Como de praxe: Saint Seiya nem os personagens desta história me pertencem, mas sim á Kurumada, Toei, Bandai e outros. Se pertencessem a mim, seria bem interessante...

Galera, essa fic é pro desafio Aniversário de Milo e Kárdia do grupo Saint Seiya BL. Uma simples One-shot do casal preferido da galera: Milo e Kamus.

Importante: As falas em negrito correspondem à música Sinal Fechado de Chico Buarque e interpretação do mesmo e Maria Bethânia. Portanto trata-se de uma sonng fic, porém com uma interpretação diferente.

Agradeço imensamente a minha Beta linda e maravilhosa Kitsune Kiki! Sua ajuda foi indispensável!

Espero que gostem! Mil Beijos Doces!

Sinal Fechado

Olá! Como vai?– depois de tantos anos, o reencontrara justo ali, no sinal fechado. Pensou que talvez o ruivo sequer lhe respondesse.

Eu vou indo. E você, tudo bem?– não era tão improvável que encontrasse Milo em Athenas, mas simplesmente não esperava vê-lo.

Tudo bem! Eu vou indo, correndo pegar meu lugar no futuro... E você? – o francês estava tão bonito, tão elegante como nunca o vira antes.

Tudo bem! Eu vou indo, em busca de um sono tranqüilo...
Quem sabe?
– sim, quem sabe... Seu sono já não era tranquilo há anos...

Quanto tempo!

Pois é, quanto tempo!

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O dia estava muito quente e o céu já se carregava em nuvens escuras. Em pouco tempo o peso frio da água chocava-se contra o chão quente, num encontro único na natureza. As torrentes líquidas eram fortes, porém ele continuava treinando. Sozinho. Tão concentrado que estava não percebera a aproximação de outrem.

- Você não deve treinar na chuva. – indiferente como sempre, suas palavras constratavam com o tom de sua voz, permeada por um forte sotaque francês.

- Não posso parar, eu serei o melhor cavaleiro de Escorpião de todos os tempos! – sua determinação era tão forte quanto sua personalidade.

- Se continuar na chuva, adoecerá e ficará dias sem treinar e aí suas intenções estarão cada vez mais distantes de concretude. – virou-se e ameaçou partir, porém foi interrompido com um pedido sincero.

- Não vá Kamus! Você é meu único amigo e também o único que se importa comigo! Treina comigo...

- Quem disse que me importo? – a chuva escorria por seus cabelos lisos, molhando também o resto de seu corpo, dando-lhe uma aparência mais singela do que já possuia. Sentiu seu braço ser puxado, forçando-o a virar-se para outro.

O grego também estava encharcado, porém seus olhos iluminados intensamente, refletiam o brilho molhado e cristalino da água. Seu porte desenvolvido camuflava suas poucas 13 primaveras, dando-lhe mais anos. Encarava-o como se não pudesse evitar, cada gota que tocava a pele alva do francês lhe parecia desbotar mais. O som da chuva soava como música melodiosa.

- Eu sei Kamus, sei que se importa. Senão não estaria aqui... – alguns passos em direção ao ruivo, hipnotizado pelo brilho vermelho daqueles olhos. O outro permanecia imóvel.

Poucos centímetros os separavam e o torpor do momento os levaram a tocar de leve os lábios, de maneira tímida. Com os olhos cerrados, o ruivo buscou mais contato, sendo prontamente correspondido. Sentia o gosto quente do outro, enquanto era tomado por seus braços.

Por longos minutos experimentaram o ósculo pela primeira vez. Doce, suave, inocente. Separaram-se sem pressa. Após aquela sensação incrível, sentiu o outro soltar-se delicadamente de seus braços e deixa-lo, dando-lhe as costas e caminhando suavemente, sem dizer palavra. Impressionou-se com a atitude do francês, tentando detê-lo com a voz.

- Kamus, Kamus... – esticou o braço, fechando o punho e sentindo apenas o vento e gotas de chuva em sua mão. A decepcão em seu rosto era translúcida, igual às lágrimas disfarçadas de chuva que desciam de seus olhos escurecidos pela mágoa.

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Me perdoe a pressa, é a alma dos nossos negócios!– sua vida mudara tanto, nunca teve pressa ou se preocupara tanto com negócios como nos últimos tempos. Se perguntava se Kamus havia mudado também...

Não tem de quê! Eu também só ando a cem!– pouco dava importância à outras questões que não fossem relacionadas a seu trabalho. Não muito mudara com os anos, mas o grego parecia diferente. Também já se passou tanto tempo...

Quando irá telefonar? Precisamos nos ver por aí!– queria vê-lo, aquele ocasional encontro lhe despetara algumas lembranças antigas.

Pra semana, prometo, talvez nos vejamos...Quem sabe?– quem sabe realmente se veriam novamente, algum dia? Olhou o loiro profundamente, os anos não pareciam lhe ter passado... O brilho intenso de sua expressão continuava o mesmo.

