Nome da fic: Fundando ou Afundando?
Autor: Willan Lima Canedo
Descrição: Quatro alunos de magia com personalidades totalmente diferentes precisam se unir para fazer um trabalho. Será que isso pode dar certo?
Gênero: Comédia
Classificação: Livre
Status: Finalizada

Fic 1 para o Desafio 2015 da Aresto Momentum. Pontuação: 8,45


-Com quem você saiu no trabalho de administração da magia, Godrico?

-Com a Helga, a Rowena e o insuportável do Salazar –disse Godrico Gryffindor, quase cuspindo o nome do último colega.

-Nossa, boa sorte –respondeu Melquizedeque –eu saí com o Arsenius, a Ivana e o Pidmo.

-Bom, menos mal pra você. Odeio esses trabalhos do Binns, ele sempre forma os grupos por sorteio. Tenho que ir pra biblioteca, meu "grupo" combinou de fazer o trabalho lá daqui a dez minutos.

Quando Godrico chegou à biblioteca, Rowena Ravenclaw e Helga Hufflepuff já estavam sentadas em uma mesa. Cumprimentou as duas e se sentou.

-Nada do Slytherin? -perguntou.

-Nada –respondeu Helga.

-Bom, vamos começando –disse Rowena -eu tenho mais doze trabalhos de doze matérias para cuidar.

-Calma, Ravenclaw -disse Salazar, aparatando atrás dela e assustando a todos.

-Sempre com seus showzinhos, né, Slytherin? -disse Godrico entredentes –deveria ser proibido aparatar e desaparatar aqui dentro da escola!

-Não seja rancoroso, Godrico -respondeu Salazar, sentando em uma cadeira próxima -só por que você não tem idade suficiente para fazer o teste de aparatação, não significa que ninguém possa.

Os olhares que os dois trocaram denunciavam todo o ódio recíproco que havia entre os dois.

-Foco no trabalho, por favor –chamou a atenção Rowena -vocês não são mais dois bruxos de berço. Bom, nós temos que elaborar um projeto em que a nossa magia seja utilizada em prol da comunidade bruxa e que envolva os conteúdos de administração da magia. Alguém já pensou em algo?

-Podemos "abrir" uma loja de doces mágicos –sugeriu Helga -seria de grande ajuda para alunos que precisassem fazer trabalhos chatos e não têm o que comer. Pensei até em um nome: Dedosdemel!

-Ora, não seja ridícula! -disse Salazar -você só pensa em comida, garota? Quer acabar com a minha reputação nessa escola?

-Quem você pensa que é pra falar assim com a Helga? -disse Godrico em tom ameaçador.

-Sou alguém que ainda preza pela minha moral nessa escola –respondeu Salazar –moral essa que você nunca teve, não é mesmo?

-Olha aqui! -disse Godrico levantando-se de sua cadeira e pegando a varinha do bolso enquanto Salazar fazia o mesmo.

-Quietos os dois! Encarcerous!

Com um aceno de varinha, Rowena conjurou cordas mágicas que amarraram os dois rivais em suas respectivas cadeiras.

-Escutem bem –disse a bruxa em voz baixa, porém demonstrando toda a sua ira –eu tenho um nome a zelar nessa escola. Nunca tirei uma nota abaixo de Ótimo, e vocês dois não vão estragar isso com suas briguinhas idiotas. Esse trabalho vale dois terços da nota em administração da magia, então façam isso ser realmente bom ou eu faço os dois voarem pela janela da torre mais alta! Espero ter sido clara. Agora vão para seus quartos e acalmem-se, nós continuaremos o trabalho amanhã pela manhã.

-xxxx-

-Rowena -disse Helga, mais tarde naquela noite enquanto entravam no dormitório feminino -você acha mesmo que vamos conseguir fazer aqueles dois trabalharem juntos sem causarem nenhum dano permanente um ao outro?

-Para o bem deles, é melhor que sim –respondeu Rowena -o professor Copernicus Binns não costuma tolerar atrasos em entregas de trabalhos.

-Ele anda realmente cada vez mais rígido, e a aula dele é tão chata –disse Helga, com uma cara que demonstrava o tédio que era assistir à aula do professor -Não sei o que é pior: me esforçar para dormir à noite ou tentar me manter acordada na aula do Binns.

-Sofre de insônia, Helga? -perguntou Rowena -se quiser tenho um pouco de poção do morto-vivo no malão, duas gotinhas no suco de amoras e você dorme bem a noite inteira.

