Sinopse:

Na China medieval, as mulheres eram tratadas como objetos pelos homens. Seus únicos propósitos na vida sendo conceber filhos para os maridos OU proporcionar prazer a quem pudesse pagar. Quando a doce Sakura ousou desafiar as tradições, o Destino a transformou em um bravo guerreiro, provando para um homem arrogante que as mulheres não são necessariamente o sexo frágil. UA sem magia. OoC.


Notas Iniciais:

Esta história não é historicamente exata. As autoras fizeram grande uso de licença histórica ao escrevê-lo. A imprecisão foi projetada para adicionar aspectos dramáticos à trama. As invasões dos hunos e a primeira incursão japonesa em território chinês estão separadas por, pelo menos, dois séculos. Os aparelhos militares utilizados na história estão fora de suas respectivas Eras, também. Dito isto, os aspectos culturais da sociedade chinesa foram amplamente estudados e são,de maneira geral, precisos.

História finalizada com 31 capítulos com previsão de atualização quinzenal.

Aprecie a leitura!

Classificação: 18+
Categorias: Sakura Card Captors
Personagens: Sakura Kinomoto, XiaoLang Li, Wei, Yue, MeiLing, RubbyMoon, Tomoyo Daidouji
Gêneros: Drama, Romance, Universo Alternativo


FLOR DA CHINA

Por Kath Klein

Colaboração: Youru Hiiragizawa

Capítulo I

A risada melódica e contagiante preencheu o ambiente no quintal de uma casa, em um pequeno vilarejo chinês. Lá, uma adolescente corria, de um lado para o outro, com seus pés descalços mal tocando a macia grama verde. Ela ria e dançava, envolta pelas belas flores de cerejeira que se desprendiam dos galhos das frondosas árvores.

'Venha, Cixi! Venha brincar também!' Ela chamou sua amiga.

A alegria da garota era tão contagiante que, embora Cixi fosse uma menina melancólica, não conseguia resistir ao chamado de sua única amiga. Ela deixou sua costura de lado e foi até onde a jovem a esperava. Elas se deram as mãos e começaram a rodar. Mais e mais rápido até Cixi não conseguir segurar. As duas foram ao chão gargalhando.

'Desculpe. Não consegui segurar. Estávamos girando muito rápido.'

A jovem se sentou, retraindo-se levemente enquanto esfregava o quadril. A queda, provavelmente, havia lhe rendido uma mancha roxa. 'Está tudo bem, mas eu acho que terei que dormir de bruços por um tempo.'

Cixi sorriu com a alegria presente na voz dela. 'Obrigada por ser minha amiga, Sakura.' Sua voz era dócil, mas séria.

Sakura se levantou, aproximando-se da menina e a abraçando bem apertado. 'Obrigada a você por ser minha amiga, mesmo que eu seja filha de um estrangeiro.'

As garotas se afastaram, fitando-se com cumplicidade. Ambas eram sobreviventes em um mundo preconceituoso e machista.

Sakura era filha ilegítima de um oficial japonês, que se apaixonou por uma bela jovem de olhos verdes, durante a ocupação da vila de Yuhan, dezesseis anos atrás. Quando Kinomoto Fujitaka partiu da vila com o resto do exército, ele não fazia ideia de que havia deixado a jovem Nadeshiko grávida para trás após uma única noite de amor entre eles. Ele havia prometido voltar, mas nunca mais foi visto e acredita-se que tenha morrido em combate.

Assim que a família da moça descobriu sobre a gravidez, tentou todo método abortivo conhecido, mas o feto era forte e teimoso; e foi desta forma que Sakura veio ao mundo, mesmo contra a vontade da família de sua mãe. A família de Nadeshiko abandonou a recém-nascida no orfanato da vila e partiu, esperando esconder a desonra e a vergonha.

'Sakura! Cixi! Venham ajudar com o jantar!'

As duas se viraram, vendo uma senhora gorda e de rosto vermelho, franzindo o cenho.

