Second Chance

Autora: Juliana Alves

Beta: Michelle Neves

Categoria: Romance, M&S, 5º temporada,

Advertências: Spoiler 5x07

Classificação: PG-13

Capítulos: 8

Completa: [x] Yes [ ] No

Resumo: Depois de uma perda irreparável, Scully se vê frente a uma segunda chance.

Disclaimer: Scully e Mulder não pertencem infelizmente e sim a Chris Carter. Mas Henry é todo meu.


Capítulo Um

Mulder olhou para o relógio pela terceira vez e estava começando a se preocupar, Scully nunca se atrasava e hoje ela estava batendo todos os recordes, desde o incidente com a pequena Emily ela não era a mesma. Ele sabia que ela era reservada demais para se abrir com alguém e tinha quase certeza que ela ainda não tinha entrado em luto pela sua garotinha.

Scully irrompeu pela sala tirando Mulder de seu devaneio, ele a encarou com curiosidade e a viu impecável em sua armadura, como sempre. Mas ele conhecia aqueles olhos muito bem e o que via naquele momento o deixou triste e impotente, ela tinha chorado.

"Bom dia, Mulder. Desculpe o atraso." A voz dela era um pouco rouca, entretanto firme.

"Bom dia, Scully. Você está bem?" A pergunta de sempre escapou antes que ele pudesse segurar.

"Estou bem." Ele não ficou surpreso quando a resposta de sempre apareceu. "Temos algum caso?"

Desvio, pensou ele enquanto a encarava fixamente. Sentando-se em sua cadeira ela respirou fundo e o encarou:

"Mulder, pare de me analisar e responda a pergunta."

"Sem caso. Só papelada." Ele tentou sorrir um pouco, porém isso não foi o suficiente, ultimamente, nada era o suficiente.

Com uma pequena afirmação ela começou a trabalhar em seu computador ignorando sua presença, sem mais nada para fazer ele começou a fazer a mesma coisa. Quem sabe dessa vez ele não conseguia escrever um relatório completo?

A manhã passou rápida, entre relatório de casos anteriores e várias xícaras de café. Eles adiantaram muito do trabalho burocrático, mas o silêncio ainda persistia, o que deixa Mulder um pouco incomodado.

De repente, o telefone começou a tocar e ambos pularam assustados pelo barulho repentino. Scully pegou o telefone como se esperasse receber más notícias. Bem... ninguém podia julgá-la.

A chamada foi rápida e Scully desligou com um suspiro "Era Skinner, ele quer falar com a gente.".

"Eu não fiz nada." Falou Mulder antes de se levantar da cadeira. Aquela afirmação fez ela sorrir um pouco, o que deixou Mulder com o coração mais leve.

Foram recebidos pela secretária e encaminhados para a sala dele com rapidez. Antes mesmo de entrar Mulder sentia todos os sentidos em alerta, essa reunião não seria boa.

"Agentes, que bom que vieram rápido." Falou Skinner e indicou as cadeiras em sua frente.

"Senhor, o que era tão urgente?" Questionou Scully impecavelmente profissional.

"Bem.. Vocês não irão gostar." Começou ele e encarou Mulder com um olhar de culpa. "Recebi uma chamada de madrugada, era um oficial do departamento de Dallas, ele quer ajuda num caso que estão investigando."

"É um arquivo X?" Mulder ainda tentava ter um pouco de esperança.

"Não." Duas pastas foram colocadas na mesa e Skinner esperou um momento enquanto eles observavam as fotos das cenas do crime. "Eles precisam de um profiler."

Scully encarou o chefe com surpresa, da última vez que fizeram isso as coisas não saíram como o planejado e ambos sabiam que seria perigoso.

"Senhor, eu não aconselho que participemos desse caso." Ela tentou recusar, ela não sabia se seria forte o suficiente para ajudar Mulder nesses assassinatos.

"Eu entendo, Scully. Mas minhas mãos foram atadas. O oficial Henry Kenneth, sabe que tenho Mulder em minha reponsabilidade." Suspirando ele tirou os óculos e passou a mão pelo rosto, ambos os agentes perceberam o quão cansado ele parecia. "Mulder, você pode recusar o caso, entretanto nós sabemos que só você poderá encontrar esse assassino."

"Eu não sei... ninguém aprova o modo que eu faço as ligações entre as pistas." Imediatamente imagens de quando ele estava na sessão de crimes violentos surgiram em sua mente. Ainda doía relembrar os xingamentos, os olhares de medo e desprezo. Mas o pior de tudo era ficar sozinho com toda aquela fúria e tristeza que ameaçavam destruí-lo.

