O Estranho

- Albus precisamos de ajuda. – falou Lilly entrando apressada na sala do diretor.

- O que houve? – perguntou Dumbledore preocupado.

- Um garoto foi encontrado nos terrenos de Hogwarts, não é um dos estudantes, e ele está seriamente ferido. – respondeu Lilly. – Ele tem por volta de dezesseis ou dezessete anos e…

- O que foi? – perguntou novamente Dumbledore quando ela se interrompeu, enquanto andava ao lado da ruiva até a enfermaria, o rosto de Lilly aparentava apreensão.

- Ele é igual ao James quando mais jovem. – respondeu Lilly preocupada. – Achamos que ele possa ser um comensal usando uma poção polissuco mal-feita.

- Bem, isso nós descobriremos com o tempo. – disse Dumbledore de forma a confortar a garota, desde que Harry James Potter morrera, que nem ela nem James Potter eram os mesmos.

Ao chegarem à enfermaria encontraram Madame Pomfrey cuidando do jovem enquanto Sirius e James ficavam postados aos pés da cama para o caso do garoto acordar e tentar atacar alguém.

- Qual a situação Poppy? – perguntou Dumbledore olhando sombriamente para o garoto, ele podia sentir um grande poder vindo dele, poder demais para alguém tão jovem.

- Eu nunca vi ninguém tão ferido quanto esse garoto. – falou Madame Pomfrey, mais preocupada com a recuperação do paciente do que com qualquer outra coisa.

Ela havia tirado o casaco e a camisa dele, além de um estranho colar que ele usava, também tirou a calça dele, deixando-o apenas com uma boxe preta para que pudesse ver a extensão dos danos.

– Pelo que eu pude rastrear, ele parece ter sido vitima de uns dez feitiços das trevas diferentes, sem falar alguns que eu não faço a mínima idéia do que são, das que eu identifiquei, bem… existem rastros da Cruciatus, Imperius, Sectumsempra entre outras.

Dumbledore e os outros não puderam ficar mais surpresos, todos se perguntando no que o garoto se metera para estar naquele estado.

- E tem mais. – continuou Madame Pomfrey enquanto virava o garoto de costas para poder fechar um enorme corte nas costas dele. Parecia ter sido ali que o Sectumsempra acertara, não tinha acertado em cheio, pois se tivesse haveria cortes por todo o corpo do rapaz.

- Como assim mais? – perguntou Dumbledore já com pena do rapaz, comensal ou não ninguém merecia ser vitima de tantas magias das trevas.

- Ele tem cicatrizes por todo o corpo, algumas bem antigas. – respondeu Poppy terminando seu trabalho com o garoto e olhando do diretor para os outros adultos, continuando a falar apontando algumas cicatrizes do garoto. – Essa na testa foi feita a uns dezesseis anos, e se ele tiver a idade que aparenta ter, isso quer dizer que ele era somente um bebê…

Lilly segurou a respiração se lembrando de seu filho que era apenas um bebê quando fora assassinado por Voldemort, Lilly agora sabia que o jovem não era nenhum espião, pois que tipo de monstros além de Voldemort e seus seguidores fariam mal a um bebê?

- Tem uma no braço feita por uma adaga, essa é mais recente, ele deve tê-la conseguido mais ou menos com treze ou quatorze anos. Há uma estranha segunda cicatriz no mesmo braço, como se alguma coisa o tivesse atravessado, mais especificamente como se a presa de algum animal tivesse trespassado o braço e fosse venenoso, pois parece ter sido tratado com lágrimas de fênix, e ele tem muitas outras. –Madame Pomfrey tentava manter o ar profissional, mas dava para ver o quão abalada ela estava. - Já foi acertado pelo menos mais umas duas vezes pelo Sectumsempra, quando tratada corretamente os ferimentos feitos por essa maldição podem ser quase totalmente curados deixando apenas leves cicatrizes pelo corpo, e ele as tem, são cicatrizes demais Albus, eu não sei no que esse menino se meteu, mas eu nunca vi ninguém com tantas cicatrizes… a não ser Olho-Tonto.

