Lágrimas Vermelhas
Parte I
1x2
Mpreg
Lemon
Pov de Duo
Era noite naquela cidade movimentada. E uma noite daquelas gostosas de papear até tarde com os amigos, ou mesmo esticar umas horinhas numa boate interessante e paquerar pessoas interessantes. E aquela cidade estava cheia de pessoas interessantes...
Bom, eu pareço um perfeito idiota falando assim. Parece até que estou escrevendo um livro... Certo que um dia ainda vou escrever um, depois dos quarenta anos quem sabe? Mas não é para isso que estou aqui. Tem gente que vem de longe para essa rua, dizem ser um verdadeiro paraíso. Para mim, que estou aqui há mais de cinco anos é um verdadeiro inferno.
Esse quarteirão fede a esgoto e tem lixo nas esquinas. Estamos no submundo de L2, uma decadente colônia do espaço. Eu moro em L2 desde que me entendo por gente, e nesse quarteirão tenho meu ganha pão. Isso mesmo. Acertou quem acha que eu vendo meu corpo e para os demais, não me olhem assim, eu preciso sobreviver. Às vezes até consigo comprar um bom estoque de suprimentos, outras vezes nem mesmo recebo pelo serviço. Não é fácil essa vidinha, às vezes dou sorte de encontrar um cara legal, que paga legal por uma boa noite de transa, mas outras vezes encontro uns fedidos e frustrados que se sentem o máximo por espancar e violentar um garoto de programa na cama... Infelizmente já passei por isso muitas vezes... É como sempre digo nem sempre a vida é aquela cor rosa bebê.
Mas hoje estou aqui. Está frio... Também minhas roupas não são boas aquecedoras... Estou com calça colada no corpo, caramba, nem sei como entrou em mim. É de couro, ao menos valoriza meus quadris, as botas também de couro tem cano alto e estou com um minúsculo colete de couro também, daqueles só para enfeitar que deixa o peito todo de fora, é para fazer aquele visual dominador, alguns homens gostam disso.
Bem, eu aqui parado nessa esquina já estou nem sei há quanto tempo. Às vezes acho que nasci nessa esquina, porque não consigo me lembrar de outra vida senão essa. E quando me lembro de coisas antes disso são cenas piores de pura violência, que é melhor até esquecer.
Fui um abandonado por pais desconhecidos. Sofri maus tratos minha infância toda, eu posso chamar isso de infância? Acho melhor não.
Desde cedo vivendo nessa região caótica o sexo e a violência foi se anexando ao meu caráter... Não me julgue mal. Eu apenas não tive outra escolha senão essa vida... Às vezes tenho nojo de mim, do meu corpo que deixo ser tocado por qualquer um, mas o que vou fazer?
E nessa droga de noite eu estou assim... Sentindo-me o último dos homens por estar vestido dessa forma parado nessa esquina esperando ansioso por um homem que me dê algum trocado para abrir minhas pernas.
Esse pensamento sempre me trás lágrimas nos olhos, sempre causa dentro de mim uma dor arrebatadora que magoa o resquício de dignidade que ainda tenho. Mas eu continuo nessa espera infinita por um homem que me leve para um lugar e me tome por dinheiro, estou precisando muito.
Essa noite está especialmente ruim... Vejo carros pararem e levarem as prostitutas do outro lado da rua, mas hoje eles não me querem... Será a roupa? Será que devia está mais submisso? Sei lá...
Pov de Heero
Naquela noite de sexta-feira. Uma noite muito agradável por sinal eu circulava pelas ruas de L2. Estava em busca de um lugar chamado o Quarteirão do capeta, nome pesado, mas me disseram que naquele lugar eu poderia encontrar garotas de programas, as mais quentes possíveis, e eu precisava muito de uma dessas por uma noite, ou talvez duas, ou três noites.
Dirijo um carro importado e estou bem vestido, tenho grana... Posso conseguir a vagabunda que quiser. Tudo bem... Não vou chamar essa garota assim, afinal eu preciso de uma profissional.
E foi assim que começou essa história... Minha busca havia acabado no exato momento que vi a garota parada naquela esquina. O corpo era enlouquecedor. As ancas redondas dali de longe pareciam as maiores e mais firmes que eu já havia visto. A calça de vinil ou couro, não sei bem, moldava as nádegas e coxas com uma precisão imediata. A cintura fina e aquele cabelo parecido tecido por um Deus me deixaram excitado na hora. Era aquela a minha garota. Seria essa.
Quando parei o carro perto dela ela se virou... E eu quase acelerei na hora e sumi da rua... Aquilo era um homem. Mas pode ter certeza, confie em mim, aquele era o homem mais belo que eu já havia visto em vida, sinceramente, nem sabia que um homem poderia ser bonito daquele jeito. Meus olhos percorreram cada parte daquele corpo de pele branca. Os mamilos eram perfeitos e delicados e o rosto era de um anjo. Quase infantil me sorria com aqueles lábios rosados. Eu nem sei o que houve comigo, mas meu coração bateu com força e eu engoli a saliva várias vezes para lubrificar a garganta que estava seca. Meu estômago revirava nervoso e minhas mãos suavam trêmulas. Que droga estava havendo comigo? Até parecia a primeira vez que eu ia chamar alguém para sair... Mas isso, eu hoje posso dizer sem preocupação de estar errado: Aquela foi a minha primeira vez em tudo. Ou seja, era como se um cara vivido como eu, com vinte e seis anos, tivesse tendo naquele momento uma segunda chance em tudo. Vocês vão entender no fim o que eu quero dizer com isso.
