Notas do Autor
Saint Seiya pertence a Massami Kurumada e Empresas Licenciadas. Tafari e demais personagens originais pertencem a mim e ao projeto Legado de Ouro.

Santuário, Casa de Touro, dias atuais.

Um homem alto, forte e de tez negra se preparava para sair da Segunda Casa levando consigo a urna dourada de sua armadura. Ele caminhava tranquilamente e para diante das escadarias que o levariam para a Casa de Áries e protege o rosto e seus olhos dos fortes raios do sol daquela manhã com o mão.

—Uma bela manhã! –ele comenta em voz baixa, passando a mão em seguida pela cabeça calva, finalizando no cavanhaque cuidadosamente aparado.

—Aonde pensa que vai, senhor Tafari? –a voz feminina o fez estremecer.

Tafari virou sem graça, coçando a cabeça e com um sorriso amarelo, fitando a jovem serva designada para cuidar da Segunda Casa e dele. Ela estava furiosa.

—Agathé! Já acordou? Não queria te incomodar! –apesar de seus quase dois metros de altura, Tafari se sentia intimidado pela severidade da jovem serva de apenas um metro e sessenta designada para cuidar de sua casa, e dele, desde que ali chegara. –Não deixei a toalha molhada em cima da cama desta vez! E coloquei os pratos sujos do café na pia.

A pequena grega de cabelos castanhos na altura dos ombros o fitava com as mãos na cintura e com uma expressão desaprovadora nos olhos amendoados.

—DROGA! –ele soca a própria mão. –Eu deixei as botas sujas na sala de novo? Não... –dando um sorriso amarelo. -Não é por isso que está brava, não é?

—Vai sair do Santuário de novo? Não sabe que é sua missão ficar na Segunda Casa? Onde está sua responsabilidade com Atena?

—Agathé...

—Está sempre inventando uma desculpa para não ficar aqui!

—É só uma viagem rápida! –disse ainda sem graça dando alguns passos para trás e parando ao perceber que alguém mais chegava ali. Olhou e acenou para o morador da Primeira Casa. –Kiki! Já acordou?

—Vai sair em missão novamente? –o protetor de Áries perguntou, e olhando para Agathé ela confirmou com um aceno de cabeça. –Se sente tão desconfortável assim conosco, Tafari?

—Não é uma missão, Kiki. É mais uma visita informal. –Tafari estava visivelmente sem graça. –Agradeço muito você, por todos e até por Atena terem me recebido bem no Santuário... apesar do que fiz, mas...

—Como o mestre Mu lhe disse no dia que chegou, Tafari. Você foi escolhido pela Armadura de Touro para suceder Aldebaran. Ela o considerou digno! –disse o rapaz. –É um irmão de ouro!

—Fico feliz por isso, Kiki... mas... –por um instante ele permanece com um semblante triste, depois voltou a dar um enorme sorriso. –Mas eu realmente não consigo ficar parado muito tempo! Começo a me sentir ocioso!

—Mas isso não é motivo para ficar zanzando por aí! –disse Agathé nervosa. –Não está facilitando o meu trabalho que é cuidar de você!

—Agathé, não fique brava comigo de novo, tá? Não é uma missão! Não precisa ficar preocupada que não vou me machucar de novo lutando, certo? –ele sorri e acena para ambos. –Vou visitar minha família, o Grande Mestre me deu permissão para sair! Prometo voltar logo!

—Senhor Tafari! –Agathé o chama furiosa, mas ele já descia correndo pelas escadarias. –Ai, que raiva!

Kiki dá um sorriso sem graça diante da fúria da jovem serva quando ela voltava para seus afazeres na Segunda Casa, dizendo impropérios sobre seu senhor.

—Algum problema, Kiki?

A voz serena de Mu chama a atenção do rapaz que o cumprimenta com sincera alegria. Ele passava pela Casa de Touro, curioso pela movimentação do local, mas claramente o rapaz desconfiava que Mu já sabia o que acontecia.

—Mestre Mu!

—Por favor, Kiki. Já não somos mais mestre e discípulo há alguns anos! –ele sorri constrangido. –Tafari de Touro saiu de novo? Mal chegou de sua última missão e partiu... –suspira.

—Ele claramente não se sente confortável em seu Templo. –diz com o semblante triste.

—O que foi?

—Apenas pensando... Tafari mentiu quando disse que visitaria a família. Eles...

—A família nem sempre é aquela com a qual temos laços de sangue, não é? Pensei que soubesse disso! –sorri e Kiki concorda com um aceno de cabeça. -Ele ainda não se sente digno de seu novo posto.

Mu comenta, tocando o lado direito de seu corpo coberto pelo manto de sua roupa de Conselheiro do Grande Mestre. Kiki desconfiava que ele ainda sentia as dores do ferimento da última batalha que participou como Cavaleiro de Ouro. Após aquele fato, Kiki se empenhou mais do que nunca a se tornar sucessor da Armadura de Áries e ser digno da escolha de seu mestre. O dia que foi aceito para ser um Cavaleiro de Ouro foi o dia mais feliz de sua vida.

Por isso, Kiki não conseguia entender porque para Tafari, o jovem cavaleiro que veio do Quênia após ser treinado por Aldebaran, não se sentia assim também.

—Não o julgue, Kiki. –o ruivo olha para o mestre, parecia que havia lido sua mente. –Quando Tafari conseguir se libertar das amarras que o prendem ao seu passado, ele se tornará um Cavaleiro digno do nome de seus antecessores, de estar com Atena. Alguém a quem os inimigos da Justiça temerão.

O defensor da primeira Casa após ouvir essas palavras lança um olhar triste na direção tomada pelo Cavaleiro de Touro, seu mestre Mu sabia mais do que queria dizer sobre o atual protetor da Segunda Casa. Que segredos o passado daquele homem guardavam?

Continua...

Aqui começa mais uma aventura... boa leitura!

Notas finais
Nota:

Et Oculus Dei: Olho de Deus, foi a forma errônea com a qual o nome da estrela mais brilhante da Constelação de Touro foi traduzida do árabe, e essa confusão na tradução se deu obviamente pela sua localização na constelação de Touro. Porém, a tradução mais correta do nome Aldebaran ou Al-Debaran é Aquele que segue ou O seguidor.

Tafari: seu nome significa "O que inspira pavor".

Agathé: Significa bondosa.