Vermelho e Preto
Por Azami-San
Capitulo I – Ela Esta Perdida Por Dentro
-X-
"Há um certo momento que toda sua vida sai do seu curso. Nesse momento de desespero, quem você será? Você baixara a guarda e achará conforto em alguém que não esperava? Você enfrentará seus maiores medos corajosamente? E seguirá em frente com fé? Ou você vai sucumbirá insegurança da sua alma?"
-X-
Era noite. Faziam, naquele mesmo horário, três semanas desde que saíra de Konoha sem a permissão da hokage, sem avisar a ninguém. Nem mesmo ao Naruto, seu melhor amigo durante tantos anos. Mas afinal, porque perturbar ele que estava tão feliz por receber a notícia de que a Hinata estava grávida? Não fazia sentido deixá-lo preocupado, mas do que evidentemente já estava com ela. Além do mais ele tentaria a impedir ou iria querer acompanhá-la e isso não poderia permitir, não queria colocar em risco a vida do garoto - agora homem, pai de família - que sempre estivera ao seu lado. Não estava tão cega de ódio a ponto de arriscar a vida de mais alguém naquela missão quase suicida. Aquele era um assunto seu.
Entrou no bar de baixa categoria sem se preocupar com os olhares maliciosos que os vários homens no local lançavam sobre ela. Apesar de usar uma capa negra com capuz sobre o pequeno short preto e blusinha de alças verde escura, notava-se as curvas bem feitas do corpo da kunoichi. Ela havia deixado o Haitate na aldeia, não necessitava dele ali, já que não estava em uma missão oficial. Aquela altura achava que ate poderia ter sido tomada como nukenin, como o Sasuke. Engraçado, pensava ela, ela julgara tanto o Sasuke por tudo o que ele havia feito e agora estava seguindo pelo mesmo caminho. Certo que muitas das coisas que ele fizera, ela não faria, como lutar contra Konoha ou ate mesmo matar pessoas que não lhe fizeram nada, mas agora não o julgaria mais, embora não tivesse porque desculpa-lo depois de todo o sofrimento que ele lhe provocou.
Por ousadia da vida, sim, ela ainda o amava. Mas não era mais a garota tola que o perdoaria assim que ele lhe desse um sorriso e ela achava mesmo que isso era muito improvável de ocorrer. O Sasuke não tinha mais o poder atordoante e ridiculamente sem noção que tinha sobre ela outrora. Ou ao menos ela achava isso.
Mas apenas uma pequena parte de sua mente conseguia pensar naquilo. O resto do seu ser estava concentrado no ódio, em traçar planos de reconhecimento do território e ataque ao inimigo.
Pediu um copo de saquê e viu um atendente jovem servi-la deslumbrado. Bom, aquilo poderia lhe ser útil. Talvez pudesse conseguir a atenção do Haitate de outra forma que não fosse a força física... Seduzi-lo talvez fosse mais fácil. Era virgem, e isso a preocupava, pois não queria que sua primeira vez fosse em uma "missão" e ainda mais com a pessoa que mais odiava no mundo. Mas ela era uma kunoichi não era? Sabia que a Tsunade não fazia isso com ela e outras, mas que seduzir o inimigo era uma das tarefas dadas a ninjas mulheres em missões algumas vezes. Bem, de qualquer forma teria que esperar dois dias ate que ele aparecesse segundo suas informações.
Depois de esperar por quase uma hora chegou à conclusão que sua informante prostituta não apareceria naquela noite. Fazia uma semana que estava instalada na hospedagem simples que servia também de motel, nos fundos do barzinho e, nesse tempo, descobrira que o general costumava freqüentar aquele bar uma vez por mês ao menos, em datas regulares, para "visitar" uma ou outra puta. Uma delas havia aceitado dar informações a Sakura em troca de proteção contra um cliente violento, que estava ameaçando sua vida.
Não fora um trabalho difícil para Sakura o fazer desistir de atormentar a pobre mulher.
Saiu do bar e seguiu para a hospedagem. Poucos passos depois ela sentiu o sentido de alerta despertar. Estava sendo seguida. Não conseguia sentir o chakra, nem ouvir a aproximação, mas sabia que havia alguém se aproximando pelo movimento muito rápido que cortava o ar calmo daquela noite fria de inverno. Deveria ser um shinobi pela velocidade. Se ela não estivesse tão alerta ultimamente, não teria percebido com certeza a sutil aproximação.
Pegou rápida uma kunai e se pôs atrás de um tronco, evitando um possível ataque direto. Quando sentiu que o shinobi já estava próximo o bastante saiu de trás da arvore e o imprensou contra o mesmo tronco numa velocidade que surpreenderia e deixaria o Naruto orgulhoso se pudesse a ver. A kunai rente ao pescoço do perseguidor.
