Origens

Daniel Sage – 1ª. Parte

Quando Questão e Caçadora se casaram ele deixou bem claro que não queria filhos. Ela não reclamou já que também não queria. A vida deles era difícil, nenhum deles tinha um poder especial e isso diminuía muito a chance deles sobreviverem. Eles poderiam estar em casa num dia e no cemitério em outro.

Isso sem falar que os dois eram um tanto pirados. Eles não acreditavam que seriam bons pais. E imagina a criança que ia nascer! Na certa seria pirada igual aos pais.

Então não. Um filho não estava nos planos do casal.

Mas o destino pensou diferente. Dois meses depois do Ano Novo Helena descobriu que estava grávida. Foi um grande choque pra ela, mas também foi uma grande alegria. Mesmo não querendo um filho saber que ia ter um a deixara bem feliz. O único problema seria contar ao marido.

Ela já tinha pensado em tirar o filho, mas logo descartou a ideia. O simples pensamento de matar seu próprio filho a fazia estremecer. Ela não faria um aborto, mesmo se custasse o seu casamento.

Questão tinha acabado de chegar em casa, estava exausto, cheio de papéis e CDs. Helena engoliu em seco, aquilo tinha sido muito mais fácil na cabeça dela.

-Oi Helen. – Questão falou mal olhando pra ela.

-Vic, eu preciso falar com você.

Vic guardou os papéis e o resto das tralhas e tirou a máscara. Só aí ele se sentou de frente para a esposa e a encarou.

-O que foi? – ele perguntou sem tirar os olhos dela.

-Bem, você ainda acha melhor a gente não ter filhos?

-Claro que sim. – ele a olhou desconfiado e pegou suas mãos. – Helen pense só por um instante. Nós dois sendo pais não ia dar certo.

-Então um bebê está completamente fora de questão?

-Por que está me perguntando isso? Da última vez que tivemos essa conversa você também não queria filhos. O que a fez mudar de ideia?

-Bem... – ela baixou os olhos e apertou mais as mãos dele. – porque eu estou grávida.

Vic literalmente parou de respirar. Parou de pensar, parou de falar, parou de se mover. Helena ficou assustada e ficou balançando a mão na frente do rosto dele tentando trazê-lo de volta a realidade. Demorou um pouco, mas Vic voltou e começou a suar frio.

-Você está grávida? – ele perguntou um pouco mais alto do que pretendia. – mas como isso aconteceu?

-Você realmente quer que eu te explique?

-Engraçadinha. – ele disse se levantando fazendo uma careta pra ela. – você tem certeza?

-Absoluta. Eu fiz o teste duas vezes aqui em casa e o médico confirmou hoje. Vamos ter um filho.

Por um instante Vic teve outra recaída e se tornou uma estátua, mas ele voltou ao normal quando Helena se levantou. Ele não conseguia olhar pra ela, ele não conseguia ficar perto dela.

-Eu tenho que ir.

E dito isso ele saiu correndo do apartamento. Helena sentiu os olhos arderem e ela enxugou duas lágrimas. Não esperava aquela reação dele.

Vic não conseguia pensar. Nem conseguia respirar direito. A ideia de ter um filho o deixava completamente apavorado. Não que ele não amasse Helena, nada disso, ele a amava muito, mais até do que ele mesmo. Mas um filho mudava tudo.

Ele sinceramente não acreditava que seria um bom pai, Helena até podia ser uma boa mãe, mas ele não. Mas de novo, muitos super heróis que ele nunca pensou serem pais tinham filhos e eles eram completamente normais. Dentro do possível.

Até o mal humorado do Batman tinha uma filha. Uma menininha linda completamente normal, isso se você considerava levantar um carro normal. Até Oliver, o Arqueiro Verde, tinha um filho, isso sem falar do Flash e até da Shayera.

Vic se pegou perguntando se aquele drama todo não era coisa da cabeça dele. Quem sabe ele seria um pai razoável? Ele e Oliver eram amigos, ele podia lhe dar dicas, e Helena tinha várias amigas que eram mães. Os dois não estariam sozinhos.

Quem sabe eles podiam agüentar a barra? Será?

Vic ficou umas quatro horas fora de casa, quando voltou já era de madrugada e Helena estava dormindo. Ele tinha decidido que não abandonaria Helena, afinal ele a amava. E ela estava grávida de um filho dele.

Tudo bem que demoraria um pouco até ele se acostumar com a ideia de ter um filho, mas ele estava disposto a tentar.

Quando ele chegou no quarto viu Helena completamente adormecia, pelo que parecia ela tinha dormido chorando, já que os olhos dela estavam um pouco úmidos. Vic não teve coragem de acordá-la, ele só a beijou de leve na testa e a abraçou, dormindo em seguida.

Quando Helena acordou ela se sentiu completamente miserável, seu próprio marido a tinha abandonado e ela estava grávida de um filho que ela tinha certeza que não conseguiria criar sozinha. Ela estava mais que perdida.

Imagina a surpresa que ela teve quando viu Vic dormindo bem ao lado dela. Ela ficou tão feliz e aliviada que teve que pular em cima dele. Vic acordou um pouco assustado e antes que ele pudesse falar alguma coisa Helena o beijou.

O único probleminha era que Vic estava bem na beirada da cama e quando Helena o beijou os dois viraram e caíram. Vic perdeu o fôlego, já que foi ele que ficou em baixo.

-Bom dia. – ele falou fracamente.

-Bom dia. Você mudou de ideia sobre o bebê?

-Sim. – Helena o beijou de novo feliz da vida e depois ele continuou. – eu te amo muito Helen, não vou te deixar sozinha. E além do mais, eu até que gostei da ideia de ter um filho.

-Sério?

-Sério, imagina só um menininho correndo pelo apartamento!

Os dois riram e Helena falou:

-Pode ser uma menina.

-Eu duvido muito.

-Como você tem tanta certeza de que é um menino? – Helena perguntou sorrindo.

-Eu apenas sei.

Os dois se beijaram de novo e Vic a abraçou pela cintura. Sua cabeça descansou na barriga dela. Por enquanto não dava pra ouvir nada, mas depois de um tempo daria para ouvir um coraçãozinho e sentir alguém se movendo lá dentro. Aquele pensamento fez Vic sorrir.

Helena foi uma grávida bem estressada, ai de quem a olhasse torto ou dissesse que ela estava gorda. Vic levou vários socos durante aqueles nove meses, Helena estava cheia de hormônios e o homem nunca tinha sido muito delicado com as palavras, imagina só no que aquela combinação deu.

Durante o parto Helena gritou e xingou muito. A dor era muita, então ninguém podia culpá-la por ameaçar as enfermeiras, os médicos, as pessoas que passavam no corredor e até o próprio Vic. Mas depois ela sorriu de emoção.

Daniel Sage nasceu de madrugada numa noite chuvosa. Era uma trouxinha de gente parecendo um duendezinho graças ao cabelo ruivo herdado pelo pai. O cabelo tinha sido a única coisa que tinha puxado de Vic, o resto era tudo de Helena, os olhos, o nariz, tudo. Vic e Helena nunca tinham ficado mais felizes.

-Eu não falei que ia ser menino? – Vic perguntou bem humorado.

-Tem razão. – Helena abraçou o filho recém nascido e sorriu. – eu te amo Vic.

-Também te amo muito Helen.

Daniel resmungou no colo de Helena e o casal olhou para o bebê antes de falar ao mesmo tempo:

-Também te amamos Dan!

Aí o menino parou de resmungar e dormiu sorrindo.

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