'Estamos indo, Senhora Yang!' Sakura respondeu, correndo até ela. Assim que chegou ao alcance da mulher, Sakura sentiu um beliscão dolorido no braço.

'Você e sua inutilidade! Sempre atrapalhando os outros, Sakura! Deixe Cixi cumprir seus deveres em paz. Ao contrário de você, ela tem uma chance real de se tornar uma esposa adequada e ter uma vida melhor.' Ela rosnou, ameaçadoramente.

Sakura mordeu o lábio inferior, recusando-se a deixar escapar o gemido de dor pelo beliscão. Sem mais uma palavra, as garotas entraram silenciosamente na casa.

A casa em que o orfanato de Yuhan funcionava pertencia a Yang Huakang, um senhor de bom coração, e oferecia abrigo a muitas garotas da região. A própria Cixi era de um vilarejo mais ao norte. Os Yang criavam e educavam as garotas para se tornarem esposas perfeitas e boas mães. Com o dote do casamento de cada menina, eles provinham para as outras e assim por diante. Era assim que as coisas funcionavam, mas, algumas vezes, Sakura pensava que não passava de um mercado. Um mercado de noivas.

'Olá, Senhor Yang!' Sakura cumprimentou o senhor, que estava instruindo algumas das garotas mais novas, ao passar por ele.

'Olá, Florzinha! Tenho certeza que hoje teremos uma refeição deliciosa!' Ele abriu um sorriso gentil.

Sakura adorava aquele senhorzinho. Ele era como o pai que ela nunca teve. Na verdade, ele era toda a sua família. O velho Yang também gostava muito dela e não era só por ela ser ótima cozinheira. Sakura era uma jovem resplandecente e cheia de vida. Enquanto as outras garotas eram melancólicas e apáticas, ela estava sempre alegre e animada, independentemente de seu presente e futuro pouco promissores.

'Com certeza! Farei seu prato favorito!'

'Faria, se tivéssemos peixe!' Reclamou a Sra Yang, adentrando a sala.

Sakura se calou, observando o sorriso do homem esmaecer.

'Precisamos casar uma das meninas logo. Estamos sem dinheiro.' A velha continuou.

'Você sabe muito bem que a única com idade suficiente para se casar é Sakura, mulher.' Ele declarou, levantando-se e caminhando de um lado para o outro.

A mulher soltou uma risada alta e desagradável, como um cacarejo. 'Quem se casaria com uma japonesa?'

O senhor Yang encarou a esposa, sentindo-se contrariado. 'Ela não é japonesa.'

'Ela é filha de um soldado japonês! Além disso, ela já passou da idade. Teríamos que pagar para que alguém a aceitasse.'

As outras garotas olharam para Sakura com desdém. Na verdade, ela não queria se casar, mas odiava aqueles olhares de escárnio e desprezo.

'Ela é bela e prendada. Tenho certeza que, se a levarmos à Casamenteira, ela encontrará um bom marido para nossa querida Flor.' Ele abriu um sorriso apreensivo, observando a garota e fazendo-a sorrir, apesar de tudo.

'Irei preparar o jantar.' Sakura pediu licença e saiu de lá, sabendo que todos olhavam para ela.

Assim que a jovem saiu do cômodo, Yang se voltou para a esposa. 'Leve-a à Casamenteira amanhã.'

'Mas…'

'Sem mas! Sakura encontrará um bom noivo.'

'Marido… Ela é japonesa e nós estamos em guerra…' A mulher tentou argumentar, desanimada.

'Faça o que eu estou mandando.' Ele decidiu, por fim, severamente.

'Sim, senhor.'


Sakura estava dormindo quando sentiu alguém se inclinar sobre ela. Ela abriu os olhos, vendo Cixi a observando.. 'O que você está fazendo aqui? Já está tarde.' Perguntou, abafando um bocejo.

