Cap. I – Normalizando
- Ei, Tyson! Vem aqui!
- Hum? O que houve, Karura?
- Não fuja do assunto, Tyson! Eu quero minha revanche!
- Ah, peraí, Daichi! Não enche!
- Esquece... – disse Karura não se conformando com a briga de Tyson e Daichi.
- Ainda não entendi o que você está fazendo com a beyblade do Tyson, Chief. – Max "coçava" sua cabeça.
- Ele está dando uma melhora, Max. Ele sempre faz isso com nossas beyblades, já reparou? – Karura respondeu...
- Ah...
- Com licença, mas será que um dia eles pararão de brigar? – Ray não estava suportando o barulho que aqueles dois causavam.
- Vai ser difícil... – Chief respondeu.
- Deixem-os... É assim que estão se entendendo. – disse um Kai misterioso apoiado num pilar do quintal da casa de Tyson.
- E não é de má forma... – Karura complementou.
- Mas, se pelo menos vissem por um outro lado, ou talvez Tyson desse logo a revanche que o Daichi quer, seria bem mais normal agora...
"Finalmente falou algo maior", pensou a garota.
- Querem alguma coisa para o lanche, galera? – o avô do Tyson apareceu.
- Am... Milk-shake! – Max respondeu, alegre.
- Não, obrigado. – Ray sorriu.
- Eu estava pensando em sorvete, mas acho que seria muito. – Chief disse, extremamente concentrado.
- Mas, ora! Não é muito de jeito algum! – o "vov" disse-lhe – Kai, o que vai querer?
- N... Não vou querer nada. Obrigado.
Todos se espantaram, exceto o vovô, Karura e Kenny.
- Vocês, hein... – Karura quebrara o silêncio.
- Faltou você, hein, gata! O que vai querer?
- Am...
- PRA MIM, QUALQUER COISA TÁ BOA! – Daichi logo interrompeu.
- ¬¬... Pode ser... Bolinho de queijo...? – ela indagou, timidamente.
- Mas é claro! Tyson, você ainda não disse nada.
Tyson olhou para seu avô com um olhar que parecia significar "você já sabe"...
- Ah, meu deus... Como sempre... Daichi, como assim qualquer coisa, cara, tem que determinar!
- Biscoito! – ele gritou, antes mesmo que o vovô terminasse sua última frase.
- Daichi, fala baixo, cara... – disse um Max um tanto nervoso.
- "timo. Podem esperar que já volto com suas preferências. – ele confirmou, rindo gostoso.
- Posso ajudar...? – Karura se pôs quase em sua frente.
- Não precisa, gata. Pode deixar que eu tomo conta da casa. – enquanto ele olhava aqueles olhos convencidos – Mas se quiser, eu aceito.
Ela sorriu, e foi mais adentro da casa, ao lado do vovô.
- Podem esperar! – ela gritou.
- Tá... – Ray respondeu.
- São tantos detalhes, Chief?
- Não tantos, Max. Já estou acabando.
————————————————————————————————————
- Ah...
- O que foi, Karura? Já desistiu? – vovô indagou baixo para aquela garota parada de frente à porta.
- N... Não, não é isso. Na verdade, não é nada. Pode ir na frente, já estarei na cozinha em breve.
- Então, está certo.
Karura ficou parada por uns minutos... Imobilizada, oculta, olhando apenas uma pessoa com olhos que "penetravam" entre qualquer coisa...
- Hum... Hã? – Kai abriu os olhos e descruzou os braços pois estara achando que alguém estaria lhe observando. "Por que alguém iria me observar... Na casa do Tyson... E bem adentro da casa...?" Pensou.
"Por que estou aqui parada olhando-o...? Porque ele é lindo... Se é apenas por isso, por que não estaria correndo para a cozinha? Está imóvel. Por que estou imóvel? Apenas para olhá-lo. Mas... Por que?" Karura estava pensando.
- Hum! – ela logo se virou.
- Karura... Por que estava me observando?
- Ah... Nada, Kai...
- Qual é o motivo?
- De que...?
- Nada é tudo, certo? E há sempre um motivo para tudo.
- Será mesmo? – ela olhou-o obscuramente.
-...
- Será mesmo que tudo tem sempre um motivo?
-...
- Será mesmo que isso é verdade?
- O que você está querendo dizer com "tudo" e "isso"? – ele entrou, e já estava passando a mão delicadamente no queixo da garota.
- Não estou dando um significado especial e diferente a estas palavras. Apenas estou indagando sério. – "o que estou falando...?!"
- Mas parece. Bom, voltando ao início... Será que posso saber por que você estava me observando?
-... Err... – fechou os olhos – Eu não sei direito...
- Mas...?
- Mas... Não sei!...
Kai suspirou, segurando o rosto dela.
- Parece que todos estão contra mim, agora.
- Impossível...
- Nada é impossível...
- E nada é tudo...
- Ou tudo é possível...
- De qualquer forma, se todos realmente estiverem, o que acho impossível, eu não estarei. Não quero estar contra você, nunca... – "por que estou dizendo isto?!"
Ele se espantou.
- Por que disse tal coisa? – ele indagou, aproximando os rostos.
- Nh... Por vontade.
Ele riu baixo.
- O que foi...? – ela indagou, nervosa e se sentindo meio ofendida.
- Sou muito frio... Eu mal acreditava que os outros BladeBreakers confiavam em mim, e pouco acreditava neles.
- Mas o q... – Kai pôs um polegar nos lábios de Karura, com ambas cabeças juntas pela testa.
- Antes, achei que ninguém acreditava em mim, e assim, acabei não acreditando em alguém. Mas, quando conheci Tyson, e depois formamos os BladeBreakers, passei a achar que ter amigos seria melhor que viver sempre sozinho. Certo que sou idolatrado por alguns, e esses alguns chegam até a tentar passar a perna por mim, mas obviamente nunca me importei.
"Você vai beijá-lo... Vai, irá, deve beijá-lo... Não sei... Vai..."
Kai aproximou muito mais seus lábios aos dela, quase lentamente, e quase beijando-a de leve, muito leve... A sensibilidade de Karura a fez jurar que seus lábios se roçaram...
- Kai...
Ele ficou calado, e abriu os olhos, novamente.
- Por que está agindo desta forma? – "vovô está me esperando!"
- Eu também não sei.
Um silêncio "forte" permaneceu entre os dois.
————————————————————————————————————
- Vovô, desculpe-me a demora!
- Já estava estranhando!
- Em que começo a ajuda?
- Am... Pode começar preparando o milk-shake do Max...
- Onde estão os ingredientes?
- Ali, naquele armário. – vovô apontou.
Ela foi até o determinado armário e fiscalizou os ingredientes.
