Nome original: O Herói de Maggie
Autora: Carolyn Davidson
Traduzida: O Heroi de Bella
Adaptado: Aly Cullen
Green Rapids, Kansas, 1870
O aspecto não poderia ser mais patético. Talvez se estivesse limpa… Edward balançou a cabeça. Mesmo um bom banho não faria muito pela cadela. Pelo volume da barriga, estava prenhe. Continuava a rosnar e a mostrar os dentes como se pretendesse expulsá-lo de seu próprio estábulo. Parada na passagem, com as pernas afastadas, o desafiava a dar um passo sequer para a frente. Como não fosse tolo, ele acocorou-se perto da porta, com a mão estendida.
—Venha cá, menina, não vou lhe fazer mal algum — afirmou.
A cachorra recuou um pouco e tornou a rosnar. Todavia, as orelhas inclinaram-se um tanto para a frente. Edward percebeu um movimento nas sombras atrás dela e, surpreso, arqueou as sobrancelhas.
—Ora, vejo que você tem uma amiga — disse ele numa voz mansa a fim de acalmar o animal.
A cadela relaxou um pouco a posição do corpo e levantou o rabo. Deitada ao lado do barril de ração, uma gata cinzenta ficou em pé, balançou o corpo de maneira incerta e acabou se equilibrando.
—Você tem um problema sério, gata.
Edward sentiu dó ao vê-la dar uns passos. Sustentava-se em três pernas e uma cicatriz irregular e sem pêlo marcava o lugar que faltava.
A situação não podia se prolongar mais. A cachorra atacaria ou recuaria e estava na hora de decidir-se. Com a mão no cabo da pistola, Edward levantou-se devagar.
—Vai me deixar passar por bem ou vou ter de forçá-la?
A cadela eriçou os pêlos e arreganhou os lábios, exibindo os dentes ao mesmo tempo em que rosnava.
—Dane-se! Eu jamais faria isso se não fosse obrigado. Mas não posso deixar que você arranque um pedaço de mim.
Edward sacou a arma bem devagar ao mesmo tempo em que, com a outra mão, pegava um rolo de corda pendurado ao lado da porta. Se a cadela pulasse, ele poderia detê-la com um golpe do rolo. E se não conseguisse expulsá-la dali, lhe meteria uma bala na cabeça. Tal idéia o desagradava.
Não só detestava matar um animal como também seria uma péssima maneira de se começar o dia. Especialmente por ainda estar em jejum. Deu um passo para a frente, preparado para novo rosnar do animal.
Porém, não estava preparado para ver um pé descalço na escada do celeiro de feno, logo seguido por outro, ambos lhe dando a visão de pernas bem torneadas e de pés delicados. Uma saia de tecido grosseiro cobriu as formas femininas enquanto a dona descia depressa para o chão e virava-se para encará-lo.
—Não atire em minha cachorra. Ela só está com medo de que o senhor a machuque.
A moça deu uns passos para a frente e postou-se diante dos animais a fim de protegê-los. Seus olhos estavam semicerrados e os cabelos escuros, completamente emaranhados, caíam em seus ombros e no rosto. Ela os afastou para poder fitá-lo melhor.
—Quem lhe deu uma sova? — Edward indagou em voz baixa e com o estômago contraindo-se de repulsa.
Ela não havia semicerrado os olhos de propósito. Um estava quase fechado, com a pálpebra inchada e roxa. Uma contusão cobria a face inteira daquele lado e sangue marcava um dos cantos da boca. Os lábios também inchados, estavam sem cor
—Não é de sua conta.
A cadela encostou o focinho em sua mão e ela afagou-lhe a cabeça.
—Por favor, nos deixe passar e nós não lhe causaremos problema algum — ela pediu. A gata encostou-se em sua perna e ela, num movimento rápido, a ergueu do chão.
—Não acho que possa fazer isso, moça — disse Edward.
—Não roubei e nem mexi em nada. Apenas dormi um pouco no celeiro lá em cima — ela declarou em voz ríspida.
—Não estou preocupado com isso.
