Dragon Ball Z não me pertence.


Nota da autora:

Olá a todos!

Para quem já acompanhava a história, bem-vindos de volta. Para quem não a conhecia ainda, sejam muito bem-vindos ao universo de Prisioneiros/Fugitivos!

Postei essa fic há muitos anos, mas, por diversos problemas, não a concluí e, no final, a deletei do meu perfil com a ideia de reescrevê-la e terminá-la. E é isso o que pretendo fazer até fevereiro! Então podem ir se preparando, pois teremos muitos capítulos em breve.
A história, para quem se lembra, é basicamente a mesma, com apenas um diferencial: uni as duas fics (Prisioneiros e Fugitivos) em uma só... acho que a leitura ficou mais fácil desse jeito.

No mais, desejo a todos uma boa leitura!

Bjos bjos


Capítulo 1

*Não tenha medo do escuro, Bulma!*

Foi uma dor causticante na perna direita que fez Bulma Briefs recobrar os sentidos.

A jovem humana de cabelo azul turquesa chiou em protesto ao súbito mal-estar, mas o seu resmungo foi respondido com um golpe nas costas, que a deixou sem fôlego por vários segundos.

— Quieta, escrava!

Ouviu uma voz horrível e tentou abrir os olhos para se situar, no entanto tudo o que conseguiu definir foi uma escuridão avassaladora. Com a respiração errática e com o coração batendo acelerado, tentou abrir os olhos azulados de novo e enxergar alguma coisa, qualquer coisa que fosse, mas os seus esforços de nada adiantaram, pois Bulma continuava imersa naquele negrume horripilante.

Percebeu, passado alguns segundos do mais puro horror, que não havia nada errado com seus olhos, pois sentiu algo áspero roçar o seu pescoço e seus ombros e compreendeu, então, que um capuz pesado cobria-lhe a cabeça.

E isso não foi tudo.

Apesar de não conseguir ver absolutamente nada, seus outros sentidos aguçavam-se cada vez mais, e, com o passar do tempo, Bulma foi capaz de descobrir uma coisa ou outra, como o fato de estar sendo arrastada sem nenhum cuidado por uma criatura de mãos pegajosas, porém muito fortes, e de estar descalça, pois era capaz de sentir o chão frio e irregular sob seus pés feridos e exaustos. O cheiro pútrido foi algo que também lhe chamou atenção, e Bulma não sabia ao certo se aquele odor insuportável estava sendo exalado pelo seu captor ou se ele pertencia ao ambiente.

Em silêncio, rezou a Kamisama para que fosse a criatura a responsável por tamanho fedor, pois tinha certeza de que não sobreviveria um dia sequer num lugar que recendesse a peixe podre e lixo decomposto.

De repente, seus pensamentos foram interrompidos por um barulho muito alto – como de uma porta enferrujada sendo aberta –, e Bulma, apesar da cegueira momentânea, ergueu a cabeça num reflexo.

— O que está acontecendo? — Perguntou e se assustou ao finalmente ouvir a própria voz, que estava rouca e fraca. — Para onde está me levando?

— Já disse para se calar — A criatura ao seu lado respondeu num sibilo ameaçador. — Vai querer apanhar mais?

A humana recuou de medo e não disse mais nada, mas sentiu quando as mãos gosmentas apertaram o seu corpo com mais força e a obrigaram a descer uma escada sinuosa e de degraus desiguais. A princípio, tentou contar os degraus para ter alguma noção da profundidade para a qual estava sendo carregada, mas sua cabeça estava tão pesada e dolorida – e seus pensamentos tão desordenados e cheios de pequenos lapsos – que perdeu a conta antes mesmo de chegar ao número dez.

Desceram mais um pouco, e mais um pouco, e um pouco mais. Até que tudo parou.

