Título: REBIRTH
Autor: Angell Kinney
Casal principal : Shun X Hyouga ( Saint Seiya) / Joseph ( Joey) Fatone- personagem original
Classificação: +18
Gênero: Drama/Romance/ANGST/YAOI
Spoilers: A fiction se passa após a SAGA DE HADES. Como não se sabe que fim se deu com os Santos de Athena após o Prólogo do Céu ( Tenkai –hen movie) esse é o ponto inicial de nossa fanfic.

Parte: 01 de 10FÁBULA


DISCLAIMER:
LADIES N'GENTLEMANS, ONE MINUTE PLEASE !

- Esta aqui é uma fanfiction yaoi. Bem, você não sabe o que é yaoi? Tudo bem.Eu explico. Pense em amor, pensou? Sim. Agora pense nas conseqüências de duas pessoas apaixonadas... Sim, pensou em "fazer amor" ou sexo ? Ótimo, você chegou a metade da questão. Agora substitua o convencional homem x mulher e coloque um homem no lugar da mulher. Entendeu That's the point of no return !

Relacionamento homossexual. Essa é a temática do Yaoi. Portanto se você começar a baixar a barra de rolagem do seu navegador é esse tipo de conteúdo que você vai encontrar na minha fic.

ENTÃO: Depois não diga que eu não avisei, não venha me xingar, enviar e-mails ofensivos que eu não podia isso, ou não podia aquilo com o seu personagem favorito. Lembre-se, eu não ganho nada para escrever aqui, tampouco ( acredito) você para ler. Portanto, se não gostou, mude de opção de entretenimento... pois não serei nem um pouco delicado com os que se dirigirem a mim com tal finalidade e garanto que ainda me divertirei um bocado a suas custas.Então seja um bom leitor(a), ouça meu conselho : Não tente.

( Angell com o lado Youko aflorado ultimamente ")

Ah você curte yaoi e se interessou pela fic, seja para criticar, comentar... Fique a vontade! Lembre-se que as atualizações virão conforme os comentários. Comentários em numero satisfatório, atualização rápida (se convier na mesma semana). Poucos comentários... bem, podemos negociar via e-mail... ou não. Aguardem minha boa vontade que nunca é tãaaaao boa quanto parece.

- Saint Seiya e seus personagens não me pertencem. São propriedade de Masami Kurumada Toey Animation e cia. Essa fanfic não tem fins lucrativos, portanto eu estou mais duro que um coco. Se quiser processar alguém, procure quem tenha grana pra pagar o brinquedo, se não tiver, faça aviãozinho com o seu processo. É divertido. Ou como nossa amiga Dana ( Dana Norram id:2490555 no faça origami com ele além de divertido, pode ter funções terapêuticas .


HEY LEIA. PT2

Primeiramente, peço desculpas a quem começou a ler a Rebirth no capítulo anterior, (postado gentilmente por minha moomy Litha Youko(Litha-chan), Domo arigatô Okawa sama"

E agradeço humildemente feliz aos reviews que recebi nessa minha primeira incursão no Domo Arigato a todas!

Porém venho a avisar que a fic inteira foi reformulada, portanto o capitulo 1 foi reescrito. Por favor, perdoem-me os inconvenientes, mas, para melhor entendimento da fic peço que releiam o mesmo.

Ps1: Antes que venham me xingar para o rumo nada ortodoxo que dou ao casal Shun e Hyouga, aviso-lhe, não sou muito adepto aos finais felizes. Nem sempre a vida é assim, então me dou o direito de ser tão injusto quanto ela. Ou não.

Do mais, meninas e meninos... Boa leitura.

Angell Kinney.


Capitulo 1

oOo Fábula oOo


Pensou em recuar. Tentou negar a voz que chegava a seus ouvidos de maneira doce e cálida mesmo a distância.Balançou a cabeça em uma negativa – mais para si mesmo do que para o interlocutor daquela voz macia e aveludada que se dirigia a ele.

O salão inteiro estava falando. Risadas altas, cochichos, vozes em todas as línguas possíveis se mesclavam, porém somente aquela voz doce ecoava em sua mente. A franja loira cobriu-lhe parcialmente a face rubra. Sucumbir a tal chamado era errado. Negar que mexia com ele era profanar sua vontade.

