De: MarciaBS

Título: Surpresas do Coração

Classificação: PG-13

Gênero: Romance/Friendship

Disclaimer: Essa história é baseada nos personagens e situações criadas pela J.K. Rowling, várias editoras e Warner Bros. Não há nenhum lucro, nem violação de direitos autorais ou marca registrada.

Sumario: Em meio a guerra Draco Malfoy é obrigado por sua mãe a se esconder junto com Harry Potter e seus amigos no mundo trouxa e esse é só o início de seus problemas ou talvez a maior mudança da sua vida.

Agradecimentos: A minha querida priminha Bianca que odeia Draco Malfoy intensamente e acha Harry Potter um garoto arrogante e mimado que deixa o velhote do Dumbledore lutar no lugar dele (sim, ela só viu os filmes) e minha adorável mamãe que acha meus livros inúteis e minhas histórias sem nenhum sentido.


SURPRESAS DO CORAÇÃO


Capítulo 1 – A HORRIVEL TOCA

Draco Malfoy estava irritado, havia sido traído por quem menos esperava. Nunca podia imaginar que seu padrinho era um traidor. Não, por mais patético que Severo Snape fosse nunca tinha lhe passado pela cabeça que este não era fiel ao Lorde das Trevas e que sua mãe tinha seu apoio. Sua mãe... Também não conseguia entender como a sua querida e amada mãe podia trair seu pai. Tudo parecia tão anormal.

Olhou novamente para o quarto onde estava deitado. Era pequeno e apertado, tinha um beliche aonde ironicamente seu maior inimigo de escola dormia um sono agitado. Na parte de cima uma cabeleira ruiva também murmurava palavras desconexas. Ainda não conseguia compreender como tinha ido parar ali no meio daqueles dois. Prometera a sua mãe que iria se comportar que iria sobreviver, mas isso não parecia certo. Seu pai era um Comensal da Morte e com certeza seria castigado pela afronta de sua mãe e dele.

Sabia que naquele verão deveria receber a Marca Negra em seu braço, tinha sido notificado varias vezes por seu pai e agora estava sendo "protegido" por sua mãe e padrinho na casa mais patética que existia. Nunca em sua vida poderia sequer conceber a idéia de viver naquele local que chamavam de "A Toca", não aquele lugar não era para ele, era feio, apertado, quente, cheio de pessoas com aquele cabelo vermelho escandaloso, as pessoas gritavam, era estranho.

Suspirou frustrado por a vida ser tão injusta com ele. Porque não podia mais ter tudo o que queria? Porque não podia ter mais seu elfo doméstico para lhe servir as melhores iguarias? Porque sua mãe não estava com ele para lhe segurar a mão e dizer que tudo ficaria bem? E porque ele tinha que aturar o Santo Potter, a Sabe-Tudo da Granger e aquele bando de pobretões Weasleys?

Virou naquele colchão fino e frio tentando buscar uma posição para dormir, mas não conseguia. Não era bem vindo ali e não tinha certeza do motivo que os obrigavam a aceitarem sua presença. Dormia num canto do quarto do Rony com uma coberta fina. Não que precisasse de cobertas, pois estava muito quente naquele verão. Seu pijama negro de seda contrastava com a malha simples e rala das suas cobertas.

Pegou seu pingente com o brasão dos Malfoy que sempre carregava no pescoço e lembrou do seu pai. Como será que ele estaria? Será que tinha raiva dele? Será que o entendia? Será que tinha sido torturado por sua causa? Amava seu pai, era seu exemplo e teria seguido seus passos se não fosse por sua mãe. Queria poder conversar com ele mais uma vez, explicar que não tinha o abandonado. Suspirou triste. Estava sozinho. Sua mãe tinha deixado-o ali e não voltará mais. Estava perdido sem saber o que fazer no meio dos seus inimigos e para piorar não conseguia dormir com os roncos daquele ruivo idiota.

Virou outra vez irritado. Como sua vida podia ter chego nesse grau de decadência? Aonde tinha errado? Ouviu o barulho vindo da cozinha e soube que a Sra. Weasley tinha acordado, em pouco tempo escutaria os seus gritos para que descessem para tomar café. Sua mãe nunca tinha gritado com ele, normalmente acordava-o delicadamente com cafunés nos seus cabelos loiros. Sentia falta de sua mãe. Droga!

