Gestos, Olhares e Significados

Gestos, Olhares e Significados

Sinopse: Continuando com a minha imaginação (que começou com "Aconteceu no Natal") de como seria a primeira vez dos casais potterianos, quis ver no que dava com o Harry e a Hermione.

Vejam bem, foi muito difícil para mim imaginar isso porque a Mione é muito diferente da Gina (como disse a Di, minha beta muito querida, a Mione é independente, decidida, de raciocínio rápido) e eu tenho uma certa dificuldade com ela (como tenho com o Draco... rsrs!!). Então, vocês que lerem têm o DEVER de escrever contando o que acharam, ok? Please, nem que seja para dizer que ficou horrível...!

Capítulo 1: Quando se aprende a amar...

"É a sua última chance, então seja corajoso pelo menos uma vez na vida, ok?", o garoto confabulava com o espelho. "Se você a perder... Não, não... Nem pense nisso!"

Já fazia um bom tempo que ele estava lá, ajeitando alguma dobra na veste completamente negra ou tirando um grão de pó do ombro. Mexia constantemente nos óculos redondos e desistira definitivamente de domar os cabelos pretos, que tornavam os olhos verdes ainda mais intensos.

Apesar de estar se formando naquele dia e ser um bruxo saindo da adolescência, Harry Potter tinha uma certa dificuldade em lidar com alguns eventos e detalhes da vida adulta.

- Vamos logo, Harry! – alguém gritou, esmurrando a porta do banheiro do dormitório do 7º ano da Grifinória. – Você vai se formar, não casar!

- Já estou saindo, Rony! – gritou de volta, observando outro fio sair do lugar e entregando os pontos. "Fiz o melhor que pude..." – Precisa dessa barulheira toda? – perguntou, encontrando o ruivo na porta. – Isso tudo é medo de deixar a Luna sozinha? – cutucou.

- Você sabe quanto tempo ficou aí dentro? – o amigo indignou-se. – E você vai com a Mione. Não precisa se preocupar tanto. – esse comentário vez o estômago de Harry revirar. – Aliás, ela com certeza deve estar esperando há séculos! – acrescentou, saindo para o corredor.

"Nunca pensei que garotos demorassem tanto para se arrumar. Ainda mais que estaremos vestidos da mesma forma...", conjeturava a morena, sentada numa das poltronas da Sala Comunal, provocando Bichento com a ponta da trança.

Não que ela não tivesse caprichado para a ocasião, afinal seria sua despedida de Hogwarts. "E minha última oportunidade... Depois, quem sabe para onde cada um irá? Podemos nunca mais nos ver...". Subira uma hora antes do restante das garotas para deixar a veste negra impecável e fazer uma trança nos longos cabelos cacheados, onde salpicou gotinhas transparentes que brilhavam suavemente. Ela não se maquilou como suas colegas de quarto porque isso não fazia seu estilo, mas passou um leve brilho nos lábios e um perfume suave de flores.

Parvati e Lilá até estranharam o esmero com que Hermione se arrumou.

- Afinal, você vai com Harry, não é? – Lilá comentou, calçando suas botas de cano alto. – E ele é seu amigo. Nada mais que isso.

Mione sentiu seu coração perder um compasso ao ouvir a constatação.

Quando Bichento levantou as orelhas para o barulho de passos na escada ela virou-se rapidamente. Viu Rony descendo apressado e de cara amarrada. Atrás dele, vinha devagar o seu par. Seus olhos encontraram os verdes do amigo. Ele sorriu timidamente.

- Desculpe ter feito você esperar, Mione.

- Eu... eu... – "Você, Hermione Granger, gaguejando??" – acabei de chegar.

- Harry parecia uma noiva! Ficou mais de quarenta minutos em frente àquele espelho idiota! – exclamou Rony, sentindo uma cotovelada do moreno nas costelas. – Ai, Harry!

- Ah, Rony, pára de reclamar. Hoje realmente é um dia importante.

- Mione, você sempre o defende. – o ruivo sorriu malicioso. – Será que essa produção toda é por causa do Harry? Será que você é apaixonada por ele e nunca contou?

- Larga de ser bobo, Rony! – ela baixou os olhos, visivelmente vermelha.

- Pára de implicar com a Mione, Rony. – Harry interviu, com as bochechas igualmente escarlates. – E vamos logo, senão perdemos a formatura! – decretou, empurrando o ruivo para o buraco do retrato e pegando a mão da amiga. Se soubesse que causaria um choque de boas proporções na garota seria mais cauteloso.

As formaturas em Hogwarts eram cerimônias discretas e até mesmo, para alguns estudantes mais 'modernos', monótonas. Eram feitas no Salão Principal, que estaria preparado para receber os formandos e seus parentes, sentados em cadeiras viradas para um palco improvisado no lugar da mesa dos professores.

