Já estava anoitecendo no santuário e eu caminhava vagarosamente pelas
escadarias,observando atentamente cada degrau em que pisava.Pensava na
vida,nos treinos do próximo dia e de repente...Por que eu estava andando
pelo santuário?Marin,minha sensei,me dissera para não ficar perambulando
por lá,porque era um local onde muitos cavaleiros e soldados transitavam
freqüentemente.Ora,falando assim,parece que são monstros,ou animais
perigosos,que precisam ficar presos em suas "jaulas".Achei melhor não ficar
me preocupando com esses pensamentos,e assim,continuei a caminhar.Eu era
uma garota muito distraída,alienada,porém muito serena e romântica.Com meus
17 anos,uma típica adolescente,sonhadora e totalmente fora de órbita.Hyoga
e Shiryu me definiam assim.E eu sempre concordei.Mas eram minhas
qualidades.Meu nome,Yukihana,significava "Flor das neves".Minha pele era
branca como a neve,meus cabelos longos e negros.A cor dos meus olhos era
uma mistura de azul com violeta.Eu tinha uma expressão muito
calma,porém,meu temperamento era forte.Não gastava meu tempo atormentada
com possibilidades ou probabilidades que a vida me oferecia.Aproveitava o
presente ao máximo,sem pensar muito no futuro.Continuava a subir as
escadas,com meu jeito distraído.Distraído até demais.Tropecei em um dos
degraus e fui de cara no chão.
-Malditoooo!-gritei,sem me dar conta que estava em um lugar sagrado,e não era muito apropriado fazer escândalos,como o que eu fiz.
Tampei minha boca rapidamente,sentindo um frio percorrer minha espinha,e me arrependendo de ter gritado
-Eu preciso ser mais discreta,ou vou acabar perdendo minha cabeça para um cavaleiro...
Me levantei,limpei minha roupa e,quando me virei,trombei de cara com o peito de alguém.Um alguém alto para mim.Usava uma armadura.Me esquivei,assustada,pois conclui que os únicos que usavam armaduras por ali eram cavaleiros.Como já estava escuro,não consegui enxergar direito o rosto do indivíduo.Franzi a sobrancelha e tentei chegar mais perto.
-Não deveria fazer esse escândalo todo,só porque tropeçou em um degrau.
Era uma voz grossa.Um homem,é claro.Mas uma voz profunda,tocante.Continuei na minha tentativa de enxergar o rosto da criatura,mas não tive sucesso.
-Quem é você?-perguntei com uma voz serena.
Logo,luzes muito fortes se acenderam.Eram tochas de fogo.Pude enxergá-lo perfeitamente.Um homem com mais ou menos 1,84 de altura,com cabelos longos e meio esverdeados.A cor dos olhos,eu não consegui deduzir.Estávamos na frente da casa de Aquário.
-Por acaso essa é a casa de Aquário?
-Sim.
-Puxa!Eu andei muito!Já estou quase no final do santuário!
-E o quê você faz andando sozinha,de noite,por aqui?Não sabe que aqui é perigoso?Pode ser atacada a qualquer momento.É indefesa.
Confesso que a minha vontade era de mandar o homem calar a boca.Se ele não fosse tão encantador,eu juro que o faria.
-Qual o seu nome?-foi tudo o que pude falar.
-Por quê quer saber?
-Poderia me responder?
-Kamus.
Seu nome não me era estranho.Já havia escutado Marin falando sobre ele com Aioria,mas nunca tive a curiosidade de,sequer,conhecê-lo.Não só ele,como todos os cavaleiros de ouro.O único que conhecia era Aioria.Gostava muito dele.Era namorado de minha sensei e,conseqüentemente,acabou tornando-se meu melhor amigo.Fiquei estática por alguns momentos,e Kamus me cutucou.
-Ei.Tudo bem?
-Ah...Sim,claro.Eu...Eu já estou de saída.
Me virei e um sorriso se formou em meus lábios.O que era aquela sensação estranha?Há muito tempo não sentia aquela "cosquinha" no meu estômago.Respirei fundo e fui descendo os degraus,para voltar ao meu local de origem,a casa que eu dividia com Marin.
-Ei,ei,ei!-interrompeu meu silêncio.-Você tá maluca?
-Por quê?-parei,virada de costas para ele.
-Já é noite, é muito perigoso andar por aí sozinha.Eu vou com você!
Mas que ousadia!Ele achava que eu tinha quantos anos?Cinco?Que eu era uma criancinha indefesa?Mesmo não sendo especialista em ataques à inimigos,eu era muito boa em defesa pessoal.Me virei para ele e olhei fundo em seus olhos.