- Porque estava me seguindo? – perguntou em um sussurro irritado.
O homem não respondeu nada e ela pressionou mais ainda a ponta afiada da arma contra a garganta do atrevido, alerta a qualquer movimento.
Porém de repente seus olhos se arregalaram e ela conteve o impulso de saltar para trás. Os olhos antes escondidos pela escuridão do capuz que o shinobi também usava, aos poucos giraram em vírgulas negras enquanto os olhos adquiriam um tom de vermelho vivo. Só conhecia uma pessoa com aqueles olhos.
Uchiha Sasuke.
Seu corpo deu uma imperceptível sacudida por conta do leve tremor que a atingiu ao fato de estar diante do uchiha após tanto tempo. Mas já não era mais aquela garota estúpida que se deixava dominar pelos sentimentos. Sofrera de mais. Por ele, por sua família. Agora suas feridas estavam abertas demais para que ela visse ou desse atenção a qualquer outro sentimentos que não fosse a dor e a raiva.
Endireitou-se imediatamente, firmando ainda mais a kunai na mão.
- Sasuke. – falou o nome entre dentes – o que quer?
Ele a olhou diretamente nos olhos. O rosto tão impassível como sempre. Mas por dentro estava curioso com a expressão feroz no rosto da kunoichi, pela dor profunda que manchava os olhos outrora tão brilhantes, pela falta do sufixo em seu nome.
- O que você quer com o Haitate? – perguntou com voz fria.
Sem emoção como sempre fora e ainda era.
Ela se irritou com a intromissão. Quem ele pensava que era? Não devia explicações a ninguém, ainda menos a ele.
- Não é da sua conta.
Ele estreitou os olhos.
- Saia do caminho. Eu tenho assuntos a resolver com ele, seja lá o quer for que você queira com ele, não me interessa. Só não me atrapalhe. Agora volte para Konoha. - ele fez menção de afastar o punho dela que segurava a arma branca contra seu pescoço de cera. Não que o assustasse, mas incomodava-o o atrevimento dela.
- Você não é ninguém para me dizer o que fazer! – ela urrou raivosa pela autoridade que identificou na voz dele. Como se ele tivesse algum direito sobre ela! Mas logo depois se arrependeu pela perda de controle. Tinha algo mais importante a fazer do que perder tempo em uma discurssão com seu ex-parceiro. Não importava se ela ainda o amava. Seu coração estava morto. Havia sido calado pela dor dilacerante de se perder a família, pelo ódio que pedia por vingança – saia você do meu caminho. O Haitate é assunto meu.
Ele ergueu uma sobrancelha em descrença.
- Esta dizendo que vai matá-lo sozinha? – esboçou um sorrisinho sarcástico – não acho que seja provável.
Ela perdeu a calma mais uma vez, pressionando a kunai contra a carne branca do rapaz com mais força do que deveria, fazendo uma linha fina de sangue deslizar pelo lugar onde a lamina afiada se afundava um pouco. Arrancando um sorriso maldoso do nukenin. Ela estava realmente diferente... Mais feroz.
Quem ele pensava que era para julgá-la? Ele não a conhecia, não mais. Não sabia de nada que ela era capaz! Ah, como queria arrancar aquele sorriso do rosto dele! Ele sempre zombava dela. Tinha vontade de socá-lo ate a morte, ou seria simplesmente muito fácil afundar a sua kunai ainda mais na pele dele, mas sabia que não seria tão fácil assim. E queria poupar força para outro, ele não era seu alvo e sabia que poderia sair muito machucada ou ate morta de uma luta com aquele infeliz que traíra a vila. Não negava que ele era incrivelmente forte e habilidoso pelos relatos que já ouvira das aventuras de Sasuke nestes quatro anos.
- Você não me conhece mais Sasuke – sussurrou entre dentes, se contendo – não ache que sabe de tudo.
Ele fechou os olhos de leve e os abriu devagar.
- Mas eu não acho que sei Sakura. – sorriu divertido – mas não deve ter muito para saber de você.
- Idiota! – ela gritou e seu punho brilhou em uma luz azul de chakra quando ela se preparou para acertá-lo no rosto.
Em um milésimo de segundo ele já estava atrás dela, prendendo seus braço e sussurrando em seu ouvido, a voz rouca e grossa deixando-a arrepiada, mesmo contra sua vontade. Seu corpo parecia não a obedecer quando na presença do temido uchiha, mesmo depois de tantos anos.
- Não me importa os seus motivos para querer matar o hiatate, eu já disse. Só não quero ninguém no meu caminho. Volte para casa Sakura, seu lugar não é aqui.
- Seu...!
A garota sentiu a pressão em seu braço sumir e se virou imediatamente para dar-lhe um bom soco, mas ele já acabava de sumir em meio ao seu famoso jutso de chamas.
Tsuzuku...
