Título: You're all I have
Autora: Kaline Bogard
Fandon: Thor
Casal: Thor x Loki
Classificação: +18
Gênero: romance, aventura, yaoi, mitologia
Direitos Autorais: Thor não me pertence. Usarei elementos da mitologia, dos quadrinhos; mas, sobretudo, do filme. Por que aquele Loki me ganhou facinho, facinho.
Observação: não vou me ater a detalhes, apenas ao fato de que rolou tanta química entre esses dois que eles merecem uma fanfic. Ou melhor: muitas!
Aviso: Contem yaoi. Ou seja: homem catando homem, sacas? Não gosta, não leia. Simples assim.
You're all I have
Kaline Bogard
Prólogo
Thor enfrentara várias batalhas. Tantas, aliás, que nem as poderia contar. Nunca sentira medo ou apreensão. Não sabia o que essas palavras significavam. Não até aquele dia.
O dia em que aprendera também o valor de uma raça. Fora nesse dia que sentira medo pela primeira vez, quando estivera pendurado no infinito universo, a única coisa que o mantinha a salvo era a mão forte de Odin que o prendia pelo pé e fazia de Thor o elo que mantinha Loki a salvo.
Loki, seu irmão caçula que pagara um alto preço por aprontar das suas. O rapaz tinha uma intenção louvável, mas recorrera aos estratagemas de sempre e as conseqüências saíram piores do que o esperado.
Thor não conseguia esquecer aquele olhar. As íris azuis tomadas pelo abandono, a percepção da verdade: daquela vez não poderia mesmo consertar as coisas, fazer do jeito certo.
Então largar o báculo fora a única opção.
O preço fora alto demais. Agora Thor se culpava. Poderia ter feito algo para salvar o irmão? Resgatá-lo daquele caminho? As respostas não vinham.
Por isso sempre caminhava solitário até os destroços da ponte Arco-Íris. Ficava silencioso olhando o cosmo aos seus pés, junto do ainda mais silencioso Heimdall. Levava nas mãos o martelo, o fiel companheiro que voltara para seu lado, combinando incrivelmente com a armadura nórdica reluzente.
Os olhos azuis tempestuosos firmavam-se no infinito obscuro, como se dele pudesse arrancar a solução para todas as suas tristezas.
Todas ligadas a dor da perda.
Até que um dia, aparentemente tocado o bastante para mostrar que se importava, o vigilante apertou o cabo da espada em suas mãos, como se buscasse forças e sussurrou:
– Eu posso vê-la.
A frase mal foi ouvida por Thor. O loiro virou o rosto e fitou o outro asgardiano:
– Você pode vê-la...?
– Jane Foster. – explicou e tudo fez sentido – Ela ainda procura por você.
Por breves segundos o deus do Trovão não disse nada. Estava surpreso consigo mesmo, porque fizera uma promessa da qual nem se lembrara nos últimos dias, envolvido que estava em pensamentos pela perda de Loki.
Durante aqueles dias cinzentos em seu reino, nem uma pálida sombra da mortal passara-lhe pela mente.
– Jane Foster. – repetiu pensativo. Não tinha o poder de Heimdall. Seus olhos imortais não alcançavam distâncias impercorriveis, nada podia ver além do negro obscuro do cosmo que se estendia aos seus pés.
– Pensei que a notícia o alegraria.
Diante do tom de voz um tanto surpreso Thor virou-se para o amigo:
– E alegra. Mas a ponte está destruída, nunca poderei ir a Terra outra vez.
– Isso não muda o fato de que ela ainda o procura. – Heimdall respirou fundo – Quem ama sempre procura...
Thor sorriu torto e completou:
– Procura até encontrar. A mãe adora era frase.
O vigilante acenou com a cabeça, caindo em um silêncio reflexivo. O corpo musculoso mal se movia dentro da armadura dourada.
Foi quando o rosto geralmente inexpressivo se tornou uma máscara de tormento. O asgardiano lutou internamente tentando decidir o próximo passo.
Thor observou de canto de olho o tormento do vigilante sem intervir. Nunca tinha visto o outro mostrar algum tipo de sentimento, nem mesmo durante a insurreição de Loki. Então porque...?
Essa resposta lhe foi dada na voz séria e grave, quando Heimdall revelou:
– Também posso vê-lo daqui.
O deus do trovão sentiu um arrepio. A boca ficou seca e ele cravou os olhos azuis no vigilante. As íris turbulentas exigiam respostas:
– "Ele".
Heimdall desviou os olhos:
– Loki. – afirmou com pesar, com rancor.
– Meu irmão caiu no limbo. – Thor não queria alimentar qualquer tipo de esperança. – Eu vi!
O vigilante moveu-se ligeiramente quando a mão afastou-se do cabo da espada e gesticulou amplamente:
– Ele não caiu no limbo, Thor. Não é assim que o Universo conspira.
Dando um passo a frente, o loiro debruçou-se nos destroços da ponte e lançou o olhar tentando enxergar algo além da escuridão pontilhada de estrelas.