Sua cabeça rodava e a voz cessou por um momento. O suficiente para que o cavaleiro erguesse a face para o salão ricamente adornado e vislumbrasse a imponência daquele grande baile que Athena chamara de Primavera.

Todos estavam ali. Amados amigos, que um dia já tinham sido inimigos odiados e temidos. Todos os cavaleiros que participaram das três grandes guerras sagradas. Os santos de ouro, os santos de prata. E eles, os Deuses de bronze. Os cinco cavaleiros capazes de realizar verdadeiro milagres em nome de Athena. Superar os deuses em nome do amor.

Amor?

Será que era isso que ele sentia e sabia que estava abandonando?

Amor

Será que receberia o perdão em nome desse sentimento?

Não.

Não tentaria ser perdoado. Nem ele perdoaria o que tinha feito.

Sua escolha estava correta. Por um fim de uma vez por todas na única coisa que o fazia realmente feliz. Tinha que cortar a urtiga antes que ela se espalhasse, não podia permitir a avalanche que aquela bola de neve provocaria em sua vida caso se prolongasse.

Depois daquela tarde não existiria nunca mais a fábula de Andrômeda e Cisne.

- Venha cá! – a voz chegou aos seus ouvidos novamente o tirando de seus devaneios. Virou os olhos na direção do chamado e contemplou uma face cor de alabastro em meio a escuridão. Entre as cortinas de veludo pesado e vermelho, com brocados dourados surgiu então um braço pálido que lhe estendia a mão em um chamado urgente. –Venha logo, ou não venha mais. – a voz lhe disse claramente. Hyouga tremeu. O que estava fazendo? Oh Deusa. Era abominável tal subjugação.

Avançou devagar, abandonando o salão iluminado onde se passava o baile, e sumindo em meio as pesadas cortinas de onde o braço lhe acenava. Ao chegar mais próximo, sentiu dedos urgentes tocarem sua pele sedosa procurando firmarem-se em seu pulso, para depois puxa-lo para a penumbra.

Ouviu girar um ferrolho. Um pequeno facho de luz brotou na escuridão, indicando que ali se encontrava uma passagem. Mais precisamente, uma porta. Uma porta secreta atrás das cortinas de veludo. Uma câmara. Com urgência foi puxado para dentro do aposento e se viu envolto em uma luz bruxuleante e vermelha. Uma vela brilhava em cada canto do aposento, a sua volta havia pedaços do que um dia já foram cortinas de veludo de diversas cores. Espelhos adornavam as paredes cobertas de tapeçarias e papeis de paredes em estilo veneziano. Hyouga ficou parado perscrutando o local. Vivos ali dentro só havia ele e seu interlocutor de voz macia e sedutora. E era mais que óbvio. Era Shun quem o chamava, e este rapidamente lacrou a porta e passou o ferrolho assim que Hyouga voltou seu olhar para ele. Nesse momento o rapaz de cabelos esverdeados sorriu.

Miraram-se. Hyouga estava vestido de nobre francês do século XVIII devido ao baile Primavera, e para homenagear Kamus que há pouco fora ressuscitado por Athena em Star Hill. As pernas musculosas dentro de uma malha apertada branca. Botas de cano alto de salto alto. Blusa veneziana de seda branca e fios de couro. Os cabelos louros presos para trás em um rabo de cavalo. Acabara de completar dezoito anos naquele verão. Já era um homem. E como os olhos de Shun puderam comprovar. Um belo homem.

Os olhos de Hyouga não conseguiam tomar outro rumo senão o corpo a sua frente. E isso era preocupante. Estava hipnotizado como sempre. Enfeitiçado. Amaldiçoado para sempre por aquela face.

Shun recostou-se na porta, e na penumbra seu rosto se mostrava luminoso e delicado. Quando sorriu, as covinhas de sua face se pronunciaram. A luz da vela bruxuleou com mais beleza sobre seus ossos, e quando falou, fê-lo com a voz rouca a acariciante que dominara os sentidos de Hyouga nos últimos dez anos em que foram amantes.

- Não fique com medo dele – sussurrou.