O que o tirou do devaneio foi a mão de Scully em seu braço, ela o encarava preocupada. Ele tentou sorrir um pouco, mas nunca chegou aos seus olhos. Voltando a sua atenção para Skinner ele tomou uma decisão, quanto mias rápido eles resolvessem isso mais rápido voltariam para os arquivos X.

"Eu posso ajudar, o que eles têm até agora?"

"Mulder, você tem certeza?" A preocupação que saiu da voz dela quase o fez fraquejar.

"Eu vou ficar bem." Skinner observou os dois enquanto eles se encaravam, e por um momento ele quis saber se eles sabiam que se amavam ou isso passou despercebido. Para duas pessoas inteligentes como eles, ás vezes, eles conseguiam ser bem cegos.

Skinner pigarreou e as atenções voltaram para ele, aquilo seria um pouco difícil de falar. Contudo, sabendo que seus melhores agentes estavam no caso, a probabilidade de encontrarem o culpado era alta.

"Há 6 meses o policial Johnson recebeu uma chamada de emergência, a casa ficava na parte central da cidade, classe média. Quando chegou lá encontrou toda a família morta. Os pais e o casal de gêmeos, 14 anos." Respirando fundo ele entregou outra fotografia. "Encontraram isso na cena"

Na fotografia tinha um bilhete ensacado, a letra era perfeitamente legível e escrita em tinta vermelha: "Me desculpe.".

"Isso vem acontecendo desde então, até agora foram oito casas e 24 vítimas." Skinner falava e tentava não aparentar nervosismo, mas era impossível, pois as imagens da carnificina sempre apareciam em sua mente. "Ele não escolhe, eram vítimas com idades diferentes, etnias diferentes, raças diferentes. Ninguém conseguiu um padrão. Não sabemos como pará-lo."

"Quando entraremos em contato com o Oficial Kenneth?" Questionou Scully.

"Estão reservado duas passagens para Dallas, vocês saem em três horas. Ele estará esperando por vocês."

"Ok." Mulder falou e se levantou, Scully e Skinner não gostaram do silêncio dele. Ela sabia que isso era o modo dele se fechar para ela, evitar machucá-la.

Assim que saíram da sala de Skinner, Mulder acelerou os passos e ela teve que dar uma pequena corrida antes que o elevador se fechasse em sua cara.

"Mulder." Ela o chamou com fúria. "Você não vai me deixar para trás novamente."

"Eu não.."

"Você está fazendo de novo." Ela falou frustrada, eles estavam no elevador sozinhos e a voz dela ecoava por todo o ambiente. "Você não pode me deixar de fora."

"Desculpe, Scully, mas eu aprendi com a melhor." Ele acusou e ela se encolheu reflexivamente.

"Isso não foi justo."

"Desculpe." Ele então respirou fundo e deu um passo em direção a ela, fechando a distância entre eles. "Viu? Eu nem comecei a perfilar e já estou machucando você."

Scully podia ver no seu olhar a dor e preocupação, por mais que ela não quisesse admitir ele estava correto, ela se fechou em seu casulo depois do que aconteceu com Emily, mas era muito doloroso lembrar de tudo aquilo. Eles cuidaram da pequena como se fossem deles e isso ainda era difícil de reviver, por alguns dias ela pode fingir que tinha uma família para si e em seguida tudo foi arrancado dela.

"Mulder, eu... eu devo me desculpar também. Eu sei que lhe afastei durante essa situação com Emily, mas é que...".

"Eu sei, é doloroso demais." Ela afirmou com um gesto de cabeça, sem aviso Mulder envolveu seus braços ao redor dela e a abraçou como deveria ter feito no velório. E ali no meio do elevador ela rompeu a barreira que ameaçou transbordar durante as duas últimas semanas.

Mulder a apertou ainda mais em seus braços tentando confortá-la e amenizar o choro dela, ele não gostava de vê-la triste, mas esse pequeno desabafo seria o primeiro passo para ela confiar nele o suficiente para contar seus sentimentos.

O som das portas do elevador os fizeram se afastar. Antes que ela saísse correndo Mulder a segurou.

"Ei, eu entendo se você não quiser falar, mas não se esconda." Ela balançou a cabeça em concordância. "Eu prometo que irei me abrir mais também, ok?"

"Ok." Ela tentou sorrir um pouco e sussurrou. "Eu estava precisando disso. Obrigada. Mas agora precisamos trabalhar."

Scully viu o pequeno flash de medo passar pelos olhos dele, ela sabia o que poderia acontecer se ele perdesse o controle de suas emoções, ele não machucaria ninguém, só a si mesmo. Com um aperto de encorajamento eles seguiram para o escritório.

...

Cinco horas depois eles estavam desembarcando em Dallas, Mulder tinha lido todos os arquivos que Skinner havia fornecido, algumas folhas de seu bloco de anotações estavam preenchidas com teorias e tópicos específicos.

