LITERALMENTE SONHOS
Autoras: Leka Moreira e Jéssica Venésio
Contato: Leka ); Jéssica )
Spoilers: HP1 a HP5.
Créditos: Os personagens aqui citados não nos pertencem - exceto por (ai a gente coloca os nomes dos personagens novos), que se tratam de nossa própria autoria. Essa fanfiction não tem fins lucrativos e só passa de uma diversão em cima da obra de J.K. Rowling.
Shipper: Tiago/ Lílian.
Resumo: Uma maldição e um destino. Lílian Evans não fazia idéia de que um poderoso feitiço tomava posse de seu sangue até que estranhos acontecimentos começaram a persegui-la durante todos os seus dias. Pouco sabia ela sobre o fato que sua salvação era a pessoa que menos podia imaginar.
Prólogo
Nada parecia tão confortável. Seus cabelos ruivos eram acariciados pela brisa que transpassava por sua face e voava para longe. Longe o bastante do mundo e de sua própria vista umedecida. O ventinho fraco parecia simplesmente um calmante que a fazia acompanhá-lo em passos leves na grama verde e vasta, que percorria a maior parte da natureza onde estava. Parecia algo mais que apenas um sonho. Parecia um plano de fundo colorido com flores e pastos verdejantes. Certamente, um paraíso.
Azul, lilás, rosa, vermelho… Cores! Era o que se espalhava sob seus pés no caminho não reconhecido; era um gramado estreito que não a levava a lugar nenhum. Apesar de não saber onde estava, não se importava com tamanha questão. O que ansiava era por apenas seguir em frente, sentindo o cheiro de terra molhada e ouvindo a canção formidável que suavizava sua plena audição.
"Lílian", alguém a chamava em algum lugar naquele espaço verde. Ela podia sentir uma magia inevitável perto de si mesma. Poderia ser um humano como ela, com poderes iguais aos dela. Mas, ao mesmo tempo, ser uma alma que divagava por ali em cantos e encantos. Mas a conhecia; sabia seu nome, sabia algo importante. Deveria segui-lo? Ou permanecer no mesmo caminho desconhecido?
De alguma forma, não conseguia pensar corretamente. Milhares de pensamentos a atormentavam de uma só vez, o que a deixava confusa, incapaz de ter uma resposta direta. Sentia-se leve demais para analisar ou responder qualquer pergunta. Sentia-se zonza demais para correr, andar; apenas gostaria de flutuar para o mais longe que pudesse.
O céu continuava azulado e tudo a sua volta parecia percorrer em velocidade, passando de árvore para flores e de flores para montanhas altas que, por fim, se transformavam em gotículas de água vermelha. Vermelha a ponto de simplesmente não mais parecer água.
Sentiu calafrios ao perceber o quanto a cena belíssima parecia mudar. Queria sair dali o mais rápido possível. Mas não conseguia. Continuava flutuando em uma velocidade alta que se transformava em ódio, rancor, amargura e incapacidade. "Lílian", mais uma vez a voz a chamou. A voz amargurada, repreendida, a voz que precisava de ajuda. A voz que, de alguma forma, conseguia entender seus sentimentos. Precisava fugir antes que algo pudesse tirar-lhe a vida, ou pior: a transtornasse ainda mais.
- Me leve de volta! – gritou alto o bastante para que qualquer ser pudesse ouvi-la, enquanto os ventos cortavam sua face e a faziam ficar cada vez mais pálida. Sentia um frio incalculável, mas não conseguia gritar mais alto. Sua fraqueza era inevitável.
Ela invocou uma tempestade. Sentia-se capaz de tudo; a força que resplandecia sua alma era forte o bastante para isto. As gotas fortes que batiam no chão faziam um barulho ensurdecedor, o que a dava mais vigor em raios turbulentos que destruíam tudo por onde passava. Nada parecia como antes. Se alguma vez pensara que aquilo seria o paraíso, estava altamente enganada. E, naquele momento, sofria de dor.
Uma risada percorreu o ambiente e foi abafada como uma porta a ser fechada, longe… Ela temia ir mais longe e não poder voltar. Não poderia suportar por muito tempo. A fraqueza, seu ódio, suas dores eram imensas, e se algo pudesse salvá-la…
Com um baque no chão, olhou o aposento a sua volta. Ainda com os joelhos ardendo e com a face queimando em febre, foi capaz de se levantar devagar, pois seus joelhos fraquejavam e tremiam a cada passo. O casarão onde estava parecia vazio e, sem dúvidas, monstruoso. Vozes eram ouvidas do andar de cima, onde pareciam entretidos em algum assunto. A gargalhada soou novamente, lhe dando calafrios no umbigo.