Quando aquela porta do carro se abriu e aquele rapaz se sentou ao meu lado eu esqueci quem eu era... Eu estava sendo tragado para um mundo de sonhos da qual não ia mais querer sair.
A agradável noite de sexta-feira em L2 era cenário para tantos acontecimentos banais. E naquela nada demais havia acontecido, apenas um homem elegante dirigindo um carro importado havia pegado um jovem belo garoto de programa para uma noite de sexo. E isso era muito normal no Quarteirão do capeta.
Eu segui dirigindo o carro pelas ruas escuras até deixar para trás o quarteirão e a parte fétida de L2. De relance olhava meu companheiro, e Deus, ele era mesmo lindo. Mas estava quieto, nervoso demais, quase tremia, talvez fosse frio, com aquelas roupas ele devia estar sentindo frio. E confesso que não me senti à vontade para falar. Por isso apenas dirigi e em certo ponto o vi suspirar pesado.
-Não se sente bem? – eu resolvi quebrar aquele gelo todo e perguntei. Ele me olhou espantado e eu o encarei, nem sei porque fiz isso. Temi perder a direção do carro naquele momento. O cara tinha olhos enormes numa cor violeta, era um anjo sim, agora eu tinha certeza. Afinal não conhecia um ser humano que tivesse aquele tom de olhos. –São lentes? – me vi perguntando.
-Não... – ele sorriu e sua voz era doce, ligeiramente rouca... Era gostosa de ouvir.
-Desculpe... – eu comentei sem jeito. –Quer comer alguma coisa? – me vi perguntando apontando para o compartimento atrás da cadeira do carona. –tenho alguns petiscos e bebidas. – completei me sentindo tão estranho. De repente eu estava agindo de forma doce, querendo agradar a todo custo um garoto de programa.
-Sério? Posso mesmo? – ele me perguntou como uma criança faminta com aqueles olhos bonitos e inocentes. Que estranho e belo contraste: um garoto de programa inocente.
-Claro. – eu sorri e ele atacou literalmente meu pequeno estoque. O garoto parecia não ver comida há dias tamanha era a sua pressa. Aí eu senti pena... Talvez fosse verdade, a vida não parecia ser muito fácil para aquele rapaz. –Como se chama? – eu queria muito saber o nome dele. Mas ele não reagiu bem à pergunta. Apenas me olhou confuso. Protelando um pouco em falar seu nome.
-Eu... Sou Duo. – ele finalmente respondeu.
Então aquele era Duo. Um garoto de programa que eu encontrara nas esquinas de L2 no chamado Quarteirão do capeta vendendo o corpo. Ele parecia ter pouco mais que dezoito anos, era lindo, tinha o corpo perfeito e a sua voz era rouca. O sorriso era infantil e os olhos de um lindo violeta e os cabelos castanhos claros e longos amarrados numa trança bem feita. Esse então era o perfil do meu garoto de programa.
Eu fiquei esperando que Duo me perguntasse o meu nome, seria o normal, mas ele não o fez. –Um procedimento profissional não saber os nomes? – perguntei com certo tom de ironia. Uma coisa que é importante deixar claro sobre mim é que tenho um temperamento seco, sarcástico e às vezes frio.
-Tem clientes que não gostam de saber nomes... – ele falou tímido.
-Sei... Como eles gostam? – perguntei bem interessado. Duo me olhou quase chocado, era certo que ele estava muito desconfortável. Parecia não querer tocar no assunto.
-Apenas nos levam para o lugar mais perto e fazem logo... – ele falou sem jeito. –Assim... Tudo rápido e descuidado demais. Como se fossemos apenas um objeto de sexo.
-E você não é apenas isso? – eu perguntei.
-É... Acho que sim. – ele falou simples, mas não abriu mais a boca naquela viagem.
A viagem no automóvel não foi assim tão longa, pouco menos de uma hora. Mas eu já começara a passar exatamente pelo que queria. Eu já estava sendo envolvido por aquele ser ao meu lado, eu já o via como uma pessoa normal e cheia de sentimentos. O Duo era só um garoto que se sentia muito mal por ter que oferecer seu corpo, ele deixava claro que se envergonhava daquilo por sua postura, sentado reto e rígido, o rosto abaixado e as mãos no colo unidas me dizia que ele estava muito desconcertado.
-Chegamos, Duo. – eu falei estacionando o carro. Estava hospedado do outro lado da cidade, no que se podia chamar de a parte nobre de L2. Era o melhor hotel da colônia.
-É aqui? – ele olhou para fora e depois para mim e eu vi suas maçãs do rosto corarem fortemente. E mais uma vez eu vi que o garoto de programa gostoso, vestido para matar com peças ousadas de couro, era só um garotinho com medo do mundo.
-É sim. – falei vendo todo o embaraço dele. Seu corpo desnudo e suas roupas vulgares o estavam incomodando naquele lugar. Eu até podia tê-lo coberto com meu blazer, mas eu não quis. Eu havia ido buscar uma prostituta e era isso que queria, não um menino com vergonha de ser quem era.