'Você vai a Casamenteira amanhã. Eu queria desejar boa sorte.' A menina explicou, carinhosamente abrindo um largo sorriso. 'Espero que você encontre um belo marido. Quem sabe até um Capitão do Exército Imperial!'

Sakura forçou um sorriso. 'Quem sabe…'

'Há rumores que as tropas do Imperador estão em Xangai. Será uma ótima oportunidade!'

'Eles não estão em Xangai para se casarem, Cixi.' Sakura explicou, suspirando com pesar ao pensar na inocência de sua amiguinha. 'Volte para sua cama. Se a Sra. Yang a encontrar aqui, seremos punidas as duas.'

'Está bem.' Cixi beijou o rosto de Sakura. 'Boa sorte!'

Sakura observou a amiga voltar silenciosamente ao seu colchão no outro lado do quarto. Voltou a deitar-se e virou de lado, fitando a Lua através da janela.

Ela iria a Xangai na manhã seguinte para uma entrevista com a Casamenteira. Sentia o coração apertado dentro do peito ao pensar nisso. Ela não queria ir, não queria se casar. Ela era feliz ali, apesar das broncas da Sra. Yang e do desdém das outras garotas. Quem poderia dia dizer o que ela encontraria com um marido desconhecido? Ao menos, ali ela se sentia a salvo. Ela nunca quis cuidar de um marido e dar à luz a filhos.

Segurando firmemente a um pingente de flor de cerejeira preso em uma delicada corrente em seu pescoço, a única lembrança que lhe restava de sua mãe, Sakura fez uma pequena oração antes de voltar a dormir.

'Que Buda me proteja amanhã…'


Xangai era uma cidade agitada, bem diferente da vila de Yuhan. Sakura estava sentada em silêncio ao lado da senhora Yang na carroça. Tentava não ficar boquiaberta com toda a atividade acontecendo ao seu redor para não chamar a atenção e fúria da mulher. A velha estava exasperada e se recusava a olhar para ela. Provavelmente sabia que aquela viagem seria uma perda de tempo.

'Chegamos, Senhora.' Anunciou o rapazinho que conduzia a carroça ao parar.

'Venha, Sakura.' A mulher desceu. 'Comporte-se e fique quieta. Deixe que eu responda às perguntas da Casamenteira.'

Sakura concordou, descendo também. O rapaz a ajudou, sorrindo para ela e fazendo-a enrubescer Ela se sobressaltou ao ouvir a Sra. Yang chamá-la e apressou o passo, seguindo-a. Elas pararam em frente a uma pequena e charmosa casa e a Sra. Yang bateu palmas três vezes; então elas esperaram.

Alguns minutos se passaram antes que uma senhora atendesse à porta. Apesar de sua idade avançada, ela ainda possuía belas feições e seu olhar penetrante demorou-se em Sakura. 'Ora, você me trouxe uma beldade dessa vez, Yang. Embora ela já seja um pouco velha, não?'

'Se esse fosse o único problema.' Yang suspirou. 'Ela é filha de um japonês, Sra. Miyu. Você vê meu problema?'

A fisionomia da Sra. Miyu transformou-se ao ouvir aquilo. Ela franziu os lábios, voltando a encarar a garota, como se repugnada, e agarrou o rosto de Sakura entre seus dedos magros, forçando-a a olhar para cima. 'Ela realmente é belíssima, mas seu sangue é podre.'

Sakura sentiu vontade de dizer umas poucas e boas para aquela mulher, mas decidiu permanecer quieta.

A senhora Miyu a soltou, voltando-se para Yang. 'Nenhum homem respeitável se casaria com ela.'

Sakura trincou os dentes. Mesmo que já soubesse que isso aconteceria, ainda era humilhante ouvir que era indigna de um casamento.

'Eu sabia.' Yang comentou, desanimada.

'Sinto muito, Yang, mas não posso ajudá-la desta vez.'

'O que posso fazer com ela?' Perguntou. 'Precisamos de um dote e ela é a única em idade para se casar.'