Na verdade, Edward tinha a intenção de oferecer-lhe o café da manhã e dar de comer aos dois animais. Ela o olhou com desconfiança.
—Se sair do caminho, senhor, estaremos fora de seu estábulo num abrir e fechar de olhos.
—Você tem pertences?
Ela não devia ter aparecido ali sem algum tipo de bagagem além dos animais, pensou Edward.
—Deixei minha trouxa lá em cima. Esqueci de pegá-la.
—Sei. Por que não vai buscá-la enquanto providencio alguma coisa para você comer? E para os bichos também, claro. Imóvel, ela o observou bem, calculando-lhe a altura considerável, terminando com o olhar cravado na pistola.
—O senhor vai matar minha cachorra?
—Não — Edward respondeu enquanto devolvia a arma ao coldre.
—Não aceito nada dado de graça. Pagarei pela comida com meu trabalho — ela declarou com firmeza.
Pelo jeito, ele teria de deixá-la dar as cartas. Caso contrário, desapareceria tão logo ele virasse as costas.
—Tudo bem, faça isso. Vamos até lá em casa e eu arranjarei qualquer coisa para você comer. Depois, se quiser, poderá trabalhar na horta.
—Prefiro limpar as baias. Edward abafou o riso, mas deu de ombros.
—Falei na horta porque preciso arrancar as batatas e o resto das cebolas, mas se você prefere limpar as baias, tudo bem. Ela virou-se e pegou um forcado que estava encostado na parede. Edward, porém, a imobilizou com uma ordem firme:
—Não!
Obviamente, a moça estava acostumada ao tom áspero usado por ele, pois virou-se depressa, com ar amedrontado.
—Você pode pagar pela refeição depois de fazê-la. E também quando já tiver dado de comer a seus animais.
Ela concordou com um gesto vagaroso de cabeça.
—Está bem, senhor. Pode ir que eu o seguirei até a casa.
—A cadela não será capaz de me morder na perna quando eu virar as costas? — ele indagou num tom meio divertido e na esperança de induzi-la a conversar.
Desapontou-se ao vê-la recuar novamente.
—Maisie não o morderá a não ser que eu mande. Pode ir. Nós vamos atrás.
Edward virou-se e seguiu para casa com passos rápidos. O silêncio a suas costas o tentava a olhar por sobre o ombro. Sem dúvida a moça enfrentava problemas. Alguém tinha lhe dado uma sova bem grande. E, a menos que estivesse enganado, ela não se alimentava havia um bom tempo. Não era de se estranhar que o olhasse com desconfiança, ainda mais vendo a pistola na cintura dele. Estava armado porque tinha visto uma cascavel à tardinha, na véspera. Raramente cobras se aproximavam da casa ou do estábulo, mas ele não gostava de se arriscar. Edward flexionou os ombros várias vezes. Seu dia tinha sofrido uma reviravolta sem lhe dar tempo para acordar completamente.
Bella tentava andar tão depressa quanto ele. A gata equilibrava-se, agarrada a seus cabelos e Maisie a seguia num passo cauteloso. Ao se aproximarem do terraço dos fundos da casa, ela parou, rosnando. Bella baixou o olhar enquanto a tocava na cabeça.
—Sua cadela não gosta de homens? — o fazendeiro, em pé no terraço, indagou. — Ela pode ficar aí fora. Aliás, os três, caso queiram. Ou entrem. Para mim, tanto faz — ele afirmou ao abrir a porta de tela e entrar em casa.
—Comeremos no terraço — bella respondeu. Subiu a escada devagar, pois os pés estavam doloridos por ter andado tanto descalça. Devia ter apanhado os sapatos, mas o pai estava no quarto pegado e ela não queria se arriscar a ser apanhada. Havia pulado a janela, caído com um baque surdo e, depois de pegar a trouxa, jogada antes,correra como um raio pelo terreiro, em direção à mata.