Uma escada surgiu à sua frente e parecia querer levá-la para algum outro lugar. Talvez para onde as devidas pessoas devessem estar. Pensou por alguns minutos se deveria subir. Sabia que poderia ser perigoso o bastante, mas também sabia que precisava de respostas. Todas as respostas que a atormentavam todas as noites. E que não a permitiam dormir em paz.
Subiu sem fazer barulho, degrau por degrau, enquanto ouvia seu coração acelerar a cada passo e a cada suspiro. As vozes soavam mais altas e lhe pareciam frias e calculistas. Era forte e precisava de algo. Precisava de sentimentos impuros.
Lílian tremeu repentinamente e desviou seu olhar do chão para uma das portas. O que sua consciência lhe perguntava era se realmente deveria abri-la. Se havia chegado até ali, não poderia parar no meio do caminho e voltar aonde tudo começara. Precisava descobrir. Ir até o fim e descobrir quais os segredos que ela mesma tinha dentro de si. Teria que descobrir quem ela era e o porquê daquele lugar ser apavorante.
Estridente, o trovão se viu livre para ecoar por todos os corredores vazios do gigantesco colégio de Hogwarts. A noite estava quente e até mesmo a lua exalava um certo calor aconchegante, sendo assustador o modo tão repentino como o anúncio da chegada de uma tempestade se alastrara. Dezenas de jovens, que antes descansavam ternamente para mais um sábado proveitoso, viram-se sendo acordados pelo medo. Talvez aquela não fosse uma proclamação de chuva, mas sim do início da tão temida guerra. Entretanto, todos estavam errados. Nada além de um pesadelo transportado para planos reais se tratava aquele solitário trovão.
Lílian Evans ergueu-se de sua cama de supetão. Seu peito arfava irregularmente e todo o seu corpo suava de curiosidade. Os cabelos ruivos grudavam na testa do rosto tão pálido quanto a noite anterior. Os joelhos continuavam a tremer e o sonho prevalecia vivo em sua memória, como se fosse real. Suspirou e conteve as lágrimas que se encaminhavam para seus olhos de esmeralda.
Não suportava mais todas as noites mal dormidas e todos os incidentes inexplicáveis que viviam a lhe perseguir. Mesmo que fosse forte, toda a sua fortaleza começava a desmoronar diante de tantos problemas e fardos a serem arrastados por dias a fio de sua vida tão pouco divertida. Sentia-se, depois de tanto tempo, uma criança indefesa que chorava e implorava pelo colo da mãe.
Por que o destino de se tornar uma bruxa tinha de se voltar tão involuntariamente para ela? Por que, diante de tantas garotinhas de onze anos que brincavam nos velhos balanços do velho bairro trouxa de Londres, ela tinha sido a escolhida?
As respostas eram tão pouco óbvias quanto todos os seus exercícios de Poções e, mesmo que por sua cabeça a idéia de qualquer explicação concreta já tivesse de esvaído, tudo seguia exatamente os traços desenhados pelas fiadoras do destino. Ultrapassando as barreiras da realidade, atingido o impossível real.
Todavia, de nada adiantaria pensar nisso agora. De nada valeria tentar entender o que aquelas tão cansadas senhoras faziam de sua vida. Afastou as cortinas felpudas que circulavam sua cama colada à janela, enquanto vestia os chinelos. Não agüentava mais ficar em sua cama. Desceu até o Salão Comunal, onde poderia, ao menos, fazer algo mais construtivo do que observar a escuridão. Admiraria a chama da lareira.
Sentou-se no sofá mais próximo ao fogo. Mesmo que o calor reinasse sob todos os corpos, o frio que o pesadelo lhe trouxera continuava a gelar seus ossos e fazia com que fumaça exalasse da sua boca com uma tonalidade roxa. Encolheu-se, abraçando os próprios joelhos.
- Achei que os alunos devessem permanecer em seus dormitórios depois do toque de recolher. – Por mais que a voz a tivesse assustado, seu corpo não se moveu ao menos um milímetro. Escutou passos lentos se aproximarem.
- Portanto, acho melhor você voltar para o seu, Potter – respondeu entre os dentes. Tentou manter a calma e ignorá-lo, mas, no momento, aquilo parecia impossível.
- Se você é monitora e pode ficar aqui, acredito que eu, tendo o mesmo cargo que o seu, também possa. – O garoto sentou-se em uma das poltronas grandes, mirando a ruiva com um sorriso cínico nos lábios finos. Lílian piscou dezenas de vezes seguidas, respirou fundo. Levantar-se para subir novamente seria a solução mais inteligente. – Lily, por acaso você tem medo de mim? – Tiago postou-se a sua frente.
