N/A: Shino e Ino, para fãs do casal - eles existem? Escrevi após ver o anime Kimi ni Todoke, tentem visualizar a fic em cores secundarias como o verde-musgo, marrom, bege e laranja-claro.
Fiz alterações em razão dos últimos capítulos do mangá. E por que Shino merece sim e com certeza é um ótimo professor da academia ninja.
Dedicatória: Para meu amigo, irmão e critico, espero que goste.
Quarto do Sono
Primeira Parte
O Quarto do Sono
O quarto cheirava a traças e coisas antigas. Quando Ino entrou foi a primeira coisa que notou, depois foi na decoração do ambiente, meio clássica, meio velha, com janelas pequenas e paredes emadeiradas. Não era um ambiente escuro, apesar de uma grande árvore no lado externo impedisse a entrada de sol. O que talvez justificasse, de que em pleno verão, onde o calor em Konoha era quase insuportável, o cômodo mantinha uma agradável temperatura.
Ino gostou daquele quarto, era ameno, pálido, provoca-lhe sono.
(...)
- Ino-san?
Tomou um susto, havia adormecido. Levantou-se em um impulso e foi ali, naquele instante, que ela se lembrou daquele rosto. Aburame, Aburame alguma coisa não era?
- Me desculpe – pediu tentando um sorriso em simpatia, no entanto não passou de um mero curvar de lábios sonolento– Seu pai... – O garoto estava com a cabeça inclinada em sua direção, mas devido aos óculos escuros, não podia saber se ele estava a fitando– Seu pai me pediu para que eu o esperasse aqui.
- Sim, chego atrasado devido uma missão – a voz calma e levemente rouca.
- Tudo bem... – respondeu, seu tom mais baixo que o comum. – Kakashi-san lhe explicou nossa missão?
- Burocracia analítica.
A resposta foi simples e objetiva. Ino ergueu levemente as sobrancelhas; não pode deixar de observar na compostura sisuda que ele possuía. Shino. Isso, aquele aspecto lhe deu a certeza do nome.
Massa Invisível
Estavam sentados em uma espaçosa mesa redonda bem no cetro do quarto; algumas pilha de pastas estavam espalhadas, vezes e outras sendo recolhidas por ela ou por ele. Todos os movimentos realizados em completo silêncio.
Permaneciam ali quase todas as tardes analisando os relatórios dos últimos meses. Não se falavam, não se olhavam, era como se o outro não existisse. Ou quem sabe uma existência vazia, repousada ao seu lado apenas na presença física.
Havia situações, de completo silêncio, que Ino conseguia escutar com muita perfeição o zunindo de algum inseto voador sobre sua cabeça. Havia também aqueles instantes em que podia ouvir o farfalhar da imensa árvore lá fora.
As vezes desejava dormir. E então se espreguiçava, levando os braços para cima enquanto soltava um longo gemido. Os músculos quase doíam, os olhos lacrimejavam. Mas Shino nunca falava nada, nem direcionava qualquer olhar em sua direção - ou pelo menos assim se supõe.
Ino, que nunca se sentiu tímida perto de ninguém, percebia entre eles uma espécie de massa invisível, provocando-lhe estranhamento e receio. Sempre achou que esse tipo de coisa era passageira, que assim como sua habilidade, ela era capaz de ultrapassar o corpo físico, ou, no caso, essa massa invisível.
Mas não era somente isso, havia limites. Desinteresse. Total distância.
E então, Ino pegava mais uma pasta no meio de todas aquelas pilhas e voltava a trabalhar.
Encontros
Não era uma ordem declarada, mas todos seus encontros se resumiam naquele quarto. Claro que a palavra encontro se tratava apenas da missão, o silêncio e total desprendimento.
- Aburame-san... Você realmente não se importa de ficarmos todo tempo em sua casa?
Não respondeu a pergunta.
- Me chame de Shino.
Ela estranhou, mas sorriu.
- Me chame de Ino então.
- Eu já lhe chamo de Ino.
Não havia percebido. Naquele momento foi a primeira vez que Ino notou em Shino e não na massa invisível.
Gentileza
Naquela manhã lera em uma revista que mesmo os ninjas eram gentis e inseguros, e que por isso as mulheres não deveriam sentir receio de cozinhar para seu parceiro, pois sem sombra de dúvida não existia homem no mundo que não apreciasse as habilidade culinárias de uma mulher. Era leviano e mal estruturado, mas de qualquer forma Ino não sabia nada de cozinha e o único detalhe que se sobressaia naquela edição era a junção entre ninjas, gentileza e insegurança na mesma reportagem.
Perguntava-se se ele também era assim.
- Shino-san.
Ele respondeu com um murmurinho.
- Você não quer comer alguma coisa? – perguntou, a voz levemente embargada pelo o sono – Não está entediado? Sabe, fazendo sempre o mesmo trabalho...
- Vamos terminar isso aqui.
Ela a olhou por um momento, ergueu uma sobrancelha tentando encontrar naquela face algum tipo de expressão que não fosse característica de sua estável e quase insuportável responsabilidade.
