Um em um Milhão
Uma tradução de Ligya F.N. do original de Conny
Tradução devidamente autorizada pela autora
CAPÍTULO 1 – Duas linhas vermelhas
Teresa Lisbon esta sentada na borda da banheira, - embora pouco decorada mas ainda muito aconchegante – no banheiro do seu apartamento alugado de três quartos. Ela adora aquele cômodo, às vezes até mais do que a sua aconchegante sala de estar. Com o seu vitral, maravilhosamente iluminado pelos últimos raios do sol poente, que proporciona o ambiente perfeito para relaxar durante um banho de espuma depois de um longo e duro dia de trabalho.
Nesta noite, contudo, Teresa se esquece da luz do sol e os padrões da tinta que pinta a parede próxima a ela. Ela está esperando, todo tempo evitando a si mesma de olhar para o relógio a cada 5 segundos. Ela programou um alarme, ela irá saber quando o tempo tiver chegado. Ela podia fazer alguma coisa em vez de apenas esperar. Ler. Ou talvez assistir TV. Mas ela opta por ficar sentada ali, olhando para a parede e tentando não pensar sobre o que ela está esperando, sobre as conseqüências que ela poderá ter que lidar quando aqueles cinco minutos acabarem.
Finalmente o alarme termina sua miséria. Ou talvez apenas esteja tocando, ela pensa, enquanto ela lentamente põe o peso nos seus pés para pegar o pequeno e branco aparelho, que ela tinha colocado na máquina de lavar mais cedo. O que ela vê não é tão surpreendente. Duas linhas vermelhas. Que tinha o mesmo significado que a cruz azul que ela tinha visto naquela manhã ou da linha violeta que ela tinha visto ontem. Ou é claro, a infame indicação digital que ela tinha visto hoje durante a hora do almoço, explicando com letras garrafais que ela estava de fato "grávida".
Ela não está realmente preparada para esse resultado mais do que não estava duas semanas atrás, quando ela percebeu que sua menstruação estava atrasada. No começo ela estritamente descartou a idéia de estar grávida. Ela trabalha demais, ela come de forma irregular - foi certamente seu estilo de vida errático que confundiram seu corpo. Mesmo que seu corpo nunca pareceu ter um problema assim antes. Dia após dia passaram e ela teve que admitir a si mesma, que uma gravidez não era apenas possível, mas também muito provável. Quando ela finalmente fez o primeiro teste, ela ainda estava chocada com o resultado. Então, ela fez outro teste, e depois outro.
Caminhando pelo seu quarto, a mão instintivamente vaga para seu estômago ainda plano, tentando estabelecer um primeiro contato com o ser humano crescendo dentro dela. Ela está pronta para isto? Um bebê? Criar uma criança sozinha? Em sua mente, ela faz um balanço da sua situação de vida atual.
Ela não está em um relacionamento. Tampouco estará num futuro previsível, visto que ela tem um bebê a caminho. Ela nem estava realmente em um relacionamento quando o bebê foi concebido. Eles dormiram um com o outro exatamente três vezes antes de terminarem qualquer relacionamento que eles estivessem tendo, nenhum deles realmente disposto a se comprometer. Cada uma desses três vezes eles usaram proteção. Ela tenta imaginar quão pequena era a chance de ela engravidar. Uma em um milhão? Talvez seja o destino. Talvez este bebê esteja tão interessado em se tornar uma parte de sua vida que encontrou uma maneira de ir contra todas as probabilidades. Ela sabe que está sendo tola, mas pelo menos ela agora pode culpar as alterações hormonais.
Seu trabalho não é feito para uma mãe solteira. Sendo a líder de sua própria equipe, está fora de questão se ela quisesse passar mais tempo com seu filho. Mas ela supõe que ela pode fazer o seu trabalho atual na maior da sua gravidez, desde que seu estado de saúde permita isso. Perto do final, ela poderia ficar com o trabalho de escritório, treinando seu substituto para que ela deixasse a equipe em boas mãos. Ela poderia ter tempo de folga após o nascimento do bebê, e então começar a trabalhar novamente depois de um tempo, com menos horas e, em uma posição menos responsável. Seria um retrocesso para a sua carreira, mas ela surpreende-se por não se sentir tão triste com essa perspectiva.
