Túnel
E ali estava eu. A decisão tomada. Monstro a minha frente, assustado. A imensidão negra da caverna, o brilho verde que saia da bacia da qual eu estava em frente, ajoelhado, o lago se estendendo como veludo.
Eu podia ter tomado outra decisão. Podia ter sido mais covarde do que fui minha vida inteira. Podia ter ignorado o que sabia e deixado essa tarefa para outros. Outros mais capazes, mais nobres, mais fortes do que eu. Outros que poderiam muito bem passar por isso sem morrer. Eu morreria, eu saberia.
Talvez eu tenha sido covarde. Tenha escolhido morrer dessa forma, com a consciência limpa do que ter morrido pelas mãos dele. Talvez tenha sido medo de enfrentá-lo que me levou a isso. Não sei. Só sei que estou aqui e que não tem volta.
Meus olhos se fecham, eu sou arrastado para o lago. Tudo é escuro, tudo é escuridão, tudo é treva... Apenas isso. Eu estou morrendo. Não estou?
Dizem que no fim de todo túnel há uma luz. Mas eu pergunto: e esse túnel tem um fim?
