N/Rbc: Uhm... mais uma fic. Ela não é grande, mas foi dividida em capítulos. Está sendo especialmente postada por conta da páscoa, já que páscoa combina com chocolate e a fic fala sobre chocolate. Ela é bonitnha e fofinha e tals e eu gosto delas. E é especialmente dediacada às Sublimes, Rute e Kika, por sempre me cobrarem os finais das minhas fics inacabadas e também porque eu gosto delas e tudo o mais. Espero que se divirtam com a fic.
Obs: Para quem lê as fics da Rute, eventualmente perceberá uma ou outra semelhança com esta fic, e não é mera coincidência. Há uma explicação na fic dela "A Loja de Chocolate". São semelhanças mínimas. As histórias são contadas de maneiras diferentes. Então, apenas para esclarecer, não se trata de um plágio.
Obs2: Eventuais descaracterizações de personagens serão explicadas ao longo da fic. Porque tal personagem está agindo desse modo, ou daquele modo, há uma explicação. Pelo menos eu acho. Enfim, perguntem! D
Obs3:
A Páscoa é um período, principalmente, de renovação e renascimento. Não apenas um período de alguns dias durante os quais se come muitos chocolates. Mas, como chocolate é muito bom, e uma renovação é sempre bem vinda, desejo a todos vocês uma Feliz Páscoa! Claro, e uma boa leitura!

La Chocolateria
Por Rebeca Maria
Draco/Ginny
Romance/Humor

Capítulo 1

Draco Malfoy viu as portas do Corinthia Alfa, o imponente e luxuoso hotel português, abrirem-se para ele. Os funcionários sorriam e o cumprimentavam, sempre com uma educação impecável. Eram todos assim, solícitos e educados com o único morador efetivo do hotel.
Ele não se queixava, claro. Aquelas pessoas que trabalhavam ali eram as únicas com quem ele conversava e que, na maior parte de seu tempo, eram-lhe bastante úteis. E no final das contas, já se tinha acostumado a viver àquela maneira, quase que completamente trouxa, e descobrira que estes também podiam usufruir-se de luxúrias e bons grados.

"Maria, experimente isso." – Draco apoiou-se no balcão e ofereceu um bombom para a atendente. Falou-lhe com um inglês impecável, já que de português sabia pouco.
"Sr. Malfoy, eu não..."
"Apenas experimente, Maria."

A mulher apanhou o bombom da mão de Draco e colocou-o na boca. Deliciou-se. Não pôde se conter quando fechou os olhos e sentiu o chocolate se desfazer em calda levemente quente em sua boca. O gosto do mais puro chocolate, misturado à sutileza de um saliente pedaço de morango em seu interior. Ela podia comparar a sensação de comer aquele chocolate com a sensação de flutuar. Era inexplicável.

"O que você acha?" – Draco perguntou com um sorriso a tira colo e um olhar estreito. A mulher corou.
"Eu...eu... não tenho como explicar, Sr. Malfoy. Mas este é certamente o melhor chocolate que eu já comi em toda a minha vida." – ela disse, ainda sentindo a calda de chocolate em sua boca, como se fosse algo infinito.
"Explicou divinamente bem, Maria, obrigada!" – Draco afastou-se um tanto e então voltou-se novamente para Marie – "Onde está a Ma'Vie?"
"Está com Julian, na piscina. O senhor sabe como os dois se divertem juntos."

Draco acenou, antes de dirigir-se às piscinas. Parou um pouco afastado. Naquele dia as piscinas estavam cheias, em sua maioria adolescentes ou crianças. Mas é claro que ele pôde distingui-la perfeitamente, com aqueles cabelos tão loiros com cachinhos tão bem definidos e olhos de prata tão brilhantes, brincando com o rapazinho de cabelos castanhos e olhos verdes.