Hyouga sabia que sem perceber dera um passo para trás. Seu coração parecia lhe espancar o peito.

- Com medo de quem? – perguntou.

- Ikki, claro – disse a enrouquecida e aveludada voz - Não deixarei que faça nada a você. Ele nem cogitaria em me magoar. – Shun falou erguendo a mão e tocando a face de Hyouga.

- Não tenho medo dele. – Hyouga respondeu tirando o rosto da mão de Shun – Não me toque. Não chegue mais perto Shun! – falou ríspido - Aqui não é local nem hora! A casa está lotada de Chavaliers. – Hyouga deu outro passo para trás e suas pernas se embolaram em veludo verde. Acabou por se desequilibrar, e caiu sobre o monte de tecido. Shun se limitou a sorrir.

- Engraçado Cisne, parece que eu sou o único de quem você tem medo, não é? Mesmo que se deite comigo todas as noites. –falou se pondo por cima de Hyouga. Os braços torneados e alvos se pondo de cada lado da cabeça do loiro, a cabeça pendendo de leve para esquerda de modo que fitasse a imensidão azul da íris de Hyouga, os cachos verdes derramavam-se pelos ombros nus. A visão para Hyouga era deslumbrante. Era tortura. Ainda mais quando o outro sussurrou ao seu ouvido

– Se não é meu irmão... o que é ? Sou eu mesmo? – Shun ronronou deixando a língua tocar o lóbulo da orelha de cisne sem esperar resposta alguma senão os gemidos do amante.

- Tenho que sair daqui - O loiro sussurrou de si para si. Seu corpo emitindo claros sinais de descontrole – Me solte Shun.

Shun permitiu que um lânguido e sedutor suspiro saísse de seus lábios, e sem vacilar pôs as mãos no peito de Hyouga para em seguida pressionar sua boca carnuda contra os lábios do loiro. Hyouga suspirou e tentou rolar para o lado.

- Ainda não entendo o que está acontecendo! – Shun falou tentando ser delicado, mas sua voz soara irritada – Você está com medo de mim. Olhe está tremendo!

- Claro, não sei mais o que você quer de mim Shun!- disse Hyouga.

- Ah... – Shun sorriu. – Mas eu sei muito bem o que você quer. O que sempre quis quando entra sorrateiramente no meu quarto toda noite, só não entendo porque está com medo de toma-lo agora se nunca neguei esses pequenos favores a você em troca de nosso amor.

Hyouga ia manear a cabeça. Mas parou ao fitar os olhos verdes de Shun. Sim era verdade. Tinha se fartado do corpo do outro como um banquete desde que percebera o interesse do cavaleiro de Andrômeda por ele.Tantas batalhas que viveram juntos. Tantos medos e sofrimento em que um se acalentavam um no outro. Faziam de si mesmos o porto seguro que precisavam.

Mas agora era diferente não poderia mais tê-lo ao seu lado. Não poderia mais ama-lo com plenitude. Não poderia viver sempre ao lado daquele um jovem por mais que o amasse. Ele tinha se perdido pra sempre no caminho que levava ao coração de Shun. Mas como dize-lo se o outro não deixava. Se seu corpo teimava a negar sua racionalidade.

Não queria mais ser escravo daquele jovem, daquela carne imaculada que o envolvia agora. Daquelas mãos que abriam suas calças e tocavam seu sexo o trazendo a vida e arrancando gemidos infames dele. Sentiu a boca macia acariciar-lhe o membro túrgido e sugar-lhe como se sugasse a polpa de uma fruta.

Crispou as mãos no veludo verde. Os olhos se reviravam enquanto sentia os lábios do amante em seu sexo, as mãos acariciando seus testículos com pelugem aloirada. Via a massa de cabelos esverdeados subir e descer de encontro a seu púbis.

Ohhh Shun...

Puxou-o para cima de si e tomou-lhe os lábios como prêmio. Suas línguas se tocaram trocando fluídos. As mãos urgentes lhe arrancavam a roupa com a máxima rapidez permitida para que não rasgassem as vestes. Hyouga soltou um lânguido gemido quando sentiu a pele nua do peito do amigo de encontro a sua. O rosto afogueou-se quando sentiu sua ereção tomar toda sua plenitude. Shun trabalhava com as mãos sobre ela lhe arrancando mais imprecações, até guiá-la para o caminho que desejava e sabia enlouquecer o outro. Quando cisne sentiu o orifício quente e úmido não pode segurar um gemido mais alto. Praguejou a meia voz.