-Agradeço sua preocupação,mas assim você acaba me ofendendo.
Sem entender o que eu havia dito ele franziu o nariz.
-Ofendendo?Eu só quero te proteger.
-E posso saber por quê?
-Ora,você é uma mulher!E é perigoso para uma mulher andar sozinha pelo santuário.Não sabe da existência dos cavaleiros de ouro?
-Só porque eu sou mulher?Que machismo!Eu posso muito bem me virar sozinha.Retiro o que disse sobre agradecer à sua ajuda.
-Você é quem sabe.Estou tentando te ajudar.
-Mas não precisa.-Pisei firme no chão e continuei descendo as escadas.Não se passaram nem três degraus e lá fui eu denovo,com a cara no chão. -Caramba!Denovo não!
Ele riu,e veio em minha direção me ajudar a levantar.Eu não pude deixar de rir também,a cena foi cômica.
-Quer se fazer de independente,é?
-Ora,foi só um tropecinho.Não aconteceu nada comigo.Vê?Eu já estou bem.
-Deixe de ser orgulhosa.Você não vai à lugar algum.Vai passar a noite aqui.
-O quê?!Quem tá maluco agora é você.Eu nem te conheço direito!
-Não interessa.Eu tenho o dever de proteger mulheres indefesas.
Novamente,queria socar a cara dele.Insistia em repetir a expressão "mulher indefesa".
-E se eu dissesse que sou uma inimiga?
-Eu não acreditaria.
-Por quê?
-Porque uma inimiga nunca ficaria parada conversando comigo.A uma hora dessa já estaria me atacando.
Ele tinha razão.Minha ameaça não deu certo,e ele não me deixou em paz.
-Está certo.Passarei a noite aqui.
Onde eu estava com a cabeça?Ele nem sabia meu nome!O que Marin ia pensar?Ia ficar super preocupada!Mas parece que a energia do momento me guiou para dentro da casa de Aquário."Dane-se!Agora já foi...Não vou ficar me preocupando...".Caminhávamos em direção à entrada da casa,em silêncio.Ao chegarmos,me mostrou os cômodos e disse que eu poderia dormir em seu quarto,pois dormiria na sala.Não hesitei,afinal,tinha que ser um pouco cavalheiro comigo. Tomei liberdade e fui tomar um banho.Depois,deitei na enorme cama redonda que havia no quarto e não parei quieta.O perfume de Kamus se alastrava pelo quarto inteiro,e estava mais impregnado em suas colchas e travesseiros.Não sei por quê,mas me sentia segura ali.Ele não chegou perto de mim um minuto sequer depois que entramos na casa.Estava tudo em silêncio,mas mesmo assim,eu não conseguia dormir.Foi quando ouvi vozes.Tinha alguém na sala com ele.E a voz era masculina.Nada curiosa,resolvi dar uma espiadinha pela fresta da porta.Ele estava sentado na janela com um outro cavaleiro de ouro.Maravilhoso,por sinal.
-...E o que faz acordado aqui na sala?
-Tem alguém ocupando o meu quarto.
-O quê?!Um inimigo?
-Não diria um inimigo.
-Então,quem é?
-Yukihana.
Como ele sabia meu nome?!Pelo que eu me lembro,não havia dito em nenhum momento.Fiquei assustada.Comecei a suspeitar de Kamus.
-A aprendiz de Marin?
E esse então?Como ele sabia disso?Eu nunca o havia visto na minha vida!Um certo medo foi tomando conta do meu corpo.
-Isso.
-Como conseguiu trazê-la para cá?Ela nunca sai de seu campo de treinamento!
-Curiosamente,estava passeando pelo santuário.E,por falta de atenção,tropeçou no degrau em frente à minha casa.Fui verificar o que ela desejava por aqui.
-Que estranho.E qual o motivo de ela estar dormindo aqui?
-Fiquei com medo de deixá-la solta por aí.
Me senti um animal.Parecia que eu era um javali louco,que sairia por aí comendo tudo o que visse na frente.E,eu juro,que se ele soltasse a expressão "mulher indefesa" novamente,eu apareceria lá,interrompendo as fofocas,para tirar satisfações.
-Medo de quê?Ela não é uma garota indefesa.Já tem quase dezoito anos!Sabe se cuidar.