– Como ele está? Loki está bem...?
Heimdall voltou a posição tensa e ereta. Balançou a cabeça:
– Não sou como os Oráculos de Midgard. Não tenho todas as respostas, meu amigo.
Thor sentiu Mjölnir pesar entre seus dedos. O sangue se inflamou como nos velhos tempos e então, por um momento imensurável, sentiu vontade de lançar-se no espaço até cair junto a seu irmão mais jovem.
– Detenha-se, rapaz. – o vigilante previu o ato temerário a ponto de detê-lo – As chances de chegar ao reino certo são mínimas. Pode arriscar a cair em um lugar de onde não poderá regressar.
A frase de advertência irritou o loiro:
– E o que você sugere? Quer que eu deixe as coisas como estão? Finja que ele morreu? Heimdall, sabe como são sombrias as minhas noites e pálidos os meus dias? Imagina sequer como me culpo pelo que aconteceu? Porque eu fui inconseqüente e desafiei os Gigantes de Gelo.
– Thor... – a gravidade do vigilante não foi suficiente para acalmar a ira do deus do Trovão:
– Eu atraí a fúria de meu pai. Foi minha culpa, Heimdall. Toda essa desgraça. – o loiro parou para tomar fôlego. Era visível em sua face o transtorno que tumultuava seu coração de guerreiro – Não posso abandonar meu irmão. Preciso ir até ele.
O outro asgardiano surpreendeu-se com a eloqüência de seu jovem companheiro. Normalmente tudo que Thor fazia era intenso e profundo. Mas quando o assunto envolvia o caçula da família, tudo ganhava dimensões imensuráveis.
– Bifrost está destruída. Você a fez em pedaços, caro deus do trovão. E agora ela flutua sem destino certo. Porque é assim que o cosmo trama.
A informação foi completamente inútil. Thor era cabeça dura o suficiente para mergulhar de cabeça no nada, contando com a sorte para alcançar o outro rapaz.
– Mais uma culpa que devo carregar. – o loiro soou um tanto mal humorado. – Se eu não tivesse quebrado a ponte Arco-Íris...
– Basta, Thor. – o vigilante cortou a lamentação – Eu...
A voz potente diminuiu até sumir de vez e Heimdall silenciar-se.
– O que esconde de mim, vigilante? – Thor pressionou.
– Pensei que gostaria de encontrá-la. Eu ia dar-lhe esse presente, depois de tudo o que passou.
O deus do trovão não compreendeu:
– Mas Bifrost...
– A ponte não existe mais, a conexão entre os nove reinos acabou-se. Mas minha espada era a chave que abria e fechava o portal. Tenho energia para mais uma última viagem.
A revelação deixou o loiro tonto:
– Você pode...?
– Pensei que gostaria de encontrar com Jane Foster. Ela ainda procura por você. Loki abandonou a todos nós.
Thor deixou os ombros pesarem.
– Escolher significa perder alguma coisa. Aprendi isso em Midgard.
– Se for atrás de Jane ou de Loki não poderá voltar por Bifrost. Talvez demore tempo suficiente para que um deles deixe de existir. Mortais não recebem esse nome em vão.
Thor sorriu largo:
– Quem ama procura, meu amigo.
Heimdall ergueu as sobrancelhas:
– Procura até encontrar.
Thor meneou a cabeça. Aprendera muito no Reino da Terra, Jane lhe pregara lições valiosas. Seria sempre grato a ela. Mas, em hipótese alguma, poderia virar as costas e abandonar o irmão mais jovem.
Sempre fora Loki ao seu lado. Mesmo na mais atentada das brincadeiras de mau gosto, mesmo quando os outros deuses ficavam furiosos com ele, ou melhor, com eles, pois eram inseparáveis.
E agora que o outro estava perdido, Thor o buscaria. E procuraria até encontrar.
– Abra Bifrost uma última vez, amigo. Me leve até Loki. Eu o trarei de volta para casa.
– Odin... – a tentativa de argumentação do vigilante foi cortada com a frase seguinte do loiro:
– Ficará feliz com o retorno de seus dois filhos.
Heimdall não perdeu mais tempo tentando fazê-lo mudar de idéia. O deus do trovão era teimoso demais para o próprio bem. Ao invés de desperdiçar fôlego, o vigilante ergueu a espada e usou toda a sua força para cravá-la no solo místico da ponte.
Uma luz muito forte os cegou momentaneamente. Quando tudo voltou ao normal Thor havia sumido e a espada, antiga chave de Bifrost, se esvaia em pó de ouro desaparecendo lentamente no ar.
O vigilante sorriu torto. Não se arrependeu do ato. Dera a oportunidade para que o jovem loiro escolhesse seu caminho.
E a escolha fora feita.
Continua...
MAN
Sai do cinema flutuando de felicidade com esses dois. Depois li uma fic que me deixou com um sorrisão na cara. (a fic é "Família divina" – não gosto de m-preg, mas essa ficou engraçada ao extremo)
Vou tentar atualizar toda segunda!