-Obrigada, mas não. Vou aproveitar a noite e a madrugada para pensar numa solução para o trabalho. Talvez eu dê um pulo na cozinha também. Boa noite.

-Boa noite, Helga.

-xxxx-

-Pretende fazer o trabalho de pijamas, Slytherin? -disse Godrico no dia seguinte, quando terminava de se arrumar para ir à biblioteca mais uma vez.

-Não vejo motivos para tirar o pijama se não pretendo sair do dormitório –resmungou Salazar em resposta -agora me deixe em paz antes que eu o transforme em um sapo vermelho e barbudo.

Godrico chegou mais tarde na biblioteca e encontrou as duas colegas de trabalho sentadas na mesma mesa do dia anterior.

-Tive uma ótima ideia para o nosso trabalho! -disse Godrico, exultante.

-Que alegria é essa, criatura? Odeio gente feliz logo de manhã. -disse Salazar, aparatando com um estalo atrás de Godrico e assustando a todos.

-Achei que fosse passar o dia no dormitório, Slytherin -disse Godrico, desdenhoso.

-E deixar minha imagem ser destruída pelas suas "ótimas ideias"? Nem pensar.

-Vou ignorar esse seu comentário pelo bem da sua integridade física. Agora, como eu dizia antes de ser inoportunamente interrompido, tive uma ideia ótima para o nosso trabalho: na última aula de adivinhação a professora Donevra Trelawney disse que...

-Ah, estupendo! –interrompeu Salazar, com seu corriqueiro tom de deboche -vamos colocar nossa nota nas mãos de uma velha encarquilhada, cheia de colares de contas que cheira a uísque de dragão e que não sabe nem prever o almoço do dia! Sabe, às vezes eu tenho vontade de fazer um feitiço de limpeza nas minhas anotações de Adivinhação, só pra limpar a merda que é a matéria da Trelawney.

-Nisso eu tenho que concordar com o Salazar –disse Rowena -a professora Trelawney viaja demais nas aulas dela. "Feche os olhos do corpo e abra o seu olhar interior"...Eu fecho os olhos e só vejo escuro.

-Me deixem terminar! -rugiu Godrico -Como eu dizia, a professora Trelawney previu que no futuro haverão grandes conduções de metal, movidos a um líquido mágico, e elas poderão carregar muitas e muitas pessoas ao mesmo tempo. Pensei em elaborarmos uma empresa desses veículos e acrescentarmos a eles algumas propriedades mágicas, como estender a varinha em uma estrada para que ele apareça. Ela falou que as conduções se chamarão ônibus, então podemos chamar nosso empreendimento de Nôitibus Andante.

-Já terminou? -perguntou Salazar.

-Sim.

-Então é NÃO.

-Mas porquê?

-Gryffindor, suas ideias para o futuro do mundo bruxo são tão ruins que sua varinha deveria ser tomada e dada a um elfo doméstico. Ele faria melhor proveito do que você. -disse Salazar, o sorriso de escárnio nos lábios.

-Se acha minhas ideias tão ruins assim, deveria pensar em algo melhor, Salazar Slytherin -retrucou Godrico em tom desafiador.

-Eu até pensaria, mas as únicas coisas em que consigo pensar no momento são feitiços torturantes para você e para o bruxo que inventou a disciplina de administração da magia.

-Se eu tivesse uma escola, ela não ensinaria administração da magia –disse Helga.

-É isso! -exclamou Rowena após um momento de silêncio -Helga, me passe o pergaminho: nós vamos criar uma nova escola de magia!

II

-Regra número 1: todo aluno será proibido de aparatar ou desaparatar nos terrenos da escola –disse Godrico, olhando diretamente para Salazar.

-Um dia esse rancor todo ainda vai te fazer mal, Gryffindor –disse Salazar –mas não vou discutir por isso, você pode ficar com sua regra inútil.

-Acho que deveríamos criar algum tipo de critério para que os alunos entrem na escola –disse Rowena -por mim, entrariam apenas os mais inteligentes.

-Inteligência não é tudo, Rowena –disse Godrico –os alunos devem ter coragem pra superar os desafios da vida de bruxo.

-Bobagens! –disse Salazar -a magia está no sangue, só os bruxos de sangue puramente mágico são aptos a dominarem a magia com excelência.

-Eu acho que todos que quisessem realmente aprender magia deveriam entrar na escola –disse Helga, se indignando com a seletividade dos colegas.

-Ótimo -ponderou Rowena -chegamos a outro problema.