Que bom que alguém ali enxergava a realidade. -Medo de alguém fazer algum mal à ela.Mesmo não sendo indefesa.Eu sei disso.Ela sabe se defender.Pude perceber isso pelo modo como falou comigo.Se eu fosse um inimigo,ia me tratar do mesmo modo.
-Então não tem com o que se preocupar.
-Miro,você sabe da minha admiração por ela. - Nesse momento,me congelei inteira.Então,ele JÁ me conhecia fazia um tempo.Mas,de onde?Nunca o vi na minha frente! - Não me sentiria nada bem se algo acontecesse à ela.Qualquer coisa que fosse.Desde a primeira vez que a vi,uma semana depois que chegou com Marin,não parei de pensar nela.
Fiquei boquiaberta.Parecia mentira.Nunca havia acontecido algo assim em minha vida.Eu estava adorando ouvir aquela conversa.
-É,nós percebemos como você mudou seu comportamento depois que a viu.
-Mudei?
-E como!Parecia sempre estar preocupado com alguma coisa.
-E eu estava.Sabia que era proibido visitar um amazona,por isso mesmo que fiquei por aqui.Mas nunca esperava que a encontraria caminhando por aí.
-E o que pretende fazer à respeito?
-Bem,talvez...
Eu não estava conseguindo ouvir direito,pois os dois haviam diminuído o tom de voz.Me inclinei um pouco mais para frente,e de repente..."BAM!".Como se não bastassem duas vezes,caí pela terceira vez de cara no chão.Os dois me olharam extremamente assustados.Fiquei azul de vergonha,e tudo o que pude fazer foi lançar-lhes um sorrisinho bem amarelo.É claro que eles perceberam que eu estava tentando ouvir a conversa.Kamus abaixou a cabeça,todo envergonhado,e Miro olhava para todos os lados,sem saber o que fazer.
-Insônia,hehe...Me desculpem se eu atrapalhei algo,não era minha intenção.- Me levantei e fechei a porta.
Já havia escutado o suficiente para sentir aquela cosquinha novamente.Minha vontade era de sair correndo pelo santuário,gritando de tanta felicidade.Eu nem sabia se estava gostando do cara,pois acabara de conhecê-lo.Mas era muito legal ouvir que alguém se preocupava com você.E,melhor ainda,sem você saber de nada,já fazia mais de um mês que isso estava acontecendo.Um sorriso não saía do meu rosto.Resolvi dormir,para não causar mais probleminhas naquele dia.E quem disse que eu conseguia? Permaneci acordada,porém com os olhos fechados.Ouvi a porta se abrir.Fingi que estava dormindo,mas olhei com o canto dos olhos o que estava acontecendo.Kamus ficou ali,parado do meu lado,sem reação nenhuma.Por um momento,cheguei até a ficar com medo que fosse fazer alguma coisa.Mas tudo o que fez foi passar a mão pelos meus cabelos e suspirar.Permaneci com o sorriso nos lábios,e acho até que ele percebeu.Saiu do quarto e fechou a porta.Depois daquilo,consegui ter a minha melhor noite de sono...
----Continua----
-Malditoooo!-gritei,sem me dar conta que estava em um lugar sagrado,e não era muito apropriado fazer escândalos,como o que eu fiz.
Tampei minha boca rapidamente,sentindo um frio percorrer minha espinha,e me arrependendo de ter gritado
-Eu preciso ser mais discreta,ou vou acabar perdendo minha cabeça para um cavaleiro...
Me levantei,limpei minha roupa e,quando me virei,trombei de cara com o peito de alguém.Um alguém alto para mim.Usava uma armadura.Me esquivei,assustada,pois conclui que os únicos que usavam armaduras por ali eram cavaleiros.Como já estava escuro,não consegui enxergar direito o rosto do indivíduo.Franzi a sobrancelha e tentei chegar mais perto.
-Não deveria fazer esse escândalo todo,só porque tropeçou em um degrau.
Era uma voz grossa.Um homem,é claro.Mas uma voz profunda,tocante.Continuei na minha tentativa de enxergar o rosto da criatura,mas não tive sucesso.
-Quem é você?-perguntei com uma voz serena.
Logo,luzes muito fortes se acenderam.Eram tochas de fogo.Pude enxergá-lo perfeitamente.Um homem com mais ou menos 1,84 de altura,com cabelos longos e meio esverdeados.A cor dos olhos,eu não consegui deduzir.Estávamos na frente da casa de Aquário.
-Por acaso essa é a casa de Aquário?
-Sim.
-Puxa!Eu andei muito!Já estou quase no final do santuário!
