Aqui estão estes humildes dedos, a lhe servirem neste descompromissado passatempo. É minha alma a serviço das suas. Espero que consumam-no com imensa voracidade.
E que perdoem-me se faço-os infelizes com minhas duras e melancólicas palavras.
Mas é que existem castigos piores do que a morte.
Sejam livres, e voem para além da eternidade.
É ferida que dói e não se sente;
É um contentamento descontente;
É dor que desatina sem doer;
É solitário andar por entre a gente;
É nunca contentar-se de contente;
É cuidar que se ganha em se perder;
É servir a quem vence, o vencedor;
É ter com quem nos mata lealdade.
Nos corações humanos amizade,
Se tão contrário a si é o mesmo Amor?
Lírica
E assim a vida é: um poema camoniano.