"Ma'Vie!" – ele chamou, ao que imediatamente a menina olhou para ele, sorriu, e correu para pular em seus braços – "Você está me molhando, mocinha."
"Você fica mais bonito molhado, papai." – a pequena sorriu e deu um beijo de cada lado do rosto do pai.
"Sabe que já me disseram isso?"
"É, e quem?"
"Uma pessoa muito especial para o papai."

x.x.x

"Querida, saia já dessa chuva. Você vai ficar doente."

Draco se aproximou da mulher no meio do jardim. Ela tinha os braços estendidos e o rosto virado para o céu. Sorria intensamente, enquanto a chuva caía deliciosamente sobre seu corpo.

"Meu amor..."
"Eu gosto de chuva, Draco."
"Eu sei, mas se ficar muito tempo, você vai ficar doente, e eu vou ficar molhado."
"Correção: você está molhado. E para além disso, você fica muito mais bonito quando está molhado."
"Eu não entendo quando você diz isso." – ela sorriu para ele e levou seus lábios para bem próximo do ouvido dele.
"Adoro fazer amor com você na chuva. Ou no chuveiro. Ou na banheira."

Draco sorriu, antes de beijá-la com intensidade e ousadia, ao mesmo tempo que deitava o corpo dela delicadamente na grama, terminando por tirar-lhe a roupa o mais rápido que pôde, unindo os corpos da forma como ela mais gostava.

x.x.x

"Papai?" – Draco piscou os olhos e focou a filha em seu colo. Tinha-se perdido em lembranças durante alguns segundos.
"Tenho uma coisa pra você." – os olhinhos cor de prata de Ma'Vie brilharam.
"O que é?"
"A sua invenção."
"É sério, papai?"

Draco enfiou a mão no bolso da calça e retirou um bombom, do mesmo jeito daquele bombom que dera a Maria quando chegara ao Corinthia Alfa.

"Experimenta."
"Posso dividir com o Julian?"
"Vai lá!"

Ma'Vie correu para junto do rapazinho português, oferecendo-lhe metade do bombom que tinha nas mãos. Em seguida, Julian sorriu para a amiga, dizendo-lhe que o chocolate era o melhor de todos.
Depois ela voltou aos braços dos pai e agarrou-se ao pescoço dele, com um belo sorriso no rosto.

"Foi aprovado."
"Então, minha querida Ma'Vie, a La Chocolateria acaba de ganhar um novo chocolate."
"O Lovers Dream." – Draco sorriu e deixou que a filha voltasse a brincar com o amiguinho.
"Não demore muito, Ma'Vie, nem arranje confusão." – a pequena apenas riu para o pai antes de correr com Julian para o outro lado da piscina.

x.x.x

"Matthew Weasley! Anda logo!"
"Mas mãe..."
"Agora, Matthew! Ou você entra no banho agora ou eu não vou te levar mais para A Toca!"
"Mas..."
"Agora!"

O pequeno, de sete anos, baixou a cabeça e entrou no chuveiro. Gina saiu do banheiro e foi arrumar a bolsa do filho, que iria passar alguns dias na casa dos avós.

"Tudo pronto?" – ela virou-se depressa, ao ouvir a voz atrás de si.
"Ó, é você, querido." - o homem se aproximou e abraçou-se a ela.
"Trouxe uma coisa pra você."

Ele desvencilhou-se do abraço e mostrou a ela uma caixa, retangular, meio marrom com o nome 'La Chocolateria' em um tom creme em alto relevo. Ela abriu um enorme sorriso.
Abriu a caixa e apanhou o primeiro chocolate que viu. Brigadeiro.

x.x.x

"Pare de me olhar tanto, Weasley."

Ela piscou algumas vezes e arrumou seus pensamentos.

"Eu não..."
"Claro que estava, Weasley. Você esteve aí, encostada nessa parede, olhando pra mim durante muito tempo. Achou que eu não fosse perceber? Eu percebo quando os outros estão me olhando. Eu não preciso vê-los me olhando para sentir o olhar deles queimando nas minhas costas. E acredite, o seu queima bastante."