Era apertado. Oh! Tão apertado. E áspero, pois estava sem lubrificação necessária para fricção, Cisne cerrava os dentes e soltava grunhidos por entre eles. Shun gemia com os olhos cerrados, dor, prazer tudo se mesclando ao ritmo das estocadas que recebia. Mesmo com dor estava feliz. Feliz por ter o homem que amava dentro de si. Ao seu lado. Amando-lhe furiosamente. Se fartando dele.

Hyouga chegou ao ápice rápido, inundando Shun com jatos de sua semente que logo escorreram por entre as pernas de Andrômeda. Shun soltou um gemido rouco e sua boca formou um O perfeito quando atingiu o clímax, desabou lânguido e exausto por cima de cisne. Hyouga saiu de dentro dele e percebeu que tinha um pouco de sangue em seu pênis. Porem Shun sorria-lhe.

Caíram exaustos sobre o veludo verde lado a lado, os cabelos de Shun mesclando-se com a cor do tecido ricamente trabalhado. Hyouga deixou que seus olhos passeassem ao prazer que iria se privar.

O peito achatado e bem moldado, a pele acetinada e sedosa, o sexo de bom tamanho e perdendo aos poucos a ereção, os pelos verdes e sedosos daquela região. O corpo todo lhe interessava, porém tinha que negar. Procurou forças dentro de si mesmo para o que faria. Para tomar a decisão final de uma vez por todas. Seu peito já doía.

Segurou as lágrimas. Não.

Não me envergonhe agora. É preciso. É o certo. É o preço.

Cisne afastou-se procurando suas roupas. Imediatamente Shun levantou se sobressalto.

- Não precisa ter pressa amor, o baile ainda demorará a findar... Ainda podemos fazer ma...

- Não mais Shun, nunca mais. – Hyouga interrompeu de maneira incisiva - Foi um erro o que ocorreu agora, e eu poderia até me desculpar, mas não o farei, porque foi você que provocou essa situação. E eu fui idiota de sucumbir a ela. - Cisne falou com os olhos tristes e voz demasiado séria para ser brincadeira. – Não poderemos ficar dessa maneira nunca mais.

- O que você quer dizer com isso? – As sobrancelhas de Shun ergueram-se como um verdadeiro arco bizantino. – Que está terminando comigo? Está me abandonando Hyouga? – Shun o fitava incrédulo. – Se estiver me deixando, quero saber o porquê! Pois não parece que eu lhe desagrade em nada, principalmente entre os lençóis!

- Não é questão de desagrado caro Shun. É, mais que isso! Esqueceu o que lhe disse ontem a noite? – Hyouga falou vestindo a calça, cada vez mais distante do corpo de Shun. Andrômeda estava jogado sobre o veludo verde e Hyouga de pé perto da porta.

- Pelos deuses, você só poderia estar brincando se tenciona fazer o que me disse ontem! – Shun sussurrou aterrorizado, se levantando e para puxar Hyouga para perto de si de forma desesperada. Estava nu em pêlo agarrado a um cisne que vestia somente as calças. –Diga-me que estava brincando Hyouga! – gritou.

- Não Shun, eu não estava. - o loiro falou sem olhar para ele. – E tampouco estou brincando agora.

Shun tampou os ouvidos como se não quisesse ouvir a derradeira frase. Não podia ser. Não queria rachar por dentro. Não. Estava amarrado a correntes. As ondas vindo em sua direção.

- Acabou Shun. Desculpe.


-Isso tem de parar, Shun. – Hyouga falava entre os beijos que recebia no pescoço.

- Se você conseguir me provar o que diz quem sabe eu lhe deixe ir... – Shun lhe respondeu em um arremedo de sorriso. Era impossível que Cisne estivesse falando sério. – mas acho que seu corpo que não está sendo muito coerente com suas palavras. – O jovem de cabelos esverdeados falava enquanto distribuía mais e mais beijos pela face do loiro.