Ao terminar de falar Madame Pomfrey pegou uma poção de reposição de sangue e virou o rapaz na cama para que ele ficasse de barriga pra cima e o fez ingerir toda a poção, ele havia perdido bastante sangue pelo que ela pode perceber.

Com um aceno de varinha ela fez uma calça de pijama ser vestida nele, mas ele teria que ficar sem camisa, facilitaria para ela poder trocar as faixas que cobriam todo o seu abdômen, ela havia fechado os ferimentos, mas alguns eram bem profundos, poderiam voltar a abrir.

- Onde está o garotinho? – perguntou Lilly com uma voz chorosa.

James se aproximou dela e passou o braço pela cintura dela, ele sabia que crianças machucadas eram um assunto muito delicado para Lilly, se fosse sincero para ele também.

- Que garoto? – perguntou Dumbledore olhando para o casal.

- Quando eu encontrei a cópia do James aí. – falou Sirius apontando para o garoto na cama.

Era a primeira vez que ele se pronunciava. Desde que seu afilhado havia sido morto e Rabicho preso que Sirius Black não era o mesmo, aliás nenhum dos marotos era, a traição de alguém que eles tinham total fé, principalmente por essa traição ter custado a vida de Harry, fez todos deixarem uma parte de si para trás, a de Sirius foram as brincadeiras, ele se tornara um homem sério e calado, muito diferente do que um dia já fora.

– Havia uma criança com ele, acho que deve ter uns dois ou três anos, ele estava chorando bastante, mas não tinha ferimentos, parecia mais assustado, eu pedi para que alguns elfos cuidassem dele, afinal enfermaria não é lugar para crianças. – continuou Sirius.

Todos assentiram e ficaram olhando para o garoto que se parecia tanto com James, por mais que sentissem pena do garoto não podiam deixar de desconfiar, em tempos de guerra ninguém é confiável… e os marotos aprenderam isso da pior forma possível.

- Não. – murmurou o garoto, Madame Pomfrey se aproximou imediatamente, vendo que o garoto estava ardendo em febre e delirando. – Pare! Papai, mamãe…

O garoto agora se debatia fortemente na cama, Madame Pomfrey estava tentando alguns feitiços para conter a febre, mas o garoto estava repelindo-os, uma barreira mágica parecia ter sido colocada em volta dele.

- Não! Me deixe ir, é meu padrinho! – gritou o garoto desesperado tentando se soltar a todo custo de James e Sirius que tentavam conter o garoto, mas estavam tendo grandes dificuldades para isso. – Não! Ele não está morto! Ele não pode estar morto…

- O que está acontecendo? – perguntou Alvo a Madame Pomfrey, afinal o garoto estava bem até pouco tempo atrás.

- Ele perdeu muito sangue e está exausto, isso o fez ter febre, acho… - Madame Pomfrey olhou para o garoto desolada. – Acho que ele está… são lembranças Alvo.

- Não! – o grito do garoto era de fúria, se tornando implorativo e doloroso depois. – Ela não! Ela não, por favor! Faça o que quiser comigo, mas deixe-a em paz!

O garoto começou a chorar profundamente, um choro que fez todos sentirem-se mal, não era o pranto de alguém que tinha passado por coisas difíceis, era o choro de alguém que tinha perdido tudo.

- Tio Harry? – perguntou uma voz infantil vinda da porta.

Eles olharam para traz e viram um garotinho de uns dois anos olhando assustado para a cama onde estava o mais velho, o menino tinha cabelos pretos e olhos extremamente verdes como os de Lilly. Sirius estranhou quando encontrou os dois ele podia jurar que o menininho tinha olhos azuis acinzentados como os dele.

– O que aconteceu com ele? – perguntou o menino.

- Ele vai ficar bem, só teve um pesadelo. – falou Lilly indo até o menino passando a mão no rosto dele, de modo a acalmá-lo, pois ele parecia prestes a chorar como o tio dele.