A Casamenteira voltou a fitar Sakura e curvou os lábios com um olhar desagradável que lhe distorcia o rosto. 'Há apenas um destino para mulheres belas, impuras e pobres, minha querida… Leve-a até Quang Dan. Ele pagará por ela.'

'Sim… Ele pagará.'

Yang agarrou o braço de Sakura e a puxou, afastando-se da casa da Casamenteira adentrando o intrincado labirinto criado pelas ruas estreitas de Xangai. A garota não conseguia entender o que estava acontecendo. Quem era aquele homem? Era assim que a Casamenteira trabalhava? Apenas oferece um nome e pronto...

Sakura sentia a força da mão em seu pulso aumentar e notou que a mulher estava agitada, pois ela tremia enquanto a puxava para que andasse mais rápido. O cenário mudou diante dos olhos arregalados da garota e as ruelas iam se tornando mais sombrias e marginalizadas. Algo não estava certo.

'Meu noivo mora aqui?'

'Cale-se e continue andando.'

Elas, enfim, pararam em um beco escuro e a senhora Yang bateu em uma das portas com as mãos tremendo. Sua mão suada segurava com mais firmeza o pulso da garota.

Sakura tentou afrouxar a pressão, mas isso só fez com que a mulher torcesse seu braço, puxando-a violentamente para frente. Após o que pareceram séculos, a porta se abriu com um rangido.

Sakura arregalou os olhos ao notar as sombras atrás da porta. Ela sabia que tipo de lugar era aquele. 'Não…' Ela murmurou, tentando se soltar do aperto da senhora. 'Não quero…'

'Cale-se, garota! E entre logo… Você acha que estou feliz por vir a um lugar imundo como este?' Arrastou-a através da soleira e virou-se para um homem de aparência frágil que havia atendido à porta. 'Onde está o Sr. Quang?'

O homem apontou para o centro do salão, praticamente comendo Sakura com os olhos. Ela se abraçou, encolhendo-se e sentindo-se violada.

Yang arrastou Sakura com ela à força até um homem que se encontrava cercado de mulheres em trajes indecentes que exibiam desavergonhadamente seus corpos. A garota foi lançada ao chão de joelhos em frente a quem ela supôs fosse Quang Dan e estremeceu, fechando com firmeza seu hanfu em torno de si mesma.

'Eu pensei que nunca mais me traria uma de suas preciosas jóias, senhora.'

'Esta aqui não tem salvação.'

O homem semicerrou os olhos observando Sakura com atenção. 'Ora, mas é a mais bela que você já me trouxe.'

'Ela tem o sangue podre.'

'Entendo... Aqui, isso não é um problema.' Ele sorriu maliciosamente. 'Ela não tem cicatrizes, espero.'

'Não. E é intocada.'

'Perfeito.'

'Quanto me paga por ela?'

O homem se levantou, contornando a garota que observava a tudo do chão com seus belos olhos verdes arregalados de medo. Ele se ajoelhou em frente a ela e a agarrou pelo queixo, forçando Sakura a encará-lo. Quang notou que os lábios da jovem tremiam, embora ela tenha se afastado, bravamente. Ele zombou daquela atitude e pôs-se de pé, puxando-a com ele. '250 moedas.'

Yang arregalou os olhos. 'Oh, muito obrigada, Senhor. É uma oferta muito generosa.'

'Poupe-me disso, mulher tola.' Ele disse com desdém, tirando uma bolsa de moedas da manga larga de suas roupas e entregando-a à mulher que beijou-lhe a mão em gratidão. 'Agora saia de minha frente.'

Quando Yang se virou para partir, o desespero finalmente fez com que Sakura reagisse. Ela se contorceu, tentando se libertar do aperto de Quang Dan. 'Espere, Sra. Yang, por favor...' Ela implorou. 'Por… por favor! Não me deixe aqui!' Seu lábio inferior tremia e lágrimas brotavam dos belos olhos esmeralda, escorrendo pelo rosto pálido. 'Por favor!'