"Mulder, você já tem alguma teoria?" Questionou ela quando eles estavam no carro.

"Acho que sim, mas preciso de mais informações." Ele disse pensativo. "Eu preciso dos históricos deles, não só como viviam, mas como viveram."

"Ok." O silêncio era confortável até eles chegarem na delegacia. Antes de estacionarem o som de uma grande discussão encheu os ouvidos deles. Entreolhando-se eles correram para o local.

Um homem de paletó cinza discutia com outro mais baixo e os policiais ao redor tentavam amenizar e separá-los.

"Você não está indo para lugar nenhum com esse perfil, Johnson."

"A culpa não é minha se o cara é um psicopata louco que não sabe quem matar." Vociferou o oficial Kenneth.

"Com licença." Falou Mulder e todos se voltaram para ele e sua parceira. "O que está acontecendo aqui?"

"Quem é você?" Perguntou Johnson com raiva.

Mulder e Scully se entreolharam curiosos, pelo clima pesado que estava ali o trabalho deles não seria fácil.

"Agentes Scully e Mulder, FBI." A voz de Scully ressoou no silêncio da sala. "Fomos requisitados para ajudar no caso."

"Oh, graças a Deus vocês chegaram." Falou Kenneth. "Estamos perdidos aqui."

"Não é bem isso, senhor." Johnson tentou argumentar.

"Viu? Não paramos de discutir desde o último crime." Cansado Kenneth sentou em uma das cadeiras que tinha ao redor. "Acredito que Walter falou sobre os crimes."

"Sim, senhor." Falou Mulder desconfortável por todos encará-lo. "Eu tenho algumas teorias, mas preciso de algumas informações."

"Do que precisa?"

"Quero os arquivos de todas as vítimas. Onde trabalharam, se foram casados antes, se mudaram de cidades, se viajaram para outros países." Ele enumerou cada item com um dedo e olhou para sua parceira. "Scully?"

"Eu preciso de todos os relatórios das autopsias das vítimas." Quando ela falou o policial Johnson a encarou com desprezo, ela o encarou e levantou uma sobrancelha o desafiando.

Johnson se levantou e resmungou que iria providenciar os relatórios e desapareceu para dentro do departamento. Kenneth sorriu um pouco, ele ouviu de Skinner diversas histórias de seus agentes e vendo a pequena interação entre eles, sabia que o amigo não havia exagerado.

"Agentes, vocês terão uma sala para trabalhar durante o tempo de vocês aqui. Vou mandar um dos meus homens reservar quartos para vocês no hotel." Começou ele. "Terão tudo que precisar e seguiremos a liderança que derem. Oh.. Desculpem.. Eu sou o oficial Kenneth e preciso da ajuda de vocês."

"Senhor, vou fazer o meu melhor." Mulder estendeu a mão e ambos os homens se cumprimentaram. "Só peço que respeitem a minha parceira."

Scully o encarou com os olhos cerrados, algumas pessoas observavam surpresos e esperaram que os visitantes entrassem numa discussão sobre direitos sexistas, mas para surpresa de todos ambos sorriram antes de Mulder falar novamente: "Eu não quero que seus homens saiam feridos, ela é pequena, mas tem uma arma." Scully bateu no braço dele e revirou os olhos.

Kenneth sorriu um pouco e balançou a cabeça. "Recado recebido, não ficarei no caminho de vocês, nem meus homens."

Antes que qualquer um falasse novamente o som de telefone deixou todos em alerta, eles assistiram o jovem policial atender e falar rápido, desligando o telefone ele olhou para o chefe:

"Temos mais um crime."

"Me dê o endereço." Johnson falou entrando na sala. "Acho que vocês vão começar a trabalhar mais cedo do que pretendiam."

Mulder fechou os punhos ao lado do corpo tentando controlar seu temperamento, o policial estava querendo briga, porém Mulder não daria esse gosto para ele. Scully seguiu o encrenqueiro e parou na porta olhando para o seu parceiro.

"Ei, Mulder. Você não vem?"

"Estou logo depois de você." Ele disse antes de respirar fundo. Ele seguiu Scully e ambos entraram no carro. Antes de chegarem na casa eles podiam ver três viaturas e um grande alvoroço. Curiosos estavam em todas as partes e duas emissoras de televisão também. Nem um dos dois gostaram disso, ambos já tiveram que falar com as câmeras quando encerram casos importantes, a experiência não tinha sido das melhores.

"Você está preparada, parceira?" Questionou ele e ela pode ouvir em seu tom um pouco de receio, ele estava cumprindo sua promessa de ser mais aberto para ela; ela teria que ter a mesma cortesia.

"Não. Mas vamos conseguir resolver isso." Saíram do carro e seguiram para a cena de horror que iriam encontrar.

Continua...