Ele fechou os olhos por alguns instantes, tentado a voltar para o seu sonho rotineiro, do qual nunca conseguia escapar. Nada mais invadia sua mente como aquelas imagens, o cabelo ruivo, os olhos verdes, o sorriso acolhedor... Em nenhum outro momento ele se sentia tão em casa. Em nenhum outro momento ele se sentia tão feliz, como se tudo o que aconteceu em sua vida não tivesse importância, como se aquele acidente não houvesse acontecido, como se não vivesse em tempos sombrios.

Quando ele acordou, anos atrás, confuso e sem reconhecer ninguém, seus "amigos" disseram que não havia tempo para explicações, eles estavam no meio de uma guerra. Ele sequer sabia seu nome e estava sendo intimado a lutar. Ele viu pessoas serem feridas, ainda usando trajes hospitalares, ele viu o homem que afirmou ser seu pai morrer. Ele viu a mulher, sua mãe, quebrar. Foi com fascínio que ele observou enquanto ela rompia em lágrimas, o desespero evidente, os dois rapazes ao redor dela, abraçando-a. Ele soube que tinham perdido um amigo também, mas ele não reconheceu quando lhe disseram o nome dele. Não havia dor e isso era errado. Onde estava seu pesar? A vontade de lutar? Onde estava a intimidade com pessoas que o conheciam tão bem, das quais ele não tinha nenhuma lembrança?

James Potter acordou, aos dezessete anos, um dia após a formatura, em um leito hospitalar, suas memórias perdidas. E, mesmo assim, ele teve que lutar contra um inimigo do qual não tinha nenhum conhecimento. Ele lutou, machucou e matou pessoas, ouvindo que elas eram ruins, que elas matavam inocentes. Ele também não estava matando? Se era por uma boa causa, então, tudo bem? Ao mesmo tempo, as pessoas tentaram encobrir o que aconteceu com ele. O velho com uma longa barba, seu ex-diretor, confessou que era perigoso se o inimigo soubesse sobre suas condições.

Nada nunca mais foi o mesmo. Ele se afeiçoou àqueles que estava ao seu redor. Se alguém lhe perguntasse, seu melhor amigo eram Sirius Black e Remus Lupin. Se alguém perguntasse, Peter morreu em combate. Se alguém perguntasse, seu pai faleceu em um ataque surpresa enquanto fazia de tudo para salvar a esposa. Se alguém perguntasse, ele era James Potter, auror treinado e eficiente, Hogwarts foi sua escola, ele adorava aprontar naquela época, foi monitor chefe, amigo leal e fiel. Sua comida favorita era canelone, embora atualmente ele adorasse mousse de chocolate; sua cor predileta era verde, mesmo que ele também amasse o vermelho.

Depois de anos de luta - oito, para ser exato - e com a queda de Voldemort dois anos atrás, após uma longa e exaustiva batalha na qual ele viu milhares de pessoas morrerem, inclusive sua mãe, a qual se recusou a ficar escondida e a salvo, ele poderia dizer que as coisas estavam se acalmando. Ainda havia perigo, é claro, mas todos os seguidores de Você-Sabe-Quem estavam foragidos, sendo perseguidos e sem forças para continuar o legado que o mestre começara. James fazia questão de encontrá-los, afim de não deixar nem mesmo uma semente de loucura crescer novamente. Ele não queria ver mais batalhas. Ele estava tão cansado, tão vazio por dentro, tão oco. Dumbledore fizera um longo discurso sobre como seria difícil todos eles se readaptarem, mas que eles tinham que trabalhar, juntos, para vencer o mal e a loucura que ainda parecia envolver o mundo.

Depois de tantos anos, James finalmente conseguiu viver em uma casa. Ele tinha vivido como um nômade, seguindo as ordens de alguém, sempre com fome e cansado. Eles tinham que manter vigilância constante, como dizia seu superior, e isso se gravou em sua mente como se fosse um lema de vida. Os momentos em que eles se sentavam ao redor de uma fogueira, permitindo-se um pequeno momento de descontração, James se perguntava sobre seus amigos, onde eles poderiam estar. Ele gostaria de estar ao lado de Sirius, mas não era sempre possível, o rapaz tinha lutas específicas para travar. Dumbledore não queria Black em nenhuma missão que envolvesse sua família e Remus... Remus, como um lobisomem, tinha tarefas muito mais sombrias e perigosas, se isso fosse possível.

Ninguém estranhou o comportamento de James, o modo como era retraído e introspectivo. Guerras mudam as pessoas, ele ouvia todos dizer. E os colegas de escola que encontrou também não estranharam nada nem tentaram manter longas conversas. Ele não queria conversar. Tudo o que ele queria era fugir, sair de si mesmo, da sua incompreensão, do medo e da falta de vontade de lutar. Ele queria voltar para antes do acidente com o Salgueiro Lutador, antes de cair de uma altura de cinco metros e bater a cabeça. Seus amigos disseram que ele era feliz, principalmente naquele dia.