Encostada no pilar de madeira no canto, ela pôs a gata no chão. O ferimento estava cicatrizando bem, graças aos pontos, embora irregulares, que havia dado. Cerrou os lábios ao lembrar-se do horror provocado por uma armadilha de aço e dos miados de dor da pobrezinha que ficara presa nela. O pai havia lhe dado uma sova por esconder a gata e não contar onde. Mas tinha valido a pena. Ela já começava a andar bem com as três pernas e logo estaria… O olhar de bella sombreou-se ao pensar no futuro incerto da gata. Ela não poderia mais caçar para se alimentar e nem se defender de predadores.
—Não se preocupe. Vou sempre cuidar de você — prometeu ao alisar-lhe o pêlo. A cadela a olhava com firmeza, sentada na grama abaixo. — E de você também, Maisie.
Bella ergueu os ombros e mexeu um pouco o corpo. Os músculos estavam doloridos por ter apanhado muito e dormido no chão duro.
O barulho vindo pela porta de tela prometia uma refeição. O tinir de uma panela, o raspar de uma colher, o borbulhar de água sendo bombeada num balde. Quem haveria de pensar que um homem fosse capaz de arrumar qualquer coisa para se comer? O pai jamais se aproximava do fogão, mas sempre aparecia na cozinha quando a mãe já servia os pratos.
Bella suspirou. Por enquanto, estava segura. Se o pai aparecesse procurando-a, ela o veria dali, de onde se avistava a estrada. Além do estábulo, três homens se aproximavam. Mas não deviam estar à espreita, já que seguiam na direção de uma construção baixa e comprida, cuja chaminé soltava fumaça e onde um quarto homem tocava um sino. Ela encolheu-se para não ser vista por eles. Podia ouvir-lhes as vozes que cessaram quando entraram na tal construção ao lado do estábulo.
—Se eu fosse esperto, estaria comendo com meus empregados.
O homem grandalhão, rente da porta de tela, falava com ela. Distraída em observar o pátio, tinha sido apanhada de surpresa.
—Por que não vai? — ela indagou, aborrecida por não estar mais atenta.
—Eu prometi lhe dar de comer. Entre — ele convidou ao abrir a porta. — Coei café, encontrei pão, manteiga e um vidro de compota de maçã. Ah, e um resto de carne de ontem à noite.
—Sua mulher não cozinha? Ela não está por aí? — Bella perguntou com ar desconfiado. Beau sacudiu a cabeça.
—Não sou casado e a criada foi passar dois dias na casa da filha. Tenho me alimentado com o que ela deixou pronto.
Com desconfiança redobrada, Bella espiou a cozinha.
—O senhor está sozinho aí dentro? Beau escancarou a porta.
—Venha verificar por si mesma.
Cautelosa, Bella esgueirou-se pelo lado do corpo formidável e entrou na cozinha. Viu logo a mesa retangular, coberta por um oleado xadrez e rodeada por cadeiras sólidas. O calor do fogão a envolveu e o odor do café deu-lhe água na boca.
A um gesto dele, aproximou-se do lugar da mesa onde havia uma xícara e talheres.
Arregalou os olhos ao ver uma jarrinha com creme de leite.
—O senhor põe creme em seu café?! Ainda da porta, ele deu de ombros.
—E por que não? É uma boa maneira para usá-lo.
—Minha mãe sempre faz manteiga com ele e a gente toma o leite desnatado. — Estendeu a mão para pegar a jarrinha, mas a puxou ao ver como estava suja. — Não é melhor eu me lavar antes de comer?
—Claro. O reservatório do fogão está cheio de água quente. Vou pegar um pouco para você.
Bella o viu apanhar uma panela, enchê-la com a água quente e a levar até a pia, esvaziando-a numa bacia. Em seguida, bombeou a mesma quantidade do poço, canalizado até ali, que devolveu ao reservatório do fogão.
—Pronto. Vou buscar uma toalha.
Enquanto ele sumia por uma porta, bella aproximou-se depressa da bacia com água quente, um luxo ao qual não estava acostumada. Na prateleira de madeira, acima da pia, havia um pedaço de sabão comprado e não feito em casa. Ela o pegou e levou-o ao nariz. O odor era agradável. A bacia estava bem embaixo do cano da bomba. Ela a afastou para o lado e bombeou água nas mãos e no pedaço de sabão. Este escureceu depressa com a sujeira acumulada nos últimos dois dias. Tornou a molhá-los, esfregou bem os dedos e, depois, enxaguou o sabão e as mãos. Tolice sujar logo a água quente.
