Para Bianca Caroline. De conversas e imagens bonitinhas de filhotes de corvos.

Naruto pertence a Masashi Kishimoto.

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~ Fledged

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Ainda eram as primeiras horas da manhã, uma luminosidade cinzenta do caminhar para o fim de inverno começava a lentamente se espalhar, mas o frio seco da madrugada ainda persistia e acariciava dolorosamente cada pedaço de pele exposta. Os galhos e folhas enregelados pelas baixas temperaturas estalavam suavemente sob as sandálias de Itachi, que caminhava com natural cautela e mesurada diligência para não perturbar aquele santuário. Muito embora cada um daqueles seres fosse acostumado à sua presença desde sempre.

Os corvos eram seus companheiros desde quando Itachi já não se lembrava. Eram aves inteligentes e astutas, defendiam seu território e mostravam devoção à família. Itachi se sentia confortável em pensar que eram parecidos, por isso se davam tão bem ao invés de sustentar uma relação mestre/invocação.

Prrrrrruk, prrruk. Itachi olhou para cima e sorriu. De um dos ninhos empoleirados no alto galho de uma árvore, surgiu uma minúscula cabecinha, com olhos que o fitavam curiosamente. Se não fosse por seus bons olhos, o teria confundido com a profusão de pelos de cervo que forravam o ninho. O pequeno filhote de corvo equilibrou-se na beirada do emaranhando de gravetos, a penugem negra como a noite toda eriçada, e lançou-se em direção a Itachi numa tentativa de voo.

- Oh -, fez Itachi surpreso e maravilhado enquanto apanhava delicadamente o filhote com suas mãos. Os jovens corvos estavam na fase da plumagem, quando os músculos e penas necessários ao voo se desenvolviam. Mesmo depois que aprendessem a voar apropriadamente, ainda viveriam alguns meses com seus pais. E Itachi acompanharia, se as circunstâncias o permitissem, cada um desses instantes.

Gentilmente, empoleirou o animalzinho em seu ombro, e a ave bicou levemente seus dedos. Como que adivinhando o motivo de tão inofensivo ataque, Itachi acariciou a penugem do corvinho, tão macia e quente. Suspirou e entrecerrou os olhos, concentrando-se naquela pequena e frágil vida que aninhava-se em seu calor.

Breves grasnados chamaram sua atenção e Itachi abriu os olhos. Logo, como que enciumados pelo carinho que o companheiro recebia, uma profusão de outras cabecinhas eriçadas surgiam pelos ninhos. Itachi olhou para elas com suave afeição e sorriu. Ou melhor, riu. Um murmúrio divertido que vibrava em seu peito, enquanto estendia a mão aos outros que disputavam pela carícia de seus dedos.

E o amanhecer o encontrou sentado à base de uma árvore, dividindo-se entre aqueles olhos curiosos, as pelagens macias e o descomedido desejo por atenção que o encantavam. Sentido uma suave penugem aninhando-se próximo ao seu pescoço, bem junto de seu cabelo, Itachi adormeceu.