James finalmente abriu os olhos, acostumando-se com a escuridão. Ele se vestiu rapidamente, atirando um longo olhar para o corpo que ainda estava na cama. Ele não tinha relacionamentos, os poucos contatos que tiveram foram breves e crus. Não havia amor, não havia afeição ou conforto. Era mecânico, animal, um instinto básico. Ele não queria um relacionamento. Ele só queria ficar só.

Quando finalmente chegou em sua casa, sua atenção foi pega por uma nota fixada na geladeira. Ele não sabia porque tinham uma geladeira, mas Remus a tinha colocado lá, mesmo que ele não morasse ali e apenas visitasse. Ele ouviu a voz de Sirius assim que ficou de frente para a nota.

"Ê garanhão, até que enfim! Estou esperando há séculos! Moony vem hoje para comemorarmos, não fuja" Não era o fim ainda, embora se passou uns dois minutos antes que a nota voltasse a rugir. "Tem pizza na geladeira. E pare de olhar para mim desse jeito, jogue a nota fora. Te vejo mais tarde".

James se permitiu um sorriso fraco. Sirius Black não o deixava sozinho para nada e, embora isso o irritasse um pouco, também amortecia os sentimentos mórbidos que o tomavam. Quando ele estava sentado no sofá, bebendo um uísque de fogo, ouvindo os dois rapazes falarem, era bom. Ele se permitia fechar os olhos e sorrir, algo agradável em seu peito. Era a mesma sensação de quando ele voava, no campo que eles tinham ao fundo, o vento batendo contra seu rosto, a emoção de estar lá em cima, entre as nuvens, como se fosse imortal. Como se nada de ruim existisse. Ele gostaria de viver desses momentos para sempre, mas eles eram raros. Muito raros.

Como a nota de Sirius havia rugido, ele encontrou os dois amigos no sofá, uma grade cheia de cerveja amanteigada. James fez uma careta para a bebida, ela era fraca demais para lhe provocar o amado entorpecimento. Ele tinha acabado de sair do banho e se trocou rapidamente sem lançar um olhar para o espelho. Ele nunca se olhava no espelho. Sirius estava rindo de algo que Remus dissera, embora lhe faltasse o antigo brilho. Ninguém era imune a uma guerra, principalmente a uma tão longa quanto a que eles haviam enfrentado. O rapaz moreno tinha o cabelo preso em um coque alto, ele nunca tinha o cabelo tão comprido e James se perguntou quando ele faria o favor de cortá-lo. Havia tatuagens também, mas James não gostava muito de vê-las, embora elas encobrissem algumas das cicatrizes que Sirius adquiriu ao longo desses oito anos.

Remus, por sua vez, tinha o mesmo cabelo desde sempre. Ele sempre parecia cansado e envelhecido, mesmo sendo tão jovem. James se surpreendeu quando sentiu preocupação o envolver, algum tempo atrás, quando viu Remus depois de meses. Ele o abraçou apertado, nem um pouco envergonhado pelas lágrimas que escaparam, ele não tinha percebido quanta falta havia sentido do outro. Após rápidas perguntas, trêmulas e atropeladas, James disse que o rapaz deveria ir morar com eles. Remus foi muito relutante no começo, devido a sua condição, mas desde que ele começou a tomar a poção, seus temores diminuíram. Embora James tenha se sentido feliz quando o amigo anunciou que fora chamado para ser professor em Hogwarts, ele também sentiu a perda. Felizmente, Remus vinha visitá-los sempre que possível.

_Você está horrível, Prongs. Quer uma?

James terminou de descer as escadas, ocupando o único banquinho que eles possuíam.

_Cerveja amanteigada? Eu acho que não, obrigado.

Ele precisava de algo mais forte e ele notou a troca de olhares entre os dois amigos. Ele sabia o que Remus iria dizer antes mesmo que o fizesse.

_Nós não queremos vê-lo ficar dependente, James - o loiro se inclinou para frente, tomando um gole da sua garrafa.

_Agradeça que não é suco de abóbora - Sirius brincou, nem um pouco temeroso da reação que James poderia exibir.

Aí estava, o ponto da questão, o lugar onde machucava. Eles o conheciam bem e isso era bom, mas também era ruim. James dizia que eles conheciam o velho James e ele não era mais esse cara. Ele era alguém sem rumo ou identidade. Ele não se sentia como James Potter.

Ele aceitou a cerveja no final das contas. Qualquer álcool era melhor do que nada. E, mais uma vez, ele ouviu alguma das histórias de quando eles estavam na escola. De quando eles não tinham nenhuma preocupação. James gostaria de se lembrar, ele gostaria de voltar, ele gostaria de ser o cara que Remus e Sirius esperavam que ele fosse. O cara que se tornou um animago ilegal para ajudar um amigo. O cara que acolheu um Black quando ele fugiu de casa. O cara que ajudou Pettigrew quando este foi encurralado por rapazes mais velhos. Ele não era mais esse cara e isso doía. Não apenas nele.