-Há uma solução -disse Helga -já que pensamos de forma tão diferente, dividimos a escola em quatro segmentos e cada um cuida de um deles.

-Finalmente uma ideia razoável, Hufflepuff. -disse Salazar.

-Uma escola com quatro setores...no mínimo interessante. Podemos chamá-los de Casas e pôr nossos nomes para diferenciá-los –disse Rowena -Casa Gryffindor, Casa Hufflepuff, Casa Ravenclaw e Casa Slytherin. Deveríamos escolher um brasão para cada uma também.

-Na minha casa entrarão os corajosos e leais –disse Godrico -acho que um leão cabe perfeitamente. Isso, um leão em um fundo vermelho e dourado.

-O meu será uma águia num fundo azul e bronze –disse Rowena -A casa Ravenclaw só aceitará os mais inteligentes e sábios.

-A minha casa só vai aceitar bruxos de sangue puro, –disse Salazar –os astutos e ambiciosos. Uma serpente simboliza bem isso, e combina com minha ofidioglossia. Verde e prata.

-Eu quero um texugo –disse Helga –em um fundo amarelo e preto. Na minha casa entrarão todos aqueles que realmente se interessarem por magia.

-Basicamente, quem não se encaixa em nenhum critério das outras casas vai para a sua, Helga querida –disse Salazar em tom de provocação -obrigado por dar chance ao resto.

-Não começa, Slytherin -repreendeu Godrico.

-Vou esconder um monstro na escola só pra comer os seus alunos, Godrico –disse Salazar, rindo na cara do colega.

-Temos que decidir como vamos separar os alunos –continuou Rowena, interrompendo os dois e voltando ao trabalho –uma forma de descobrir sua personalidade para encaminhá-los às casas adequadas.

-Podemos enfeitiçar um chapéu para entrar na mente dos alunos –disse Godrico -colocamos na cabeça de cada aluno e ele diz em que casa fica o aluno.

-Perfeito! –disse Rowena -um chapéu seletor!

-Vamos escolher também onde serão as sedes de cada casa –disse Helga –eu quero a minha perto das cozinhas, o cheiro de comida sempre me inspira nos estudos.

-Claro, mais um vez pensando em comida –disse Salazar revirando os olhos.

-A minha será em uma torre bem alta, o mais alto possível. E para entrar nela será preciso desvendar um enigma –disse Rowena.

-Também quero a minha em uma torre –disse Godrico.

-Eu quero a minha nas masmorras para reforçar a imagem de trevoso que todos têm de mim –disse Salazar, rindo -além do mais, meus alunos poderão ficar bem distantes dos alunos do Gryffzinho.

-Ótimo -disse Godrico -podemos também promover competições estudantis para que os meus alunos mostrem o quão superior podem ser comparados aos seus, Slyzinho.

-E grandes ampulhetas para marcar os pontos de cada casa, cheias de jóias da cor de cada casa –disse Rowena -rubis para a Gryffindor, esmeraldas para a Slytherin, safiras para a Ravenclaw e para a Hufflepuff...

-Diamantes –disse Helga -únicos e especiais como os meus alunos.

-E os mais fáceis de se achar –sibilou Salazar.

-Foi engraçado, mas não vou rir porque te odeio –disse Godrico.

-Se eu ganhasse 1 sicle pra cada pessoa que me ama...eu estaria devendo dinheiro ao Gringotes -retrucou Salazar.

-Vamos ter que obedecer a vários critérios das normas educacionais –disse Rowena -mas não quero o Ministério da Magia interferindo na nossa escola.

-Nisso todos concordamos, eu espero –disse Salazar, e todos assentiram –Certo, e as disciplinas?

-Feitiços -disse Rowena.

-Defesa contra as artes das trevas –Godrico.

-Herbologia -Helga.

-Poções -Salazar.

-Trato das criaturas mágicas -Godrico.

-Runas antigas –Rowena.

-Aritmancia –Salazar –e Transfiguração.

-Estudo dos trouxas –Helga.

-Essa não vai ter na minha casa –disse Salazar.

-Essa só pra quem quiser –Helga –mas Aritmancia também.

-Adivinhação -Godrico.

-Também só pros que quiserem, ninguém é obrigado a ter essas aulas inúteis -Salazar disse, com um tom de impaciência.

-História da magia –Rowena.

-ADMINISTRAÇÃO DA MAGIA NÃO! -todos disseram, se entreolhando e rindo.