- Medo de você? – Exclamou Lílian indignada, enquanto uma de suas sobrancelhas se levantava em nervosismo. Tiago Potter era, sem dúvidas, desprezível quando queria. E muito mais quando não se era possível dormir sem ter pensamentos turbulentos. – Eu nunca teria medo de você, Potter.
- Mas não é o que parece Lily – disse o maroto, dando uma de suas mais ignorantes piscadelas, mas permanecendo sério em todas as circunstâncias. Se soubesse o quanto Lílian sentia raiva de todos seus atos, se soubesse o quanto ela não suportava sua presença, entenderia do que a garota tinha medo.
- Você não se cansa, não é? – bufou ela, alto o bastante para que alguém pudesse acordar e pegá-los fora de seus respectivos dormitórios. Não era exatamente o que pretendia, já que o horário marcado para vistorias no castelo havia passado há algumas horas. – Parece um fantasma me assombrando a cada passo, respiro e pesadelos.
- Quer dizer que estou em seus pesadelos, Lily? – falou o garoto, andando em círculos ao seu lado, o que deixava Lílian ainda mais nervosa e eufórica. Sem saber como agir e no que pensar. – Aposto que eu te salvo em todos eles, não é mesmo, meu lírio? - Aproximou-se perigosamente e ousou tocar a face ainda branca demais. Admirou toda a plenitude dos olhos esmeralda e aproximou-se dela mais alguns passos. Podia sentir o hálito doce que se libertava de sua boca entreaberta. Desejou beijá-la.
Lílian sentiu seu rosto arder. Nunca se permitiria ser tocada por Tiago Potter, ainda mais enquanto estivessem usando somente seus pijamas. Respirou fundo, desejando que pudesse controlar seus sentimentos.
- Você sempre está neles, Potter. - Ela cuspiu o nome do garoto como se significasse algo nojento. - Mas seu papel não ultrapassa a ocupação de ser apenas um monstro grotesco! - Com isso, retirou bruscamente a mão tão quente de sua bochecha. Queria que ele permanecesse longe, que a deixasse em paz com seus pensamentos sem explicações.
Tiago sorriu com facilidade, de modo sensual, enquanto se aproximava ainda mais da ruiva compenetrada em pensamentos silenciosos. De alguma forma, tinha um imenso interesse em descobrir o que a preocupava. Lílian Evans era indecifrável quando queria e era este o jogo principal. Adorava mistérios. Era semelhante ao quadribol: procurar o pomo e capturá-lo. Talvez não fosse fácil, mas a incrível felicidade quando o capturava era certamente cativante.
- Monstro grotesco? – refletiu o moreno, demonstrando interesse, enquanto mantinha seus olhos incrivelmente castanhos em contato com os dela. – E este monstro poderia receber um beijo da donzela e se transformar em um belo príncipe, não? – Ele riu gostosamente, passando a mão entre os cabelos, sem perceber que os bagunçava ainda mais.
- Você é ridículo! - exclamou entre os dentes. - Deveria se olhar no espelho algumas vezes e diminuir um pouco esse ego tão exagerado e desnecessariamente grande!
Pronto, tinha perdido o controle de todos os seus sentidos. Ergueu as mãos para o alto e conteve o ato de socá-lo. Porém, no instante em que percebeu que o calor da sala aumentava quase que loucamente, baixou os olhos para observar ao seu redor.
A lareira não parecia somente um acúmulo de chamas altas, mas também aparentava recompor-se cada vez mais com um fogo ardente e vermelho-sangue. Tiago seguiu a vista de Lílian e arriscou um olhar para a lareira, percebendo que algo parecia errado. Procurou algo no bolso, buscando sua varinha, e percebeu que a esquecera, como muitas vezes fazia à noite, em dias comuns de insônia.
- Merda! – Exclamou alto o bastante para que Lílian o repreendesse pelo palavrão obsceno. Meteu as duas mãos no bolso e olhou por fim para a ruiva, que ainda encarava a lareira estupefata. – Precisamos que algum elfo conserte isto. Acho que foi magia demais – bocejou, remexendo seus dedos no bolso do casaco.
Dessa vez, ele mesmo lhe dera uma desculpa perfeita e tudo o que ela teve de fazer foi simplesmente concordar com o que Tiago dissera. Respirou aliviada, enquanto via o fogo baixar conforme ia ficando mais calma. Tentou esconder seu rubor frente ao acontecimento inesperado e seguiu para próximo das janelas grandes, que davam como visão uma deslumbrante parte do jardim.
Sentou-se em uma das grandes poltronas e deixou que todo o seu corpo e mente descansassem. Não ligava mais se Potter estivesse ali a espionando; precisava se manter calma. Não podia deixar que outras pessoas notassem algo que nem ela mesma poderia explicar.