Mais tarde, com Sirius bêbado - ele era muito fraco para o álcool - a noite se desenrolou como sempre. Sirius iria gritar "vigilância constante" de meia em meia hora, rindo muito em seguida, antes de se esgueirar pela casa, crente de que havia Comensais da Morte o perseguindo. No final de tudo isso, ele iria abraçar Remus e James com força, afirmando que ele os amava de todo o coração. Remus iria rir e abraçar o outro de volta, ignorando como James sempre ficara parecendo uma estátua. Ele não gostava muito de ser abraçado, outra diferença do seu outro eu, isso o deixava desconfortável.

Depois , eles iriam tentar jogar Quadribol, mas Sirius sempre desmaiava em cima da vassoura e Remus, rindo e com medo, iria fechar os olhos, tentando não olhar para baixo, mesmo que ele mal saísse do chão. James também fecharia os olhos, mas com um sentimento totalmente diferente. Ele gostaria de poder ficar ali para sempre, vendo o balançar das árvores, o pomo de ouro livre para ziguezaguear, o vento gelado no rosto, a sensação de vácuo sob os pés. Ele queria gritar. Alto, muito alto.

_Vigilância constante! - Sirius gritou do nada, sem mesmo abrir os olhos, voltando a roncar logo em seguida.

No dia seguinte, Remus foi embora depois de, mais uma vez, tentar puxar James para uma conversa sobre como ele estava se sentindo. Sirius foi chamado pelo Ministério. As missões não esperavam você se recuperar de uma ressaca aparentemente. James estava sozinho e ele não tinha nada para fazer. Nada, exceto... Dormir. Com uma sombra de um sorriso, ele andou até seu quarto e se escondeu no que deveria ser o closet. Deitado no chão, ele fechou os olhos, esperando.

~O~

Ele a ouviu rir. Era alto, divertido e com uma leve fungada no fim. O riso dela o envolvia, mas ela estava tão longe, correndo dele. Ela olhava para trás de vez em quando, chamando-o com o dedo, um sorriso enorme em suas belas feições. Era embaçado, mas ele podia ver o seu vestido azul marinho. Ele podia ver seu cabelo escuro, vermelho alaranjado, ele podia ver o verde dos olhos brilhando mesmo a essa distância. Ela finalmente parou. Ela abriu os braços e o coração dele bateu alto. Ele corria, mas não saía do lugar. Ela o chamou pelo nome, sua voz harmoniosa e firme. Ela disse mais alguma coisa, ele não conseguiu entender. Ele só queria chegar até ela. Ele só precisava...

Ele acordou, erguendo o tronco. Ele suava e suas mãos estava estendidas, esperando pelo momento em que ele finalmente conseguisse alcançá-la. James ignorou os quadros que zombavam dele, rindo de sua fraqueza, rindo da sua dor, do seu anseio. Sem mesmo pegar um casaco - era outono e estava frio - ele saiu de casa, sem mesmo ter um destino em mente.

Eles moravam em um bairro bruxo, um dentre tantos na vasta cidade londrina. Ele viu as lojas, mas não lhes deu nenhuma atenção, seus pensamentos voltados para o sonho que tivera. O mesmo. Realmente, ele deveria ser grato. James só tinha dois tipos de sonho, esse com a ruiva misteriosa e o outro, cheio de sangue, gritos e dor. Um, sempre à tarde, o outro; quando não havia mais claridade. Os pesadelos sempre vinham à noite, foi por isso que ele jogou um abaffiato no quarto, sem querer que os rapazes soubessem. Ele não iria preocupá-los à toa.

Ele já tinha saído da parte bruxa, embora continuasse sem prestar atenção alguma, mesmo que normalmente ele observasse os trouxas com interesse. Eles eram estranhos e James os invejava. Invejava a ignorância. Ele sabia que houve um tempo em que era orgulhoso de ser um bruxo, mas, como dito anteriormente, ele não era mais o mesmo. Já era bem mais tarde quando ele parou, olhando ao redor, sem saber onde estava. Havia uma escola algumas quadras à frente, mas ele nunca tinha visto nada daquilo, pensando em como voltaria para casa. Sua cabeça doía e isso o preocupava. Ele não tivera uma enxaqueca em anos e aquele não era o melhor lugar para uma crise. Apertando o nariz com força, tentando impedi-lo de sangrar, ele correu até um banco, respirando fundo. Ele devia não pensar, apenas esvaziar a mente, deixá-la livre de qualquer preocupação.

_Você é uma aberração! Fique longe, esquisito!

James pensou que sua mente deveria estar pregando peças, mas ele abriu os olhos de qualquer jeito. Havia uma trupe na frente da escola. Um grupo de três crianças, lideradas por um menino gordinho com cara de porco, estava rindo e fazendo caretas para outro menino, este bem menor que os demais.

_Duda...

_Não me chame de Duda, aberração!

