N/a.: Basicamente? É uma inspiração, aquelas que vêm do nada. Vai ser uma Fic pequena, apenas para dessestressar um pouco :D Espero que gostem! Beijos e comentem, por favor.


-Preciso ir ao Beco Diagonal.

Pausa. Aquela garota não batia muito bem da cabeça, não é possível. Não que isso fosse uma dificuldade para mim, o que eu quero dizer é que ela é Monitora-Chefe. E esse tipo de pessoa não tem vontade de ir ao Beco Diagonal em uma Quarta-Feira de manhã, principalmente quando estamos em aula.

-E o que eu tenho a ver com isso?

Fui grosso, concordo. Ela sentiu vontade de me socar, eu sei. O que posso fazer? Faz parte de mim. Ela ergueu a sobrancelha, como sempre fazia quando não gostava de alguma coisa.

-Você vai me levar até lá.

-Vou?

-Vai.

Ela tinha as mãos na cintura e um olhar firme. Me levantei e a medi, imaginando o que se passava naquela cabeça. Vontade de me dar um abraço é o que não era, ela estava uns cinco passos afastada da onde eu estava.

-O que te faz acreditar que eu vou sair de Hogwarts, ás oito da manhã para ir ao Beco Diagonal?

Eu a olhava como se ela fosse uma maluca. Talvez ela fosse.

Ela não respondeu rápido, parecia estar pensando em cada palavra. Ela sabia muito bem que qualquer ofensa agora seria um erro. Ela sabia. Eu espero que ela saiba.

-Porque você pode sair de Hogwarts e ir ao Beco Diagonal a hora que você quiser.

Ela frisou a palavra "pode". Ela sabe jogar, tenho que admitir. Ela continuou.

-E eu vou te pagar.

-Pagar?

Aquilo me interessou um pouco mais. Larguei o jornal que ainda segurava e me aproximei um passo. Ela não recuou, deve ser um bom sinal.

-O quanto você quiser, na medida do possível.

-Isso significa...?

-Que a palavra "exorbitante" e "ridículo" não deve passar pela minha cabeça.

-Não acho que você esteja em posição de negociar, Evans.

A famosa revirada de olhos, ah, como eu adoro isso.

-Quanto você quer?

-Isso depende. O que você quer fazer no Beco Diagonal?

Senti certo receio vindo dela, eu sabia que ela não queria falar. Talvez ela até não pudesse contar o motivo. Mas negócios são negócios, minha cara. Tentei mais um passo, mas dessa vez ela se afastou dois. Droga.

-Tenho que sacar dinheiro no Gringotes.

-Você pode fazer isso pelo correio.

-Não, eu não...

Ela parou de falar no meio da frase. Estranhei. Aquilo não era típico; normalmente ela tinha muito á falar, até demais.

-Olha, presta bem atenção porque eu só vou falar uma vez e espero que essa sua cabeça entenda perfeitamente.

Eu sorri. Ela odiava o meu sorriso, era uma arma poderosa. Novamente a revirada dos olhos. E lá vamos nós...

-Minha irmã pegou todo o meu dinheiro antes de eu embarcar, só fiquei sabendo quando cheguei aqui. Como a minha família é trouxa, não posso pedir que me mandem dinheiro. A única coisa que eu pude fazer foi enviar um berrador para a idiota da minha irmã e vir aqui falar com você. Preciso trocar o meu dinheiro trouxa por dinheiro bruxo.

Admito que não acreditei no começo, achei que ela estava blefando. Mas algo naqueles olhos me dizia que, por mais hilário que fosse a situação, era verdade. E era sério.

-E então?

Ela estava impaciente. Mais um defeito para você, garota. Só espero que as suas qualidades compensem.

-Se é por uma causa tão nobre...

Brincadeirinhas á parte, eu realmente quero ajudar essa pobre alma. Deve ser uma sensação horrível não ter nem um galeão para apostar em Snap's Explosivos.

Dessa vez quem se aproximou foi ela. Não muito perto, apenas perto o bastante para que eu notasse suas sardas pequeninas que cobriam a região do nariz e um pouquinho da bochecha. Achei aquilo muito charmoso.

-Então como vamos fazer isso?

-Isso o quê?

-Ir ao Beco Diagonal, Potter!

-Ah, isso.

Pensei por alguns instantes, vendo que não seria tão fácil assim. Pensei na Capa da Invisibilidade, claro, ela seria necessária para atravessarmos os corredores e os jardins. Quando chegássemos á Hogsmeade, teríamos que... Ir para um lugar onde fosse possível de aparatar, obviamente.

-Você já pode aparatar?

-Fiz o teste á pouco tempo.

-Ótimo.

-No que está pensando?

-Chegar lá é fácil. O problema é voltar, Evans.

Ela pareceu entender.

-Podemos usar vassouras, até chegarmos a Hogsmeade. Só não sei como iremos entrar pelos portões do Castelo.

Aquela era uma boa idéia. Vassouras.

-Precisamos de ajuda.

-E você vai pedir ajuda á quem, ao Dumbledore?

A ironia dela um dia me mata.

-Não. Vamos falar com os melhores nesse "ramo".

Ela não acreditou muito, mas concordou.

-E o que você vai querer em troca?

Já até havia me esquecido desse detalhe. A animação de uma travessura era algo tão excitante que me fazia esquecer esses reles detalhes. Dinheiro? Não preciso. Talvez alguns trabalhos, esse ano será um pouco mais difícil por causa dos N.I.E.M's. Não, acredito que eu me viro nessa questão. Então, o que pedir?

Coloquei as mãos nos bolsos e a observei por alguns instantes sem ela perceber. Observava atentamente alguns alunos do terceiro ano falando alto, um pouco mais afastado de onde estávamos. Não demorei muito para me decidir, eu já havia pensando naquilo no momento em que ela comentara sobre a palavra "pagamento".

-Eu quero sair com você.

Pensei que fosse presenciar uma cena semelhante como há de dois anos atrás, na qual ela falara que eu tinha titica na cabeça e mais um monte de "elogios", citando os motivos pelos quais não saía comigo. Mas, ao contrário do que eu esperava, ela apenas respondeu...

-Tudo bem.

É, já era alguma coisa. Até melhor do que "titica na cabeça".

-Então vamos lá.

Não consigo dizer se aquilo era um sorriso ou desprezo.


E no próximo capítulo...

Era estranho estar andando com Lílian Evans ao meu lado. Mais estranho ainda era estar conversando com ela.

-Sua irmã deve adorar você.

-Ela faz o melhor que pode para demonstrar todo o amor dela.

Eu dei risada.