- Crianças! O café está pronto! – ouviu a voz irritante da Sra. Weasley berrar da cozinha e os resmungos contrariados do Weasley e o riso de Potter.

- Mais uns minutinhos... – ouviu o Weasley murmurar.

- Anda Rony! – Potter disse trocando a blusa do pijama por outra, sem nem prestar atenção em Draco que também trocava o pijama por uma veste bruxa negra e cara.

Ouviram uma batida na porta e um emaranhado de cabelos castanhos apareceu no quarto.

- Andem logo! – a Granger apareceu com seu tom autoritário saindo logo em seguida.

Draco se encaminhou para o único banheiro da casa e descobriu que estava sendo usado, viu o Potter sair do quarto junto com o Weasley ainda cambaleando de sono e de pijama em direção a cozinha. Nesse instante a porta do banheiro se abriu chamando a sua atenção. De lá saiu a pequena Weasley com seus cabelos vermelhos molhados e com um vestidinho simples e barato cheirando a sabonete.

- Eca! Ainda bem que já usei o banheiro! – ouviu a voz fina da garota quando ela fechou a cara por tê-lo encontrado ali.

- Infelizmente não tenho a mesma sorte! – Suspirou olhando para o teto, já tinha desistido das afrontas muito diretas, sempre saia perdendo, na primeira semana quase foi parar no St. Mungus de tantas azarações que tinha levado e nesse quase um mês de convivência preferia manter a distancia.

Entrou no banheiro e olhou seu reflexo no espelho pequeno e embaçado pelo banho da garota, com um giro da varinha melhorou o ambiente. Retirou seu sabonete e toalha das vestes, não gostava de usar nada dessas coisas baratas daqueles Weasley. Lavou seu rosto delicadamente. As noites mal dormidas podiam ser vistas nos seus olhos, o azul acinzentado tinha perdido seu brilho original. Secou o rosto e suspirou, não podia mais evitar encontrar o resto daqueles insuportáveis.

Desceu as escadas instáveis lentamente ouvindo as risadas que vinham da cozinha. Era tudo tão irritante. Olhou para a mesa e lá estavam todos aqueles idiotas comendo aquela comida nojenta e intragável.

- Ora finalmente decidiu se juntar a nós. – a Sra. Weasley foi a primeira a reparar a sua entrada no ambiente fazendo com que o restante deles resmungasse contrariado.

- O dia estava tão agradável! – recrutou o Weasley nem olhando em direção de Draco que sentava o mais distante possível deles sendo servido pela Sra. Weasley totalmente calada com a presença do garoto.

- Ron... Temos que ser sociáveis! – Granger tinha aquele tom serio e irritante de estar sempre certa, não sabia como aqueles garotos a aturavam, talvez fosse por eles serem igualmente irritantes concluiu por fim.

- Vamos lá para fora no quintal. – Potter se levantou saindo pela porta sendo seguido pelos outros que deixaram Draco.

- Uma hora eles se acostumam. – A Sra. Weasley disse lavando a louça com um aceno de varinha ainda de costas para Draco.

- Eu não preciso que eles se acostumem. – respondeu ríspido tomando um gole do café ralo tão diferente do da sua casa.

- Não ajuda nada esse seu jeito. – o tom dela era ameno, mas ela continuava a arrumar a cozinha com acenos de varinha sem olhar em direção ao garoto.

- Eu não preciso de vocês! – continuou com desdém fazendo cara feia para o prato de panquecas com mel a sua frente, nunca se acostumaria com aquele tipo de comida pela manhã. Onde estavam as torradas e a geléia de amora que tanto gostava? E o pão quentinho recém saído do forno? A manteiga que derretia em sua boca? O chá preto que completava seu paladar? Sentia tanta falta de casa.

- Olha aqui rapazinho. – A Sra. Weasley estava irritada e se sentou na frente dele, fazendo-o revirar os olhos discretamente – Nós aceitamos o pedido da sua mãe para mantê-lo aqui até agora não entendi o porquê, mas acho melhor você ser mais agradecido.

- E exatamente porque eu faria isso? – Draco desafiou o olhar da mulher a sua frente.

- Para conseguir ver um pouco de luz no fim do túnel. – o tom doce e carinhoso dela o pegou desprevenido fazendo se levantar de imediato e voltar para o quarto, mas não sem antes voltar a repetir.