Ele se levantou antes mesmo que pudesse raciocinar. Após anos enfrentando Comensais e loucos, ele não suportaria assistir a essa cena como um espectador passivo. Correu até onde estavam as crianças, observando com desdém como o menino gordinho recuou ao vê-lo.

_Você deveria mexer com alguém do seu tamanho e sem os capangas, cara de porco.

O dito cujo inflou o peito, olhando-o de maneira desafiadora.

_Quem você...? Ah! Ele é um monstro!

Havia algo no rosto de James que assustou as três crianças e ele viu, com satisfação, elas se afastarem. Um sorriso ferino se instalou em seus lábios quando ele se virou para a única criança que permaneceu, esperando que ela também fugisse. As crianças eram muito sinceras e ele gostava disso, odiava a falsidade com que os adultos o cercavam. No entanto, surpreendentemente, o menino não estava com medo, ele encarava James com uma carranca.

_Eu não sou fraco! - ele bateu seu pezinho no chão, puxando a mochila vermelha para cima, mas ela parecia pesada demais para ele. O menino usava uma camiseta cinza e calça de moletom, o que o fazia parecer ainda menor.

James sentiu uma onde de divertimento o invadir.

_Eu nunca disse que você era.

_Você disse sim! Disse para o Duda procurar alguém do tamanho dele!

_Você é menor do que ele - James respondeu, arqueando uma sobrancelha, divertindo-se com a fúria evidente de tal criatura tão pequena - deveria me agradecer.

O pequeno jogou a mochila no chão, passando a mão pelo cabelo arrepiado e despenteado. James fez uma careta diante de um cabelo tão bobo, pobre criança.

_Eu deveria chutar a sua canela - ele respirou fundo, os ombros começando a tremer - vai ser pior amanhã. Ele vai querer me bater de novo.

James, como auror, podia sentir o medo a léguas de distância e o menino à sua frente emanava esse sentimento com força. Ele se sentiu estranhamente impulsionado a proteger, a cuidar.

_Quem é o babaca?

Saiu sem querer. O menino levantou a cabeça, surpreso por ele ainda estar ali ou pelo palavrão, arregalando os olhos antes de suspirar de forma dramática.

_É meu primo. Ele me odeia.

Havia inúmeras perguntas que James gostaria de fazer, mas ele se calou. Não era da sua conta o que acontecia na vida daquele menino, afinal. Esse pensamento não o impediu de se abaixar, ficando a altura da criança. Ela era tão pequena, com olhos verdes quentes e astutos, uma criança que deveria ter, no máximo, uns sete, oito anos.

_Ele não vai bater em você amanhã.

_Como você...

_Hey! - James gritou, atraindo a atenção de inúmeras crianças, incluindo o cara de porco, o qual conversava freneticamente com uma mulher de cabelos crespos - quem encostar um dedo nesse menino vai se ver comigo, entendido?

A mulher o olhou com desprezo, adiantando-se para puxar a criança para dentro. Normalmente, James não usaria um feitiço em um trouxa, não era seu departamento, mas ele não queria nenhum adulto envolvido. Com um aceno imperceptível, jogou um obliviate na professora, tendo a certeza de que o primo cara de porco havia entendido a sua mensagem. Ele finalmente se voltou para a criança à sua frente, a qual o olhava com suspeita.

_Pronto.

Vendo que o menino não diria mais nada, James se levantou e iniciou seu caminho, buscando algum lugar onde pudesse se orientar. Ele parou quando sentiu suas vestes serem puxadas. Era o pequeno, que não o olhava diretamente nos olhos.

_Obrigado - mesmo com a cabeça baixa, James pode ver que ele sorria - eu sou o Harry. Harry Evans, muito prazer.

Segurando a mão que Harry estendia, James também sorriu.

_James Potter, encantando em conhecê-lo, sr. Evans.

Isso fez Harry rir, covinhas aparecendo dos dois lados do rosto, os olhos brilhando. O sorriso de James aumentou com a reação da criança, algo morno e agradável instalado no peito.

_Cuide-se.

E com um último aceno, ele se despediu, virando as costas para o pequeno Harry.

Os dias se arrastaram e ele não tinha mais nada para fazer além de praticar alguns feitiços e um pouco de luta física, afinal, nunca se sabia o que poderia acontecer. Choveu muito nesse tempo e James não teve nenhum sinal de Sirius, o que era comum, na verdade, ele estava confuso por que ele não tinha sido chamado ainda. De uma coisa tinha certeza, se Sirius estava lá era porque não envolvia os Black. Nesses oito anos, James percebeu que seu melhor amigo nunca conseguiria machucar o irmão mais novo ou as primas. Era bom que eles nunca se encontrassem então. Ele voltou ao seu closet algumas vezes, terminando o trabalho que começara na semana passada, mesmo se sentindo extremamente cansado. James não vinha dormindo à noite há muito tempo, os pesadelos não compensavam o risco e, assim, ele se viu dormindo apenas algumas horas no período da tarde.

