18 DE FEVEREIRO DE 2016, 20h
ANNA BENNET
Eu estava me sentindo... Estranha. Meus braços doíam, meu corpo parecia não querer responder aos meus comandos. Não sei dizer ao certo, mas eu tinha certeza que alguma coisa estava errada. Muito errada. Só não sabia bem onde as coisas haviam começado a dar errado. Tudo bem, talvez eu soubesse. Tudo havia começado naquele dia, naquele maldito dia em que eu tomara posse do cargo de Defensora Pública, para o desgosto da minha bela família de políticos e advogados de figurões de Chicago.
Quando eu recebi a notícia de que havia sido aprovada na seleção, depois dos minutos de alegria e da sensação de dever cumprido, veio minha maior preocupação: contar ao meu pai que era realmente isso que eu queria fazer da minha vida.
Ah, quanta ingenuidade... Mal sabia eu que, menos de três meses depois, amarrada e amordaçada na cama de um quarto de hotel desconhecido, essa preocupação não significaria mais nada. Não era meu pai, nem minha carreira, nem meus problemas de relacionamento com meu chefe, que me assustavam. Naquele quarto de hotel desconhecido, o que me assustava realmente era aquele par de olhos – bem conhecidos – que me encaravam do outro lado do aposento, como quem ainda não decidiu se eu sou uma "amiga" ou a próxima "refeição do dia".
