Saint Seiya não me pertence. O uso desta criação se dá sem fins lucrativos.


LIBERDADE

"We hold these truths to be self-evident, that all men are created equal, that they are endowed by their Creator with certain unalienable Rights, that among these are Life, Liberty and the pursuit of Happiness."

(The Declaration of Independence - EUA)


Campo de Detenção da Baía de Guantánamo. Cuba.

Aioria sentiu um gosto amargo na boca assim que avistou a prisão. As grades altas, os muros, a segurança pesada nos arredores... Ninguém poderia duvidar que o local "guardava" vários dos piores inimigos dos EUA. Inimigos da liberdade e da democracia, dos mais altos valores americanos, dos sonhos que construíram a toda uma nação. Sim... Dos sonhos nos quais o avô de Aioria acreditou quando emigrou da Grécia para a América, após o fim da Segunda Guerra Mundial.

_Aqueles foram tempos difíceis... – ele murmurou. – Mas estes também o são. Nazistas, comunistas... Terroristas. Todos eles são farinha do mesmo saco, no fim das contas.

_O senhor disse alguma coisa? – perguntou Marin, a competente tradutora selecionada para aquela missão. – Eu estava distraída e não ouvi bem.

Aioria nada respondeu, pois o jipe em que estavam parou na guarita de segurança. Sem pressa, ele mostrou a sua identificação expedida pela CIA. O guarda demorou alguns minutos para liberar a passagem, mas o fez quando recebeu uma autorização de seus superiores. O veículo, então, pôde seguir até o pátio externo. Ao descer, Aioria e a tradutora foram recebidos pelo oficial militar que os conduziria até o prisioneiro:

_Ele já está à espera, numa das salas de interrogatório.

_Leve-me até lá – o jovem agente disse e lhe entregou um ofício. – E cuide também para que os preparativos sejam concluídos. Teremos de levá-lo daqui hoje mesmo.

O militar assentiu, depois, tomou à dianteira até a sala de interrogatório. Durante o caminho, Aioria tentou controlar a própria ansiedade. Suas mãos e testa suavam, mas não era devido ao calor daquela manhã cubana. Marin percebeu isto e quebrou o silêncio:

_Você está bem?

Uma resposta negativa seria mais adequada e verdadeira. No entanto, Aioria respondeu:

_Sim, eu estou bem.

_Este prisioneiro... O que ele fez para estar aqui?

_Ele é um terrorista.

_Mas eu não falo árabe.

_Ele não é desse tipo de terrorista.

Marin ficou curiosa. Ela estava ali, mas desconhecia os detalhes da missão. Porém, antes que pudesse perguntar, Aioria informou:

_Ele é espanhol. Fez parte do ETA, o grupo terrorista de luta pela independência do País Basco.

_Mas o ETA encerrou as luta armada em 2011, não foi? Este prisioneiro ainda é perigoso o suficiente para estar aqui? Representa perigo para os EUA?

_Sim, pois ele se enveredou em outras organizações terroristas. Ele era um dissidente dentro do próprio ETA.

_Entendo.

Ambos, então, adentraram na sala de interrogatórios, dando de cara com um homem sério e de cabelos escuros, o qual tinha o antebraço tatuado com o símbolo do ETA: uma serpente enrolada em um machado.

Alguns segundos de absoluto silêncio se passaram até que Aioria falasse:

_Você será transferido daqui hoje. Deverá cooperar com o governo dos EUA, e não haverá benefícios em troca disto.

Marin repetiu tais palavras em basco. O prisioneiro, então, encarou seriamente o agente da CIA e disse:

_Bere anaiazara. Ikusten dutzuk.

Aioria olhou para Marin e perguntou:

_O que ele disse?

_"Você é o irmão dele. Eu vejo ele em você".

Sim, Aioria era o irmão mais novo de Aioros, o agente da CIA que morrera tentando evitar um ataque terrorista planejado por Shura. No entanto, não fora este o assunto que o levara até ali:

_Eu não gosto de lidar com escória, mas fui designado para esta missão. Portanto, é melhor você cooperar.

Marin traduziu as palavras de Aioria. Shura, por sua vez, lançou-lhe um olhar indecifrável e disse:

_Lankidetzaprezioaizango dute: nireaskatasuna.

Aioria olhou para a tradutora, mas o próprio prisioneiro traduziu suas palavras:

_A cooperação terá um preço: a minha liberdade.

Em um pequeno apartamento. Nova York, EUA.