Ele acabou voltando à escola, dois dias depois, sem querer saber o porquê. Talvez ele nem visse Harry, provavelmente não veria ninguém, mas ele tinha o desejo incontrolável de sair de casa e falar com alguém, conversar com quem não o julgasse ou demonstrasse piedade. Porque, bom Merlin, ele odiava piedade mais do que qualquer outra coisa. Nesse dia, uma quinta-feira, não estava chovendo tanto, apenas uma fina garoa e, através das grades do portão, ele viu Harry brincando sozinho na terra com a expressão neutra. Antes que pudesse pensar se era mesmo uma boa ideia, ele se viu parado ali, agachando-se.

_Olá, Harry.

O pequeno levantou seus brilhantes olhos verdes para cima, surpreso pelo visitante. Ele estava sozinho e James não sabia o motivo.

_Oi, James. Tudo bem?

Ele não dormia há uma semana, havia uma cicatriz em seu braço que começara a doer, estava levemente preocupado com Sirius, o closet estava irritando-o um pouco e, dois dias atrás, uma criança perguntou aos pais que bicho poderia ter mordido seu rosto para James estar com aquela cara. Não, ele não estava muito bem.

_Excelente. E você? Seu primo o perturbou novamente?

O menino sorriu dessa vez, as covinhas aparecendo, esfregando o rosto sem se lembrar que estava com as mãos sujas de terra.

_Não, ele ficou com muito medo. Ainda mais quando eu disse que você poderia transformá-lo em um porco.

James riu.

_Eu poderia.

_Jura?

A expectativa nos olhos de Harry era enorme e James se divertiu, crianças eram tão crédulas. Elas viam magia em tudo. Ao negar com a cabeça, ele viu o menino murchar em desapontamento, o que novamente o divertiu.

_Por que você está aqui, sozinho?

Com fascínio, ele observou como o rosto de Harry avermelhou, seus olhos baixando para a terra que ele outrora revirava. James balançou a cabeça, desconfiado e perguntando-se se ele era mais ou menos assim quando criança.

_Eu fiz o meu sapo pular no cabelo da Margaret Richie.

_Um sapo? Por que vocês usariam um sapo?

Harry deu de ombros, alguns minutos em silêncio.

_Dissecação.

James pode ter ficado bem surpreso. Trouxas... Bruxos não matavam animais para experiências como essa há tempos, estava na hora de eles evoluírem também.

Embora os dois tenham continuado a conversar, a cautela de ambos era visível, especialmente a de Harry que dissera, algumas vezes, sobre como era perigoso falar com estranhos. E era mesmo, James sabia bem disso, para tanto, a cerca dava uma sensação de segurança à criança. Ele descobriu que Harry era filho único, sua mãe era médica e seu melhor amigo era Neville. Neville também não tinha um pai, ele havia sido assassinado e tivera até mesmo um enterro. Quanto a Harry, a mãe dele não falava muito sobre o pai, apenas que ele talvez nunca pudesse voltar porque estava doente. Ele tentou não suspeitar quando Harry disse que não queria frequentar essa escola porque, um dia, ele iria morar em uma que era muito maior e mais legal.

Em contrapartida, James também contou algumas coisas sobre si mesmo. Ele também era filho único, seus pais também tinham morrido e que ele morava com seu melhor amigo. Ao falar sobre sua profissão, James revelou que pegava os caras maus (não sabia qual era o nome disso no mundo trouxa) e Harry perguntou com admiração se ele era um policial. E não, James não tinha uma namorada, nem filhos. Ele sabiamente omitiu um felizmente.

_Eu só tenho um colar dele - Harry estava falando sobre o pai que ele nunca conheceu e hesitou, um pouco vermelho antes de continuar - eu posso te mostrar um dia.

James assentiu, vendo a exibição de uma prova de confiança. Era um pequeno ato que dizia que Harry estava começando a confiar nele.

_Eu gostaria. E eu posso te mostrar o colar que era da minha mãe, o que você acha?

O menino sorriu, voltando seus olhos para a terra sob seus pés, falando novamente sobre sua família, como o quanto tia Alice era incrível, mas tia Lene era a mais engraçada e ela sempre lhe dava os presentes mais legais. Um pouco antes da sua professora voltar - James já podia vê-la -, Harry perguntou se ele voltaria amanhã para os dois conversarem mais, no mesmo horário. Seus olhos eram graves e sua expressão solene, era como se ele estivesse fazendo um pedido muito importante. Fascinado pelo modo como os olhos de Harry pareciam se expressar por si mesmos, James concordou, um sorriso esticando em seus lábios.

Mais tarde, ele foi chamado pelo Ministério.

~O~

Ele não tinha visto um chuveiro em dias e seu corpo clamava por um banho. Seus olhos se fixaram no boxe do banheiro, opacos, desiludidos. Gideon Prewett havia morrido, acertado por um feitiço vindo de Bellatrix Lestrange enquanto pulava na frente de Carlinhos Weasley. Eles eram primos. Um grunhido, um rosnado, um barulho estranho surgiu do seu peito e, sem precisar de um espelho, ele sabia que estava horrível. Nada iria apagar aqueles minutos, segundos, anos. Ele nunca levaria uma vida normal.