Impassível. Os seus olhos escondidos pelos os óculos, quase inatingível diante da fraca iluminação do ambiente.
Suspirou desistindo da idéia. O quarto estava uma mistura de marrom pela madeira, e laranja pelo final da tarde, e tudo isso, mais a temperatura agradável do ambiente, lhe davam sono.
(...)
- Ino. – a chamou após terminar um relatório. Ela não respondeu.
Virou-se em sua direção e seus olhos, escondidos pelos óculos, suavizaram em uma expressão quase gentil.
Esbarro
Encontraram-se por casualidade no horário do almoço. O restaurante ficava no centro da cidade e ambos se encontravam com seus times, sentados um distante do outro. Estavam cientes de suas presenças, mas por algum motivo fingiram o contrário.
Gostar
- Kakashi-san aumentou o prazo. – comentou distraidamente.
O quarto não havia mudado em nenhum aspecto. O cheiro, as paredes e o clima, tudo o mesmo.
- Isso é bom – Shino respondeu mexendo em uma gaveta e em seguida guardou nela algo semelhante a um pergaminho. – Até quando?
Ino não respondeu a; aparentava estar em outro lugar, os olhos anilados encontravam-se totalmente opaco em direção a única janela do recinto, o rosto apoiado no dorso da mão os lábios levemente entre aberto como se estivesse apaixonando-se gradativamente por algo.
- Ne Shino-san... Esse quarto é seu?
- Isso é obvio.
- Eu realmente gosto daqui.
Companhia
Quando chegou ele estava com vestimentas normais. Na realidade estranhou apenas quando se deu conta que tudo naquele quarto era verde-musgo, marrom e branco.E Shino não era uma exceção.
Usava uma calça de algodão escuro, uma blusa regata de um tecido muito fino e pálido, estava descalço e todo ele - mãos, pés e braços - era incrivelmente branco.
Ino não era cega. O julgava atraente. E não mentia para si mesma.
- Por que você esta com roupas normais?
A pergunta, apesar de ser bastante estúpida, para ambos não soou.
- Não tive missões hoje.
Ino se sentiu incomodado com sua própria falta de tato. Claro, ele tinha escalas para outras missões por isso nunca tirava as vestimentas ninjas. Claro, Ino, claro sua estúpida.
- Na realidade Kakashi-san me pediu que não pegasse outras missões até terminar com essa.
Ela soltou um murmurinho como se compreendesse e depois de alguns segundos de silêncio, comentou:
- Pelo jeito terá que suportar minha presença por mais algum tempo.
- Eu gosto de sua companhia.
O quarto de repente ficou mais iluminado como se a nuvens permitissem o sol entrar. No entanto, Ino não havia notado aquele detalhe. Naquele instante, ela realizava um esforço excedente para poder se concentrar em seu trabalho.
Olhos protegidos
Naquele dia, logo que entrou no quarto com mais uma pilha de relatórios, o encontrou sentado em uma cadeira.
Dormia.
Semelhante a sua personalidade - sisudo e responsável - sua postura também se mantinha perfeita. Braços e pernas cruzadas, o rosto levemente cabisbaixo e a respiração em um ritmo suave.
- Você nunca relaxa? – perguntou baixinho. Havia deixado os relatórios sobre a mesa e já se encontrava diante do garoto, o corpo inclinado o suficiente para suas cabeças estarem na mesma altura. – Deveria cuidar mais de você, não acha? – propôs sem esperar uma resposta.
Nenhum músculo da face de Shino se moveu, rosto que até então ela nunca havia notado em seus detalhes. Lábios finos e bem desenhados, o contorno do rosto conciso e viril, as sobrancelhas grossas e ralas, traços suaves e ao mesmo tempo masculinos.
- Tão bonito... Mas e seus olhos?
Os olhos, no entanto, continuavam ocultos.
Por um momento impulsivo desejou tantos vê-los que levou as mãos até a armação de seus óculos. No entanto sentiu o corpo estremecer em receio. Não possuía coragem. Riu sem graça ao se recordar que ele estava dormindo. "Logicamente, Ino, mesmo que você quisesse você não conseguiria vê-los"
Depois daquilo decidiu que voltaria mais tarde. Saiu dali sem perceber que ele estava de olhos abertos esperando que tivesse coragem de fazê-lo.
Responsabilidade Compartilhada
- Você poderá ser o próximo líder? Isso é realmente incrível não é?
O quarto estava mais escuro naquele dia.
- Provavelmente.
- Isso não o preocupa?
Ino movimentava a caneta de lá para cá como se estivesse fazendo pouco caso.
- Não.
- Não? Eu me preocuparia, tantas decisões, sendo que nunca saberei se é realmente suficiente.
- Talvez eu não seja líder, acho que há outras maneiras de ajudar a próxima geração.
- Oh, então você tem esse tipo de preocupação. Talvez ser um professor? Isso seria tão incrível quanto ser um líder, não acha?