Mas a mulher nem ao menos se dignou em olhar para trás. Apenas saiu do estabelecimento porta afora, agarrada aquela bolsa de moedas. Quando a porta se fechou atrás da senhora, Sakura viu suas últimas esperanças se esvaírem. Ela voltou a encarar o homem que ainda a segurava firmemente pelo pulso com pânico nos olhos.

Ele se inclinou na direção dela, puxando-a para mais perto ao vê-la tentar se afastar. 'Você está com medo?' Quang perguntou com a voz rouca de desejo.

'E-eu… eu quero ir embora.' Ela disse com os lábios trêmulos, algo que parecia diverti-lo.

Quang a encarou com olhos vidrados e franziu os lábios. 'Você nunca irá embora. Você me pertence agora, boneca.'

'Eu não sou casada com você!' Ela respondeu desafiadora, embora todos seu corpo estremecesse violentamente.

Ele apontou para as muitas mulheres naquele lugar. 'Elas não são nem nunca serão casadas. Olhe bem para elas…' Então ele a puxou, afundando o nariz nos longos cabelos dela. 'Assim como você nunca se casará...' ele sussurrou.

'E-eu quero sair daqui.' Sakura repetiu, afastando-se dele; seus olhos movendo-se de um lado para o outro a procura de uma saída.

'Você não pode.' Ele segurou com força o rosto dela, forçando-a a olhá-lo nos olhos. 'Eu adoraria deflorá-la eu mesmo, mas sua pureza será muito mais lucrativa esta noite.' Quang soltou-lhe o rosto, arrastando-a através de um corredor para um dos quartos daquele lugar infernal


Sakura andava de um lado para outro pelo quarto onde havia sido trancada por Quang Dan. Algumas mulheres a banharam e perfumaram, forçando-a a vestir um belíssimo hanfu de seda escarlate com bordados dourados. Como uma brincadeira de mau gosto, vestiram-na como uma noiva, com uma maquiagem elaborada e tudo, o que a deixava ainda mais brava. Sentia-se como um animal enjaulado e só de pensar na traição da Sra. Yang, queria explodir de raiva.

'Aquela víbora! Vendeu-me àquele homem repugnante como se eu fosse um objeto!' Ela grunhiu, rancorosa.

Mas ela se recusava a se sentar e obedecer silenciosamente enquanto tentavam transformá-la em uma concubina. Mais uma vez, tentou abrir as janelas à força, sem sucesso. O Sr. Quang havia se assegurado de que todas as saídas estivessem bem fechadas. Sakura passou a mão pelos cabelos, soltando parcialmente o elaborado penteado que usava e fazendo com suas madeixas cor de mel caíssem por sobre seus ombros.

Ela podia ouvir homens e mulheres rindo do lado de fora da porta e sabia que já era tarde. A cada minuto que ela permanecia ali, suas chances de fugir antes que o pior acontecesse diminuíam. Ela precisava encontrar uma saída ou se tornaria uma daquelas mulheres.

Ela passou a abrir as gavetas em busca de qualquer coisa que pudesse ajudá-la a abrir a janela. O desespero crescia dentro dela conforme as risada barulhentas aumentavam de intensidade. Dentro de uma das gavetas, ela encontrou um afiado adereço metálico de cabelo, incrustado de joias. Seus lábios se curvaram ligeiramente quando ela pensou que poderia usar aquilo como uma faca. Atrás dela, a porta se abriu e ela escondeu o adereço dentro de suas mangas.

'Chegou a hora, garota!' Ela ouviu a voz do Sr. Quang e, lentamente, virou-se para fitá-lo.

Ela observou a porta aberta, ouvindo as várias vozes lá fora. Segurou firmemente sua arma improvisada, mantendo suas mãos ocultas sob as camadas de tecido. De nada adiantaria ela usar o prendedor agora, então apenas recuou um passo, recusando-se a colaborar com àquele destino.