Acho que foi ai que minha ficha caiu definitivamente. Duo não era o prostituto que eu queria. Ele não era assim... Apenas a necessidade da vida o havia feito ter essa profissão, mas seus olhos me diziam a todo o momento que não era sua vontade. E eu vi o erro que cometi... Agora tinha ali um garoto humilde e sofrido. E droga, eu não queria isso. Eu estava precisando de uma prostituta profissional e bem resolvida com sua condição.
-Vamos. – falei impaciente saindo do carro e ele me seguiu. O chofer o olhou de início com espanto, depois com nojo e por fim com sarcasmo, mas nada falou. Entramos no hotel e Duo se dividia entre admirar o luxo e se envergonhar por todos ali saberem o que íamos fazer naquela noite.
-Senhor Yui. Eu lamento, mas esse rapaz não pode... – eu vi o gerente do hotel se aproximar.
-Bem... Eu vim de tão longe. Venho da Terra apenas para essa visita a L2. Vim provar o que vocês têm de melhor. – falei com uma gama de prepotência. Essa que o dinheiro pode comprar. –Por isso... Senhor... – eu nem sabia o nome daquele homem e nem me importava, ele era apenas o gerente de um hotel e eu um hóspede com muito capital. –Senhor, sei lá quem. Eu pago muito caro pela suíte presidencial dessa espelunca e vou receber quem quiser... – falei naquele meu jeito lento e frio. –A não ser que queira que eu e meu acompanhante façamos sexo no meio da rua... Acharia interessante essa manchete nos jornais da Terra? – sorri inexpressivo como sempre gostava de fazer e vi o homem empalidecer, ganhar uma cor macilenta e gaguejar.
-Eu... Sinto muito. Senhor Yui. – ele falou abaixando a cabeça em sinônimo de rendição. Eu sei que não devia ser dessa forma, mas eu me senti tão bem por poder colocar aquele gerente no lugar dele. E eu já disse isso antes, mas estava sentindo uma vontade enorme de agradar aquele menino, o Duo.
-Vamos. – sorri gentil tomando o garoto pela mão e o guiando com honras para aquele luxuoso hall de elevadores. E quando o fiz me senti tão importante por estar ao lado de um rapaz tão bonito. Algumas senhoras, daquelas distintas reclamaram, mas eu não me importei e acho que meu garoto de programa também não. De alguma forma eu via naqueles lindos olhos que ele não se importava com nada que os outros fossem dizer se estivesse ao meu lado.
-Uau! – Duo exclamou de uma forma divertida quando chegamos à suíte. Eu imaginei que aquilo fosse muito mais do que ele estava acostumado na vida e ele mesmo acabou revelando isso. –Esse lugar é a coisa mais bonita que já vi. Não sabia que se podia viver dessa forma. Olha isso! Nem imaginava que isso existia... Nem sonhava! – ele começou a falar alto e sorrir mexendo nas coisas, reparando na aparelhagem moderna, nos moveis confortáveis. Estava impressionado com tanta beleza e luxo. E eu? Fiquei ali em pé no meio da sala enorme observando aquele garoto disfarçado de homem se distrair com coisas bobas.
-Duo... – finalmente o chamei. –Eu vou tomar um banho e depois trabalhar um pouco. Enquanto a você fique a vontade. –falei seguindo para o banheiro.
-Trabalhar? – Duo me olhou desconfiado. –E quando vai me comer? – a pergunta teria saído vulgar, mas sendo da boca dele, soou inocente. Eu só tinha que estar louco. Estava achando inocentes os trejeitos de um garoto de programa?
-Comer você? – ergui uma sobrancelha.
-É? – ele falou ainda mais confuso.
-Ahhh... Sim. Ainda temos tempo para sexo. Quando eu sentir vontade eu te procuro, está bem assim? – coloquei um tom arrogante para mostrar a Duo que ele ali não era meu convidado e sim um garoto para servir minhas vontades sexuais. Assim quando quisesse o tomaria.
-C-claro... – ele gemeu ficando quieto.
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Depois do meu banho liguei meu inseparável laptop e passei a digitar. Era engraçado. Estava quase escrevendo um conto detalhado daqueles que caras escrevem para postar na Internet. Eu era bem detalhista, falava da beleza do garoto que havia escolhido, mas não esquecido de exaltar os olhos que por vezes brilhavam infantis. Estava eu tão distraído naquela teclagem rápida contra os botões do micro que nem vi aquele garoto chegar devagarzinho por trás... Apenas notei pela respiração quente em meu pescoço e pelo cheiro de sais e rosas.
-Duo? – me virei para ele e meu coração falhou numa batida. Ele estava de banho tomado e com aqueles cabelos, que eu já achava lindos, soltos e úmidos. Usava um roupão branco delicado e me olhava com aquele ar de criança travessa.
-Então? Você é algum maníaco? – ele sorriu tocando com a ponta dos dedos no meu queixo.
-Eu? – rapidamente passei do cara que mandava ao que era comandado. Estava ali pequenino diante daquele garoto.
-Está escrevendo detalhes sobre meu corpo... Está escrevendo nos mínimos detalhes como foi nosso encontro lá no Quarteirão... – ele falou assumindo um ar sensual.
-E o que mais você leu? – perguntei gostando daquela provocação. Estava ficando excitante.
-Que se chama Heero... É esse seu nome? O gerente te chamou de senhor Yui e parece que você é um homem bem influente na Terra. Tem dinheiro e poder e gosta de mostrar isso às pessoas... – ele falou vago se afastando e indo se sentar inocentemente de pernas cruzadas sobre a cama enorme no centro do quarto.
