Capítulo 1: O Sádico
Sádico adj. 1. Relativo ao, ou em que há sadismo. 2. Que é dado a praticá-lo.
Sadismo sm. Prazer com o sofrimento alheio.
Do Mini dicionário Aurélio da língua portuguesa
Sejam muito bem-vindos.
Tenho fortes suspeitas de que algo divertido está para acontecer em uma certa sala de poções de Hogwarts.
Permitam-me levá-los até nosso personagem, Severo Snape.
Vamos invadir a sua mente. (Há! O que acha disso Sr. Eu-sou-o-bom-em-oclumência!?)
(...)
Hmmm...
Segundas são mesmo os melhores dias da semana. Perfeitos, perfeitos!
Snape estava sentado atrás de sua mesa, na sala de poções nas masmorras.
Já havia dado aulas para a Lufa-lufa...
Sim, primeiranistas assustados...Nunca tive nenhum bom aluno nessa casa.
Onde um garoto suado e particularmente rechonchudo deixou cair mais asas de morcego do que deveria e... Kabum! Seu caldeirão foi para os ares derramando poção por todos os sete cantos da sala.
Incompetente, realmente incompetente!
...E também para a Corvinal.
Casa de sabe-tudos e lunáticos metidos à visionários.
Onde um desses perfeitos galãs recebeu um bilhetinho de umas meninas risonhas. No entanto, a história romântica teve um final precipitado quando o infeliz aluno notou o olhar fuzilante de Severo e deixou, por conta de seu nervosismo, o bilhetinho cair dentro de seu caldeirão. A poção soltou uma grande bolha e o correio elegante foi perdido para todo o sempre.
Aluno estúpido, realmente estúpido.
Ahh, mas a próxima aula era a sua favorita! Grifinórios... Snape podia sentir a sua pele estremecer de alegria em antecipação, enquanto fixava o relógio de parede.
Nunca entendi como os meus colegas de trabalho têm problemas com alunos atrasados. É só descontar um ponto aqui, outro ali, fechar a cara para um, responder mal outro e pronto. Sem grandes mistérios para ser um excelente professor.
O relógio, nesse exato momento, marcou três horas em ponto e no rosto de Severo apareceu um sorriso maldoso. Que alegria, todos os alunos já estavam entrando na sala de aula pontualmente.
Aqui estão eles como sempre. Longbottom com uma cara de assustado, Potter desde já me encarando, Brown tagarelando com Patil, Weasley sem expressão e, lá estava ela, Granger, com mais livros do que se pode carregar.
Snape sentiu uma reviravolta em seu estômago, mas ignorou-a, começando agradavelmente com sua aula.
BAM!
Severo deixou que seus livros caíssem, nada gentilmente, em cima da mesa.
-Calados! Página 62.
Magicamente a sala estava em silêncio. Havia apenas o barulho de livros sendo tirados da mochila.
Vou ser sincero. Sei que um professor deve ser imparcial, mas tenho que admitir gostar um pouco mais dessa do que de qualquer outra turma.
Severo foi deslizando até a mesa de Neville. Não conseguia deixar de conter um sorriso que muitos alunos classificariam como maldoso.
-Página 62 e não 47. Até um macaco faria melhor do que o senhor, Longbottom.
-Quem pode me dizer os ingredientes de uma poção sonífera?
Pft. Até a minha colega Sybill, que tem uma ligeira dificuldade em adivinhação, conseguiria dizer que a mão dela está levantada entusiasticamente.
Snape caminhava lentamente pelas carteiras evitando propositalmente a da Srta. Granger.
-Realmente incompetentes. Já no sexto ano, mas ninguém é capaz de me dizer algo tão simples como isso. Entendo que é uma turma pouco favorecida pela inteligência, mas esperava mais...São raízes de mandrágora em pó, folha de urtiga não venenosa e canela.
E agora ela ia começar.
-São 30g de raiz de mandrágora em pó, meia dúzia de folhas de urtiga não venenosa, frescas e cortadas, e duas canelas. Eu estava disposta a responder à sua perguntar anterior, professor, mas o senhor não viu a minha mão.
Snape virou-se para encarar Hermione que tinha um brilho de desafio no olhar.
-Granger. - Severo já sentia a pele estremecer prevendo o que ia acontecer. – Acredito que você acha ter mais autoridade que eu já que fala até mesmo sem ser chamada. Menos cinco pontos para a Grifinória pela audácia da Srta. Granger que acha saber tudo.
E ali estava a expressão que fazia o dia do professor Snape. Um misto de vergonha e indignação no rosto de Hermione. Severo teve que conter um sorriso.