-E o quê você faz andando sozinha,de noite,por aqui?Não sabe que aqui é perigoso?Pode ser atacada a qualquer momento.É indefesa.
Confesso que a minha vontade era de mandar o homem calar a boca.Se ele não fosse tão encantador,eu juro que o faria.
-Qual o seu nome?-foi tudo o que pude falar.
-Por quê quer saber?
-Poderia me responder?
-Kamus.
Seu nome não me era estranho.Já havia escutado Marin falando sobre ele com Aioria,mas nunca tive a curiosidade de,sequer,conhecê-lo.Não só ele,como todos os cavaleiros de ouro.O único que conhecia era Aioria.Gostava muito dele.Era namorado de minha sensei e,conseqüentemente,acabou tornando-se meu melhor amigo.Fiquei estática por alguns momentos,e Kamus me cutucou.
-Ei.Tudo bem?
-Ah...Sim,claro.Eu...Eu já estou de saída.
Me virei e um sorriso se formou em meus lábios.O que era aquela sensação estranha?Há muito tempo não sentia aquela "cosquinha" no meu estômago.Respirei fundo e fui descendo os degraus,para voltar ao meu local de origem,a casa que eu dividia com Marin.
-Ei,ei,ei!-interrompeu meu silêncio.-Você tá maluca?
-Por quê?-parei,virada de costas para ele.
-Já é noite, é muito perigoso andar por aí sozinha.Eu vou com você!
Mas que ousadia!Ele achava que eu tinha quantos anos?Cinco?Que eu era uma criancinha indefesa?Mesmo não sendo especialista em ataques à inimigos,eu era muito boa em defesa pessoal.Me virei para ele e olhei fundo em seus olhos.
-Agradeço sua preocupação,mas assim você acaba me ofendendo.
Sem entender o que eu havia dito ele franziu o nariz.
-Ofendendo?Eu só quero te proteger.
-E posso saber por quê?
-Ora,você é uma mulher!E é perigoso para uma mulher andar sozinha pelo santuário.Não sabe da existência dos cavaleiros de ouro?
-Só porque eu sou mulher?Que machismo!Eu posso muito bem me virar sozinha.Retiro o que disse sobre agradecer à sua ajuda.
-Você é quem sabe.Estou tentando te ajudar.
-Mas não precisa.-Pisei firme no chão e continuei descendo as escadas.Não se passaram nem três degraus e lá fui eu denovo,com a cara no chão. -Caramba!Denovo não!
Ele riu,e veio em minha direção me ajudar a levantar.Eu não pude deixar de rir também,a cena foi cômica.
-Quer se fazer de independente,é?
-Ora,foi só um tropecinho.Não aconteceu nada comigo.Vê?Eu já estou bem.
-Deixe de ser orgulhosa.Você não vai à lugar algum.Vai passar a noite aqui.
-O quê?!Quem tá maluco agora é você.Eu nem te conheço direito!
-Não interessa.Eu tenho o dever de proteger mulheres indefesas.
Novamente,queria socar a cara dele.Insistia em repetir a expressão "mulher indefesa".
-E se eu dissesse que sou uma inimiga?
-Eu não acreditaria.
-Por quê?
-Porque uma inimiga nunca ficaria parada conversando comigo.A uma hora dessa já estaria me atacando.
Ele tinha razão.Minha ameaça não deu certo,e ele não me deixou em paz.
-Está certo.Passarei a noite aqui.
Onde eu estava com a cabeça?Ele nem sabia meu nome!O que Marin ia pensar?Ia ficar super preocupada!Mas parece que a energia do momento me guiou para dentro da casa de Aquário."Dane-se!Agora já foi...Não vou ficar me preocupando...".Caminhávamos em direção à entrada da casa,em silêncio.Ao chegarmos,me mostrou os cômodos e disse que eu poderia dormir em seu quarto,pois dormiria na sala.Não hesitei,afinal,tinha que ser um pouco cavalheiro comigo. Tomei liberdade e fui tomar um banho.Depois,deitei na enorme cama redonda que havia no quarto e não parei quieta.O perfume de Kamus se alastrava pelo quarto inteiro,e estava mais impregnado em suas colchas e travesseiros.Não sei por quê,mas me sentia segura ali.Ele não chegou perto de mim um minuto sequer depois que entramos na casa.Estava tudo em silêncio,mas mesmo assim,eu não conseguia dormir.Foi quando ouvi vozes.Tinha alguém na sala com ele.E a voz era masculina.Nada curiosa,resolvi dar uma espiadinha pela fresta da porta.Ele estava sentado na janela com um outro cavaleiro de ouro.Maravilhoso,por sinal.