-A escola deveria ter um acesso por água –disse Salazar -um lago, ou algo do tipo, e os alunos entrariam de barco.

-Podemos fazer isso com os alunos do primeiro ano –disse Godrico -entram pelo lago e vão para o salão principal passar pela seleção. Podemos enfeitiçar o céu do salão para parecer o céu do lado de fora.

-Posso pesquisar um feitiço para isso –disse Rowena -e podemos iluminar tudo com velas flutuantes. Wingardium leviosa -e com um movimento circular da varinha, Rowena fez sua pena levitar até o teto e voltar.

-As refeições vão aparecer nas mesas por magia de substituição –disse Helga -grandes banquetes feitos por elfos domésticos. Minha família tem um elfo, eu posso perguntar a ele como funciona a fidelidade mágica deles.

-Essa conversa de banquete me deixou com fome –disse Godrico -aliás... Eu não estou com fome, estou entediado. Então acho que eu deveria comer.

-Segura o estômago, Godrico –disse Rowena -agora que estamos conseguindo trabalhar, só vamos parar quando terminarmos.

-Próximo item: critérios para a detenção...

Passaram o resto da tarde criando a nova escola. Detalhes minuciosos, como escadarias, salas de aula, gabinetes de professores e dormitórios. Um campo de quadribol foi inserido –a contragosto de Rowena –e a ideia de Salazar de criar um ambiente secreto na escola foi negado –vai ser secreto até pra vocês, dissera no fim. Helga deu a ideia de criarem uma sala que se transformasse de acordo com a necessidade dos alunos que por ela passassem. As sedes das casas foram decididas de acordo com a personalidade de cada um, e as pontuações das competições, estabelecidas.

-Muito bem, disse Rowena lendo o pergaminho onde tinham escrito o esboço do trabalho -então os alunos receberão uma carta aos 11 anos convidando-os a ingressar na escola. Poderão portar uma coruja ou sapo ou rato. Não poderão ter vassouras próprias no primeiro ano. Acho que com isso, encerramos.

-Falta um nome –disse Godrico –para a escola como um todo. Não pode ser escola Gryffindor Ravenclaw Hufflepuff Slytherin.

-Educandário em magia Bruxonilda –disse Helga.

-Naaaaah –disse Salazar –que tal Instituto de magia Harvard.

-Também não -disse Godrico -Academia mágica do Brooklyn.

-Magia-escola Lúcia Vasconcelos –Helga.

-Quem raios é Lúcia Vasconcelos, garota? -perguntou Salazar.

-Não sei, me veio esse nome na cabeça. Devem ter zonzóbulos por aqui.

-Academia mágica Beauxbatons -Godrico.

-Isso não já existe? -Rowena

-Ah, verdade.

-Que tal Escola de magia e bruxaria de Hogwarts? -disse Rowena.

-De onde tirou esse nome? -perguntou Salazar.

-É uma mistura de várias letras dos nossos nomes.

-Pode ser –e todos concordaram.

-Agora sim –disse Helga –trabalho terminado!

-Isso é música para os meus ouvidos –disse Rowena.

III

-TRÊS E MEIO? -exclamou Godrico quando saíram as notas do trabalho de administração da magia.

-Aquele estúpido do Binns! Confringo! -gritou Salazar, arremessando um frasco de poção na parede e explodindo-o com um feitiço.

-Queria ter galeões para poder tacar minhas coisas na parede com tranquilidade. -disse Helga.

-Bom, tiramos metade da nota máxima -disse Rowena -não é nada exemplar, mas dá pra passar.

-Foi muita injustiça, nosso trabalho foi perfeito! -disse Godrico

-Concordo –disse Salazar –mas não se pode controlar tudo na vida. Olha só o cabelo da Granger, por exemplo, nem um feitiço alisante é capaz de segurar aquilo por mais do que algumas horas.

-Que Granger? -perguntou Helga.

-Hermelinda Granger, a nascida trouxa –disse Rowena, e quando ela passou todos riram. Naquele momento, uma implícita amizade, ainda que secreta e negada por cada um, havia se formado entre eles.

IV

Muitos anos mais tarde, Godrico Gryffindor, sentado em sua confortável poltrona de veludo vermelho em frente à sua lareira, receberia uma coruja com um bilhete amarrado na pata esquerda, onde se poderia ler:

Querido Godrico,

Achei um feitiço que deixa o teto com o mesmo aspecto do céu do lado de fora. Se ainda se interessar...

Rowena Ravenclaw