Finalmente, Bella curvou-se sobre a bacia e molhou o rosto. Em seguida, ensaboou as mãos e espalhou a espuma pelo rosto, de orelha a orelha, da testa ao pescoço. Esfregou bastante a pele, fez uma careta ao sentir dor no olho inchado e na contusão da face. Paciência. Não ia perder a oportunidade de se lavar com água quente e sabão de boa qualidade. Assoprou espuma grudada nos lábios machucados e enxaguou-se.
—Aqui está a toalha.
Ela endireitou-se depressa, o coração disparando. O fazendeiro postava-se a seu lado. O calor do corpo dele a atingia ao mesmo tempo em que a toalha lhe era enfiada nas mãos. Alto, de ombros largos e tão perto, ele a amedrontava. Encolheu-se e começou a se enxugar. Quando terminou, respirou fundo e o fitou.
Seus lábios ameaçavam tremer, porém, ela não revelaria o medo. Apertou-os com força.
—Desculpe. Não foi minha intenção assustá-la. Bem, vá se alimentar.
Mas Bella lembrou-se dos animais e correu para a porta de tela. Soltou um suspiro de alívio. Maisie e a gata continuavam onde as tinha deixado.
—Caso o senhor não se importe, vou levar a metade do que vai me dar para elas.
—Não. Você vai comer o quanto quiser. Então, arranjarei alguma coisa para as duas — disse ele, apontando para a cadeira à mesa.
Bella obedeceu e mal conteve uma exclamação ao ver a comida que lhe era oferecida. Um prato com vários pedaços de carne, um vidro de compota de maçã, um pão inteiro e manteiga.
—Quer que eu corte umas fatias para você? — ele ofereceu, empunhando a serra de pão.
—Por favor.
A faca cortou facilmente a crosta e fatias brancas caíram na tábua de pão. Bella pegou uma tão logo o homem recuou.
—Tão branco. O senhor deve comprar farinha muito boa.
—Apenas a que minha criada recomenda.
Ela pegou um pouco de manteiga e já ia passá-la no pão quando o ouviu resmungar algo.
Levantou o olhar depressa e viu-lhe a expressão severa.
—Desculpe se peguei muita manteiga, senhor.
Já ia devolvê-la, pois podia passar muito bem sem ela.
Como a mãe sempre dizia, manteiga era um luxo e rendia um bom dinheiro no armazém.
Tolice desperdiçá-la com a família.
—Use quanto quiser. Há mais na dispensa — afirmou ele.
Sentou-se a sua frente e serviu-se de uma xícara de café. Ela o viu acrescentar uma porção generosa de creme. Então, empurrou a jarrinha para ela.
—Vamos, sirva-se.
Mesmo aos próprios ouvidos, a voz soou áspera e Edward limpou a garganta. Nunca tinha visto uma mulher em estado tão deplorável. Estava limpa do pescoço para cima e dos pulsos até a ponta dos dedos. Nessas partes, a pele tinha a tonalidade de um bronzeado dourado. A curiosidade dele aumentava a cada instante. No início, pensara que ela fosse uma jovenzinha, mas já percebia tratar-se mais de uma mulher feita. Seus seios bem formados, sob o vestido horrível, eram uma prova. O rosto tinha uma beleza provocante com o nariz afilado e os olhos na distância certa um do outro. A pálpebra inchada escondia um, mas o outro mostrava ser azul. Os lábios inchados a faziam morder o pão com cuidado.
A possibilidade de que o bruto, ao espancá-la, podia ter lhe quebrado os dentes enfureceu Beau. Sem perceber, ele cerrou os punhos. Daria tudo para pôr as mãos no desgraçado que a tinha machucado. Ela o fitou e não conseguiu disfarçar o medo. Era como se temesse ter de se defender dele de repente.