Ela precisa encontrar uma creche ou uma babá para quando ela for trabalhar, mas isso não era problema.
Seu apartamento tem espaço suficiente, então ela não precisaria se mudar. O quarto, onde o seu computador, seus livros e material de trabalho situam-se agora, faria um bom lugar para o bebê. Durante muito tempo, ela planejou limpar e jogar as coisas daquele quarto fora, mas ela nunca tinha tempo para fazê-lo.
Ela ama crianças e sempre soube que queria ter seus próprios filhos um dia. Então, os anos foram passando e ela não conseguiu ter um relacionamento que durasse mais de 18 meses e meio, ela começou a se convencer de que ela estava vivendo para seu trabalho e as crianças só seriam obstáculos em seu caminho até o topo. Só que ás vezes ela se permitiu sonhar, sempre imaginando um certo homem na sua vida. Claro que as coisas não funcionavam dessa maneira.
No fim da sua adolescência, ela tinha fantasiado sobre criar um filho sozinha. Ela não tinha imaginado bem daquela maneira, estar em um relacionamento quando o bebê nascesse e, depois romper com o pai por qualquer motivo. Não parecia difícil, até ótimo, ser responsável por uma criança sozinha. Ninguém para lhe dizer como criar seu filho, ninguém para dividir o amor do garoto. Mas agora, tantos anos depois, a idéia de ser a única responsável pelo destino de uma criança é muito assustadora. E se ela arruinasse a vida inteira dele ou dela mesmo? Mas e se não arruinasse? Ela está consciente de que ela não tem mais vinte anos. Talvez esta criança é sua última chance.
Seu "um em um milhão".
Ela percebe, distraidamente acariciando sua barriga, que ela sabia o tempo todo que ela quer ter este bebê. Fazer listas mentais de prós e contras é uma mera formalidade para confirmar sua opinião preconcebida. Mesmo que ela estivesse absolutamente aterrorizada, ela acredita que tudo vai entrar nos eixos logo que o bebê nascer. Á parte isso, ela já está se encantando com seu bebê, imaginando como será seu rostinho e imaginando como ela irá decorar seu quarto.
De repente, ela toma um susto. Oh Deus, ela vai ter que contar a sua equipe. E, mais importante, ela tem que dizer ao pai. Ela não esta certa qual confissão que ela está temendo mais. Claro, ela pode adiá-la um pouco mais. Ganhar algum peso pode ser facilmente explicado devido a muito "pizza de caso fechado" e muito pouca malhação. Mas eventualmente, ela terá de anunciar a sua gravidez.
A equipe irá tratá-la de forma diferente assim que souberem. Eles tentarão não fazer isso, mas todas elas são pessoas cuidadosas e irão tentar tornar a vida confortável para uma mulher grávida e protegê-la do mal e com isso minar sua autoridade como chefe. E eles certamente irão querer saber quem é o pai de seu filho, embora ela duvide que eles ousem perguntar.
A reação do pai, por outro lado, é totalmente imprevisível. Da maneira como ela vê, ele irá correr e nunca olhar para trás; ou se tornará tão superprotetor quanto os outros. Ela não tem certeza qual possibilidade ela prefere. Embora, quanto mais ela pensa, ela não se importaria se seu filho tivesse um pai em sua vida.
Ainda contemplando o melhor método de dar a notícia ao pai - simplesmente dizer? Enviar-lhe um cartão de Dia dos Pais? - ela finalmente cai no sono e entra em um sonho muito vívido. Um sonho, ou talvez um pesadelo, onde ela entra no escritório no dia seguinte e um certo consultor de cabelos loiros anuncia - depois de um rápido olhar para ela através da sala - que ela está grávida já que os peitos dela estão maiores do que no dia anterior.
TBC
N/T: Haha! E então? Ficaram curiosos? Quem é o pai, huh? Quem leu a fic em inglês não diga!
