Capitulo 1: Duas realidades

- Por favor não.

Um homem estava encurralado no canto de um quarto, seu rosto estava banhado de suor diante do terror que sentia. O barulho das buzinas e as fachadas luminosas indicavam que estava no centro da cidade talvez no quarto ou quinto andar. A luz do cômodo estava apagada e apenas o luar iluminava.

- Por favor... eu pago o dobro. Diga seu preço.

- Não há negociação. – disse uma voz fria.

O homem tinha apontado uma arma na testa.

- Não...

Não disse mais nada. Um filete de sangue desceu. O homem tombou para o lado morto.

O assassino continuou com a expressão fria como se nada tivesse acontecido, como se fosse a coisa mais normal do mundo. Antes de sair jogou uma pequena bolinha ao lado do corpo. Desceu ate a garagem do prédio e colocando um casaco de couro preto entrou numa Mercedes preta e saiu. Ao virar a esquina escutou um forte estrondo, o apartamento estava em chamas.

Esperando o sinal abrir, ligou o som, aumentando um pouco o volume arrancou o carro ao som de Royksopp (what else us there.)

Meia hora depois entrava em seu apartamento, jogou as chaves e o casaco no sofá. Foi direto para o banheiro. Enchendo a banheira mergulhou na água quente. Ficou por um longo tempo com os olhos fechados quando seu celular tocou.

- Pronto. – disse uma voz feminina.

- "Como foi?"

- Esta resolvido.

- "Venha mais tarde".

- Sim.

Desligou o celular e voltou a fechar os olhos. Há cinco anos seguia essa rotina desde que entrara para a máfia. Havia enriquecido, como foi nos tempos de infância, mas o que mantinha nessa vida era a oportunidade de vingança. Permaneceu mais um pouco e depois foi se arrumar. Vestiu sua tradicional roupa: um macacão de couro preto e botas de cano alto. Prendeu seus cabelos com um rabo de cavalo e pegando o capacete saiu.

Com sua moto Honda andava no meio dos carros com destreza ate que parou num luxuoso prédio no bairro mais importante de Paris.

O porteiro já a conhecia e não fez objeção. Pegou o elevador indo até o 14° andar. Bateu o interfone e entrou. O apartamento servia de casa de jogos e era freqüentado pela mais alta sociedade européia, podia-se ouvir franceses, russos, ingleses, italianos. O principal jogo era de poker.A jovem passou pelas mesas indo para o fundo, dois seguranças que vigiavam uma porta deixaram-na entrar. Um escritório funcionava ali. Havia pessoas jogando, bebendo, fumando mas podia-se perceber que apenas um de tendia do poder absoluto: seus cabelos eram crisalhos, devia ter por volta de 50 anos mas aparentava ter menos. Era elegante e tinha porte. Por ainda ser solteiro vivia cercado de mulheres que queriam sua fortuna.

Sentado numa mesa, estava cercado delas.

- Boa noite.

- Boa noite Anya. Fez o serviço?

- Sim.

- Muito bem. Aqui esta. – o homem colocou uma maleta em cima da mesa. – trinta mil euros.

- Obrigada.

- Tenho mais um serviço.

- Diga.

O homem lhe entregou um envelope.

- Tem uma semana. Depois disso te darei o que tanto ter. – o homem sorriu cinicamente.

- Quanto irá me pagar por este isso? – ela balançou o envelope.

- Cem mil.

- Darei noticias.

A jovem saiu. Um outro homem aparentando ter 30 anos aproximou.

- Garota estranha. Ela me da arrepios parece não ter alma.

- È uma assassina nata não tem compaixão por nada nem por ninguém. Faz um ótimo serviço. Foi bom te-la tirado daquele orfanato.

- Vai dar o nome a ela Alieksei?

- Sim Dimitri. Terei vantagens com isso.

A jovem seguia o caminho de volta, finalmente depois de cinco anos teria sua vingança consumida. Faria o serviço e depois iria para a Rússia, seu país natal.