- Eu não preciso de vocês!

Draco subiu irritado para o quarto que dividia com os outros garotos naquela casa. Fechou a porta sem fazer barulho, mesmo nervoso não queria confusão para o seu lado. Caminhou em direção a pequena janela do quarto e se sentou perto dela observando o quintal dos Weasley, aonde eles jogavam quadribol. Bufou impaciente. Era irritante vê-los alegres enquanto ele não estava. Claro que tinha a sua vassoura com ele, mas não daria o braço a torcer para se juntar a eles. Além disso, Potter e os outros sempre achavam um jeito de deixá-lo de fora e ele não admitia isso.

- Idiotas! – resmungou irritado olhando para seus longos dedos brancos.

Viu seu anel com o símbolo da Sonserina que seu pai havia lhe dado quando voltou do primeiro ano de Hogwarts, era seu orgulho, tinha deixado seu pai muito feliz, tanto que o mesmo doou novas vassouras para o time de quadribol quando ele foi selecionado no segundo ano. Lembrava da cara abobalhada do Potter e das ofensas sem sentido da sangue-ruim que ele tinha comprado uma vaga no time, era mentira, só contou da doação depois que já tinha sido selecionado. Riu ao lembrar-se do Weasley vomitando lesmas por causa daquela varinha quebrada dele.

- Isso aí Harry! – ouviu a torcida da Granger e se deixou encostar-se à parede do quarto, nunca tinha se sentido tão solitário em toda a sua vida.

Lembrou dos anos em Hogwarts, sabia que nunca tivera um amigo sincero, mas sentia falta de seus colegas da Sonserina, eram seus iguais. Olhou novamente para aquele grupo de garotos brincando nas suas vassouras, odiava admitir, mas o Potter e o Weasley voavam bem, até mesmo aquela pirralha apaixonadinha pelo Potter voava de maneira satisfatória. Queria pegar sua vassoura e mostrar para eles como se voava. Suspirou girando seu anel no dedo. Queria sua mãe, queria seu quarto, seus livros, aqueles idiotas achavam que ele não era inteligente, até aquela sabe-tudo sangue-ruim o tratava como se ele não pensasse, sentia falta de ler e não tinha nada naquela casa para se distrair.

Passou as mãos pelos cabelos loiros encostando a cabeça na parede enquanto fechava os olhos. Sentia falta do seu pai, queria voltar no tempo, queria que aquele maluco do Lorde das Trevas nunca tivesse voltado, queria sua família de volta, queria sua casa e sua vida.

Ficou durante muito tempo de olhos fechados encolhido no canto do quarto lembrando-se dos bons momentos do passado até que ouviu o barulho de passos na escada e teve certeza que em poucos minutos aqueles insuportáveis estariam no quarto para lhe tirar o sossego, mal terminou seu pensamento a porta do quarto se abriu.

- Ah! Você está aqui! – o Weasley fez uma careta de discordância enquanto se largava na cama.

- Deixe-o em paz Ron! – Draco odiava quando a sangue-ruim o defendia daquele jeito de quem sabe o que é melhor para todos.

- Eu não sei por que Dumbledore insiste que ele deve ficar conosco! – ouviu o Potter se sentando na cama bufando inconformado.

- Podíamos brincar de azará-lo! – fechou o punho forte ao ouvir a voz risonha da Weasley intrometida, mas não abriu os olhos.

- Mamãe nos proibiu! – o tom desanimado do Weasley fez o sangue de Draco ferver, ele era tratado como um bicho inútil por eles.

- Ron! Gina! – A sangue-ruim deu um gritinho horrorizada.

- Até parece que você não gostaria Mione! – Potter parecia se divertir com a desgraçada dele, no seu intimo tinha vontade de chorar, mas nunca daria aquele gostinho para eles.

- Porque vocês não calam a boca? – disse na sua voz fria e arrastada se levantando, mas mal conseguiu se por de pé foi empurrado novamente para o chão com toda a força.

- Nos dê um motivo para quebrar a sua cara Malfoy! Apenas um motivo! – o Weasley estava em cima dele sendo ladeado pelo Potter enquanto a Granger tentava segurar os dois.

- Deixem esse otário! – a Weasley o olhava de cara feia de braços cruzados.