- Ah! – exclamou o garoto sorrindo e indo até a cama do enfermo, ele pegou o colar que antes estava no pescoço de Harry, que Madame Pomfrey tinha jogado em cima de uma cadeira assim como as roupas do moreno. – Ele semple tem pesadeios, então ele toma uma poção.

O menino enfiou a mão no saquinho pendurado no cordão e pareceu procurar alguma coisa até que puxou uma pequena maleta, parecia uma frasqueira de metal que Lilly tinha onde guardava sua maquiagem.

Ele abriu com estremo cuidado a maleta e todos puderam ver uma enorme quantidade de poções, o fundo da maleta com certeza tinha sido ampliado para caber tantas poções, a criança tirou de lá uma poção e se aproximou da cama subindo nela e fez menção de dá-la a Harry que tinha se acalmado um pouco.

- Espera aí mocinho, me deixa ver que poção é essa. – pediu Madame Pomfrey estendendo a mão, o garoto deu a poção para ela e Poppy deixou um ofego de surpresa escapar. – Você disse que ele sempre toma essa poção?

- Nem semple, ele começou a tomá ela um pouco depois do vovô e da vovó ilem pala o céu. – falou o menino com uma carinha triste.

Os adultos desviaram o rosto do pequeno, era muito triste ver uma criança falar assim, como se estivesse acostumada com perdas, mas era cada vez mais comum naqueles dias.

- Qual é o problema com a poção Poppy? – perguntou Dumbledore curioso.

- É a poção do sono sem sonhos. – respondeu Madame Pomfrey olhando com pena para o garoto na cama, se ele precisava de uma poção dessas para dormir ela não queria saber pelo que ele tinha passado.

Vendo que Sirius e James olhavam para a enfermeira sem entender muito bem, pois eles conheciam a poção e já a tomaram algumas vezes, Lilly explicou.

- Essa poção é muito forte, o tipo que se dá a pacientes que sofreram um grande trauma, mas mesmo assim é evitada, pois ela causa dependência.

- Porque um garoto que não deve nem ter saído da escola precisa de algo assim? – perguntou Sirius desconcertado, tudo sobre o garoto parecia uma grande incógnita.

- Por causa dos pesadeios uai! – falou a criança revirando os olhos, afinal ele já tinha explicado isso. – Uma vez ele glitou tanto que teve que ir pala o hospital, a gaganta dele estava em caine, foi o que o culandeio falou.

Todos tremeram só de imaginar o quanto o pesadelo deve ter sido ruim a ponto do garoto ter que ir ao hospital com a garganta em carne viva.

Madame Pomfrey ministrou a poção em uma dose pequena, depois teria que conversar com o garoto sobre aquilo, não era uma boa idéia continuar bebendo a poção… por mais que ele precisasse.

- Diga garotinho…

- Teddy. – Teddy interrompeu Dumbledore, ele estava cansado de ser chamado de garoto, menino e essas variáveis.

- Me diga Teddy, o que aconteceu para que seu tio estivesse tão ferido? – perguntou Dumbledore sorrindo amavelmente para Teddy.

- Ele estava lutando conta Voldemoit. – falou Teddy para espanto de todos. – Eu fui capitulado e o meu padrinho tentou me salvá, aí houve um clalão e ele me encontou. – apontando para Sirius.

- Você tem certeza que ele estava duelando contra Voldemort Teddy? – perguntou Dumbledore pasmo.

- Sim, Voldemoit seeemple tenta mata o tio Harry. – respondeu o menino bocejando e aproveitando que estava sentado na cama com o padrinho se deitou ao lado deste e antes que fosse dito mais alguma coisa ele já estava dormindo.

Assim que Teddy se deitou Harry se pôs de lado e passou o braço pela cintura do menino, era quase como se tentasse protegê-lo com o corpo.

Os adultos ficaram olhando a cena pasmos, o que estava acontecendo? Como aquele garoto se machucara tanto? Seria verdade que ele estivera lutando contra Voldemort? Se era, como ele estava vivo? E principalmente, por que Voldemort sempre tentava matá-lo?


Fic nova na área epero que gostem e por favor comentem.