Cap. 1 – A dançarina

Estava escurecendo, Sasuke caminhava em direção à uma pequena cidade vista no horizonte. Ele estava cansado. Há mais de 1 ano atrás matara o seu irmão, e desde então ansiava pelo fim da sua vingança. Por um momento, achara que logo alcançaria o seu obejtivo: matara Danzou em pouco tempo, mas desde então, nada acontecia. Konoha estava distante, e os planos que Madara tinha para ele não passava pela destruição da vila ninja. A desculpa era que a vila se tornaria um alvo mais fácil depois do fim da guerra. Sasuke sabia que Madara também queria se vingar de Konoha. Mas ainda assim, ele estava cansado de esperar, cansado de encontrar Naruto e não ser capaz de vencê-lo, de participar de uma guerra que nada tinha com seus objetivos.

Agora ele andava pelas ruas da pequena cidade, avistou um bar e decidiu comer alguma coisa por ali. Ele conseguia ouvir uma música que vinha de dentro do estabelecimento. Quando abriu a porta, ouviu uma salva de palmas. Em um palco, um grupo de meninas cumprimentava o seu público e agradecia pelas palmas. Ele se sentou em uma mesa perto do palco e fez um pedido ao garçom. Perdera o costume de apreciar músicas e qualquer tipo de apresentação artística. Mas hoje ele estava cansado, procurava por algo não convencional que pudesse consolá-lo. Em seguida, uma única moça entrou no palco. As luzes eram baixas, Sasuke pode notar que vestia um bonito vestido azul que parecia lhe caber bem, mas não conseguia visualizar seus detalhes e seu rosto. Quando a música começou, lenta, as luzes foram aumentando devagar. Seus cabelos escuros e ondulados estavam soltos, em seu rosto era possível notar um pouco de suor, já havia dançado aquela noite. Usava um salto que ressaltava a beleza do seu corpo. No rosto delicado, a boca se salientava um pouco com o batom levemente escuro, cor chocolate. Quando a luz chegou ao seu ponto mais alto, ele pode reparar mais nos olhos, que não precisavam de nenhuma cor para roubarem a cena.

Tanta observação não era comum. Talvez por estar à procura de algo, tenha reparado mais. Mulheres bonitas com certeza apareceram na sua frente durantes estes anos, principalmente sendo quem ele era. Mas nunca estivera interessado em notá-las, sua mente sempre se ocupara com outras coisas, outros sentimentos. Pelo menos até esta noite. Tal ocorrido era tão singular, que não saberia dizer se havia algo diferente na dançarina ou nele. Não tinha com o que comparar: nem outra mulher, nem outro momento. De qualquer forma, lá estava ele quando a dançarina entrou, predeterminado a olhá-la em cada mínimo detalhe que a luz do ambiente permitisse.

Ela mexia os braços lentamente de maneira graciosa. O quadril, a cintura, as pernas, sempre em movimentos harmoniosos. Ele poderia duvidar que ela fosse real. Mas a única coisa que fez foi observar, e quando olhou para o seu rosto, percebeu que seus olhos o notara. Sentiu seu rosto queimar. O que seria aquilo? Sentia-se derrotado por um olhar que o pegara de surpresa. Como um vento forte que de repente se nota no horizonte sabendo que não há como escapar e que ele, tudo e sem o menor esforço, arrastará. Prendeu a respiração quando a dançarina fez o seu último movimento e a música soou a última nota. Os braços delicados da dançarina se entenderam enquanto se curvava agradecendo ao público que aplaudia extasiado. Ele não aplaudiu, apenas seguiu o movimento dos seus braços delicados, dos ombros às mãos e aos dedos, em uma perfeita posição que, ao encontrar a luz do ambiente que se direcionava diretamente para ela, provocava alguns reflexos. Quando a olhou no rosto, ela o olhava e, por um milésimo de segundo antes que as luzes se apagassem, ele podia jurar que a viu sorrindo para ele.

A dançaria não voltou a subir no palco aquela noite. Sasuke fez sua refeição sem olhar novamente o palco, e, assim, parece que fizeram os demais. Nem o mesmo silêncio, nem a mesma atenção dominou o público no restante da noite depois daquela apresentação.