-Hn... – eu sempre soltava esses gemidos quando ficava sem resposta para alguma coisa.
-Eu fico me perguntando... O que um cara como você veio fazer em L2? – ele me olhou e eu tremi, juro por Deus, que tremi. Porque ninguém no mundo nunca havia me dado um olhar daqueles, era como se aqueles faróis violetas estivessem pedindo gentilmente para entrarem dentro de mim e me revirarem na busca de resposta. Nunca me senti tão exposto dessa forma e o mais impressionante era que não me sentia mal por isso.
-Eu já disse ao gerente... Você já disse também... Vim comer. – tentei usar alguma expressão vulgar a fim de desarmar aquele garoto. De forma a mostrar a ele quem estava com o prestígio por ali, mas ele não se abalou.
-Eu sei, você disse. Mas na Terra você encontraria diversão melhor. Então... Porque vir ao Quarteirão do capeta, aquele lugar fétido buscar um prostituto? Você não ia tão longe só para transar. Poderia ter feito isso na Terra mesmo. – ele sorriu amargo.
-Hn. – aquele garoto me deixava sem resposta de novo.
-Parece escrever um conto, ou um livro... – ele falou.
-Hn.
-E fica fazendo esse barulho insuportável o tempo todo. Eu odeio quando me respondem com resmungos. – Duo me olhou se levantando e voltando na minha direção. –O gato comeu sua língua, rapaz? – sorriu daquela forma sensual tocando meu nariz com seu dedo. Seu rostinho belo foi se aproximando do meu e eu me vi um adolescente ridículo preste a oscular os lábios virgens de uma donzela, mas aquele toque não veio nunca, quando abri os olhos o garoto estava debruçado sobre meu laptop preste a deletar meu trabalho.
-Não!! – gritei em reação o empurrando longe antes do delete ser acionado, foi por pouco. Eu me virei para ele com raiva, na minha cabeça passava uma série de xingamentos para gritar com ele, mas que droga, fui desarmado por aquele olhar. Duo estava no chão sorrindo e eu nem sei quando meus lábios me traíram deixando um sorrisão daqueles bobos sair e em seguida gargalhei. Até tive medo, nem me lembrava a última vez que deixava sair uma gargalhada.
-Seu baka. – eu falei sorrindo.
-Eu não sou baka... Você é. Eu não ia deletar... – ele sorriu de volta até que ficamos sérios. Perdidos. Eu nos olhos violetas dele e ele nos meus azuis turquesa.
-Heero Yui. Eu vou lhe dar uma noite inesquecível. Quando o Sol nascer você terá o maior conto erótico de todos os tempos. – ele falou se levantando.
Eu apenas com aquelas palavras do Duo senti todo meu corpo tremer, senti passando aquela agitação pelo baixo ventre num espasmo de prazer antecipado. Alguma coisa muito diferente estava acontecendo comigo, porque quando ele tirou aquele roupão deixando que o tecido felpudo deslizasse suavemente por sua pele macia até o chão eu fiquei duríssimo na hora. O corpo nu daquele rapaz me atraia de uma forma louca. Nunca havia sentindo algo assim ao ver o corpo de um homem, mas aquele era diferente. Eu desejava aquela carne com toda a força do meu ser.
-Duo... – rendido deixei um gemido passar por entre meus lábios.
Duo se aproximou apenas me olhando, numa espécie de jogo de olhar. Como um caçador nato avaliando sua presa antes do abate. Mas eu que era o frio. Era eu quem devia estar avaliando o garoto... Mas já não importava mais. Munido de um tesão enorme eu, mesmo sem jeito toquei aquela pele, passando carinhosamente às mãos nos braços e ponto para mim, ele não estava tão seguro quanto queria parecer, afinal ao um simples toque fechou aqueles olhos belos e crispou aqueles lábios rosados contendo um arrepio.
-Heero... Eu... – falou me olhando com ternura. Parecia temer o que ia dizer. –Você é um homem especial. Sei que deve estar pensando: Esse vadio diz isso para todos... Mas eu realmente penso assim. – e seguiu. –Eu queria mesmo que essa noite fosse inesquecível para nós dois. Eu sei que como um prostituto eu apenas vendo sexo, mas hoje eu queria dar muito mais que minha bunda. – Duo usou palavras duras, mas não me assustei, era seu cotidiano aquele linguajar.
-Duo... – o segurei forte pelos ombros. –Não acho que você seja um vadio... E eu... Quero receber tudo que você puder dar essa noite. – falei, nem sei porque fiz isso, mas apenas senti vontade de dizer isso a ele. Como já disse, repito. Era aquela vontade de agradar aquele garoto.
Ele me abraçou de forma calorosa. –Essa noite serei teu por inteiro. – falou me beijando lentamente no pescoço e aquele hálito quente me fez tremer e dane-se o homem frio que eu gostava de cultivar. Duo era brasa e estava me queimando por dentro. Passei meus braços ao redor do corpo dele largando suavemente meus lábios sobre a pele do seu pescoço, aspirando o cheiro bom das rosas e sentindo o gosto de pele de homem, que eu nem sabia que eu gostava. Com vontade eu sugava aquela pele morna, lambia sentindo a língua provar aquela parte e Duo gemendo baixinho como um príncipe delicado.