A água estava fria. Ele não se deu ao trabalho de murmurar nenhum encantamento, os ombros curvados, cabeça contra a parede, o sabonete ainda nas mãos. Eles capturaram Lucius Malfoy e também Miller, mas os demais escaparam, com o som sinistro da risada de Bellatrix. Ele apertou os dentes com força, seu corpo se retesando em raiva, ele iria matá-la. A mulher era uma sádica e o mundo estaria melhor sem ela, nem que fosse a última coisa que ele fizesse.

Não havia nada na geladeira, nem água. James encontrou uma nota de Sirius. Mais uma, ele pensou, os lábios torcidos em uma pobre tentativa de sorriso. Colocou-se à frente do papel, este de uma cor rosa muito chamativa, esperando pelas palavras do amigo.

"Ta cheiroso, hem? Eu digo que um banho de vez em quando faz bem" Tinha que ser Sirius, é claro. "Eu tive que ir atrás de umas peças, tenho uma surpresa para você. Me espere acordado, amor. Brincadeiras, nós não somos um casal".

Ele revirou os olhos, a piada já tinha perdido a graça. Precisava de algo para comer, de preferência um lanche bem gorduroso e que poderia dar a ele um ataque cardíaco, junto com álcool. Ele precisava muito de álcool. Seus pés se deslocaram por conta própria, em busca de comida e um corpo quente, apenas por alguns instantes.

Algumas horas mais tarde, já escuro, ele tomou outro banho, uma careta de desgosto tão visível que poderia sentir sem sequer ver. Sirius já estava em casa, o cabelo solto e ressecado, ansioso por algum motivo oculto.

_Diabos, James, onde você se meteu? Não importa! Venha ver o que eu tenho.

Ele estava usando jaqueta de couro e todo o seu visual era digno de John Travolta em Grease. James perguntou-se se ele começaria a cantar em qualquer momento.

_Espero que seja um condicionador - retrucou, mal humorado - há um pouco de cabelo nesses nós.

Em um movimento muito a la Sirius, o moreno cabeludo mostrou ao amigo o dedo do meio, colocando a língua para fora. Ele o puxou pelo braço em direção ao campo de Quadribol, emoção jorrando pelos poros. Com um aceno de mãos, ele apresentou uma moto como se ela fosse uma atração especial.

_Eu apresento a primeira e a única Snuffles. E ela voa!

A admiração dele era tanta e tão visível que James sentiu o impulso súbito de rir, mas seus olhos foram pegos pela beleza que o amigo apresentava.

_Não é ilegal?

O outro deu de ombros, puxando o cabelo para o costumeiro coque.

_Se eu for pego, o que não vai acontecer. Quer dar uma volta? Você começa ali - e apontou para o pequeno espaço onde só deveria caber uma criança.

Era uma bela motocicleta, James tinha de admitir. Preta, com alguns detalhes cinza e combinava com a roupa que Sirius estava usando. No entanto, ele não estava muito disposto a voar naquilo, talvez mais tarde ou talvez não. Com um aceno lento, negando o convite, fez um movimento para ir embora. Sirius bufou antes de pegar em seu antebraço, seus olhos não mais tão exaltados, ele tinha o rosto coberto com uma expectativa mais séria, mais profunda.

_Amanhã. E deixo você pilotar.

Não havia como recusar, James percebeu, e ele não tinha certeza se queria. Assentiu, pousando sua mão no ombro do outro em um aperto firme.

_Sim, se você não for preso até lá.

O sorriso exuberante de Sirius voltou, mas seus olhos ainda estavam fixos nele, suaves, entristecidos e esperançosos. James sentiu seu peito esquentar em gratidão, em dor, em partilha com aquele que tinha se doado tanto. Ele tinha certeza de que nunca iria estimar alguém mais do que ele fazia com as duas únicas pessoas da sua vida, as únicas que ele queria manter.

_Okay, vá antes que eu comece a chorar como aquela vez em que bati o dedo mindinho do pé em um tijolo velho.

_Sim, nós não queremos repetir o episódio.

Ele riu brevemente, vendo Sirius partir em sua geringonça. Talvez ele devesse fazer uma oração para que o rapaz voltasse sem nenhum acidente. A casa parecia muito vazia agora e, sem querer dormir, ele saiu de casa mais uma vez no dia, mas em busca de algo diferente. Ele só queria andar, andar até ver o sol nascer e, depois, ele iria cochilar um pouco. Ele iria ver a ruiva dos seus sonhos, a linda mulher irreal que ocupava sua mente e seu coração.

