NAQUELE SETEMBRO
Beta-reader: LannyLuck
"Eu não consigo me lembrar o que deu errado setembro passado
Embora eu tenha certeza de que você me lembraria se precisasse
Nosso amor era confortável e tão à vontade
Ela é perfeita, sem defeitos.
Ou pelo menos é o que dizem
Ela pensa que eu não posso ver o sorriso que ela está fingindo
E faz poses para fotos que não estão sendo tiradas
Eu amava você
De calça de moletom cinza
Sem maquiagem, tão perfeita
Nosso amor era confortável e tão à vontade
Ela é perfeita
Sem defeitos
Mas eu não estou impressionado
Eu quero você de volta. "
Confortable - John Mayer.
Eram seis e meia da manhã quando o despertador em cima de sua mesinha de cabeceira começou a tocar. Com a visão ainda embaçada pelo sono, ela olhou para o visor do pequeno aparelho, verificando sem esperança se já estava mesmo na hora de se levantar. Espreguiçou-se demoradamente, lutando com todas as suas forças contra toda a sua preguiça rotineira. Levantou-se após uns dez minutos e com passos largos e cansados, ela se dirigiu ao banheiro.
Deixou-se relaxar por alguns instantes, sentindo a água quente invadir o seu corpo. Ela precisava daquilo. Ela merecia aquilo. Principalmente naquele dia. "O dia mais triste do ano", pensou ela consigo mesma. Quinze de abril, o seu aniversário. Minu, naquele exato momento, acabava de completar trinta anos e tudo o que ela realmente queria era esquecer que aquilo tudo estava acontecendo. Instantaneamente, ela começou a reviver em um flash-back todos os momentos importantes em sua vida. Desde os tempos de interna no orfanato até os seus exatos 29 anos e 364 dias. Avaliando toda a sua situação, Minu concluiu tristemente que em todo esse tempo a sua vida não mudara muito.
Minu saiu do banheiro enrolando-se em um roupão grande e fofo. Parou em frente ao espelho e começou a retirar o embaçado com as suas próprias mãos, analisando ao mesmo tempo a sua própria imagem refletida ali. Ficou assustada ao se deparar com as enormes olheiras em sua face, resultado de uma noite de sono mal dormida.
Aquela época do ano era sempre assim e sempre seria muito cansaço e pouco sono. A idéia de que irrevogavelmente estaria sofrendo com as ações do tempo a atordoavam de maneira aguda, lenta e torturadora. E o resultado de toda essa brincadeirinha eram noites quase intermináveis de insônia. O problema em si não era a idéia de estar ficando mais velha, disse para si mesma enquanto passava a toalha entre os seus cabelos. O que a atormentava de verdade era que em todo esse tempo não conseguira alcançar nem metade dos objetivos que ela traçara para si mesma. E era exatamente por isso que ela se sentia a pessoa mais frustrada do mundo.
Percebendo o seu quase estado de transe, Minu apressou-se em se arrumar. Vestiu uma calça jeans clara, a primeira que viu no armário. Em seguida, pegou uma blusa branca e para acompanhá-la, um sobretudo de veludo preto. Calçou rapidamente suas botas e ao perceber o estado deplorável de seus cabelos, colocou sobre estes uma boina preta que havia ganhado de seu amigo Seiya quando este fora para Paris. Não está perfeito, mas basta pelo menos por hoje, pensou ela enquanto se dirigia para porta. Porém, ao abri-la, antes mesmo que seus pés tocassem o tapete presente no chão de sua sala, seus olhos foram invadidos por uma explosão de cores em forma de bexigas de gás e faixas onde havia escrito "Feliz aniversário", "Parabéns" e coisas do tipo.
- SURPREEEEEESA! - as sete vozes ali presentes gritaram em coro. Minu permaneceu paralisada, encarando as sete faces, em estado de choque.
- O que raios vocês todos estão fazendo aqui? - ela disparou, áspera, sem ao menos pensar que isso talvez pudesse magoá-los. E ao contrário dos rostos tristes que normalmente apareceriam em resposta ao seu mau-humor, tudo o que ela recebeu foram sorrisos, os mais carismáticos que ela já viu. Minu não era normal, logo ela não podia exigir que seus amigos também o fossem. Ela pensou em retrucar alguma coisa, porém, uma fração de segundo depois, já estava sendo envolvida por um abraço coletivo. Seus sete melhores amigos a abraçavam ao mesmo tempo e tudo o que ela podia sentir era um imenso calor que cada um deles emanava. Com isso, aos poucos um sorriso brotava em sua face.
- Alegre-se, Minu. É seu aniversário - disse Seiya, reconhecendo o motivo da tristeza contida nos olhos de sua amiga. Era o mesmo de todos os anos. - Não precisa se lembrar da idade, apenas lembre-se de que conseguiu sobreviver mais um ano.
- Obrigada por deixar a situação mais confortável, Seiya. É realmente animador escutar uma coisa dessas às 7 da manhã. - ela respondeu ironicamente. - E sua adorável esposa, onde está?
- Dormindo.