Shino não respondeu. Depois daquele dia eles não conversaram sobre mais nada.
Instigante
Naquela tarde o quarto parecia mais afável. Assim, sem que percebesse, já estava dormindo sobre um dos relatórios, e ao seu lado estava ele, com a cabeça inclinada em sua direção.
Era óbvio que, ao deixar a caneta de lado e parar todos movimentos, ele estava a observando. E mesmo que sua expressão não indicasse nada, a inquietude interna era deleitosa e instigante. E suas razões se limitavam a sua capacidade ver, sobre as lentes escuras, os mínimos detalhes daquele rosto sonolento.
Intrusa
O quarto especialmente naquela tarde cheirava a detergente. Ele novamente chegou tarde, e desta vez acompanhado de uma garota. Shino se desculpou pelo o atraso e a garota após pegar um pergaminho e lhe oferecer um sorriso foi embora.
Ela demorou cerca de meia hora para, por fim, perguntar:
- Quem era?
Não o olhava, tinha na mão a caneca deslizando sobre o papel. Tentava demonstrar casualidade, quem sabe, até indiferença
- Ninguém importante.
Ele igualmente.
- Ninguém importante?
Reforçou insistindo no assunto.
- Só uma garota do clã.
Ficaram em silêncio por alguns minutos. Revisavam o relatório até que ela retornou a falar.
- Você nunca traz garotas aqui.
A caneca em sua mão tinha sido deixada de lado.
Ele levantou o rosto e desta vez se encaram.
- Você é uma garota.
Silêncio.
Momentos depois, Ino pegou uma pilha de relatórios afirmando que os analisaria em casa.
Ino não sabia, mas ela começava a querer a monopolizar aquele quarto.
Esbarro II
Encontraram-se casualmente mais uma vez. E mais uma vez ela o ignorou. Ignorou por que estava incomodada por algo que não sabia explicar por que. E com ele não foi diferente. Ela estava acompanhada, acompanhada de alguém que não era do seu time. Namorado? Ele se perguntou, mesmo que em sua face não demonstrasse nada.
Desejo Primário
A iluminação do recinto era quente.
Mas uma vez ela havia adormecida sobre uma pilha de relatórios; provavelmente acordaria repentinamente ao escutar os seus passos e diria desculpa mais uma vez mesmo sabendo que era desnecessário.
No entanto, desta vez ele fora mais cauteloso.
Aproximou-se silenciosamente. Colocou uma de suas mãos ao lado de seus braços cruzados sobre a mesa. inclinou um pouco o corpo, o suficiente para poder sentir sua respiração acariciar o seu rosto.
Quis beijá-la, mas soube que a despertaria. Recuou. Ino fingia que ainda estava dormindo.
Castanho
O calor estava insuportável e Ino chegava com a pele reluzente de suor. Logo que seus pés pisaram no chão do quarto sua transpiração esfriou deliciosamente, e aquilo a fez sorrir.
Em seguida se deparou com Shino apoiado na janela bem a sua frente, e mesmo que ela não pudesse ver, Ino sabia que ele a fitava.
- Algum problema?
- Nenhum. – Soou como uma mentira, mas Ino preferiu ignorar, soltou um sorriso desdenhoso.
- Aburame-san teria um lenço para me emprestar?
A pergunta soou sarcástica, mas ele pareceu não notar. Sem dar uma resposta, foi até uma gaveta e recolheu um lenço verde-musgo; em seguida parou bem a sua frente, o lenço suspendido na altura da barriga, a cabeça erguida e - mesmo que Ino não pudesse ver - os olhos na sua direção.
O quarto escureceu repentinamente como se alguma nuvem tivesse tampando os raios solares.
- Algum problema?
- Vou sair em missão. – respondeu simples sem alterar a expressão.
- Pensei que não trabalharia até terminarmos.
- Rank S – ignorou a observação e as pupilas de Ino se dilataram. – No máximo dois dias.
Ela ficou sem palavras, apenas pegou o lenço de suas mãos e por alguns segundos fitou o chão.
- Dois dias – murmurou.
Shino mantinha-se próximo o suficiente para escutá-la.
– Então... – ela ergueu sua mão esquerda até o seu rosto, paralisou nos ar por alguns milésimos de segundos e gentilmente retirou-lhe os óculos. Não se decepcionara com o que vira.
Eram sérios, sonolentos e gentis.
– São castanhos. – a voz saiu em um fio e logo em seguida veio um sorriso lhe estampando a face. Um sorriso que não era totalmente verdadeiro.
- Já estou indo – ele se afastou mantendo-se sério, colocou os óculos logo em seguida e depois saiu do quarto.
Ino apenas recolheu os relatórios, iria trabalhar a parti de agora em casa.
No entanto durante esse dois dias ela não conseguia pensar em nada, senão de que definitivamente ela retornaria a ver aqueles olhos.
N/A: Eu sei o quão improvável esse casal é, mas quem sabe nas circunstâncias certas?
Um abraço.
Oul K.Z
