Título: Turbilhão de Sentimentos

Autoria: FireKai

Género: Yaoi, não gosta, não leia.

Casal: Seto Kaiba e Joey Wheeler

Aviso: Yu-gi-oh e as suas personagens não me pertencem

Sumário: Yaoi, Seto x Joey. Joey faz dezoito anos e ao atingir a maioridade, um grande problema abate-se sobre ele. Sem saber a quem recorrer, acaba por pedir ajuda a Seto Kaiba para lhe arranjar um emprego. Oneshot.

Turbilhão de Sentimentos

Capítulo 1: Pedido de Emprego

Joey Wheeler estava no terraço da escola, a olhar para o céu. Já era quase no final da tarde e a maioria dos alunos ou já tinha ido embora para casa ou estava nas salas de aula, a ter as últimas aulas do dia. Apesar de Joey já ter saído das suas aulas há mais de meia hora, tinha preferido ficar ali, no terraço, a contemplar o céu.

Suspirou. A sua vida nunca tinha sido fácil, mas agora estava mais difícil do que nunca. No dia anterior, Joey tinha feito dezoito anos. Agora, era maior de idade e hoje, tinha acontecido algo que tinha deixado Joey bastante preocupado com o seu futuro. Porém, Joey tinha agido naturalmente perto dos seus amigos, fingindo que nada tinha acontecido e não contando a ninguém o seu problema.

Joey continuou a contemplar o céu, enquanto este ganhava tonalidades diferentes, à medida que a noite se aproximava. Joey ia pensando no que iria fazer agora. Teria de tomar uma atitude. O tempo passou. Joey ouviu a campainha da escola, anunciando que as aulas tinham terminado, mas não se mexeu.

Joey sabia que, mais tarde, um funcionário iria fechar a porta do terraço e expulsá-lo dali, mas por agora, queria ficar ali, pensando com calma. Mais tarde, continuando embrenhado nos seus pensamentos, Joey ouviu um som perto de si e virou-se. Viu que perto dele estava Seto Kaiba.

"Kaiba, o que estás aqui a fazer?" perguntou Joey.

"Posso perguntar-te a mesma coisa. As tuas aulas já acabaram há muito tempo." disse Seto.

"Agora andas a controlar-me, é?" perguntou Joey.

"Eu? Não. Apenas me apeteceu vir ao terraço e tive de me encontrar contigo."

"Pois, azar o teu, mas eu também aqui estou."

Para surpresa de Joey, Seto sentou-se ao lado dele.

"Então Wheeler, o que se passa?" perguntou Seto.

"Não se passa nada." respondeu Joey.

"Ora, eu costumo vir ao terraço bastantes vezes e nunca te vi aqui. Normalmente sais com os teus amigos e vão dar uma volta depois das aulas. Mas hoje, não. Hoje estás aqui, sem nenhum deles por perto. Obviamente, alguma coisa se passa."

Joey ficou calado. Não sabia o que dizer a Seto. Afinal, Seto tinha sido bastante perspicaz. Mas Joey não tinha contado a Yugi, nem a nenhum dos outros sobre o seu problema e não tencionava partilhá-lo com Seto, que estava sempre a implicar com ele.

"Kaiba, eu já disse que não se passa nada." disse Joey, rispidamente. "Agora, deixa-me em paz."

"Está bem. Não queres falar, tudo bem. Eu também não tenho interesse em saber sobre o que te está a atormentar."

Ficaram em silêncio nos minutos seguintes, apenas vendo o céu ficar cada vez mais escuro. As estrelas começaram a aparecer. Joey suspirou. Seto olhou para ele, mas não disse nada. Joey continuava pensativo. Tinha de arranjar uma solução. Subitamente, lembrou-se de que Seto podia dar-lhe a solução que ele precisava.

"Kaiba, preciso de te perguntar… e pedir uma coisa." disse Joey.

Seto olhou para ele.

"Que coisa, Wheeler?"

"Eu precisava de um emprego."

"E o que é que eu tenho a ver com isso?"

"Ora, tu tens uma empresa. Será que não me podias arranjar um emprego?" perguntou Joey.

"Tu estudas, Wheeler. Onde é que vais ter tempo para arranjar um emprego?"

"O que me importa agora é arranjar um emprego. Posso deixar os estudos para trás." respondeu Joey.

"Não sabes o que estás a dizer." disse Seto. "Não podes deixar os estudos para trás. A formação é essencial se quiseres ter um bom emprego no futuro."

"Mas agora eu preciso mesmo de um emprego."

"Porquê?"

Joey hesitou novamente. Não queria contar a Seto qual era o seu problema, mas não tinha outra solução, caso contrário, Seto nem iria considerar a hipótese de lhe arranjar um emprego.

"O meu pai quer que eu saia de casa. Preciso de um emprego para me sustentar." respondeu Joey.

Seto ficou a olhar para Joey durante algum tempo. Depois, decidiu falar.