- Shun. Shun – Hyouga maneava a cabeça – Porque você não é capaz de deixar que as coisas sejam mais fáceis para nós? – Hyouga passou a mão entre os cabelos em um gesto nervoso e comum. Shun se afastou dele. Estava nu como o loiro. Os cabelos mais compridos do que o usual tomava suas costas, cascateando em ondas verdejantes. Sentou-se na cama com as mãos sobre os joelhos. A luz que da lua que rompia a proteção da cortina iluminava sua pele deixando-a a ainda mais tentadora. Hyouga ficou hipnotizado. Desejou nunca tê-lo tocado. Nunca. Mas havia algo maior. Bem maior do que a paixão que nutria por ele. Algo que ele não podia sequer cogitar contar a Andrômeda.

- Porque fica martelando a mesma tecla na minha cabeça desde que voltou de Asgard Hyouga? Porque sempre me olha e diz que temos que nos separar. – Shun falou fitando os próprios pés que se roçavam um no outro sobre o carpete felpudo.

- Porque assim que deve ser. Não somos mais crianças Shun. Você tem que seguir a sua vida e eu a minha. E definitivamente permanecer no Japão não é o que eu quero. Não há mais ameaças por aí além da que os próprios humanos criam. Não há mais deuses a serem superados, e quando houver... Todos os cavaleiros estão do nosso lado.

- Hyouga. Pára! – Shun pediu levantando os olhos para ele. Aquela imensidão verde transbordava lentamente maculando a face branca. As bochechas rubras. – Se você me dissesse que não me queria mais eu até acreditaria no que você fala. Mas seu corpo, seu corpo inteiro me diz que você me quer. Seus olhos, seus atos, cada átomo de seu cosmo me diz que você me ama. Essas desculpas...

- Não são desculpas - Hyouga falou exasperado.

- O que for! – Shun gritou – Estão me irritando. – Se planeja me deixar seja sincero comigo como sempre fui com você. E quem sabe eu pense em te deixar ir, ou prefira que você saia da minha vida.

- Shun, é a minha vida. – Hyouga disse chateado, evitando olhar para o rapaz. Só ouviu Shun se erguer da cama pelo som do tecido dos lençóis. Percebeu que o virginiano caminhara até a porta decididamente e girava a maçaneta. Porém virou-se para o loiro:

– Se é a sua vida... Você tem coragem de me excluir dela a essa altura?- Mas se é a sua vida e você tem certeza disso, porque voltou ao meu quarto. Se não me ama como diz... Saia.

Mas... Eu te amo. – Hyouga falou olhando para ele.

Saia.

Não consigo. – Hyouga suspirou profundamente e tudo se anuviou em sua mente. Tudo que conseguiu fazer foi puxar Shun contra seu corpo nu, encosta-lo na porta de maneira pouco delicada.

Nada naquele momento poderia impedi-lo de e possuir Andrômeda ali mesmo. E foi verdadeiro. Foi puro. Foi forte e impetuoso como o amor que sentia por Shun. Como ele poderia por um fim naquilo. Como explicar sua traição a tudo àquilo que ele sentia?

Por dentro cisne ruía.

Por dentro ele chorava.

Sou um covarde

Hyouga, cavaleiro protetor da constelação de Cisne, era um covarde.

Um covarde terrivelmente apaixonado.


- Você girou como uma roleta e até agora não me explicou nada! Tudo que você me disse é que não pode mais ficar comigo. Por que Hyouga, por quê? – Shun gritava com todas as forças que tinha enquanto tentava vestir as calças. Hyouga olhava para o chão.

- Não há motivo aparente. Eu cansei. Não quero mais ficar me esfregando com você por aí, esses seus joguinhos amorosos e infantis já deram o quer tinha que dar Shun. Não percebe como é ridículo tudo isso? – Hyouga falava olhando para as botas que estavam em seus pés como procurando um ponto específico para fixar os olhos. Cada palavra que proferira não fazia sentido nem para ele mesmo. Mentir para Shun daquela forma era descabido. Era vergonhoso. Mas era melhor que assim o fosse.

