Herói
Remus Lupin nunca quis ser Remus. Nada relacionado à auto-depreciação ou baixa estima, longe disso. O pequeno garoto nunca quis ser Remus, pelo fato de não querer carregar o fardo proveniente de seu nome. Quando aprendeu a ler – e alcançar os livros de história mais altos na estante da sua mãe – o menino descobriu por entre as páginas amareladas de uma enciclopédia que seu homônimo teve um fim tão malditamente infeliz quanto poderia ter.
Remus sempre quis ser Romulus. O fundador de Roma, o vencedor da batalha, o primeiro rei. Sempre quis ser aquele que faria a diferença na vida dos outros de uma forma tão ampla que beiraria ao impacto. Era quase um ultraje sua mãe ter escolhido o irmão errado para homenagear. Remus, na inocência de seus sete anos não sabia ainda que a grandiosidade vinha de dentro e não de um nome.
Aos dezesseis anos, Remus não sabia, mas já era grandioso. Era grandioso a seu modo sempre que sorria e resplandecia uma calma tão grande que era capaz de aquietar uma das personalidades mais inquietantes que conhecia, Sirius. Era grandioso a seu modo sempre que encontrava as palavras certas capazes de transmitir conforto ao rapaz com o coração mais partido que ele teve oportunidade de conhecer, James. Era grandioso a seu modo sempre que percebia Peter quando ninguém mais o fazia. Remus não sabia, mas produziu o impacto necessário para transformar dezenas de vidas.
Aos trinta e oito anos, com o reflexo de Hogwarts pincelando as suas íris cor de mel e sem vida, Remus não pôde contemplar o tamanho de sua grandiosidade. Se pudesse, ele finalmente se orgulharia por ter transcendido a barreira dos nomes e dos fardos. Se ele realmente pudesse, gritaria aos quatro cantos de Hogwarts – e de Roma, que esse Remus era um herói.
N/A: Na história da fundação de Roma consta que Remus foi morto pelo seu irmão Romulus, devido a uma discussão que os dois tiveram à respeito de quem seria o governante da nova cidade. Romulus, depois da morte do gêmeo foi consagrado rei e a cidade foi batizada como Roma em sua homenagem.
Comentem se acharem que a história merece :) Beijos!