-Hummm... – ele gemeu em certo tempo me afastando um pouco para abrir minha camisa. Via seus olhos escurecidos de desejo e sua respiração acelerada, as mãos delicadas tremiam levemente. Senti que por sua cabecinha passara a idéia de arrebentar de vez com aqueles botões, mas protelou na certa achando que era cara demais a camisa.
Quando Duo jogou a minha blusa longe caiu feito um gato no cio sobre meu peito, beijando e sugando os mamilos.
-Cacete Duo... – eu gemi forte respirando firme. Porra, eu nunca tinha tido noção do que era tanto prazer. Aquela boca pequena e quente atacando a carne sensível do meu mamilo, eu fiquei alucinado. Meu falo parecia um pedaço de ferro em brasa. –Chega... Chega de loucura. – falei entre dentes contendo aquele desejo. O segurei firme pelos cabelos, nunca com violência, mas firme e fiz meus olhos azuis baterem bem no fundo dos violetas. –Eu te quero... – gemi o mais sensual que pude tomando finalmente a boca do Duo. O beijo foi único. Acho que até ali não havia beijado uma boca de verdade, e Duo sabia como ninguém usar os lábios e a língua num beijo.
Digamos que naquele beijo visitei os céus. O menino abria a boca na medida certa passando a língua na minha, explorando o céu da minha boca, movendo a língua em um movimento circular que mexia em cada canto da minha boca.
Ele sorriu quando nos separamos, estava corado e seus lábios levemente inchados. Mas não durou muito tempo afastado de mim e logo já estávamos naquela dança gostosa de línguas e toques íntimos.
Eu o beijava com gosto, beijava aquela boca e corpo como nunca havia beijado ninguém, desejava aquele corpo como nunca havia desejado outro. Minhas mãos espalmadas tocavam aquela pele gostosa, apertando aqui e ali, apalpando as nádegas tão macias entre meus dedos. E assim, nesses carinhos eu o levei para cama o deitado naquele beijo e subjugando seu corpo menor ao peso do meu, sem nunca parar de lamber ou beijar aquela pele, aquela boca.
Estava ficando louco. Deixei a boca e o rosto dele para beijar outras partes, os mamilos foram um bom alvo. Perdi um bom tempo esfregando minha língua úmida contra aquela carne quentinha e tensa provocando em Duo tremores engraçados, mas aos meus olhos tudo era desejo. Tudo em Duo era desejo para meu corpo.
-Como é gostoso... ahhh... – eu gemia baixinho entre uma lambida e um beijo. Minha língua se atolou lentamente no umbigo dele e eu o senti suspirar acelerado segurando minha cabeça, afundando os dedos finos em meus cabelos marrons.
-Heerooo... – gemeu sensual.
-Que umbigo mais gostoso de lamber... – sorri provocando.
Duo não deixou que eu o chupasse. Antes de minha língua chegar em seu falo já ereto ele me puxou pelos cabelos erguendo meu rosto para mais um beijo daquele de língua tão quente e em seguida mudar as posições montando sobre meu abdômen. Gemi apertando as coxas dele ao lado do meu corpo.
-Minha vez de banho de gato... – Duo falou abrindo minha calça e quando menos esperei a puxou e lá estava eu completamente nu com meu pênis ereto apontando para aquele garoto.
-É dos grandes... Não? – ele sorriu divertido montado ainda sobre mim.
-O quero todo dentro de você, seu puto. – falei e como me senti vulgar naquele momento. Eu falando uma coisa ridícula daquelas não combinava, mas como eu já havia mandando para o espaço qualquer resquício de decência sorri com o que disse.
-Será que dou conta? – Duo falou distraído, e como o achei gracioso e lindo. Ele parecia falar com o meu pênis. E pode isso? Eu... Achando engraçada a cena de um moleque nu admirando meu falo reto e inchado? Sei lá... Aquilo me excitava.
-Chupa? – pedi e ele me olhou.
-Só não goza na minha boca. – pediu apertando a glande de forma delicada, mas isso me fez quase dar um salto na cama, me vi preste a gozar só com aquele toque. Mas Duo acariciou de forma devotada, o rapaz sabia mesmo o que fazia com um pênis naquele estado. Ele apertava e deslizava sua mão pequena pela extremidade.
-Ele é bem bonitão... – comentou antes de tentar abocanhar a cabeça.
-Ahhh... – gemi... O garoto achava um pênis bonitão? Que estranho, mas excitante. Quando ele conseguiu agasalhar com a boca meu falo eu quase gritei. Duo era exímio na arte de fazer carinhos. Nem sei quanto tempo passamos assim, sei apenas que fechei meus olhos com força e deixei minha mão afagar os cabelos dele, eu estava esquecido naquele mundo de prazer quando comecei a ejacular na boca dele.
-Hmmmm... – Duo gemeu assustado e eu me assustei mais ainda, ele havia pedido para não gozar na boca, mas eu não fiz por mal.
-Ahhh... Desculpa. – gemi o afastando do meu falo... –Não foi minha culpa. – falei débil limpando o canto da boca dele com a mão da forma que consegui. Duo ficou calado por um tempo enquanto eu o limpava.
-Tudo bem... – falou por fim.
-É serio... Não fiz porque não me importo com seus pedidos. Eu apenas me deixei perder em prazer e nem reparei... – comentei sentindo meu coração se apertar pelo simples fato de imaginar que podia ferir os sentimentos de Duo.