O homem semicerrou os olhos, obviamente desgostoso com a reação dela. Adentrou o quarto, agarrando-a pelo antebraço. 'Venha de uma vez! Estou ansioso para ver quanto me pagarão por sua virtude.'

'Nojento.' Ela sibilou, sendo arrastada para fora do quarto. Os olhos de Sakura percorreram o ambiente freneticamente enquanto ela tentava encontrar uma maneira de escapar.

Quando deu por si, ela se encontrava no centro de um largo salão. Por todos os lados, havia homens em uniforme imperial bebendo e tocando descaradamente as meninas de Quang. A música tinha sido interrompida e todos agora a encaravam. Instintivamente, ela se encolheu de vergonha.

'Senhores, contemplem esta belíssima flor da China!' A voz de Quang ecoou pela sala silenciosa. 'Tão pura quanto uma noiva, ela é a mais nova joia de minha coleção. Eu proponho um leilão, uma pequena distração, para decidir quem dentre vocês, ilustres convidados, terá o prazer de desfrutar tal raridade em meu estabelecimento.'

A sala instantaneamente se encheu de uma conversa animada enquanto os homens avidamente a examinavam de cima a baixo. Sakura arregalou seus olhos esmeralda, sem imaginar que o medo em seus olhos apenas atiçava ainda mais aqueles homens.

'Vamos começar com 50 moedas!' O dono da casa estabeleceu.

'60!'

'65!'

'100!' Falou de forma arrastada um homem tão bêbado que provavelmente nem sabia mais o que dizia. Sakura tentou se livrar das mãos de Quang em seu braço para sair dali, mas era inútil. O homem era bem mais forte que ela.

'105!' Gritou outro.

E assim as ofertas foram aumentando até que os únicos capazes de pagar pela menina fossem três dos oficiais mais graduados. Quang sorria satisfeito, vendo as ofertas se aproximarem cada vez mais do que ele pagara por ela.

'Eu tenho 175! Quem vai me dar mais?' Perguntou Quang Dan, olhando ao redor do salão. '175! Dou-lhe uma, dou-lhe duas…'

'300.' Alguém disse alto o suficiente para ser ouvido do outro lado do cômodo.

Quang mal conseguia conter o riso. Todos olharam para trás, vendo um jovem oficial confortavelmente sentado entre duas prostitutas. 'Tem certeza quanto ao valor, Major Li?'

O homem sorriu e se levantou, pavoneando até o proprietário do bordel; seus passos não estavam tão firmes como ele gostaria que parecessem, embora ainda fosse intimidador. Ele parou na frente de Quang e deixou cair em suas mãos gananciosas uma pesada bolsa de moedas.

'Só espero que sua vadia valha a pena.'

'Oh, sim, senhor! Eu tenho certeza que ela responderá às suas expectativas.'

Li não disse nada; apenas tomou Sakura pelo braço, puxando-a para um dos quartos do andar superior. Ele a empurrou para dentro e trancou a porta, observando a garota que a tinha as costas voltadas para ele.

Sakura examinou o quarto e ficou satisfeita ao notar que as janelas não estavam fechadas. Ela ouviu um baque atrás de si e se virou bruscamente, vendo o homem colocar sua espada sobre uma mesa enquanto se despia.

'Acabei de pagar 300 moedas por você. O mínimo que poderia fazer é me ajudar a tirar minha armadura, hein?'

'E-eu não sou uma vadia.' Ela disse, forçando-se a olhá-lo nos olhos..

Li ergueu uma sobrancelha com um meio sorriso.'Ah, não?'

'Não.'

Ele apenas sorriu, debochado, e continuou a se despir.

Quando ele tirou a camisa, Sakura arregalou os olhos, virando-se de costas com o rosto em chamas e sentindo a respiração lhe faltar. Ela nunca antes havia visto um homem sem camisa. Ela apertava nervosamente as mãos, segurando o prendedor de cabelo com tanta força que o sentiu beliscar sua pele. Se aquele homem tentasse alguma coisa contra ela, ela se defenderia.

Continua.