Ele pagou o garçom e saiu para rua. Ela estava um pouco movimentada, ainda era cedo. Alguns voltavam para casa após uma jornada de trabalho, outros acabavam de sair de suas casas. Ele andava pensando qual seria o próximo passo. Ele iria embora para encontrar Madara após alguns dias e dormiria pelo caminho, ou procuraria por um hotel naquela cidade, saindo logo pela manhã? Não tinha motivo para pressa. Konoha estava distante e Madara ocupado pelos próximos dias. Pensava nisso quando ouviu uma voz:

Ei! - A voz vinha de um beco à sua direita. Ao virar reconheceu a dançarina com seus sensual vestido azul. - Qual o seu nome?

Ele pensou por uns segundos, geralmente não perderia tempo em conversar com uma estranha, mas respondeu sem fazer expressão de surpresa ou satisfação ou despontamento.

Sasuke.

Você pode me chamar de Cici. Eu não te conheço. De onde você apareceu?

Só estou de passagem.

Viajando? - Sua expressão era de interesse e riso, não deboche, era mais um desafio. Em resposta. Sasuke apenas acenou com a cabeça sério.

Vai dormir na cidade?

Ainda não me decidi...

Por que não vem beber alguma coisa comigo?

Não sei se é um boa ideia. - Sasuke estranhou a pergunta. Primeiro, havia notado alguém que nunca teria percebido em outro momento e, agora, estava prestes a beber com ela.

Eu entendo, você deve estar cansado da viagem. Nesse caso, a gente pode ir à um lugar calmo. Por não vem comigo pra minha casa? Tenho saquê lá.

Sasuke a olhou por um momento. A resposta era óbvio: não. Mas um por segundo ele pensou: "Ela pode ser o meu ópio".

Pode ser.

Vem comigo.

Ela se virou e Sasuke a acompanhou no caminho para sua casa. Não demorou muito para os dois pararem em frente à uma porta. A casa por fora era simples, nada a diferenciava de todas ao redor. Neste momento, Sasuke perguntou:

Você mora com alguém?

Não. - Ela virou a fechadura e com um click a porta se abriu. - Entre.

A primeira coisa a chamar a atenção de Sasuke foi uma quantidade de quadros a direita da sala, alguns pendurados, outros encostados nos cantos e em cavaletes:

Você os pintou?

Uhum. - Afirmou acenando com a cabeça. - Você gosta? - Cici continuava a carregar suas palavras com um tom de desafio enquanto as pronunciava com um meio sorrido.

Acho que sim.

Na verdade, ele ainda não tinha olhado atentamente e poucas vezes olhara qualquer outro. De modo geral, ele os achou bonito e bem feito. Se entendesse alguma coisa de arte, talvez diria que ela tem talento. No entanto, ele se limitou a apenas olhar sem nada achar.

Fique a vontade, eu vou pegar as bebidas.

Ele olhou para o outro lado da sala. Havia um sofá e mais a esquerda uma mesa e uma pequena cozinha. Na frente uma única porta que provavelmente levaria para o quarto. Concluiu que estava em uma casa pequena e de solteiro. Ficou um momento pensando se sentaria no sofá ou à mesa, decidindo, por fim, pela mesa. Cici voltou com algumas garrafas e dois copos, sentou-se à mesa ficando em frente a ele e serviu as bebidas. Sasuke pegou o seu copo pensando que há muito tempo não bebia, sendo que sempre bebera pouco, nem sequer lembrava do gosto. Quando bebeu, sentiu arder sua garganta, mas não fez expressões. Virou para Cici e viu que esta a observava enquanto também dava o primeiro gole. Eles passaram um tempo conversando enquanto bebiam. Ela fazia perguntas as quais Sasuke esquivava até perceber que a única forma de não responder era perguntar. Ele, então, começou a fazer as perguntas que lhe viam à cabeça as quais ela respondia sem pestanejar. Ele descobriu que Cici dançava, cantava e pintava, que saiu das casas dos pais quando completara a maioridade e passou a trabalhar com a sua arte. O restante da conversa foi perdendo o sentido e não se gravou na memória a medida em que tomavam Saquê. No dia seguinte ele se lembraria de vê-la rir, levantar e dançar desajeitadamente, mas com charme. Se lembra de ter rido também e de observá-la. E que em um dado momento, ela estava rindo e dançando e ele estava em pé a olhando. Ela deu duas voltas em si mesma e quando parou estava perto dele. Sasuke não saberia dizer como aconteceu, mas que apenas estavam perto e que no segundo seguinte, estavam com os lábios colados. Momento depois, após mais risadas, eles caíram no sofá e o sono se apoderou dos dois.