PRÓLOGO

P.O.V's Sasuke

Pela milésima vez naquela noite, revirei na cama sentindo as fortes pontadas nas costas.

Gemi de dor, xingando sem motivo.

Respirei fundo e virei para o outro lado, para que então, depois de muitas tentativas, finalmente conseguir dormir.

"Você se desviou do objetivo principal..."Ouvi alguém disse, mas não vi ninguém. "Será que eu vou ter que cuidar de tudo para você, Sasuke?"Eu conhecia aquela voz, mas de onde?

"Quem é você? O que quer?"

"Eu? Só vim ajudar-te, tolinho!"

Um clarão pode ser visto, senti o chão deixando meus pés, e antes que eu pudesse cair de cabeça no chão, acordei imediatamente.

Eu ofegava repetidamente, quase sem poder respirar.

Percebi então que a dor havia parado, tentei falar, agradecer a Kami por esse fato, no entanto, por mais estranho que pareça, eu miei.

Eu miei?

- Nyah! – Não, não pode ser, isso não pode estar acon... –... Nyah!

Pulei da cama, percebendo que andava sobre quatro patas, minhas roupas, agora pequenas demais, caíram no chão.

Corri para o banheiro, e depois de muito esforço para conseguir na pia e me olhar no espelho... Eu cai na privada, sim, na privada.

Involuntariamente, pulei para fora da água assustado, Desde quando eu tenho medo de água, porra!? Água da privada pode até ser nojento e tudo mais, mas ainda assim, como eu posso ter medo de água?

- Nyah! – Eu berrava, mas ninguém iria me resgatar, então dei meu jeito e fugi daquele recipiente repulsivo.

Consegui me encarar no vidro do box do banheiro, confirmando o que eu já sabia: Eu era um gato, literalmente um gato preto com grandes olhos vermelhos.

Corri assustado. Aquilo era um sonho, um sonho maluco e completamente estranho! Eu logo iria acordar e irei estar na minha cama, no meu corpo, como sempre acordo toda manhã!

As pessoas berravam enquanto eu corria por de baixo de seus pés, criancinhas tentavam passar a mão em mim e eu sempre tentava arranhá-las.

"É só um sonho, Sasuke" Disse á mim mesmo "Só arrume um jeito de acordar!"

E nisso, parei, respirei fundo – se é que se pode respirar fundo com aquele corpo ridículo –, então...

- NYAHH! – Berrei de dor quando um pirralho pisou na minha pata traseira – NYAHH! NYAHH! – Aquilo deveriam ser xingamentos, mas saiam como miados escandalosos misturados com a dor.

- Ei! Não toque nesse bicho! – Disse a mãe do pirralho, logo que viu que ele se aproximava de mim – Ele deve está cheio de doenças! – Cheio de doenças o seu nariz! Dobre a língua para falar de Uchiha Sasuke, maldita mulher do meu pesadelo!

E então eles se foram, me deixarão sozinho e com a pata quebrada. Não podia andar, e aquilo doía de verdade. Definitivamente aquilo não era um sonho...

Eu era um felino agora, isso era realmente verdade. Não tinha como me defender de ninguém, e pior, ameaçava chover. Esse corpo frágil não vai aguentar uma das noites frias de Konoha. Esse era o meu fim, morrer na forma de um gato, agonizando com a pata quebrada no meio da chuva?

Que ridículo para Uchiha Sasuke...

Eu esperava que alguém parasse e ajudasse-me, qualquer um. Mas ninguém sequer me olhava, ou melhor, olhavam e no entanto fingiam não ver. Eu juro quê, se eu sair dessa, eu irei abrir um abrigo para gatos...

As horas foram passando, meus miados se tornando cada vez mais baixos e menos agoniado, ainda doía, mas nem tanto.

Admito que já estava quase desistindo, quando alguém apareceu.

Eu estava de olhos fechados, tentando ser indiferente quanto á minha situação quando mãos delicadas e quentes passaram pelas minhas costas. A pessoa passava as unhas levemente contra minha pele, eu ainda não havia aberto os olhos, apenas aproveitei o momento, ronronando – isso é humilhante, mas era tão bom!

- Por que você está deitado no meio da rua, fofinho – A voz era doce, meiga, passava uma segurança estranha. Era a voz dela.

- N-yah! – Sakura!Tentei dizer, e involuntariamente, pelo susto me levantei bruscamente, e gritei de dor.

A expressão de Sakura mudou imediatamente, uma mistura de piedade e preocupação.

- Sua patinha...Quem fez isso com você? - Se eu pudesse falar, eu até diria, mas tenho certeza que você não fala gatês – Bom, não se preocupe, eu vou cuidar de você – Me pegou no colo com delicadeza, tomando cuidado com a pata machucada.

Sakura você... Mais uma vez, obrigado.

- Nyah...