- Jogos infantis? – Shun retorquiu revoltado – Ontem a noite enquanto me possuía não eram jogos infantis, quando tem de saciar seu apetite por sexo, não são jogos infantis... Oh Hyouga como fui tolo. Como fui estúpido em acreditar que você me amava! – Shun falou segurando as lágrimas.

- Talvez fosse um tolo mesmo. – Hyouga frisou olhando nos olhos de um Shun magoado que abotoava as camisas. – Chegamos até aqui hoje porque você quis. Eu tenho lhe avisado e deixado bem claro que nada mais quero contigo há pelo menos duas semanas Andrômeda.

- Mas nunca termina comigo!

- Estou terminando agora!

- Você disse que me amava! – Shun cuspiu as palavras dolorosamente.

- Talvez porque pensei que fosse isso que você queria escutar. – Hyouga falou antes de pensar. O que mais poderia dizer para que aquele tormento acabasse logo? Passou as mãos pelos cabelos loiros e cheios como se os quisesse arrancar.

- Saia daqui!

Shun gritou atirando o sapato de salto alto sobre ele. Hyouga ainda tentou se aproximar mais do cavaleiro. Oh Deusa porque tem de ser assim? . Os olhos marejados e azuis transbordando de angustia por ver seu amado transtornado daquela maneira.

- Shun... - Tocou-lhe o ombro.

- Saia daqui Hyouga! – Shun desferiu-lhe um violento tapa na face. – SAI! – gritou. Não se encoste a mim! SAI! SAI! Seu monstro! Mentiroso! Mentiroso! Eu te odeio! Some da minha frente... Some...

Some...

Shun só parou de gritar quando ouviu o a porta emitir um estalido seco quando se fechou. A corrente de ar que entrou responsabilizou-se por apagar as velas deixando tudo na mais terrível e solitária penumbra.

As ondas alcançaram Andrômeda

Acorrentado.

Lágrimas escorriam por seu rosto enquanto se agachava ao solo frio de mármore. O corpo em convulsões dolorosas. O peito parecendo que iria se partir de dor. Andrômeda liberou o pranto deixando que as lágrimas lhe levassem a maquiagem de pierrô – sua fantasia da festa - até os lábios.

"Ninguém se importa quando quem derrama as lágrimas é um palhaço"

oOo

Do lado de fora da câmara Cisne também tinha lágrimas nos olhos azuis. Queria voltar lá pra dentro e tomar seu pequeno príncipe em seus braços. Dizer que aquilo tudo não passou de um sonho ruim, e poderiam se amar novamente naquele mesmo chão.

Mas não podia. Era mentira.

Ele mesmo se condenara a aquilo. Pedia perdão silenciosamente a cada lágrima que derramava e por cada lágrima que provavelmente Shun derramava.

Desesperado Hyouga levou as mãos a cabeça e deixou seu corpo tombar de encontro a uma pilastra mais isolada do salão de baile. Foi quando sentiu uma mão feminina tocar seu ombro delicadamente. Sem se virar ele sabia quem era. Mas a confirmação só veio quando fitou os cabelos arroxeados de sua Saori que delicadamente o abraçara por trás.

- Está feito minha senhora.

- Eu sei, doce cavaleiro – Athena falou o abraçando maternalmente. – Você fez o que deveria ser feito, porque certas coisas não podem ser desfeitas Hyouga, mesmo que feitas em um rompante.

- Oh, minha deusa, será que ao menos serei um bom pai?

- Acredito que sim.- Saori respondeu deixando que as lágrimas tomassem seu rosto alvo, compadecendo-se da dor de um de seus mais fieis guerreiros-

- Será que um dia. Ele me perdoará?

- Se esperava pelo perdão, não deveria ter se deitado com minha irmã, Cisne. – falou uma terceira voz que chegava por trás de Hyouga. – É mais fácil prevenir do que remediar, não é o famoso ditado? Agora por Odin, levante-se e venha apresentar ao mundo, sua noiva como se deve. Presumo que já teve tempo demais para se despedir do seu amante, não é ? – falou em um sorriso que beirava o sarcasmo e a piedade. Se é que a dona daquele olhar gélido podia sentir alguma coisa.


Continua...