Passou por uma banca de jornal no meio do caminho. Em duas, para ser sincero. E edição bruxa dizia sobre a captura de Malfoy, assim como a fuga dos Lestrange, além de algumas informações sobre como conseguir atendimento hospitalar imediato. Isso fez James pensar que os hospitais deveriam estar cheios e as pessoas de lá com trabalho ininterrupto. A edição trouxa, por sua vez, falava sobre o fim inevitável da União Soviética (ele entraria em contato com Viktor, o único contato que ele tinha de lá) e sobre a próxima Copa do Mundo. Mesmo sendo bruxo, James tinha um fascínio estranho com futebol e ele assistia sempre que conseguia.

Conjurou um casaco quando ficou bem frio, chegando até a gear. Ele estava tão cansado que não poderia sequer pensar em parar ou sentar, tinha certeza de que poderia dormir em pé. Engoliu em seco, tendo certeza do pesadelo que teria se dormisse. Seria o mesmo, mas Prewett com certeza aparecia. Ele até esquecera de contar isso a Sirius, porém, o amigo acabaria sabendo logo, ainda hoje provavelmente. James parou repentinamente, seus olhos digitalizando o local à sua frente.

Era a escola de Harry. Ele pensou na expressão do menino quando este pediu para que James fosse visitá-lo no dia seguinte. Será que a criança ficara decepcionada? Uma decisão se formou em sua mente e ele buscou o banco da escola para se sentar. Iria esperar até amanhecer, sem dormir, ele só não poderia dormir. Bateu no próprio rosto algumas vezes, puxando um pequeno frasco do bolso, no qual tinha uma bebida tão forte que era quase álcool puro. Seus lábios emitiram um suspiro de contentamento quando o líquido desceu queimando na garganta, fazendo-o tossir em seguida. O primeiro gole era sempre assim.

Não demorou nem mesmo dez minutos até que ele dormiu em um banco duro frente a uma escola.

Estava escuro e frio e úmido. Era desconfortável e ele não conseguia afastar o sentimento de que já estivera aqui e de que algo ruim aconteceria novamente. Esticou o braço, procurando por algo, qualquer coisa que o ajudasse, mas não havia nada.

"Você me deixou morrer, Potter".

Ele conhecia a voz, mesmo só tendo ouvido a mesma poucas vezes. Era Gideon Prewett. E agora havia luz enquanto ele soltou um grito cheio de angústia e medo. O ruivo estava cheio de sangue, uma ferida enorme aberta em seu estômago, apenas um dos olhos em seu rosto. Havia uma mistura de dor e ódio no rosto dele quando olhou para James, gritou novamente e James pôde ver Voldemort matá-lo com um Avada Kedavra certeiro. Ele tentou correr, tentou pegar sua varinha, porém, não havia nada. Ele não tinha varinha e também não conseguia correr.

"James, por quê? Por que você nos traiu?"

Ele se voltou para o outro lado e Sirius Black estava em frangalhos. Ele tinha um machucado grosso e seco na cabeça, os olhos perdendo toda a vida que um dia tivera. O peito de James se apertou com força e ele se dobrou, sem conseguir respirar. Não, não, não... Tentou gritar, mas sua voz não saía. Voldemort estava rindo, frio e inumano, enquanto andava até o homem caído, o qual se contorcia de dor como se alguém tivesse jogado nele um Crucius. Finalmente. Finalmente.

Um grito angustiado saiu dele quando Voldemort finalmente chegou até Sirius e esmagou sua cabeça.

"James?"

Era uma voz diferente. Voldemort ainda estava olhando para ele, vindo em sua direção, rindo e apontando para o corpo sem vida de Remus Lupin.

"James?"

Era culpa dele? O que ele tinha feito? Quem ele havia traído? Ele nunca havia traído a Ordem, nem mesmo o Ministério. O que estava errado?

_James?

Ele acordou, olhos arregalados, respirando com dificuldade. Seu corpo estava inclinado, suado e seus olhos mal conseguiam se acostumar com a claridade.

_Você estava tendo um pesadelo?

Seu coração queria fugir do peito, sua saliva era amarga, ele jogou o frasco de bebida no lixo, olhando para o menino que o despertara de um dos seus piores pesadelos. Surpreendeu-se ao ver a expressão preocupada de Harry. O menino estava ao seu lado, muito bem agasalhado com luvas e uma touca ridícula que dizia "sou o menino da mamãe".

_Eu estou bem.

_O que você estava fazendo aí? Você não tem casa?

James balançou a cabeça, negando, seus dedos cavando nos bolsos, procurando por algum doce, qualquer doce. Não havia nenhum.

_O que você está procurando?

_Você não devia entrar?

Se arrependeu imediatamente. Harry baixou os olhos, mas James poderia ver seu rubor, assentindo, antes de tentar se levantar. Em um movimento rápido, James segurou seu braço com suavidade, tentando se lembrar que ele era apenas um menino, uma criança inocente.

_Desculpe, Harry. Eu tive uma semana muito ruim.

_Você quer um?

James olhou para baixo, não conseguindo esconder a surpresa. Era uma caixinha com um sapo de chocolate. Ele se focou em Harry, maravilhado com o que estava vendo. Com um obrigado, pegou a caixa, tendo cuidado para não deixar o sapo escapar. Ele levantou uma sobrancelha quando viu a expressão presunçosa de Harry.