-Você é muito gentil. Até me sinto um namorado transando pela primeira vez. – ele comentou amargurado voltando a dar atenção ao meu falo semi-ereto e isso me feriu. Porque Duo não podia ser um namorado apaixonado se entregando por amor ao homem que escolhera? Porque aquele nosso momento tinha que ser marcado pela lembrança de sexo pago? Bem, talvez porque ele fosse um garoto de programa vendendo seu corpo a um desconhecido por uma noite. A resposta era óbvia, mas naquele momento eu não conseguia ver as coisas logicamente.
-Duo... – falei urgente retirando a mão dele de meu falo e com toda ternura que consegui o deitei delicadamente sobre os travesseiros. –Você disse se daria por inteiro... E eu vou cobrar. – falei abaixando para chupar o falo dele. Nunca imaginei sugar um homem antes, mas era tão certo fazer isso com o Duo. Estava bom... Era gostoso demais e bom sentir que estava dando prazer a ele. Chupava tranqüilo aquele falo perfeito e médio sem pelos.
-Ahhh... Heero... Assim... ahhh.. – ele gemia jogando a cabeça para um lado e outro. –Aiii.. Eu vou... Não... Consigo. – avisou mostrando que logo gozaria, mas eu deixei. Queria mostrar a Duo que queria tudo que ele tivesse a me oferecer naquela noite. Assim eu senti na minha boca pela primeira vez o gosto e a consistência do gozo masculino.
Beijamos-nos em seguida de uma forma que eu, Heero Yui, nunca pensei beijar ninguém: apaixonado.
Duo havia sido meu escolhido e parecia ter sido escolhido pelo meu coração também.
O preparei para mim naquela noite. Antes de tocar Duo eu tinha uma série de preconceitos, achava que devia comer com furor um rapaz como ele, e que seria bem elástico o ânus, mas ele não era assim. Duo era delicado e seu ânus difícil de receber meu falo, mas estávamos excitados e eu com um cuidado excessivo o lubrifiquei bastante. Respeitando cada gesto dele naquela penetração, cada rosto ou gemido de dor. Parando para deixá-lo respirar e pronto para retirar a qualquer momento que ele pedisse. Ele não pediu e eu entrei me sentindo um homem completo.
A sensação de tesão foi ao estopim, meu falo estava sendo esmagado pelo quente e delicado ânus de Duo.
-Ahhhhhhh... – ele gemeu quando minhas bolas bateram em sua nádega lisinha. Não era dor, mas parecia incômodo.
-É bom demais... – o beijei na boca com carinho buscando sua língua com a minha.
-Heero...
Eu não sabia bem como comer um garoto de programa. Eu nunca havia transando com um antes. Não sabia se devia ser mais vigoroso, se devia estocar de forma seca e violenta... Eu não sabia. Mas quando estive ali dentro do Duo a coisa fluiu de uma forma imediata e com poucas estocadas em achei um ritmo comum entre nós.
Eu passei a estocá-lo observando cada expressão daquele rosto suado e corado. Vi dor passar para incômodo e prazer em pouco tempo. Logo nos movíamos juntos. Eu estocando dentro dele, me apossando de cada pedacinho de carne do interior daquele canal quente.
Duo gemeu meu nome passando suas pernas em volta do meu corpo quando estava muito perdido em prazer.
Eu estava também. Gozei... Gozei como nunca. Achei que o preservativo não ia agüentar tanto gozo... Em seguida fui presenteado com um gostoso aperto do ânus do meu parceiro quando esse gozou também entre nossos corpos seu líquido morno e cremoso.
Não sei o que sucedeu em seguida. Acho que jamais poderei dizer o que pensei, o que senti, ou quanto tempo se passou depois daquilo. Apenas me dei conta de estar amolecido dentro de Duo, e nossos dedos firmemente entrelaçados, como dois amigos e cúmplices de um amor incondicional.
Devo dizer que naquela noite comi o Duo mais três vezes e as três vezes foram diferentemente fantásticas e quando os raios de Sol chegaram pela janela, ainda tímidos, minha cabeça girava e meus olhos ardiam. Todo meu corpo doía denunciando uma noite mal dormida, mas muito prazerosa. Eu estava mais leve naquela manhã.
Sem dizer palavras acariciei o rosto de Duo com cuidado o olhando. Gravando com exatidão cada detalhe daquele homem especial para mim. Sentei no computador em seguida escrevendo sobre a noite, mas havia uma coisa que temo não conseguir descrever... Nunca vou conseguir fazer qualquer um que leia entender que me senti um homem completo naquele momento que estava dentro do rapaz o tomando. Eu naquele momento fui um ser humano melhor... Distante dos problemas... Não sei descrever que força é essa que torna homens gigantes... Vou dever isso aos leitores.
-Heero? – ele me chamou manhoso.
-O café está pronto... Tome um banho e vamos comer algo. – falei automático.
-Está bem... aii... – ele gemeu se levantando.
-Duo? Tudo bem? Eu não exagerei, não é? – perguntei todo preocupado. Era engraçado como eu tentava manter minha postura fria, mas me tornava o Yui Manteiga derretida com um simples olhar dele.
-Você foi ótimo comigo... Quase um romântico amante. – ele sorriu indo para o banheiro e eu fiquei ali parado, esperando que ele saisse loga para sorrir pra mim... Para ouvir sua voz mais uma vez.
-Você é esperto demais para alguém que viveu nas ruas. – comentei quando estávamos sentados à mesa e Duo escolhia com os olhos brilhantes o que ia comer primeiro. Com certeza aquele menino nunca havia tido uma fartura como aquela.