Ginny aproximou-se e debruçou-se no parapeito, na mesma posição que ele. Ainda assim ele não a olhou. Não a tinha olhado num minuto sequer. O olhar dele continuava fixo na intensa chuva do lado de fora de Hogwarts.

"Seu namoradinho Potter não vai gostar de saber que você está aqui comigo."
"Eu não estou aqui com você."
"Ah não?"
"Não exatamente. Eu apenas estou aqui, mas não significa que seja com você. E o Harry não é meu namoradinho."
"Não é isso que dá a perceber com aquela demonstração explícita de carinho de hoje cedo, Weasley."
"Aquilo foi... aquilo não foi premeditado, Malfoy."
"Claro." – Draco retirou uma caixa de dentro de seu casaco e abriu-a. Era uma caixa de chocolates, novinha. – "Aceita?"
"Ahn?" – Ginny virou-se.
"Aceita chocolate?"
"Eu..."
"É sim ou não, Weasley, é simples. Se você gosta de chocolate, aceita, se não, recusa. Só isso. Entendeu? Então eu vou fazer a pergunta de novo: aceita chocolate?"
"Eu entendi a pergunta, idiota."
"Então...?"
"Você é um Malfoy."
"Uhhh, tem certeza?"
"Você poderia ter envenenado os chocolates e por isso está me oferecendo."
"Onde está a boa vontade dos Grifinórios? Você não acha que eu seria idiota o bastante para envenenar chocolates e comê-los, não é?" – ele disse, colocando um dos chocolates na boca – "Mas, tudo bem, melhor pra mim se você não aceitar, sobra mais."
"Eu aceito."

Draco crispou um sorriso fino no canto dos lábios e, ainda olhando para a chuva, deslizou a caixa pelo parapeito da janela até a garota.
Ginny escolheu um. Todos tinha formatos diferentes, e supostamente teriam sabores diferentes. Apanhou o que tinha formato de coração. E assim que o colocou na boca não teve dúvidas de que não poderia ter feito melhor escolha.
O chocolate derreteu quase que instantaneamente em sua boca, dando-lhe uma sensação de extrema leveza. A sensação mais próxima que ela podia sonhar já ter passado era um beijo. E o melhor beijo de sua vida não chegava nem perto do que aquele chocolate lhe proporcionava.

"Você gosta de chocolates?" – ela perguntou, após se deliciar com o primeiro chocolate.
"Não, eu apenas os como para que outras pessoas não tenham como comer algo tão pavoroso."
"Céus, Malfoy, você é tão insuportável."
"Perguntas idiotas exigem respostas idiotas, Weasley. É assim que é." – ela deu de ombros e apanhou mais um chocolate.
"Chocolates maravilhosos. Por que dividi-los comigo?"
"Porque não tinha nada mais interessante para fazer. Além do mais, eu tenho sempre a oportunidade a mais de te irritar neste meio tempo em que dividimos uma caixa de chocolate."
"E como pretende me irritar?"
"Eu ainda não sei, mas assim que terminarmos a caixa eu terei todas as respostas que procuro."
"Como você...?"
"Você nunca realmente conhece uma pessoa até que divida uma caixa de chocolates com ela, Weasley."

x.x.x

"Obrigada... Blaise... mas..."
"Mas?"
"Estes chocolates, não são..."
"Sim, daquela chocolateria portuguesa. Mandei encomendar, especialmente para você. Da última vez você gostou tanto deles."
"São os melhores, obrigada, querido." – ela disse e depositou um beijo na bochecha dele.
"Pai?"

Blaise virou-se e sorriu para o pequeno Matthew ensopado na porta do quarto.

"Matthew, quantas vezes eu já disse..."
"Eu sei, mamãe, mas meu pai não se importa não é mesmo?"
"Deixa ele, Gin." – ela apenas suspirou, vendo o filho correr para os braços de Blaise.
"Mas, Blaise..."
"Eu sei, Gin, eu sei, mas como ele disse, eu não me importo."