A mão que apertava o seu braço na altura do cotovelo afrouxou e, depois, a largou, e Bulma não conseguiu evitar um grito de susto quando o capuz foi arrancado violentamente da sua cabeça. Zonza, perdeu o equilíbrio ao ser empurrada para a frente e caiu de joelhos no chão. Permaneceu caída por algum tempo, seus olhos ardendo com lágrimas de dor, medo e ódio e os cantinhos da sua boca oscilando para cima e para baixo, até que ouviu um rangido quase ensurdecedor. Olhou para trás, na direção do barulho, e viu um monstro que tinha quase o dobro da sua altura e uma pele que se assemelhava a limo trancar uma grade de ferro.

A grade de uma prisão.

— Ei! — Vociferou Bulma, e o grito arranhou ainda mais a sua garganta seca. — Ei! O que está fazendo?

A criatura a olhou com desdém por trás do portão.

— Cala a boca, escrava.

— Olha como fala comigo, seu monstro nojento — Bulma o retrucou. — Quem você pensa que é para me tratar desse jeito? Você por acaso tem alguma ideia de quem eu sou? Eu sou BULMA BRIEFS, seu ignorante! Eu sou a cientista mais inteligente do universo! Eu sou a mulh-

— Você não é nada, verme! — Ralhou com asco o captor da moça. — Não... você é pior do que nada. Você é uma escrava — Disse ele cheio de malícia, sua boca deformada por um sorriso vil. — E uma escrava traidora.

No final, cuspiu em Bulma e gargalhou escandalosamente quando a humana o fitou com olhos ferozes.

— Espero que não tenha medo do escuro, terráquea. Ou melhor... espero que tenha muito medo. Muito medo mesmo.

Dito isso, apagou o fogo do único facho que estava preso à parede e deixou Bulma, mais uma vez, imersa numa escuridão tenebrosa.

Ela ouviu a criatura rir com escárnio e também a ouviu subir a comprida escadaria e, quando não mais foi capaz de ouvir os passos do monstro, arrastou o corpo exausto pelo chão e, tateando receosamente, conseguiu chegar até a parede da cela. Encostou as costas na pedra fria, abraçou os joelhos feridos e sangrentos de encontro ao peito, tombou a cabeça para frente e começou a tremer. A tremer muito, mas muito mesmo, seu corpo pequeno e magro sendo transpassado por espasmos cada vez mais violentos e fortes. Sua respiração acelerou e suas mãos começaram a suar frio.

No começo, quando despertara nas mãos daquele brutamontes selvagem, Bulma estava atordoada demais para entender o que estava acontecendo e para se lembrar de como se metera naquela situação tão desagradável. Só que, agora, ela era capaz de se lembrar de tudo o que acontecera e justamente por conseguir se lembrar que sentiu um desespero feroz apertar-lhe o coração.

Ainda não conseguia compreender como tudo parecia estar tão bem num instante, apenas para desmoronar completamente no instante seguinte, pois fora exatamente isso o que acontecera com ela. Num momento, ela era Bulma Briefs, a linda e inteligentíssima e mais valiosa cientista de Freeza, o tirano imperador do universo. Só que algo aconteceu, algo muito errado e horrível aconteceu, porque, de repente, tudo ao seu redor ruiu... e Bulma perdeu tudo, a sua família, a sua dignidade e a sua liberdade.

E ao estar sentada ali, no chão frio e úmido daquela prisão escura, ela sabia que era apenas uma questão de tempo até perder a vida também.

O pensamento fez seus olhos arderem muito e seu coração descompassar em seu peito.

Conter o choro foi impossível.

— Ei, garota!

Ergueu a cabeça num susto quando ouviu uma voz.

— Será que dá para parar com esse barulho? Tem gente tentando dormir por aqui!

Bulma se calou tão rápido que quase se engasgou com os próprios soluços chorosos, e a tristeza e o desespero que se reviravam em seu íntimo foram imediatamente substituídos por um pânico visceral.

Até então, julgava estar sozinha naquela cela, mas, pelo visto, não estava.

Pois havia outra pessoa ali com ela.