-Hn... – ele sorriu me imitando. –Você quer mesmo saber sobre mim, não? Acho que quer namorar comigo... – sorriu de novo. Ele falava muito em namoro. Eu anotei mentalmente isso.
-Você é interessante... – dei de ombros.
-Quando tinha seis anos fui levado para uma instituição. Qualquer criança de rua gostaria disso. – ele falou pegando um largo pedaço de bolo de chocolate. –Era um sonho... Estudava e tinha café da manhã, almoço e jantar... Mas as coisas deram erradas. A instituição era um centro de pesquisas... – falou engolindo um pedaço do bolo e reparei que engolia mais que isso. Engolia uma dor lasciva que eu achei ser difícil para ele. –Naquela época não havia a primeira ministra Relena e muito menos as preocupações com os direitos humanos. Éramos crianças sem família e sem destino. Era comum sermos usados para esses fins.– ele comentou.
-O que fizeram a você? – eu estava sim chocado, mas não deixei transparecer. Não era meu fazer espanto com as coisas. Apenas me mantinha frio e pensativo.
-Tanta coisa. Manipulavam nossa mente... Implantavam órgãos em outros... Tantos morriam... Era ruim demais. Passei por muita coisa ruim. Às vezes faziam alguma cirurgia, mas eu nunca me lembrava de nada. Acho que não chegaram a fazer danos graves porque fugi antes disso.
-Foi para as ruas?
-Uhum... Conheci outro tipo de violência nas ruas e aprendi o código do leão. – Duo falava triste. –A lei do mais forte... – ele explicou.
Ele não parecia gostar de falar aquelas coisas, mas me contou sua vida num tempo curto. Falou-me de seus sonhos infantis quando ficava dopado preso na instituição. Sonhava com aquela coisa tola de contos de fadas aonde o príncipe encantado montava um cavalo brando e ia lhe salvar daqueles monstros e me contou como seus sonhos se desmancharam quando foi estuprado na rua.
-Depois do estupro vi escoar minha inocência, Heero. Vi arrancada de minha alma... – ele falou engasgando. As lágrimas lhe desciam grossas.
-Já está bom... – comentei o abraçando, trazendo aquele corpo quente para soluçar no meu peito. Era bom ter Duo apertado contra mim, me dava a idéia esperançosa de que eu podia o proteger daquela dor.
-Você... Foi o primeiro homem a quem me entreguei. – ele soluçou. –Queria que soubesse disso. – falou.
-Duo? – o retirei imediatamente de meu peito. Ele se entregava a todos... Mas...
-Se as coisas tivessem sido diferentes, Heero. Eu podia me apaixonar por você... – comentou me beijando nos lábios. –Mas é hora de ir embora. – ele sorriu como se automaticamente vestisse uma máscara de felicidade. Talvez fosse seu escudo contra aquele mundo cruel na qual ele vivia.
-Claro... – falei triste, pois naquele momento não o queria deixar ir embora. Sabia que se ele fosse talvez o Deus que todos dizem reger os destinos humanos jamais nos desse uma outra chance. Eu sabia que o perderia no mundo de dores e sofrimentos na qual vivemos, mas ele era o que era e eu... Eu sou Heero Yui e sei que um prostituto será sempre um prostituto e não tinha lugar para um na minha vida.
Seis meses depois
Devo dizer que nunca mais vi o Duo. Naquela manhã ele tinha chorado no meu peito como o garotinho que nunca deixou de ser.
Eu o deixei se trocar com calma, mas quando voltei ao quarto ele já havia ido embora... Confesso que fiquei triste, eu queria transar novamente com ele. Mas havia sido apenas uma noite, eu sabia disso. Triste, caminhei pelo quarto, olhei curioso para o lixo ao pé da cama grande. Talvez naquele instinto de homem másculo brutal que quer contabilizar quantas vezes havia sido. E vi algo que não havia notado na noite passada. Um preservativo estava furado. Como? Não sei qual das vezes, mas havia estourado. Fiquei assustado demais. Duo era um rapaz que ia para cama com qualquer um... Era lindo, mas eu não sabia se ele estava limpo. Caminhei pelo quarto nervoso tentando dizer para mim mesmo que nada demais estava acontecendo. Tentei pensar em Duo e em sua doçura, isso podia me acalmar.
Ele me disse que eu fui o primeiro homem a qual se entregara. Achei tão absurdo aquilo afinal Duo era um prostituto. Mas entendi o que ele quis dizer quando vi que ele sequer abrira o envelope com o pagamento. Deixou escrito num guardanapo...
"Eu precisava muito do dinheiro quando aceitei vir com você, mas você me deu algo que não tem preço e que eu precisava muito mais... amor. Sinto que meu coração tenha se perdido no seu. Lamento pela ousadia de me apaixonar por você. Adeus!"
Duo simplesmente sumiu, mas deixou marcas na minha vida que jamais vão embora... Ele me ensinou a respeitar qualquer pessoa, pois atrás de olhares, por trás de qualquer olhar pode haver uma história de vida, pode haver um conjunto de sentimentos veadeiros.
