dois.
-A Akatsuki está muito lenta. -Madara disse em tom irritado.
-Eu sei.
-Está na hora de dizer as regras. – ele pausou por alguns segundos. - Primeiro a partir de agora ninguém pode sair!
-Por que? -perguntou Konan.
-É necessário. -Madara respondeu sem dar atenção. – E a partir de agora, relacionamentos amorosos estão proibidos!
-Por que? -Pain perguntou tranquilamente.
-Sentimentos acabam com tudo. Itachi é a prova disso, morreu pelo irmãozinho. E o Deidara, com aquela paixão pela arte... Não podemos mais perder membros. O amor está proibido na Akatsuki. - Madara disse.
Nesse momento, Konan soube que seu sonho estava perto de se tornar utopia."
FLASH BACK OFF
Konan remexeu-se na cama. Tudo parecia vazio e a escuridão presente no quarto a fez lembrar de como os dois começaram sua história de amor.
Próximo capítulo:
"minhas palavras são frias e lisas
E você merece mais que isto"
Michael Bublé-Home