Edward reclinou-se na cadeira e forçou um sorriso.
—Mais café? Se eu houvesse pegado ovos de manhãzinha, poderia ter preparado uns para você. Mexidos, pois não sei fritar ovo sem quebrar a gema.
Ele falava qualquer coisa na esperança vã de fazê-la relaxar. Sentada na beirada da cadeira, numa atitude alerta, ela comia depressa e sem parar.
—Aceito mais café, senhor — disse ao empurrar a xícara para ele.
Dava impressão de haver se reanimado e passou a comer mais devagar. Depois de receber a nova dose de café e de misturar creme nele, disse:
—Obrigada pela comida. Talvez eu possa ordenhar sua vaca para pagar pela refeição. Edward levantou-se e, com as mãos nos bolsos, encostou-se no guarda-louça.
—Por que você não fica aqui por uns dois dias, até se recuperar um pouco? Hesitante, ela o observou.
—O senhor está precisando de mais um empregado? Como vira os quatro homens, Bella calculava que ele tinha ajuda suficiente para tocar a fazenda. Mesmo assim, sentiu uma ponta de esperança. Poderia dormir no celeiro de feno e trabalhar para ganhar a comida. Ao perceber que ele a observava, levantou-se e ficou bem ereta.
—Sou forte, senhor. Posso limpar as baias e cuidar da criação como um homem.
—Como você se chama? — ele indagou baixinho. Ela hesitou e Edward a pressionou.
—Não minta para mim, moça. Sou capaz de detectar falsidade a quilômetros de distância. De queixo erguido, ela o encarou.
—Eu me chamo bella e não sou falsa. Se o senhor não precisa de ninguém mais para ajudá-lo, vou embora tão logo faça algum serviço para pagar a comida.
Ele aproximou-se e, com a mão estendida, parou a um passo.
—Meu nome é Edward Cullen.
O homem queria apertar sua mão! Maggie estremeceu ao pensar em dar-lhe a oportunidade de puxá-la contra ele. Mas, talvez essa não fosse sua intenção. Afinal, ele já havia podido fazer isso, porém, se mantivera afastado. E, agora, estendia-lhe a mão como um cavalheiro. Ergueu a sua e a colocou na dele. Depois de observá-la por um instante, ele a apertou levemente e a soltou.
Isabella recuou depressa, esfregando a mão no lado do vestido. Estava quente e guardava a sensação do contato com os calos da dele. De repente, sentia vontade de se livrar de sua presença. Não se sentia à vontade perto de um homem tão grande.
—Vou limpar o estábulo, senhor — disse num tom ansioso.
Ele concordou com um gesto de cabeça e enfiou a mão no bolso.
Bella dirigiu-se à porta. Pela tela, viu as companheiras à espera de comida. Foi tomada pelo sentimento de culpa.
—Esqueci! — exclamou ao virar-se para Beau. — O senhor prometeu que eu poderia alimentar Maisie e a gata.
—Vou providenciar isso já. Edward pegou uma tigela na prateleira e esvaziou seu conteúdo na bacia de restos, em cima da pia.
—Mais carne de ontem à noite.
Acrescentou duas fatias de pão e o que parecia gordura derretida de toicinho defumado, tirada de um pote de barro, de cima do fogão. Então, dirigiu-se à porta. Bella a abriu e a segurou para que ele passasse.
—Vou dar também um pouco de leite para a cadela. Ela parece prestes a parir a ninhada. Meio desconfiados, os animais cheiraram a comida antes de começar a devorá-la.
—Muito obrigada — Bella agradeceu de cabeça baixa. — As coitadas não têm comido muito ultimamente.
Nem você, Edward pensou. Ela era uma criatura impertinente, mas, a devoção para com os dois animais revelava uma faceta meiga de sua personalidade e que Edward planejava conhecer melhor. Ele a manteria ali por algum tempo, a ajudaria a se livrar daquela sujeira toda e lhe arranjaria roupa decente. E então, descobriria quem havia lhe dado a sova. Mesmo se fosse a última coisa que fizesse na vida.