Ahhh sim... Meu conto, como Duo achou, era um livro. E quando o escolhi naquela noite estava fazendo um laboratório para o último capítulo do meu livro. Duo acabou sendo o personagem mais fantástico do escrito que agora está nas livrarias da Terra vendendo como água no deserto, odeio essas expressões que o Quatre usa, depois falo dele, o importante é dizer que graças ao Duo eu estou fazendo um sucesso muito grande. E nem sinto que o traí por isso. Afinal eu quando o escolhi queria apenas uma noite de amor com uma prostituta para colocar no livro... Ele não aceitou o pagamento porque não quis. Talvez ética profissional.
Ahh... Sim... Eu devo dizer que fiz todos os exames depois e graças a Deus estou limpo...
Fim do pov-Heero o que você tanto lê ai? – um rapaz jovem, talvez tivesse pouco menos de vinte anos se aproximou de Heero.
-Ahh... Quatre. Essa foi a primeira impressão que escrevi do último capítulo. Há quase seis meses atrás. – Heero falou se virando para o rapaz que lhe sorriu. –Às vezes você sorri como ele. – Yui falou.
-Como quem? – Quatre o olhou. Era um rapaz muito belo e gentil. Seus olhos tinham um tom leve de azul e seus cabelos curtos passavam por um loiro ameno.
-Esquece... – Heero falou se levantando.
-Hee... Vai passar aquela entrevista sua. Vem. – Quatre o chamou ligando a tela que ocupava toda a parede. Eles sentaram na frente da grande tela onde se passava a entrevista com Heero.
Entrevista
"Bom dia, meus amigos e amigas. Estamos aqui com o famoso escritor Heero Yui. Seu último livro é o mais vendido da atualidade. Falando de fatos da vida de uma forma pesada, Yui nos mostrou que o lado podre existe. Heero como surgiu a inspiração para esse livro Lágrimas vermelhas?" – a jornalista sorriu cordial.
"Bom dia. Bem, Lágrimas vermelhas veio da necessidade de chamar a atenção das pessoas para o fato que bem debaixo dos umbigos delas o mundo está desabando. Tem gente largada a todo tipo de sorte e tem meia dúzia de hipócritas que torcem o nariz quando agente fala dos problemas, da violência. Acho que as pessoas preferem esse mundinho falso do romance..." – essa entrevista fora gravada há dois dias atrás. Heero estava elegantemente vestido e mantinha seu olhar gelado e imparcial.
"Você recebe críticas de todas as nações e condições sociais. Como foi a recepção desse trabalho tão forte pelos críticos?" – nova pergunta da jornalista.
"Fui bem recebido pelos críticos que sabem da importância de mostrar às pessoas e ao governo que existem muitas coisas erradas e não vai ser tampando os olhos que vamos conseguir nos livrar delas. Quando menos esperar elas vão bater à nossa porta." – Heero respondeu.
"Lágrimas vermelhas é seu terceiro trabalho e você, com apenas vinte e seis anos é o escritor oriental mais lido no mundo. O que acha disso?" – jornalista falou olhando para capa do livro de Heero.
"Uma grande vitória, principalmente sendo meus temas tão fortes. Minha família sempre foi contra assuntos que levantassem polêmica" – Yui respondeu sorrindo levemente com aquele seu ar de frieza, como se ele soubesse, ou tivesse algo que o resto do mundo não sabe ou não possui.
"O último capítulo do livro nos mostra sua experiência em contato com o submundo. O jovem Duo é um personagem ou ele existe mesmo?" – a moça perguntou.
"Existem milhares de Duo pelas ruas..." – ele foi rápido na resposta
"Então você não teve inspiração especial para a criação desse sofrido prostituto?"
"Ninguém em especial..." – ele respondeu triste.
Heero desligou a tela se levantando. –Eu tenho mais o que fazer, Quatre.
Yui era o filho único de uma família de descendência oriental. Ele era um jovem e ousado escritor famoso por sua forma vigorosa de explicitar seus pensamentos. Há seis meses havia ido a L2 procurar um alguém que lhe servisse ao papel de um personagem para o último capítulo de seu livro. Encontrara um jovem e sofrido prostituto chamado Duo. Com quem passou uma noite maravilhosa. Duo lhe caira como uma luva para o papel e Yui o usara sem pudor nenhum no livro chamado Lágrimas vermelhas, foi um verdadeiro sucesso.
Agora Heero Yui era o mais lido autor do momento, era belo e rico. Mas alguma coisa lhe pesava no peito desde o dia que vira Duo pela última vez.
"Eu podia me apaixonar por você..." – essas palavras não lhe saiam da cabeça, nem aquela sensação que ele não conseguia explicar que sentiu quando estava dentro do rapaz. Seu coração parecia arder sempre que lembrava daquela noite.
Fazia seis meses e desde então tivera outros homens na cama. Tivera amigos e mulheres, mas não eram como Duo. Não sentia aquela vontade de agradar e proteger. Aquele rapaz, que se perdera dele era sim a única pessoa que conseguiu tocar seu coração. Mas para aquele jovem oriental de cabelos marrons e olhos azuis o que era o coração? Não mais que um momento bom. Por isso Duo era seu momento bom. Foi feliz por uma noite, apenas isso.
-É hora de enfrentar mais entrevistas. E levar a vida. Quem sabe não consiga acreditar que ele foi só um personagem inventado por mim? – Yui falou baixo para si olhando a vista privilegiada que tinha de sua casa das montanhas.
Ainda tinha uma festa para ir à noite e assim continuar sua badalada vida de escritor famoso.
Tentativa de Pov...
Bjs a todos,
Hina
