Fanfic escrita pro Projeto Pandora da seção Tom/Ginny do 6v. Acho que está tão Harry/Ginny quanto Tom/Ginny, senão mais. Sou canon, fazer o quê xD Mas a verdade é que o que tem mesmo é Ginny, o resto é mero elenco apoio, por isso classifiquei como Ginny W. só. Enfim, tá aí minha primeira "Tom/Ginny", porque a Kolly meio que me conquistou com sua moderação arrasadora =)


somewhere between waking and sleeping

Ela não gostava de se sentir frágil e amedrontada e era assim que tudo sempre começava.

Tinha apenas onze anos e o colégio parecia terrivelmente assustador. Dia após dia percorria os corredores em direção às aulas e comia com os olhos baixos e fixos em suas refeições, e ansiava, quase desesperadamente, quase dolorosamente, pela hora em que chegaria ao dormitório e se esconderia atrás das cortinas de sua cama e do pequeno diário que era sua única companhia. E Ginny não sabia exatamente por que o era. Suas colegas de classe eram simpáticas e seus irmãos sempre a cumprimentavam e perguntavam se ela estava bem, e mesmo assim ela só queria saber de Tom. A segurança que ele transmitia, suas palavras bondosas, a maneira como podia falar de seus sentimentos abertamente. E ele nunca a julgava, sempre a entendia.

Ginny odiava se sentir frágil, mas toda e qualquer lembrança dele a faziam sentir exatamente assim. Tom era seu momento mais fraco, a marca de que ela havia sido tão ridiculamente ingênua, e por isso ela se odiava quase tanto quanto odiava a ele. E tudo o que ela queria fazer era esquecer e fingir que nunca havia acontecido.

Mas então tudo começava com aquela sensação e de repente ela era uma garotinha outra vez. Estava com medo e toda aquela impotência se apoderava de seu corpo, impedindo-a de se mexer. E a voz dele, melodiosa e ao mesmo tempo incrivelmente cruel, soava tão distante e tão perto, e ela tinha certeza de que seu corpo estaria tremendo se não estivesse fraco demais para se movimentar. E então veio todo o julgamento. Todas as palavras frias e outrora contidas e tudo aquilo a atingiu mais forte do que qualquer outra coisa. Sentia-se patética por pensar em uma coisa assim em um momento como aquele, mas não poderia deixar de sentir que estava perdendo seu melhor amigo.

O chão frio e duro e o cheiro pútrido tornavam-se cada vez mais distantes conforme ela vencia o sono e começava a despertar. E de repente estava sentada sobre o colchão de sua cama, os fios ruivos grudados no suor de sua testa e a respiração acelerada, desesperada. E ele parecia estar esperando por isso, porque sempre a envolvia em um abraço antes que ela pudesse perceber. Ginny sempre relutava, de início. Assustada, tentava recuar, mas ele só apertava os braços e a puxava mais para perto. Conforme ia retomando a consciência de que aquele era Harry, deixava-se ser protegida e deitava a cabeça em seu peito, permitindo as carícias em seus cabelos. Ele nunca falava nada, mas ela preferia assim e achava que era por saber disto que ele ficava apenas em silêncio. E aos poucos ela adormecia. Tranquila e serenamente, sem pesadelos. Sem Tom.

Ela não gostava de se sentir frágil e amedrontada, e nos braços de Harry se sentia completamente protegida.

E era assim que tudo sempre acabava.