Mu sentava-se diante do seu computador, digitando rapidamente sequências de números e letras. Ele sabia que, em poucos segundos, teria acesso aos dados secretos de diversas agências do governo norte-americano. Todavia, confiava nas suas habilidades como hacker para não ser localizado:

_As pessoas precisam saber da verdade. E é para isso que eu estou aqui, para garantir a verdadeira transparência e uma real liberdade de expressão – ele disse e digitou a última sequência, a qual iniciou o download dos dados diretamente para a sua página anônima na internet. - Voilá.

Ele deu um sorriso satisfeito, porém, alguém bateu inesperadamente à sua porta. Cuidadoso, ele perguntou:

_Quem é?

_Comia chinesa – a pessoa respondeu.

Mu sentiu o estômago roncar e abriu a porta de uma vez. O restaurante sempre entregava pontualmente o seu almoço, porém, ele lembrou-se de um detalhe importantíssimo:

_Eu não pedi comida nenhuma!

Tarde demais. Dois homens de rosto encoberto simplesmente o nocautearam. Teria ele sido descoberto?

Em um país no nordeste da África.

Os refugiados caminhavam pela estrada poeirenta, fugindo da guerra civil que assolava aquele país, onde duas facções contrárias brigavam violentamente pelo poder. Mulheres, homens, crianças e velhos andavam numa marcha triste e quase fúnebre. Todos se dirigiam para a fronteira, onde os campos de refugiados abarrotavam-se mais e mais a cada dia. Entretanto, alguém se dirigia na direção contrária: o coronel Aldebaran Ferreira, responsável pela missão de paz recentemente aprovada pelo Conselho de Segurança da ONU.

_Isso aqui é pior do que o inferno, coronel – disse o soldado de capacete azul que conduzia o caminhão. – A morte é a única vitoriosa dessa guerra. Ela leva gente dos dois lados e também leva os inocentes consigo.

O coronel nada respondeu. Apenas ficou olhando o infindável fluxo de refugiados. O soldado, então, seguiu falando:

_Vamos passar por um terreno complicado, coronel. Está dominado por uma das facções.

_Por isso nós trouxemos armamentos, soldado – Aldebaran disse, ainda que quisesse evitar o fogo inimigo durante o trajeto. – E, com guerrilheiros no nosso caminho ou não, precisamos alcançar a missão religiosa antes do fim do dia.

_Isso se a morte não alcançá-la primeiro, coronel.

Sim, a morte. Aldebaran desejava ser mais rápido que ela, mas ele acabou perguntando-se se isto seria possível. A morte... Aparentemente ela era uma espécie de liberdade naquele caos humanitário, afinal, os mortos ali já não teriam sofrimentos para viver. Era como se estivessem livres de alguma maneira, mas não era por esta liberdade que Aldebaran lutava.

_Soldado... Acelere mais – ele disse e observou pelo retrovisor o comboio de caminhões que seguia atrás de si. – Acelere o quanto puder.

Na referida missão religiosa.

O choro de mulheres e crianças era quase insuportável, pois expressava o sofrimento daquelas viúvas e dos órfãos da guerra. Todos vinham de um povoado massacrado pelos guerrilheiros, e havia muitos feridos. Tantos que o teto improvisado já não era suficiente para abrigar a todos:

_As pessoas não param de chegar, doutor Shaka – disse uma freira, visivelmente assustada. – Não daremos conta de todos.

_Faremos o que pudermos – disse o médico, o qual tinha cansaço na própria voz. – Faremos o que estiver ao nosso alcance.

_Os medicamentos estão no fim – a freira que também atuava como enfermeira informou. – E a comida já acabou hoje de manhã.

Shaka suspirou e limpou as mãos sujas de sangue em seu avental, que já estava tingido de vermelho vivo. Ele acabou a sutura na testa de uma menina e, em seguida, disse à freira:

_Faremos o que pudermos, mas tenha fé.

Shaka virou-se para atender outro paciente. Ter fé... Talvez fosse a única coisa que pudessem fazer.


Oi!

Essa fic vai fugir um pouco do que eu já escrevi antes. Será um universo alternativo, e envolverá suspense, ação, drama, romance, teorias da conspiração, etc. E será fic de fichas. Já tenho uma fic assim em andamento, mas dá pra ir levando duas - eu acho. :)

Enfim... Disponibilizarei o modelo para fichas depois do próximo capítulo. Qualquer dúvida, estarei por aqui.

Até mais! Bjs!