Os professores discursavam, com os diretores das Casas destacando os melhores alunos de cada uma. Em seguida, o diretor fechava a comemoração com uma mensagem final edificante e encorajadora. A deste ano, especificamente, procurou superar a dos anos anteriores, afinal estavam em guerra declarada. Ao sair da Escola de Magia e Bruxaria de Hogwarts, cada bruxo formado teria que lutar para conseguir uma vida decente; e as decisões daqueles jovens, sem dúvida, refletiriam por gerações.

A parte que alunos esperavam era o baile tradicional que encerrava tudo. Por semanas, casais eram feitos e separados, convites aceitos e rejeitados, namoros começavam e terminavam em razão do Baile de Formatura. O maior choque na Rede de Fofocas foi a notícia de que Harry Potter iria com sua amiga Hermione Granger.

Todos esperavam que ele convidasse alguma garota realmente interessante e, deve-se acrescentar, havia uma bolsa de apostas sobre quem seria. Ele pouco se incomodou, embora esperasse até o último momento para fazer o pedido, que ela aceitou prontamente.

"Ali não rola nada", diziam, "a Granger é caidinha pelo Weasley."

Quando os casais se formaram no centro do Salão, já esvaziado das cadeiras, os dois foram discretamente para um canto na penumbra. Havia olhares demais sobre eles. Rony e Luna tomaram posição ali perto. E então, Dumbledore girou a varinha e uma música alegre começou.

"Valsa?!", Hermione franziu a testa. "Será que Harry...?"

"Ah, pelo Merlin!... Concentre-se, Harry Potter... Não perca o passo!", o moreno resmungou, tomando-a pela cintura e mexendo-se totalmente sem jeito, rodando a garota em volta de si.

Mione viu, com alívio, a Profa. Minerva McGonagall cutucar o diretor. Ele pareceu acordar de um devaneio. Num novo giro de varinha, um ritmo mais 'contemporâneo' movimentou a pista de dança. Os jovens desenvolviam coreografias ousadas, exibindo-se para seus pares.

- Valeram os nossos ensaios, não é mesmo? – a morena perguntou no ouvido do amigo por causa do barulho. Foi a vez dele sentir uma onda eletrizante descendo pela coluna. – Não estamos fazendo tão feio!

Ele apenas acenou afirmativamente, sacudindo-se ao som contagiante do rock-bruxo. Uma sucessão de sucessos das Esquisitonas depois, as pessoas pingavam de suor. Para dar um descanso às pernas e pés, vieram músicas mais lentas, para se dançar agarradinho.

Imediatamente, Harry olhou para o lado, pretendendo pedir socorro a Rony, mas o ruivo já havia enlaçado a namorada, sequer lembrando-se que havia uma festa ao seu redor. Então, voltou a atenção para Hermione. Ela estava parada, esperando, as mãos cruzadas em frente ao corpo, parecendo analisar a decisão do garoto.

"Agora ele me puxa para sentar... Droga!! Faça alguma coisa, Hermione!"

"Será que ela aceitaria?... Vamos lá... O máximo que pode acontecer é ela negar."

- Vamos sentar? – ele perguntou.

- Gosto dessa música! – ela exclamou ao mesmo tempo. Os dois se olharam por um momento e riram, nervosos.

- Eu não sou muito bom em dançar, você sabe... – ele disse, em tom de desculpa.

- Tudo bem, Harry. – ela respondeu numa voz que denunciava uma enorme mentira. – Podemos ir... – ele a interrompeu, num gesto inesperado, puxando-a para perto e pousando as mãos na cintura dela.

- O seu problema, Hermione, é que você não me deixa terminar de falar. – o sorriso dele fez as pernas dela perderem a força. – Como eu ia dizendo, não danço muito bem, mas se você quiser, a gente pode experimentar.

Ela sorriu, surpresa demais para dizer qualquer coisa, e segurou os ombros dele, sentindo o calor que vinha do corpo do moreno. Ouvindo a respiração dele, concentrando-se nas sensações novas que as mãos dele causavam na sua cintura.

Harry chegou mais perto, conduzindo-a devagar. De fato, eles mal se moviam, embora nenhum estivesse preocupado com aquilo. O bruxo só percebia o perfume suave de Mione, as gotinhas brilhando nos cabelos castanhos dela. Suspirou.

"Como, por Merlin, ela veio parar nos meus braços??"

- Rony tem razão... Você está muito bonita hoje. – ele comentou, olhando para um ponto acima da orelha da garota.

- Ora, então quer dizer que normalmente eu sou uma espécie de trasgo?? – ela indignou-se, parando de dançar e forçando-o a encará-la.

- Claro que não... Você me interpretou mal... – Harry desculpou-se, desajeitado, mantendo o contato visual a muito custo. - Eu... eu... Você é sempre bonita, muito mesmo! – exclamou mais alto do que gostaria. - É que hoje... – engoliu, juntando coragem. - você está especial! Ou melhor, eu quero que essa noite seja especial.

Harry lembrava-se nitidamente da ocasião onde percebera a mudança de seu conceito sobre a amiga.

Os dois estavam sozinhos, há altas horas, na Sala Comunal, terminando uma pesquisa para Transfiguração. Rony tinha pedido a capa de invisibilidade emprestada e saíra para visitar Luna.