-...E o que faz acordado aqui na sala?
-Tem alguém ocupando o meu quarto.
-O quê?!Um inimigo?
-Não diria um inimigo.
-Então,quem é?
-Yukihana.
Como ele sabia meu nome?!Pelo que eu me lembro,não havia dito em nenhum momento.Fiquei assustada.Comecei a suspeitar de Kamus.
-A aprendiz de Marin?
E esse então?Como ele sabia disso?Eu nunca o havia visto na minha vida!Um certo medo foi tomando conta do meu corpo.
-Isso.
-Como conseguiu trazê-la para cá?Ela nunca sai de seu campo de treinamento!
-Curiosamente,estava passeando pelo santuário.E,por falta de atenção,tropeçou no degrau em frente à minha casa.Fui verificar o que ela desejava por aqui.
-Que estranho.E qual o motivo de ela estar dormindo aqui?
-Fiquei com medo de deixá-la solta por aí.
Me senti um animal.Parecia que eu era um javali louco,que sairia por aí comendo tudo o que visse na frente.E,eu juro,que se ele soltasse a expressão "mulher indefesa" novamente,eu apareceria lá,interrompendo as fofocas,para tirar satisfações.
-Medo de quê?Ela não é uma garota indefesa.Já tem quase dezoito anos!Sabe se cuidar.
Que bom que alguém ali enxergava a realidade. -Medo de alguém fazer algum mal à ela.Mesmo não sendo indefesa.Eu sei disso.Ela sabe se defender.Pude perceber isso pelo modo como falou comigo.Se eu fosse um inimigo,ia me tratar do mesmo modo.
-Então não tem com o que se preocupar.
-Miro,você sabe da minha admiração por ela. - Nesse momento,me congelei inteira.Então,ele JÁ me conhecia fazia um tempo.Mas,de onde?Nunca o vi na minha frente! - Não me sentiria nada bem se algo acontecesse à ela.Qualquer coisa que fosse.Desde a primeira vez que a vi,uma semana depois que chegou com Marin,não parei de pensar nela.
Fiquei boquiaberta.Parecia mentira.Nunca havia acontecido algo assim em minha vida.Eu estava adorando ouvir aquela conversa.
-É,nós percebemos como você mudou seu comportamento depois que a viu.
-Mudei?
-E como!Parecia sempre estar preocupado com alguma coisa.
-E eu estava.Sabia que era proibido visitar um amazona,por isso mesmo que fiquei por aqui.Mas nunca esperava que a encontraria caminhando por aí.
-E o que pretende fazer à respeito?
-Bem,talvez...
Eu não estava conseguindo ouvir direito,pois os dois haviam diminuído o tom de voz.Me inclinei um pouco mais para frente,e de repente..."BAM!".Como se não bastassem duas vezes,caí pela terceira vez de cara no chão.Os dois me olharam extremamente assustados.Fiquei azul de vergonha,e tudo o que pude fazer foi lançar-lhes um sorrisinho bem amarelo.É claro que eles perceberam que eu estava tentando ouvir a conversa.Kamus abaixou a cabeça,todo envergonhado,e Miro olhava para todos os lados,sem saber o que fazer.
-Insônia,hehe...Me desculpem se eu atrapalhei algo,não era minha intenção.- Me levantei e fechei a porta.
Já havia escutado o suficiente para sentir aquela cosquinha novamente.Minha vontade era de sair correndo pelo santuário,gritando de tanta felicidade.Eu nem sabia se estava gostando do cara,pois acabara de conhecê-lo.Mas era muito legal ouvir que alguém se preocupava com você.E,melhor ainda,sem você saber de nada,já fazia mais de um mês que isso estava acontecendo.Um sorriso não saía do meu rosto.Resolvi dormir,para não causar mais probleminhas naquele dia.E quem disse que eu conseguia? Permaneci acordada,porém com os olhos fechados.Ouvi a porta se abrir.Fingi que estava dormindo,mas olhei com o canto dos olhos o que estava acontecendo.Kamus ficou ali,parado do meu lado,sem reação nenhuma.Por um momento,cheguei até a ficar com medo que fosse fazer alguma coisa.Mas tudo o que fez foi passar a mão pelos meus cabelos e suspirar.Permaneci com o sorriso nos lábios,e acho até que ele percebeu.Saiu do quarto e fechou a porta.Depois daquilo,consegui ter a minha melhor noite de sono...
----Continua----