"Magia demais", uma fisgada em seu estômago a deteve de qualquer ação. Nunca havia sentido algo semelhante como, naquele momento, parecia sentir. Nunca algo tão real. Tão humano e físico. Como se pudesse mover qualquer tipo de objeto com apenas um simples olhar. Com apenas um simples toque. Isso a assustava por dentro, mais do que poderia imaginar.
Precisava de um ombro amigo e de um carinho maternal. Era uma pena estarem tão longe naquele exato momento. O que menos queria era responder mais algumas perguntas indigentes de Potter. Queria apenas dormir e acordar no dia seguinte lembrando que nada havia acontecido. Mas seria felicidade demais.
- Não sendo intrometido ou algo assim, mas você está bem, ruivinha? –perguntou ele, arrumando os óculos e vislumbrando os fios de cabelo recaídos nos olhos verde-esmeralda da garota.
- É possível você me deixar sozinha pelo menos esta noite? – falou ríspida, virando o rosto para encarar de vez o garoto, que brincava silenciosamente com seus cabelos. Seus dedos começaram a deslizar até sua pele gélida, que foi acariciada pelas mãos grandes e pesadas de Tiago.
A diversidade de sentimentos se embaraçava em um laço que ansiava por não ser mais utilizado com tantas voltas indecifráveis, que teimavam em se formar. Sentia-se corando a cada toque, mas não poderia se entregar daquela forma, não tão facilmente. Afinal, se ao menos pudesse ser outra pessoa além de um simples ignorante e metido, mas era o maldito e desprezível Potter.
Deviam ser exatamente duas horas da manhã. Se perguntava também o que o garoto deveria estar fazendo em frente à lareira àquela hora da noite, que parecia longa e distante. Talvez sofresse de alguma doença chamada insônia, ou talvez, ao invés de um sonho, pela incrível ironia do destino os pesadelos resolveram atacar Hogwarts em um momento não tão bem apropriado.
- Acho que você precisa de um tempo sozinha mesmo… – Ele piscou centenas de vezes antes de andar dois passos até a escada do salão. Lílian continuou com sua compostura reta, apenas pensando e pensando. Nunca vira alguém tão pensativo antes, mas havia uma questão com que deveria adaptar-se cada vez que olhasse para o rosto gentil da garota: ninguém mandava em suas virtudes. O que deixava Tiago realmente intrigado era simplesmente a expressão do seu rosto. Uma expressão tão absolutamente perplexa e pálida, sem vida e preocupada. Ansiava que fosse apenas o sono vindo atormentá-la. – Uma boa noite, minha princesa.
Lílian abafou o som seguinte de passos com uma almofada na cabeça, tentando amenizar quaisquer tipos de pensamentos negativos que a importunavam naquela batalha desarmada de ser ou não ser. O que lhe faltava era a teimosa resposta. Todavia, não era um bom momento para filosofar sobre teorias do mundo, ou teorias sobre o sonho. Queria descansar e acordar na manhã seguinte, livre de tudo que pudesse machucá-la. Só tinha um certo medo de esquecer do sonho e não voltar a segui-lo novamente.
A lareira berrou em chamas que se apagaram violentamente, enquanto a ruiva fechava os olhos, descansando sua vista em meio a tantas cogitações. Zombando de tudo que a rodeava, refletiu mentalmente com belos carneirinhos pulando a cerca. Precisava não pensar em nada. Apenas em belos pedaços de nuvens branquinhas pulando a cerca em um ritmo gostoso e divertido, enquanto cada uma delas fazia seu papel de numerais e corria, saltando corretamente dentro do portãozinho pequenino em meio ao gramado gigantesco, que a levaria a uma casa enorme. A casa passou a ganhar velocidade e…
As mãos delicadas e comprimidas no sofá se fecharam, enquanto tudo a sua volta sumia, trancando-se em uma pequena e miúda caixinha de surpresas, que apropriadamente seria aberta aos poucos e a cada noite.
O sono a derrotou…
Notas da Leka: Primeiro capítulo escrito. Nunca achei que fosse capaz de escrever tanto o.O mas a Jé contribuiu mais com esse aqui!rs !! Agradecimentos especiais a nossa beta linda que corrigi nossos erros feios: a Lo. rsrs. Espero que vocês gostem e deixem rws para autoras que anseiam por opinião! rsrs......O próximo capítulo está mais agitado para quem tenha achado esse lento demais....; )
Notas da Jéssica: Pois é... Finalmente o prólogo postado... Espero que vcs tenham gostado, tanto quanto nós de escrevê-lo... Aliás, agradecer a Lo por ter betado o cap! (Boa Viagem moça! Te adoramos...). Repetindo o que a dona Leka disse, aguardem o novo cap, que esta mais recheado com intrigas! rs
Beijinhos no coração!!!