Aborrecido com a falta de progresso em transfigurar duas avelãs em oito ovos de pata, o garoto largou a varinha e a pena de águia e esticou os dedos, recostando-se na poltrona. Distraidamente, pôs-se a olhar ao redor, parando na amiga.

Hermione ia bastante bem em sua pesquisa. Sua pena dançava rapidamente, riscando o pergaminho. Isto não o surpreendeu, óbvio. O que fez a respiração do bruxo cessar foi outra constatação. Ele viu-se examinando-a de uma forma nova.

Percebeu os cabelos cacheados presos numa trança frouxa, porque ela levou uma mão para ajeitar uma mecha atrás da orelha. Harry achou esse gesto muito sensual, e ruborizou do próprio pensamento, como fazia cada vez mais freqüentemente, notou.

"Pare com isso! Controle-se. Ela é sua amiga! Até parece que você nunca a viu com o cabelo assim!"

Não, realmente ele nunca tivera uma visão como aquela, pois no instante em que Mione abaixou a mão para segurar o pergaminho, ele vislumbrou seu rosto.

"Uau!", exclamou mudamente, apenas movendo os lábios.

A luz da lareira refletia na expressão séria dela, deixando uma parte na sombra, contornando os traços delicados do rosto. Alguns fios de cabelo castanho teimavam em soltar-se, brincando nas bochechas de Mione, embora não brilhassem tanto quanto os olhos dela.

- Está se sentindo bem, Harry?

- Ãnh...? – ele endireitou-se e fechou a boca, que nem sabia ter aberto.

- Perguntei se está se sentindo bem. Você ficou aí parado um tempão com um olhar estranho. – ela largou o dever e aproximou-se dele.

- Nã... não foi nada, Mione. – ele gaguejou, subitamente desajeitado. "O que está acontecendo com você, Harry Potter? A garota é sua amiga!"

Creditou à lembrança daquele momento quase mágico a reação de seu corpo, inclinando-se para ela. Seu último pensamento consciente foi como a boca dela era aconchegante.

Pelo cérebro de Hermione passavam milhares de ações, a mais persistente era empurrá-lo para longe. ("O que meus pais vão pensar?") Mas, como resistir ao vê-lo fechar os intensos olhos verdes, tocando os lábios dela com os seus? A garota apenas suspirou e deixou-se invadir por uma enorme tranqüilidade, o que não impedia que seu sangue fervesse.

Ele abraçou-a, passeando as mãos pelas costas dela calmamente, seus dedos quentes tocando o pescoço e segurando o rosto da morena. Ficou contente ao senti-la relaxar, passando os braços pelos seus ombros, trançando os dedos em sua nuca.

Ela sempre imaginou como seria beijar Harry, embora não estivesse preparada para a gentileza, a doçura e o carinho do garoto. Um friozinho arrepiante subiu do seu estômago ao notar a ponta da língua dele tocando seus lábios, pedindo para aprofundar o contato, o que ela fez de bom grado.

Os dois entregaram-se àquilo que acreditavam impossível até uma hora atrás. Temiam as reações do outro e temiam as suas próprias. E se estivessem confundindo amizade com algo mais? Chegaram a uma conclusão: certamente seus sentimentos haviam mudado. Não sabiam por que, não sabiam exatamente quando, embora adivinhassem que ele sempre estivera ali, adormecido e a iminência da separação dera decisão a eles.

Quando as bocas se separaram e os neurônios de Harry voltaram a funcionar, olhou apreensivo para a garota. Seu coração parecia um elástico que fora esticado até o limite e subitamente solto. Por um instante, ele pensou sentir o tapa no rosto.

Hermione protestou mentalmente quando ele parou o beijo e abriu os olhos para encontrar os dele cheios de expectativa. Num movimento natural, deitou a cabeça no ombro do moreno, jamais abandonando os olhos verdes, e sorriu.

Harry suspirou, enlaçando-a pela cintura e olhando em volta. Um Rony boquiaberto parara de dançar para assistir os amigos se agarrando no Salão Principal de Hogwarts. Ao notar o amigo, desfez o olhar de bobo e sinalizou.

"É isso aí, cara!", disse movendo apenas os lábios. Se ele corresse a vista pela pista, veria expressões incrédulas e algumas caretas, mas Harry nem lembrava-se que havia uma multidão ao redor.

- Nós fomos tão tolos. – sussurrou Mione, chamando sua atenção.

- Não. – ele discordou, maravilhado com o brilho dos olhos castanhos. – Eu precisava descobrir como é sensacional. – declarou, roubando um beijo, fazendo-a rir.

- O que é sensacional?

- O medo de dizer, ora essa! – Harry imitou a expressão impaciente dela quando explicava algo aparentemente óbvio para Rony e ele.

- Oh, pelo Merlin! – ela retrucou, batendo no ombro do bruxo. Ele riu e sussurrou, a boca roçando a orelha de Mione.

- Está sentindo? – levou a mão dela ao seu peito. A garota sentiu o eco do próprio coração em batidas rápidas. – Amo você.