Título: Melíflua Sangrenta
Autora: Christine Annette Waters
Beta: Tachel Black. Muchas gracias, querida.
Classificação: Yaoi - Horror/Supernatural - PG-13
Resumo: "Antes que tudo estivesse consumado, ele desmaiou, e morreu de olhos fechados. Olhos que haviam visto chamas demoníacas brilharem em olhos cinzentos."
Disclaimer: Nada me pertence.
Notas: Vampirismo, death fic, mystery pairing, meio insana.

Melíflua Sangrenta

As unhas cravadas em suas costas o machucariam se ele ainda sentisse dor. Talvez, naquele tempo remoto e ao mesmo tempo tão próximo no qual ainda era humano, até deixassem cicatrizes. Talvez.

Mas havia algo que a imortalidade não curava: a irritação. Apesar dos gemidos e dos gritos serem gratificantes, extremamente gratificantes, aquele agarramento excessivo já estava o deixando aborrecido. Ele poderia segurar-se na cama, ou agarrar os lençóis, ao invés de arranhar suas costas. Mas, apesar daquele comportamento na cama ser irritantemente grifinório, servia para lembrar quem, afinal, estava no controle.

E, levando em consideração as memórias de sua vida humana, estar no controle naquela situação com ele tinha algo de vingança, desforra. Sim.

"Abra os olhos." – pediu, investindo mais forte.

Os olhos continuaram fechados com força, enquanto dos lábios escapavam alguns sons irregulares, quase como uma reza.

"Abra os olhos" – repetiu, e daquela vez não era um pedido.

Como se estivesse sobre um encantamento, ele abriu. No início, era um olhar vago, perdido, mas, a medida que os segundos escorriam e ele se dava conta do que estava vendo, as pupilas se dilataram de terror e provavelmente ele teria gritado – de medo? raiva? humilhação? – se os caninos não tivessem enterrado-se no seu pescoço.

O grito morreu na garganta, sufocado pelo pânico. Houve uma pequena tentativa de luta, mas já estava condenado pela carótida rompida. Parte do sangue manchou o travesseiro e os lençóis. Os batimentos cardíacos desaceleraram antes de pararem completamente. Antes que tudo estivesse consumado, ele desmaiou, e morreu de olhos fechados. Olhos que haviam visto chamas demoníacas brilharem em olhos cinzentos, enquanto um sorriso aberto e debochado deixava transparecer os caninos saltados e um ar faminto e vingativo.

E, no final, ele era apenas um pobre garoto morto.

Ele saiu de cima do corpo e afastou-se enquanto lambia o sangue dos lábios. Ele sabia como deveria ser sua aparência agora. A pele, que costumava ser do mais puro alabrasto mesmo em vida, agora estaria corada, devido ao sangue novo que corria à toda pelas veias. Provavelmente estaria com uma aparência mais humana. Não que nunca tivesse deixado de tê-la, claro.

Olhou para o corpo sem vida perto dele. Tão fácil de seduzir com sua tendência à acreditar que as pessoas mudavam. Que a índole alterava-se. Aquela nobreza falha e ingênua que carregara durante anos acabara por deixá-lo nas mãos dele. Sorriu enquanto lembrava dos olhos claros e brilhantes e do gosto do sangue dele em seus lábios.

Grifinório tolo.