- Eu não sei porque, mas não conseguiria esperar outra coisa dela. - Seiya apenas sorriu ao escutar a resposta ferrenha da sua amiga. Minu tinha a língua afiada, sabia bem disso. E se tratando de sua esposa, a situação piorava consideravelmente. Sempre que uma oportunidade surgia, ela deixava bem claro sobre o quanto detestava Saori. Nem em seus mais doces sonhos, ele podia imaginá-las convivendo amigavelmente ou sendo amigas.
- Será que a sua ironia está aumentando junto com a idade?
- Vá para o inferno, Seiya.
- Ei, vocês dois aí - Eire disse em tom de advertência, exatamente como fazia com os seus alunos - Parem já com isso. Vamos todos tomar café em paz e logo porque eu ainda tenho que trabalhar.
- Tudo bem, mãe - Ao receber de volta o olhar fuzilador de Eire, Minu apenas sorriu e beijou-lhe a face. Só então, ao sentar-se a mesa com todos os outros, ela percebeu que já fazia algum tempo que não tomava um café da manhã decente. Geralmente, este se reduzia a um copo de Capuccino que comprava no caminho para o trabalho. Já estava quase que desacostumada a comer de manhã.
- Minu - Ao escutar seu nome sendo pronunciado com tanta firmeza, ela simplesmente recuou no caminho para se servir de pão. Pelo que conhecia de Eire, sabia que lá vinha bomba. Virou-se para ela, encarando-a. Eire então prosseguiu - E o Touma ?
- Está bem, obrigado.
- Não se faça de idiota - Grávida de cinco ou seis meses, Eire era uma inconstante explosão de hormônios. Em um determinado instante, ela parecia muito feliz, em pleno estado de euforia pela chegada do bebê. Cinco minutos depois, era quase impossível manter-se uma conversa civilizada com ela. Em vezes como aquela, Minu quase se esquecia de que ela era sua melhor amiga e estava grávida. A vontade de mandá-la para um lugar bem monstruoso era quase que incontrolável. Porém, ela ainda tinha um pouco de bom senso. Ainda. - Quero saber porque ele não está aqui.
Minu olhou para os lados, procurando uma reação qualquer de seus outros amigos. Ali estava ela. A ansiedade estava claramente estampada nas faces de todos ali presentes.
- Hã... essa pergunta eu não sei te responder...
- Como não? –Visivelmente irritada, Eire perguntou, jogando o guardanapo na mesa, - Por Deus, Minu! Hoje é seu aniversário! Ele no mínimo tinha que ter saído daquele quarto junto com você!
- Eire, menos, por favor - Minu respondeu, tentando manter o mínimo de calma. Respirou fundo duas vezes e pensou calmamente no que ia falar, ponderando cada palavra presa em seus pensamentos - Você acha que eu gosto de ser lembrada todos os dias que já tenho 30 anos e ainda não tenho nem um começo de uma provável família? Eu não tenho culpa que ele não está aqui. Eu não posso simplesmente obrigá-lo a ficar.
- Desculpe, mas é que..
- Você não gosta dele, eu sei. - ela disse, já se levantando da mesa - Mas você não precisa. Sou eu quem tenho que gostar. - Em questão de segundos, Minu já estava de pé com todas as suas coisas, parada em frente à porta - Desculpe, pessoal. Eu realmente preciso ir. Obrigada pela surpresa.
Escutou-se o bater da porta. O frio castigava terrivelmente a cidade naquela época do ano, porém naquela sala, antes aquecida pelo suave calor da amizade, uma brisa gélida e mórbida voltou a reinar ali dentro.
- Tadinha... - Shunrei diz ao observá-la saindo.
- Eu sabia - diz Seiya - Esse Touma é um escroto mesmo. Definitivamente, não é homem pra ela...
- Eire - diz Hyoga, em tom de repreensão - Pegue leve com ela também. O que você tem a ver com a vida dela?
- É que me dá raiva, Hyoga! Esse cara tá fazendo ela de gato e sapato e ela não percebe...
- E o pior de tudo é perceber que ela também não tá feliz com essa situação - Shunrei torna a falar - Ela parece mais triste esse ano, não parece?
- E o pior ainda nem aconteceu - A voz de Shun parecia mais desanimada do que o normal ao falar. - Espera só até ela saber quem voltou...
Olhos simplesmente arregalaram-se ao ouvirem Shun falar. Uma tempestade chamada Ikki estava por começar.
Bom, essa é nova. Tô tendando reconstruir meu castelinho de fics que foi desmoronado anteriormente graças a uma causa desconhecida até hoje ¬¬'
Agradeço a Chiisana Hana e a LannyLuck pelo apoio dado ^^ Sim, eu sei que enchi muito o saco ! HSOUIAHUOAUISHAUIOHSAI
Bom, quanto a atualização, eu realmente não sei. Vou tentar fazer o mais rápido possível porque eu tô empolgada ^^
mas acontece que eu infelizmente sou lerda pra escrever (e pensar), e com a faculdade a situação fica um pouco tensa...
Enfim, mais de meus devaneios pra vocês. Espero de coração que gostem ^^
beigosbeigos. K!