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Os corpos suados comprimiam-se intensamente. Os gritos e gemidos ecoavam pelo pequeno e rústico quarto. Os olhos avermelhados soltavam lágrimas disfarçadas, enquanto sentia o outro tomando-o por completo, murmurando de prazer, assim como ele próprio. O ápice os tomava de maneira arrebatadora, inebriando-os por completo.

As respirações ofegantes se acalmavam enquanto os corpos disputavam espaço na mesma pequena cama. Experiência única e inesquecível para ambos. Juntos tornavam-se homens.

Levantou-se sentando na cama, buscando suas roupas e vestindo-as. Não aguentava mais aquilo em seu peito, precisava dizer.

- Vou para a Sibéria amanhã treinar aspirantes a Cisne. – de costas para o outro, ouvia-o levantar-se abruptamente puxando seu ombro. Permaneceu firme e imóvel, sem deixá-lo lhe virar para si.

- Porque não me disse antes? Porque só agora? – estava irado, gritava. Não se conformava.

- Para evitar exatamente isso. – virou-se de frente para o outro, encarando-o – Não é escolha minha, entenda!

- Mas porque fez isso comigo então, para me usar? – magoado, revoltado e angustiado eram as palavras que melhor descreveriam o grego naquele momento.

- Pra levar uma lembrança sua comigo. – sem mais nada dizer, levantou e se foi. O loiro não tentou impedí-lo. Seu orgulho estava ferido demais para isso...

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Quanto tempo!

Pois é...quanto tempo!

Tanta coisa que eu tinha a dizer, mas eu sumi na poeira das
ruas...
– aquele dia, jamais se esqueceria dele, sempre se perguntou se o ruivo havia lhe guardado mágoa ao ir-se daquela maneira.

Eu também tenho algo a dizer, mas me foge à lembrança!– piscou lentamente e lembrara-se daquele dia que queria simplesmente esquecer... das palavras não ditas...

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Tantas coisas aconteceram, que sua mente ainda não havia conseguido reabsorver tudo... Uma difícil luta conta seu querido discípulo... A desonra pelo dever... O renascimento cheio de possibilidades...

Não sabia muito bem como agir ou o que fazer... Mas precisava falar com ele... Talvez fosse essa a oportunidade, a liberdade necessária... Pela primeira vez a esperança surgia em seu coração...

Dirigiu-se até Escorpião, sentindo ao chegar uma estranha sensação, de vazio. Bateu incessantemente na porta da casa particular, até ser despertado de seu desespero momentâneo por uma voz que conhecia bem.

- Ele foi embora Kamus! – sua voz era suave e séria, como sempre fora. De alguma maneira Saga podia ver a decepção no olhar do outro.

- Foi embora? Sem dizer nada? – aquilo tudo parecia mentira! Tinha que ser mentira... Ele não podia ter ido embora sem ao menos dizer Adeus... Esforçou-se para não mostrar sua tristeza para o outro. Despediu-se – Obrigado pela informação! Boa tarde Saga. – não queria falar, olhar ou qualquer outro tipo de comunicação com ele, sabia não ser educado, mas era necessário, pois aquela dor era insuportável. Deu-lhe as costas e se foi.

Chegando em casa, abandonou-se ao chão... Porque... Ele havia partido para sempre sem dizer adeus... Aquilo não era justo... Deixou uma lágrima escorrer por sua face clara e delicada.

Há alguns dias ganharam a chance de uma nova vida, após o fim da batalha contra Hades. Athena havia deixado a todos à escolha: ficar no Santuário ou ir embora e ter uma vida civil... Milo escolhera a vida civil... Sem nada dizer arrumou suas coisas e se foi...

Tinha tantas coisas a dizer, tantas coisas a propor, a provar... Bem, já não tinha mais... Foram tantos anos com frases feitas, do que diria se o reencontrasse, mas o tempo apagou as letras da mente, mas não a dor do abandono... Não entendia, justo ele que cobrava tanto...

Anos se passaram, as lembranças amenizaram e a dor também. Porém jamais poderia esquecê-lo... Jamais poderia esquecer aquele dia...

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Por favor, telefone! "eu preciso beber alguma coisa,
rapidamente"...
– realmente precisava vê-lo.

Pra semana... – talvez fosse uma oportunidade de esclarecer as coisas. Afinal se passaram mais de 10 anos...

O sinal... – ia abrir, o sinal ia abrir...

Eu procuro você... – sim, procuraria Milo.

Vai abrir... Vai abrir... – não queria que abrisse, queria ter mais tempo. Fechou os olhos por um instante e lembrou-se daquele dia e daquela promessa... Que não cumpriu...

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- Olá Milo, como vai? – percebera a expressão endurecida do outro. Aquele contato seria difícil. Mas como ficara lindo, um homem realmente admirável...

- Bem Kamus e você? Vejo que esses 6 anos no gelo lhe fizeram bem. – a ironia escondia a mágoa, o orgulho ferido...

