Olhei pela janela, havia esperado tanto para que isso acontecesse. Eu via os flocos de neve caindo sobre o chão da varanda. Quando eu era pequena costumava ficar sentada ali esperando conseguir pegar um floco na mão, acredite se quiser, mas uma vez eu consegui.
Peguei minha jaqueta e meu par de luvas, não tardou até que eu estivesse perambulando por ai com o celular na mão marcando de me encontrar com meus amigos no lugar de sempre.
Percorri as ruas cobertas pela neve, tudo tão branco que chegava até a doer os olhos.
Percebi um movimento vindo do bosque, porem quando olhei novamente não tinha nada lá. Eu ri comigo mesma, porque rir é sempre a melhor saída para tudo.
Cheguei a o ponto marcado, que não passava de uma clareira com alguns bancos de pedra, que te esfriavam no verão e de congelavam no inverno. Bia e Dani, duas das minhas quatro melhores amigas já se encontravam lá. Elas não são o que pode se chamar de amigas, na verdade, às vezes eu penso que elas se odeiem... Mas ainda tenho esperança de que isso vai mudar.
Sentei-me entre o espaço entre as duas no banco e tentei puxar uma conversa, mas não tinha jeito... Fiquei quieta e esperei o resto do pessoal chegar. Depois de um tempo foi chegando mais gente. Vitor, Anna, Thé, Bella, Jonny e logo nossa turma estava completa.
Não fizemos nada que não fosse de costume, conversamos, rimos e falamos besteira como todo os adolescentes comuns. Como costumávamos fazer em dias de neve, começamos uma guerra de bolas de neve. No final estávamos todos enlameados, molhados e morrendo de frio.
Foi então que veio a conversa:
- Brrr – Vitor tremeu de frio. – Bem que poderia estar mais quente aqui.
- Estamos sentados no meio da neve, como você quer que esteja quente? Seu babaca. – Anna respondeu.
- Ele tem razão, Anna. – Jonny falou, então riu – Será que Jack Frost está por aqui.
Todos começaram a rir, menos eu.
- Será? – falei um pouco séria de mais, olhando para os lados.
- Francamente, Ju. Você realmente acha que ele existe? – Thé riu da minha cara.
- Sim, tem algum problema com isso? – respondi com um pouco de raiva.
- Quantos anos você tem? Sete? – ela respondeu amargamente – É obvio que ele não existe.
- EXISTE SIM! – eu gritei e me levantei, deixando, após alguns minutos, a clareira e as risadas de meus supostos amigos para trás.
Mas é claro que ele existe! – pensei
Mas uma vez eu vi sombra, isso estava começando a me assustar. Parei apoiada em uma arvore e olhei para o sol que se punha. Comecei a pensar em algo que pudesse falar para uma sombra, provavelmente imaginaria, que parecia estar me perseguindo há alguns dias, sem que eu parecesse louca.
- Quem está ai? – Certo, não foi o melhor jeito de começar – Quem é você e o que quer de mim? Porque está me perseguindo? Olho, eu não sou rica, não! A coisa mais preciosa que eu tenho são meus livros. Então se está pensando em me roubar, vai perder seu tempo e...
Um casal passou me olhando como se eu fosse louca, pois é, falhei na minha pequena missão. Esperando não me envergonhar mais levantei e fui para casa. Como sempre, levei um sermão de praticamente meia hora por sujar minhas roupas. Mas esse foi especial, teve direito a: "VOCÊ QUE AS LAVE DEPOIS" e "EU VOU TE DESERDAR, MENINA!". Só depois que minha mãe parou de gritar ela me mandou tirar aquela roupa e ir tomar um banho.
Eu só conseguia pensar em uma coisa: Aquela maldita sombra.