Passou direto indo para o quarto, devido ao cansaço desabou na cama, antes de dormir porem abriu as cortinas para ver as estrelas. Era a única coisa que preservava desde criança. A lua iluminava o cabelo negro que descia até a cintura e os olhos verdes brilhantes mas frios. Desde aquele dia abandonou todo e qualquer sentimento.

Três anos havia se passado desde a guerra contra Hades, a pedido de Atena todos os cavaleiros mortos foram ressuscitados. Com momentos de paz os cavaleiros de ouro usavam o tempo livre para treinarem e a cada noite reuniam-se em uma das casas para conversarem.

- Ai. – disse Miro. – por que só eu apanho?

- Porque só você diz bobagens. – disse Kamus.

- Shura e Aioria também dizem.

- Epa não somos pervertidos.

- Fiquem calados e vamos logo. Aldebaran não gosta de esperar. – disse Shaka.

Reuniram os treze na segunda casa.

- Liga a TV deve ter jogo agora. – disse MM.

Aiolos pegou o controle e sintonizou no canal que costumava passar os jogos mas em vez dessa transmissão traziam uma noticia ao vivo.

- "Esta controlado o incêndio no bairro central de Paris..."

- Kamus esta falando de Paris.

- O que? – Kamus sentou em frente a TV.

- "... o apartamento do quinto andar explodiu agora a pouco com causas ainda indeterminadas, mas temos informações que há uma vitima."

- Deve ter sido tubulação de gás.

- " ...A vitima é o magnata Pierre Henry..."

- Já ouvi falar. É um ricaço mas dizem que tem negócios com todas as máfias.

- Ah muda isso, não me interessa quem explodiu. – disse MM.

- Ta. – Aiolos mudou de canal.

- Arrumei uma festa para irmos. – disse Miro empolgado. – vai ter um monte de gatinhas.

- To nessa. – disse Shura. – esse santuário esta muito parado.

- É bom esses momentos de paz mas já estou ficando sem paciência. – Kanon pegou alguns petiscos. – quero diversão.

- Quando é a festa Miro?

- Daqui a quatro dias MM. Vou me esbaldar. Vai todo mundo não é?

- Eu não. – manifestou Shaka.

- Nem eu. – disse Mú.

- Eu detesto barulhada. – Kamus.

- Eu não posso porque tenho outro compromisso. – disse Afrodite.

- Então vai Shura, Aiolos, Dohko, Aioria, MM, Kanon, Saga e Aldebaran e eu.

O cavaleiro de gêmeos que ficara calado desde o inicio do jantar levantou.

- Eu também não vou.

- Por que Saga? Quase não saímos. – retrucou o irmão.

- Não tenho tempo para isso. Já vou.

- Ué, não vai comer? – Aldebaran colocava a comida na mesa.

- Estou sem fome. Obrigado. Ate amanha.

Ele saiu deixando os outros sem entender.

- O que deu nele? – indagou Dohko.

- Saga ultimamente tem andado assim. – respondeu Kanon. – ele ainda se sente constrangido pelo o que aconteceu.

- Mas faz tanto tempo. – disse Afrodite.

- Pois é.

- Saga ainda se sente responsável. – Kamus pegou um prato. – tanto nas doze casas como na guerra contra Hades.

- Ele precisa é de arrumar uma mulher. – sorriu Miro. – vou arrumar uma boa para ele.

- Fala isso para ele e vai da um passeio em outra dimensão.

Saga voltava silencioso para a casa, não demonstrava mas queria que Atena não tivesse rogado por ele. Seria melhor ter morrido dois anos atrás e ter acabado com essa agonia. Mesmo recebendo o perdão dela e dos amigos ainda se sentia culpado.

Chegando em casa tomou um banho e deitou, era cedo mas queria ficar sozinho.

- Isso vai durar para sempre, serei sempre o cavaleiro que tentou matar Atena.

Ele virou, a franja caiu displicente sobre os olhos verdes intensos mas carregados de tristeza. Olhava as estrelas, talvez elas pudessem lhe indicar uma solução mas naquela noite elas estavam encobertas parecendo não querer revelar o futuro a ele. Um futuro talvez de dor ou de alegria.