"Porque é que ele quer que saias de casa?"

"Agora que sou maior de idade, ele não me quer por perto." respondeu Joey.

"Mas, ao que me lembro, ele tem um problema de bebida, apesar de agora estar mais controlado. Há cerca de um ano atrás, ainda estavas tu a trabalhar em part-time para pagares algumas contas."

"Sim. Mas ele agora quer que, amanhã, eu me vá embora de casa." disse Joey. "E eu não tenho para onde ir. Nem tenho dinheiro. Por favor, eu preciso mesmo do emprego."

"Wheeler, achas que no primeiro dia de trabalho te pagam logo?"

"Eu… eu sei que não. Mas tu conheces-me. Eu sou trabalhador. Se me empregasses e pudesses dar-me um adiantamento, sabes que eu não falharia e seria um bom funcionário."

Joey tinha os olhos a brilhar. Seto ficou pensativo durante alguns segundos.

"Se a situação está assim tão mal, então tudo bem, eu arranjo-te emprego." disse Seto. "Mas há condições."

"Que condições?"

"Para começar, trabalharás apenas em part-time, para poderes continuar a estudar. Depois, ficarás alojado na minha mansão, para não teres de pagar uma pensão. Também irás comer lá e receberás um pequeno adiantamento do ordenado." explicou Seto. "São essas as condições."

"Mas, ficar em tua casa? E comer lá?"

"Achas mal? Estou a fazer-te uma oferta irrecusável. Podes estudar, trabalhar, tens alojamento, comida e dinheiro. O que queres mais?"

"Eu quero saber porque é que estás a ser tão generoso." respondeu Joey.

"Wheeler, não te esqueças de que eu já estive num orfanato. E eu e o Mokuba passámos por dificuldades e até dormimos na rua alguns dias. Não é fácil não ter o que comer, onde ficar e ninguém nos ajudar." disse Seto. "Por isso, não quero que te aconteça o mesmo."

"Nunca pensei que fosses ser assim tão generoso comigo. Estás sempre a implicar comigo por tudo e por nada." disse Joey.

"Sim, estou. Mas nem sempre o que está à vista é o que se sente realmente."

"Huh? O que estás a dizer?"

"Esquece." disse Seto, levantando-se. "Começas amanhã a trabalhar, depois das tuas aulas terminarem. Vou pensar numa função para ti. Podes levar as tuas coisas para a mansão logo de manhã."

Seto começou a afastar-se. Joey levantou-se rapidamente.

"Obrigado Kaiba!" gritou ele.

Seto continuou a caminhar, mas sorriu. Quando chegou à sua mansão, Seto contou a Mokuba que Joey ia viver com eles, pelo menos por uns tempos.

"Que bom, Seto!" exclamou Mokuba, entusiasmado. "O Joey é divertido. Estás contente?"

"Porque haveria de estar?"

"Seto, eu estou contigo todos os dias. Sei que tu sentes alguma coisa pelo Joey." disse Mokuba.

"Mokuba, isso é um disparate!"

"Não é não. Podes nem querer admitir, mas eu sei que tu gostas dele. Só implicas com ele porque assim tens sempre desculpa para te aproximares. Todos ficam a pensar que só te aproximas do Joey para implicar com ele, mas na realidade, assim ninguém suspeita que gostas dele e podes andar sempre por perto. Claro que era mais fácil se não tivesses de implicar com ele." disse Mokuba.

Seto ficou perplexo, olhando para Mokuba. Realmente, parecia que ambos tinham sido dotados de inteligência e perspicácia e Mokuba tinha percebido o que Seto sentia e o que fazia para se aproximar de Joey, sem que ninguém desconfiasse dos seus verdadeiros sentimentos. Mas, de qualquer maneira, não ia admitir isso a Mokuba.

"Estás completamente enganado." disse Seto.

Mokuba sorriu.

"Está bem. Se tu o dizes, eu vou fingir que acredito. Amanhã vai ser um grande dia."

Por essa altura, Joey estava a chegar a casa. O seu pai estava sentado no sofá, a ver televisão. Quando Joey entrou, olhou para ele.

"Rapaz, já sabes que amanhã tens de sair." disse o pai de Joey. "Não te quero mais aqui em casa."

"Eu sei. Mas, porque é que me está a fazer isto, pai? Eu sempre o apoiei, mesmo nos momentos mais difíceis."

"Isso foi antigamente. Agora és apenas um estorvo. Quero estar em paz. E arranjei uma namorada. Quero trazê-la para cá e tu estás a atrapalhar."

Joey ficou vermelho de fúria.

"Prefere então trazer para aqui a sua namorada e renegar o seu filho?"

"Ora, não fiques zangado que não vale a pena. Não vou mudar de ideias."

"Você é um egoísta!" gritou Joey.

"Não sou só eu. Tu não telefonaste à tua mãe? Ela também não quis ficar contigo. Como vês, ela também tem a sua vida. Ninguém quer saber de ti."