Draco olhou para todos eles com raiva e conseguiu se colocar de pé novamente passando por eles com passos firmes descendo as escadas, achou um móvel que pelo formato deveria ser considerado um sofá e permaneceu lá quieto. Odiava ter que ficar se escondendo pela casa, odiava aquele lugar, odiava tudo ali.

Entrou em pânico quando sentiu uma lagrima na sua face, enxugou rápido olhando apavorado para os lados, não podia chorar na frente deles, não podia demonstrar fraqueza, não podia se deixar abater, mas era difícil. Respirou fundo tentando recuperar a calma e o bom senso, pegou sua varinha, pelo menos não tinham lhe tirado a varinha, mas tinha feito uma promessa de não fazer nenhum mal a eles, só por esse motivo não revidava os insultos daqueles cretinos. Não queria dar nenhum motivo para lhe tirarem a varinha, seria como lhe tirar a ultima coisa da sua vida.

Voltou a ficar em silencio preso em seus próprios tormentos tentando esquecer tudo o que estava acontecendo na sua vida quando ouviu sons vindos da cozinha, encolheu ainda mais o corpo magro e apurou os ouvidos tentando ouvir o que acontecia.

- Arthur! – ouvia a Sra. Weasley chamando carinhosa.

- Molly querida! Onde estão os meninos? – o Sr. Weasley tinha uma voz cansada e pelo barulho se sentava numa das cadeiras da mesa da cozinha.

- Olá Molly! – reconheceu imediatamente a voz do lobisomem que um dia tinha lhe dado aulas.

- Lupin como você está rapaz? – pelos barulhos que vinham de lá a Sra. Weasley estava preparando alguma bebida, talvez chá.

- Estou bem obrigado!

- E o garoto Malfoy? – sentiu um calafrio percorrer sua espinha ao ouvir o questionamento daquele ser inferior.

A Sra. Weasley suspirou se sentando junto a eles.

- É um garoto difícil e os outros não ajudam também. – teve vontade de rir, mas sabia que era melhor que não o percebessem pelo menos não agora.

- Sabíamos que não iria ser fácil! – era Lupin falando.

- Não sei no que Dumbledore estava pensando ao juntar eles. – lamentou a Sra. Weasley.

- Ele deve ter uma boa razão querida, temos que confiar em Dumbledore.

- Arthur tem razão Molly.

- Sim, mas está cada vez mais perigoso. – a voz da mulher parecia abatida.

- Tem razão, querida, por isso eles devem ir para outro lugar.

- Para onde vão levar meus filhos? – ouviu o barulho de cadeiras sendo arrastadas e concluiu que a Sra. Weasley havia se levantado rápido.

- Não sabemos ainda, mas será um lugar seguro. – pelo barulho o lobisomem também se levantou – Preciso partir... Amanhã eles devem estar prontos para irem também.

Ouviu o casal se despedindo do amigo e voltarem a se sentar-se à mesa.

- Arthur, o que está acontecendo?

- Os ataques aumentaram, tivemos mais mortes principalmente entre os trouxas.

- Estou preocupada com eles! – a voz da Sra. Weasley denunciava que ela chorava.

- Eles vão ficar bem... Eles vão ficar bem...

Draco continuou quieto enquanto ouvia o casal Weasley se retirar. Não tinha certeza se o que ouvira era bom ou ruim, mas pelo menos iria sair daquela casa insuportável. Infelizmente teria que continuar junto aqueles Grifinórios ridículos.

Dois estalos foram ouvidos no quintal.

- Eí pessoal! Chegamos! – uma verdadeira algazarra de pessoas descendo apressadas foi notada.

- Mais ruivos! – resmungou irritado e decidiu ir pra o quarto arrumar as suas coisas. Tudo o que não precisava era ser mais uma vez alvo dos novos produtos das Gemialidades Weasley.


Nota:

Essa fic é antiga... Eu não reescrevi e nem pedi para alguém betar (eu estou com trauma de betas depois que uma sumiu em meio a revisão de outra fic)... Enfim, eu estava olhando a fic ontem e sempre achei ela tão fofa que decidi repostar ela...

Bom... Se eu receber algum incentivo, essa fic entra na minha lista de atualizações, mas se não eu atualizo quando tiver vontade... Vai depender do que vocês acham... Estou com muitas fics em aberto e isso não é seguro... Por favor, sejam gentis e me falem se devo continuar esse projeto logo ou deixá-lo para depois?

Beijinhos...