_Você oferece isso para qualquer um? Eu poderia ser um trouxa.

Harry riu, nem um pouco preocupado por estar perdendo aula, antes de apontar para uma das cicatrizes de James.

_Eu reconheci a sua cicatriz, só uma maldição imperdoável pode provocar. Mamãe que me ensinou, ela é medibruxa, sabe? E ela é a melhor, todo mundo diz isso. É por isso que ela sempre demora um pouco pra vir me buscar, entende? Tem muita gente que precisa de ajuda.

James mordeu um pedaço do sapo com prazer, fechando os olhos de forma inconsciente e gemendo. Ele amava chocolate de um jeito estranho e que não fazia sentindo. Se alguém perguntasse, essa não era sua comida favorita, mas ele sempre se sentia bem quando o ingeria. Toda a tagarelice de Harry o surpreendeu.

_Whooa! Eu acho que nunca ouvi você falar tanto! Relaxe - ele revirou os olhos, puxando um sorriso - isso não é uma coisa ruim.

Harry, que estava com as orelhas rosas, levantou os olhos apenas para rir em seguida. E James não podia deixar de pensar que o dia parecia melhor depois disso. A risada do menino era contagiante, o modo como ele tremia os ombros e jogava a cabeça para trás. Era estranhamente familiar... O que seja.

_O que foi? Você está rindo só porque eu tenho chocolate no rosto? Isso não é legal, Harry.

O menino parou de rir imediatamente, cruzando os braços sobre as pernas e voltando a olhar para baixo. O comportamento dele fez James amaldiçoar em pensamentos; ele deveria conversar com a mãe dessa criança e dizer que precisava soltá-la um pouco. Antes que Harry pudesse se desculpar, ele passou o sapo de chocolate no rosto do pequeno, sorrindo para o guincho de surpresa que o menino emitiu. Ele deveria se envergonhar por torturar crianças indefesas assim. Depois, ele o chamou para tomar um sorvete na padaria da frente, por conta dele e Harry ainda poderia escolher dois se ele quisesse. Ele ouviu com interesse sobre a verdadeira história da dissecação anfíbica. Ao que parecia, o pequeno estava começando a expressar sua magia e as histórias que ele tinha a contar eram muito divertidas.

_Ele parece muito legal - Harry comentou após James contar sobre uma das peças que os marotos haviam pregado quando estavam em Hogwarts. Não que ele se lembrasse, mas Sirius fez questão de não deixar uma travessura de fora - acho que eu iria gostar dele também.

Engraçado. James se perguntou se ele poderia estar se afeiçoando a esse menino. Ele sentiu como se não quisesse compartilhá-lo com Sirius, ele não queria ter sua atenção dividida; James gostava de ser o melhor amigo que ele tinha. Mesmo que fosse o único. Neville não contava, afinal, eles só eram amigos porque as mães de ambos eram muito amigas.

Pior, quando descobriu que Harry não tinha a menor ideia do que era Quadribol, ele teve o ímpeto de puxar o menino junto consigo e levá-lo para o campo nos fundos da sua casa. Qual era o problema da mãe dessa criança? James se perdeu enquanto descrevia sobre a sensação de estar no jogo, de voar em uma vassoura, de sentir o vento contra o rosto. Ele podia ver a animação de Harry subir a níveis absurdos e esperança fez seu caminho tortuoso em seu coração.

Não. Ele nunca iria mostrar a Harry como se jogava Quadribol. E era absurdo que ele estivesse se afeiçoando a um menino com quem sequer tinha parentesco. Isso tinha de acabar, ele não iria ficar visitando Harry para sempre. Mesmo que o pequeno não soubesse, hoje era o último dia em que eles se veriam. Contudo, quando ele voltou uma semana depois e descobriu que seu pequeno amigo estava doente, preocupação o inundou. Ele só iria até o hospital, veria que estava tudo bem com o moleque e, então, seguiria com sua vida em paz, sem crianças remelentas ao redor.

Simples, certo?

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A ideia não me saía da cabeça, algo devia ser feito! Enfim, a história não será longa - não terá nem dez capítulos - mas os caps. podem ficar cada vez maiores. Essa trama é bem diferente de tudo o que eu já fiz, então, se você está esperando lotes de humor e fofura, não vai acontecer. Eu diria que ela pode beirar o angst, mas será mais conforto e família, além, é claro, de um pouco de romance.

Eu sei que estou demorando mais que o habitual para postar, mas, depois de ler algumas histórias de uma escritora fantástica - de Naruto, por sinal - eu percebi que, mesmo demorando um pouco, é melhor que eu escreva o capítulo com capricho do que jogá-lo apenas para cumprir prazos. Dito isso, há a promessa de que nunca passarei de um mês sem postar e, dependendo da inspiração, pode até ser mais rápido.

Enfim, depois dessa nota enorme, diga-me o que você acha. Sim, meu James está quebrado, mas ele tem conserto ;)