Estavam todos em silêncio, petrificados sem fazer nada, com cara de abobados, que típico. Depois me falam que os grifinórios são corajosos.
-Vocês só têm até o final da aula, o que estão esperando?
O barulho voltou ao local enquanto os alunos remexiam em seus ingredientes. Severo caminhava, ou melhor, deslizava observando cada aluno fazer sua poção.
Nessa hora sempre me sinto como um jurado de um concurso para palhaços. É complicado distinguir quem está fazendo o erro mais patético.
Snape estava prestes a sentar-se em sua cadeira para observar confortavelmente o show de desastres quando seus olhos caíram sob Rony e Hermione. O rapaz tinha a sua mão repousada em cima da mão de Granger.
Aqui, nosso professor sente uma facada desconfortável em seu peito que faz o seu bom humor, que já não era muito, abaixar.
-Sr. Weasley, você acabou de colocar não duas, como é o necessário, mas cinco canelas em sua poção. Menos vinte pontos para a Grifinória e espero que o senhor consiga consertar esse estrago até o final da aula.
Snape observou satisfeito enquanto Rony retirava suas mãos da garota para bater em sua própria cabeça. Sua poção estava em um péssimo tom verde musgo.
Ah, vejam como essa turma é agradável. O tempo passa tão rápido que já estamos quase no final da aula... É hora de ver o que Longbottom está fazendo antes que ele exploda as masmorras inteiras com sua poção. Se é que podemos chamar aquilo assim.
O conteúdo do caldeirão de Neville estava cor de rosa choque e fumegando perigosamente.
Hmm, como sempre isso merece menos 50 pontos... É impressionante o dom que esse rapaz tem em transformar qualquer ingrediente em explosivos. Mais um pouco de raiz de mandrágora em pó e tudo iria pelos ares.
As mãos suadas de Longbottom estavam agarradas no potinho de raiz de mandrágora, estava preparado para colocar mais um pouco em seu caldeirão.
-Longbottom? – O garoto deu um salto e felizmente afastou suas mãos do potinho, desistindo de adicionar qualquer ingrediente. Essa aula definitivamente não fazia bem ao coração do pobre menino. – Por que você tem esse desejo de nos levar ao suicídio coletivo em minha aula? Menos quinze pontos.
-Alguém sabe qual foi o erro que Longbottom cometeu?
Sorri satisfeito quando a mão dela foi para o ar mais uma vez.
-Srta. Granger?
-As poções soníferas viram explosivos quando se é adicionado raiz de mandrágora em pó de forma excessiva à alta temperatura.
-Correto. Menos dez pontos para a Grifinória.
Granger deixou seu queixo cair de indignação.
-O senhor não pode descontar pontos por uma resposta correta!
Era Potter matando Snape com os olhos enquanto tentava controlar sua raiva segurando fortemente a carteira.
-Senhor Potter, agradeço a sua preocupação com o meu método de ensino, mas acho a pouca criatividade uma falta extremamente repreensível. Odeio cópias baratas de frases de livro. Agora, menos dez pontos pela sua participação pouco desejada.
Olhei com o canto dos olhos para a Srta. Granger que estava corando, tentando se esconder como um gato atrás de seus cabelos.
Durante os dez minutos finais, Hermione conseguiu miraculosamente salvar todos do desastre de Neville, sussurrando-o instruções. Snape não podia negar que sempre ficava admirado com a capacidade da menina.
-Estão dispensados.
Observei todos os alunos suspirarem aliviados enquanto pegavam as mochilas e o trio maravilha já estava saindo da sala.
Snape podia ouvir Weasley resmungando.
-A poção de Neville quase explodiu a sala inteira e ele só perdeu quinze pontos! A minha, só porque estava com uma cor um pouquinho diferente, perdeu vinte pontos!!
-Não estava só um pouquinho Rony... A poção tinha que estar púrpura e não verde musgo. – Granger explicou pacientemente para o seu amigo de inteligência pouco favorecida.
-Eu estou falando, Harry, ele está me perseguindo! – Rony falou dessa vez para um Harry que sorria compadecido.
Snape deixou um sorriso maldoso aparecer em seus lábios. Ele mal podia esperar pela próxima aula.
(...)
Sádico adj. 1. Relativo ao, ou em que há sadismo. 2. Que é dado a praticá-lo.
Sadismo sm. Prazer com o sofrimento alheio.
Do Mini dicionário Aurélio da língua portuguesa
Sacaram?
Espero ver vocês na próxima aula de poções, ou serei obrigada a informar ao professor Snape que descontará mais pontos de suas casas alegremente, tenho certeza.