Ginny ergueu as mãos, em sinal de derrota, antes de sair do quarto do filho, deixando-o sozinho com Blaise.

"(...)"

Ela sentou-se na mesa e colocou a caixa de chocolates diante de si. Brigadeiro. Nozes. Avelãs. Castanhas. Rum. Cada um com um formato, cada um com um sabor singular.
Cada gosto, entretanto, lhe era estranhamente familiar. Algo como se ela já os tivesse comido tantas e tantas vezes no passado, que sua memória tivesse guardado cada sensação da calda escorrendo em sua boca, ou do chocolate se desfazendo sobre sua língua, ou dos sutis pedaços de nozes ou avelãs ou castanhas se desintegrando entre o chocolate, dando-lhe um sabor a mais.

x.x.x

"Você não se cansa de me olhar, Weasley?"
"Eu pretendo descobrir como você sempre sabe quando alguém está te olhando."
"Eu já disse, Weasley, os olhares queimam. E de todos, o seu é o que mais queima." – um minuto de silêncio e intensa troca de olhares. Draco não sabia porque ficava sempre tão fascinado por aquele olhar – "Mas o que você quer aqui, Weasley? Não veio aqui apenas para me ver, não é?"
"Claro que não, Malfoy. Eu..."
"Você?"
"Eu preciso de mais daqueles chocolates."

Draco analisou Ginny de cima a baixo. Parou com seu olhar fixo no dela. Passou infindáveis minutos olhando para aqueles olhos quando finalmente crispou os lábios num sorriso que beirava o sadismo.

"Por quê?"
"Por que o quê, Malfoy?"
"Por que eu deveria te dar um daqueles chocolates?"
"Porque eu sou chocólatra. Porque eu estou fascinada pelo sabor daqueles chocolates. Porque eu nunca provei chocolates tão bons quanto aqueles. E finalmente, porque eu estou te pedindo. Por favor?"
"Você está quase implorando como eu quero, Weasley, mas precisa se esforçar um pouco mais."
"Malfoy, por favor... eu te pago, se você quiser..." – os lábios de Draco perderam o tom sádico e sua expressão tornou-se séria.
"Se você tem dinheiro, Weasley, porque você não compra chocolates na Dedosdemel?"
"Não é a mesma coisa, Malfoy. Os de lá não derretem na boca, não me fazem fechar os olhos tentando sentir a calda descendo pela minha garganta, nem tem um sabor tão... tão..."
"Marcante?" – ele sugeriu.
"Sim, marcante." – o sorriso voltou aos lábios de Draco, mas dessa vez não era sádico, era um sorriso interessado no que ela dizia.
"O que mais?"
"Aqueles chocolates imitam sensações... são melhores do que qualquer beijo que eu já recebi até agora... são... infinitamente sublimes..."
"Você não deve ter recebido beijos que valessem à pena, Weasley, a ponto de dizer uma coisa dessas. Se o Garoto Cicatriz ouvir isso, vai ficar bastante decepcionado."
"Esquece, Malfoy! Esquece que eu vim aqui te pedir um chocolate. Eu nem sei porque eu fiz isso. Eu devo estar louca, só pode."

Os olhos de Ginny brilhavam em frustração e, talvez, desânimo. E Draco percebeu isso. Um brilho intenso e marrom, quase avermelhado. Foi então que ele percebeu porque aqueles olhos o fascinavam tanto. Eram olhos cor de chocolate.
Ela virou-se, na intenção de ir embora. Mas Draco apanhou o braço dela antes que ela se afastasse, fazendo-a virar-se para ele. Seguindo o ato, ele botou um único chocolate na mão dela e depois sorriu.

"Prove este e me diga o que acha. Eu não quero seu dinheiro, Weasley. Dinheiro eu tenho de sobra. O máximo, talvez, a sua opinião, e assim, quem sabe, poderemos ter uma parceria. Um chocolate pela sua opinião."

x.x.x Fim do Capítulo 1 x.x.x

Sexta-Feira - 14/04/2006