Joey não disse nada e foi directamente para o seu quarto. Fechou a porta, atirou-se para a cama e tentou reprimir as lágrimas que lhe estavam a querer vir aos olhos. O pai tinha razão. Ninguém queria saber dele. O pai não o queria, a mãe não o queria… nem Serenity tinha ligado para saber como ele estava.

Depois, Joey pensou nos seus amigos. Sim, eles eram seus amigos. Não o abandonariam. No entanto, Joey não tinha sido capaz de lhes contar o seu problema. Porquê? Por medo da reacção deles? Por medo que tivessem pena dele? Joey não sabia.

Contudo, Seto Kaiba, a pessoa mais improvável de ajudar Joey, tinha feito exactamente isso. Seto queria ajudá-lo. Joey nunca pensara que, debaixo daquela capa de frieza, Seto fosse uma pessoa bondosa. Mas Joey não queria ficar dependente de Seto. Até conseguir estabilizar a sua vida, ficaria na mansão e comeria lá, mas depois, eventualmente iria embora.

"O Kaiba não me vai querer lá a viver por muito tempo." pensou Joey. "Também não quero lá ficar. Se ele já implicava comigo na escola, imagino o que fará como meu chefe…"

Essa noite foi bastante agitada. Joey mal conseguia dormir, pois estava bastante nervoso com o que iria acontecer no dia seguinte. Logo de manhã, o pai de Joey veio acordá-lo, dizendo que estava na hora de Joey se despachar e ir embora. Joey terminou de arrumar as suas coisas em duas grandes mochilas e saiu de casa.

"E não voltes cá para pedir abrigo. Estás por tua conta." disse o pai de Joey.

Joey olhou uma última vez para trás e depois começou a caminhar em direcção à mansão de Seto e Mokuba. Quando lá chegou, tocou à campainha. Depois de terem perguntando quem era, foi-lhe dado acesso à mansão. Mokuba veio abrir a porta.

"Joey!" exclamou Mokuba, entusiasmado. "Vieste mesmo!"

"Sim. Também, não tive outra escolha."

"Vais ficar feliz de viver aqui. Entra."

Joey entrou na mansão. Olhou à sua volta. Estava tudo como se lembrava. A mansão estava muito bem decorada, com muito requinte. Joey imaginava que alguns dos vasos que decoravam a mansão seriam mais valiosos do que a casa do seu próprio pai.

"Pousa as tuas coisas aí. O mordomo depois leva-as até ao teu quarto. Anda, vou mostrar-te o quarto." disse Mokuba.

Mokuba levou Joey até ao seu quarto. Era um quarto grande, decorado em tons de azul, com bastante luminosidade.

"O quarto do Seto é aqui ao lado." disse Mokuba. "Então, o que achas do teu quarto?"

"É óptimo. Demasiado bom para mim."

"Não digas isso. Já tomaste o pequeno-almoço?"

"Comi alguma coisa."

"Pois, estou a ver. Anda, o Seto está a tomar o pequeno-almoço e dá para nós três e mais uma dezena de pessoas."

Mokuba levou Joey até à sala de jantar. Seto estava sentado a beber café e comer torradas barradas com manteiga. A mesa estava coberta de coisas, desde bolos, sumos, café, bolachas, frutas, ovos, bacon e muitas outras coisas. Como Mokuba tinha dito, dava para uma dezena de pessoas.

"O Joey já chegou e vai tomar o pequeno-almoço connosco." disse Mokuba.

Seto olhou para Joey. Joey disse bom dia. Seto sorriu para si mesmo. No final de contas e, apesar de não gostar da ideia de um pai mandar o filho para fora de casa, tinha sido bom que isso tivesse acontecido. Agora Joey iria viver ali e Seto queria-o perto de si, por isso, as coisas tinham acabado por correr pelo melhor.

"Bem-vindo, Wheeler. Senta-te e come. Depois temos de ir todos para a escola. E quando sairmos de lá, tu e eu vamos trabalhar." disse Seto.

Joey sentou-se à mesa com Mokuba.

"Kaiba, que trabalho é que eu vou fazer na Kaiba Corp?" perguntou Joey.

"A minha assistente pessoal está grávida e em breve vai embora, de licença de maternidade. Eu estava à procura de outro assistente, por isso, ficas tu com o cargo. A minha assistente vai ensinar-te o básico e depois aprendes o resto." respondeu Seto.

Joey engoliu em seco.

"Assistente do Kaiba? Isto vai ser complicado…

E assim termina o primeiro capítulo da história. A história vai ter três capítulos. O pai de Joey expulsou-o de casa e Seto acolheu Joey na mansão e deu-lhe trabalho. Irá Joey conseguir trabalhar bem com Seto ou será que os conflitos acabarão por surgir? No próximo capítulo, ficarão a saber a resposta a esta pergunta. Até lá.