- Eu quero conversar com você!

-Não temos nada que conversar! – ele não o feriria novamente, havia aprendido com o próprio francês como congelar o coração.

Palavras não seriam ouvidas, conhecia-o. Aproximou-se e beijou seus lábios com intensidade. Laçou-o pelo pescoço, sentindo que aos poucos correspondia, cedia. Foram longos minutos de lembranças e saudades, até o ósculo ser separado com certa força.

- Não Kamus, eu não confio em você! Vem, me seduz e depois vai embora sem olhar pra trás. Você sempre faz isso! – empurrou-o levemente, escapando de suas mãos com agilidade. Seu coração estava cansado daquilo.

- Eu não vou mais embora... Agora eu vou ficar, acredite...

- Eu passei esses 6 anos esperando o dia em que fosse voltar... Pra dizer o quanto eu te desprezo...

-Não, você não me despreza Milo. Senão, não me esperaria, não estaria aqui... Lembra-se disso? – os olhos do outro começavam a ceder, aproximou-se novamente. O abraço foi forte e acolhedor, fazendo o grego se entregar – Nunca mais fui o mesmo depois daquela tarde. Você me invadiu sem volta para meus sentimentos.

- Porque eu acreditaria?

- Porque eu te amo...

Aquelas palavras pareciam surreais sendo ditas pelo ruivo, era golpe baixo, mas fôra acertado em cheio. Pôde constatar a veracidade naquele olhar avermelhado fixo em si. Seu coração não pôde mais aguentar, uma lágrima denunciou-lhe, assim como acontecera outras tantas vezes. Fechou os olhos e beijou-o como se não tivesse mais nada nesse mundo a preocupar-se. Tinha-o de volta, e dessa vez esperava que fosse para sempre...

Ofegantes, buscando alívio e ar separaram-se, buscando o quarto privado da Oitava Casa.

- Passei noites sonhando com teu retorno, com isso... Kamus...

- Agora é real! – sentiu o grego empurrar-lhe vagarosamente sobre a cama, sem soltá-lo de seus braços.

Os beijos e carícias eram distribuídos por todo o corpo suave. Queria sentir o gosto de cada pedaço daquela pele tão branca e macia. Suas mãos exploravam seus musculos e desfaziam-se das incômodas roupas do aquariano, enquanto sentia-o abraçar e arranhar suas costas fortes, gemer ensandecidamente de prazer.

- Milo, eu quero sentir o mesmo daquela tarde, ser seu de novo. – os corpos já desnudos se acariciavam mutuamente entre gemidos e sussuros.

Com todo cuidado, tomou-o devagar, fazendo-o chorar com a dor da invasão. Beijou-o, acarinhou sua face, seus cabelos, percebendo que a tranquilidade já o apossava novamente. Aos poucos os corpos começavam a movimentar-se em busca de prazer, de união. Os rostos estavam corados e plenos de desejo e intensidade. Os beijos eram quentes e molhados, e o suor se misturava em ambos.

- Kamus, eu te amo... – a emoção tomava conta do loiro, que sentia-se pleno com aquilo. Possuía o frânces outra vez...

- Milo... – após sentir sua sensibilidade sendo tocada insistentemente, deixou-se levar pela explosão de prazer, que aquela fricção dos corpos lhe proporcinara. Mais poucos segundos, ouviu o amante gritar e fôra preenchido por ele. Estava voando pelos céus...

Os corpos já tranquilos e apaziguados se abraçavam na cama, mantendo um grande contato visual, que não deixou aqueles olhos avermelhados esconderem sua angústia.

- Que foi Kamus, não me diga que vai me deixar de novo?

- Não Milo, não é isso. Vou lhe confessar... O Mestre receberá amanhã a suposta Athena e seus defensores... entre eles meu discípulo.

- Isso te preocupa? – tentava entender onde o outro queria chegar com aquela conversa, o que o ruivo pretendia.

- Acho que nos causarão tormentos... O menino de Cisne ainda não está pronto para uma batalha como essa! – sua mente tentava achar uma solução que fosse menos fatídica...

- Você pensa em detê-lo? – conseguia ler em seu olhar, era claro que faria isso. O francês não deixaria o garoto morrer...

- Milo, me promete que nunca me deixará...

- Eu prometo Kamus, não importa o que aconteça eu nunca vou lhe abandonar! – uma promessa... Um beijo doce e apaixonado invadiu os lábios, as bocas e os corações...

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Eu prometo, não esqueço, não esqueço... – como poderia esquecê-lo? Por mais que tentasse, o loiro continuava vivo em seus pensamentos...

Por favor, não esqueça, não esqueça... – não poderia, não queria ser esquecido. Não por ele...

Adeus! Não esqueço... – em pouco voltaria à França, teria de ser em breve. Não esqueceria.

Adeus!

– Adeus!

Espero que tenham gostado! Foi escrita com muito amor e carinho! Espero reviews!

Quem sabe não rola uma continuação? ;)